You've Forgotten

By larrysmiling

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Harry havia adorado Louis desde a primeira vez que o vira encolhido no meio da praça de alimentação da Univer... More

You've Forgotten
Chapter 1
Chapter 2
Chapter 3
Chapter 4
Chapter 5
Chapter 6
Chapter 7
Chapter 8
Chapter 9
Chapter 10
Chapter 11
Chapter 12
Chapter 13
Chapter 14
Chapter 15
Chapter 16
Chapter 17
Chapter 18
Chapter 19
Chapter 20
Chapter 21
Chapter 22
Chapter 24
Chapter 25
Chapter 26
Chapter 27
Chapter 28
Chapter 29
Chapter 30
Chapter 31
Chapter 32
Chapter 33
Epilogue
One Shot
You've Forgotten - Livro Físico
LIVRO FÍSICO

Chapter 23

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By larrysmiling

(Louis)

xx

Levara uma semana para o cérebro de Harry desinchar e ficar com seu tamanho normal, respondendo perfeitamente a todos os exames. Eu já estava começando a acostumar com dormir mal em uma poltrona ao lado de sua cama ou ir para casa e não dormir até que a doutora chamou Anne, Robin e eu para dizer que iria finalmente acorda-lo.

Tive alta no dia depois de vê-lo a primeira vez e descobrir que ele estava em coma induzido, mas quase não sai do hospital desde que entrei nele. Blue era a única coisa que me fazia ir para casa e chegar lá vendo ele todo feliz porque tem alguém em casa é uma das coisas mais tristes do mundo. Quando ele percebe que Harry não vai voltar fica na soleira da porta ou olhando para a janela deitado em nossa cama. Como eu disse, é uma das coisas mais tristes do mundo. Anne e Robin estão dormindo no quarto de hóspedes e cuidam dele, mas Blue parece não gostar de nenhum dos dois porque Anne me diz que ele se recusa até olhar para ela e não a deixa tocar em nada meu e de Harry, lançando um olhar meio "sai de perto" todas as vezes que ela sequer tenta chegar perto do nosso quarto. Mesmo assim eles também passam muito mais tempo no hospital comigo e os garotos do que em nossa casa.

Fora uma semana e tanta, na quarta feira eu estava tanto tempo sem dormir que a médica me deu um remédio e me fez dormir a sexta-feira inteira. Eu não liguei muito porque nada mudou quando eu acordei. Harry ainda estava lá, sem um músculo fora do local.

Hoje amanheceu chovendo muito e Blue provavelmente estaria choramingando sozinho com medo dos trovões, mas não dava para ir até em casa e ficar com