Segredos de Vlad(PAUSADO)

By FadinhaBel

8.5K 1.7K 4.6K

Das catacumbas de um castelo romeno, um incomum caixão é enviado para a Grã-Bretanha, resultando no livrament... More

Apresentação
Designs do Livro
Prólogo: Pássaros e Morcegos
Dedicatória
Só mais uma Manhã: A História de Três Irmãos
Só mais uma Noite, a História de Três Ladrões
Olhos de Anjo e Sangue Puro
Olhos do Mal e o Sangue do Pecado
Fugir da Cela
Fugir de Mim: Entra em cena David Harker
Pequena Luz
Escuridão Prolongada
Novo lar, o Destino sombrio de uma pequena Dama
Novo Lar, um estranho Refúgio para o Príncipe das Trevas
Inconfortável
Sonhos Matinais e Fragmentos Resgatados
Luxo, Ira e Mistério
O Primeiro Teste
Segredos, Reflexo e Visão
Onde vivem as Crianças Cativas
Mais um dia Miserável na Vida de Hank Seward
O Segredo do Ponto Cego
O Número Sete
O Jovem Guerreiro
Pedaços de Verdades
O Segredo da Irmandade
A Morte dos Pássaros Negros
A volta do Anjo da Masmorra
Assuntos Interligados entre o Vampiro e o Detetive
A Sopa de Frango
Ajudinha lindus

Paz de Espírito

221 57 109
By FadinhaBel

    "O oceano tem limites - o mercador explicou a dama. Se os navios forem longe demais, vão acabar caindo do mundo, por isso resolvi desembarcar aqui, onde sei que o chão é seguro."

    A ironia do destino me faz rir as vezes...


Século XV

    A dama visitava o amigo conde uma vez por semana, sempre acompanhada de uma das cortesãs. Vlad esperava ansiosamente os dia das visitas, Clésia era a única que o tratava com gentileza, sempre lhe presenteando com guloseimas feitas por ela, conversando e rindo por curtos momentos, os quais ele desejava que fossem mais duradouros, e em alguns meses, Eclésia não precisava ser escoltada por uma das servas até a masmorra, graças ao conselho de Vlad.

    Certo dia, a moça chegou na masmorra com um cesto na mão e um largo sorriso no rosto. Foi correndo ao encontro do garoto que não tardou em se levantar do canto da parede em que sempre estava e se lançar com alegria na porta da cela devido a saudade que sentia por sua companheira, que agora chamava de amiga.

- Olá, Vlad - ela o saudou com o sorriso que o garoto adorava ver, se não fosse pela amizade dos dois, eles certamente não teriam motivos para sorrir, confessaram uma vez.

- Não faça tanto barulho, Clésia - o menino riu brevemente - Esse lugar causa eco e os outros prisioneiros podem se incomodar.

- Sim, sorry, quer dizer, desculpe - ela encolheu os ombros e se ajoelhou perto do amigo com o cesto ao seu lado - Trago boas novas, e não vi a hora de contar à você - o garoto se inclinou um pouco mais para ela - Hoje fui à cidade com algumas servas, o seu conselho deu certo, estou conseguindo fazer Aysun confiar em mim - ele sorriu em resposta a notícia - Alguns merchantes, digo, mercadores! Eles vendiam coisas tão bonitas, Vlad... - havia um tecido cobrindo a boca do cesto, mas o pequeno conde viu quando algo se moveu por baixo do pano.

- Tem alguma coisa nesse cesto! - apontou para o mesmo com olhar cheio de curiosidade, em seguida um som fino e curto abafado pelo tecido foi ouvido pelo pequeno conde animadíssimo, enquanto a pequena dama sorria em um ar de mistério - Foi um latido? - ele não conseguiu perguntar sem rir, e assim que a dama desembrulha metade do cesto, revelando o canídeo, os olhos do menino se arregalam e a boca se abre em surpresa.

- I loved him assim que o vi, mas não tinha dinheiro para comprá-lo - Clésia pegou o filhotinho negro de olhos castanhos e o transferiu para as mãos de Vlad, que já imploravam para segurarem o cãozinho brincalhão. Mal o conde o segura e o cão ataca seu rosto com lambidas carinhosas.

- Ele é muito bonito! De que raça é? Nunca vi um cão assim.

- Chama-se labrador retriever. O mercador me deu de presente após uma longa conversa - a mocinha respondeu como se já estivesse na ponta da língua - Ele disse que é de uma terra muito distante, bem longe da europa. O homem falava pouco o idioma daqui, mas reconheci o sotaque. Além de ser um bom senhor, ele é da minha terra. Vlad, ele é de England.

- Inglaterra? - ele já sabia de onde Clésia era, até ficou surpreso por ela saber falar diversos idiomas tão bem, já que meninas não recebiam uma educação como a dos meninos.

    Clésia contou que era filha de um mercador muito rico que falava muitos idiomas para facilitar os negócios, o que fez a filha se encantar em aprender com ele desde os sete anos. Juntos a família do mercador viajavam pelo mundo, demoravam meses e até anos para voltar a sua terra natal, era muito difícil cruzar com alguém tão em comum em um mundo tão vasto. Era uma grande coincidência o mercador ser do mesmo lugar que ela, coincidência ou sorte...

    Ou quem sabe o destino, sim, o mesmo destino amante das desilusões.

   Contudo Vlad ficara confuso em relação ao acontecimento do mercador. Sentiu que deveria perguntar algo para Clésia, algo muito significativo.

- Não perdi tempo e perguntei ao mercador se ele sabia qual era a rota mais próxima para a Sighisoara. Lá é a sua terra natal, não é mesmo? - a garota prosseguiu com mais euforia.

- Sim... - ele respondeu perdendo por completo a animação, embora o cãozinho estivesse mordiscando seus dedos.

    Ele precisava perguntar algo. Algo de extrema valia.

- Pois bem. De qualquer forma, já temos uma rota de fuga - a pequena dama respondeu sorridente.

    O conde porém, olhou no fundo dos olhos da menina com desapontamento. A mocinha não compreendeu, nunca imaginou que sua notícia causaria aquela reação no garoto. Vlad pôs o labrador negro sobre suas pernas cruzadas no chão, o cãozinho não se aquietava, não tinha noção alguma do perigo que corria naquele lugar, mas este não era o motivo que desanimou o pequeno conde, embora ele o tivesse usado quando a pequena dama perguntou o que o incomodava.

- Animais de estimação não eram permitidos no castelo do meu pai - ele solta buscando naturalidade, acariciando o pelo macio do animal.

- Eu posso ficar com ele, se colocá-lo como cão de guarda no celeiro com os outros cães. Ele vai aprender, é muito esperto.

- Excelente ideia! - a parabeniza buscando pôr o que sentia de lado - E ele já tem um nome?

- Dark - a dama respondeu e o conde oscilou a cabeça, deixando os cabelos compridos acompanharem o simples movimento - É o inglês para trevas - informou sabendo que ele não conhecia tanto do idioma, ela ensinava, mas ele ainda tinha muito o que aprender - Escolhi esse nome para me lembrar do tempo de trevas que passei. Sinto que não posso esquecer desse pedaço da minha história, sinto que isso vai me ajudar a ser forte.

    Vlad sorriu à explicação da garota. Era impressionante.

- Nunca vi tanta força em uma garota com apenas treze anos - apalpou a face da jovenzinha com a mesma idade que ele. Carícias como essa eram um gesto de respeito que Clésia já estava acostumada a receber, da parte de Vlad, ao menos.

- Clésia, você não pensou em ir com o mercador? - ele finalmente fez a pergunta significativa.

    A pequena dama leva um susto.

- O quê está dizendo?!

- Se o bom mercador era do mesmo lugar que você, poderia ter dito à ele o que está passando aqui. Ele poderia tê-la levado daqui, você poderia ter voltado para sua terra.

- E deixá-lo aqui? Nunca! - exclama indignada, o que Vlad disse para ela soou mais idiota do que compassivo - Não tenho motivo algum para voltar para Inglaterra, não há ninguém me esperando lá. A única pessoa chegada à minha família é um padrinho de nascimento que desconheço e que vive na Holanda, um lugar ainda mais distante do que minha terra e ir para lá é dispensável. Deixá-lo para trás ao invés de seguir com o plano é muito mais sensato. Você me ajudou desde o dia em que nos conhecemos, eu não vou abandoná-lo, não outra vez!

- Você não me abandonou, fui eu quem disse para você ir.

- Does not matter! Eu vou ficar aqui com você!

    Eclésia se preocupou tanto em justificar-se que se esqueceu de que deveria fazer silêncio. O odioso carcereiro não tardou em chegar grosseiramente ao encontro das crianças.

- Menina, pare de gritar! - ele disse de maneira hostíl, seguido de um olhar desrespeitoso - A não ser que queira estar no meu quarto, lá poderá gritar o quanto quiser...

- Deixe-a em paz! - o menino gritou furioso. Ele não ficaria calado enquanto um homem nojento tratava sua amiga daquela maneira repugnante.

- Não ouse me afrontar, prisioneiro! - o carcereiro sorriu, deixando seus dentes podres a mostra - Posso muito bem proibir as visitas - seu olhar tornou-se mais repugnante naquela ameaça.

    O pequeno Vlad nunca sentiu tanta raiva daquele homem como sentiu naquele momento. Não bastava o ríspido não se importar se sua pequena dama morria ou não naquela cela, agora ele a desrespeitava e ameaçava proibi-los de se verem?

    "Esse homem é mais repugnante do que pensei" o conde cerrou os dentes com fúria. Aquela foi a primeira vez em que odiou alguém naquela prisão.

- Desculpe-me por fazer barulho, não vai se repetir - a pequena dama disse ao carcereiro, depois pegou a cesta e tornou a atenção ao amigo - Vlad, quase me esqueço de entregar-lhe algo - ela retirou da cesta um lençol de seda negro, tão escuro quanto a pelagem do pequeno Dark - Espero que ajude a aquecê-lo - proferiu entregando o tecido ao garoto, este mesmo devolveu-lhe o cãozinho - Procure não criar problemas com o carcereiro - o advertiu, ainda de frente ao garoto.

- É melhor escutar sua amiga - o rude impôs.

    Ele ainda estava aborrecido, mas resolveu dar ouvidos à companheira, pois sabia que o carcereiro era incensível e poderia sim, separar os dois. Ficar sem sua pequena dama? O pequeno conde não era louco de correr tamanho risco, sabia que a demência o consumiria, caso não visse mas a sua única amiga.

- Clésia, obrigado pelo cobertor e pelas notícias - disse quando a mocinha ajeitava o labrador dentro da cesta - Quem sabe um dia traçemos aquela rota juntos - falou em um sorriso enigmático, algo que apenas a garota entendeu.

- Você promete? - ela sorriu-lhe de volta.

- Eu juro - confirmou causando mais intensidade - Nós dois.

- We three - ela corrigiu sinalizando o filhotinho negro.

- Sim. Nós três - reformulou, dando uma última carícia na fronte do canídeo.

- A visita acabou, saia menina! - o carcereiro proferiu, perdendo a paciência. A pequena dama se foi da masmorra sem demora, mas não sem antes sorrir e ascenar em menção de um "até breve" ao pequeno conde.

    Ao seguir o caminho para fora da masmorra, Clésia mantia a cabeça baixa e os braços fechados; o lugar era tenebroso, cheio de lamentos dos prisioneiros e tinha apenas uma saída, pela qual a pequena dama caminhava serenamente, por já estar acostumada às suas visitas ao pequeno conde.

    Enquanto andava pelos corredores com a cesta e o cãozinho, Eclésia se lembrou de um estranho sonho que teve, uma noite antes de visitar o conde esta semana; um sonho onde caminhava nesse mesmo corredor à procura do pequeno conde. Em seu estranho sonho, a masmorra estava tranquila, não haviam presos nas celas, não haviam olhares maldosos sobre ela, não havia nada além da voz do garoto a chamar por seu nome. Enquanto corria em direção à costumeira cela, a menina o encontrou com um sorriso meigo e uma mão estendida à ela, ao lado de uma capa negra vazia que flutuava como uma assombração.

    Mas aquele sonho não foi como um pesadelo, não fez a dama passar a noite em claro assustada, a fez tentar dormir de novo, para sonhar com o rosto do pequeno conde novamente. Entretanto na manhã seguinte a mocinha sentiu um pressentimento, como um dejavi, pois ao lado dela, bem perto de seu travesseiro estava um lençol de seda negro dobrado próxino ao seu rosto; um lençol que não tinha dono, pois nenhuma das mulheres do quarto das cortesãs revendicou o tecido como seu, o que foi mais estranho.

    Clésia não custou a decidir presentear o amigo com o tecido que, mesmo sem beleza - devido ao fato de que era todo negro - o lençol era muito macio e caloroso, certamente protegeria o pequeno conde das noites frias na masmorra.

    Ao sair da masmorra com o cãozinho, Clésia se sentiu aliviada por ter dado um pouco mais de conforto ao seu único amigo.

    E enquanto o pequeno conde apalpava o tecido negro, ele tinha a sensação de que, embora aparentasse claramente ser de seda, o tecido era macio como veludo.

    Ele dormia melhor do que nunca com aquele lençol, mas de vez em quando, tinha a impressão de que o encontrava em um lugar diferente de onde havia deixado.

Continue Reading

You'll Also Like

761K 57.6K 47
Set Fire To The Rain| Fazer o impossível Tiana Black, morou pouco tempo na pequena cidade de Forks. Assim que seu pai e sua mãe se separaram eles ach...
4.7K 220 21
Lacey Swan,Lacey era irmã de Bella mas tudo nelas era diferente, personalidade é aparência era só algumas as suas diferenças.Lacey se muda para Foks...
1.1M 89.9K 48
•DARK ROMANCE• o ano é 2030, um vampiro acaba sendo descoberto por um ser humano e é torturado até entregar seus companheiros e como identificá-los. ...
67.5K 8.6K 60
Wenclair | + Os vampiros e os lycans mantêm uma rivalidade desde a primeira geração de suas espécies. Desde o início, foi decretado que era proibido...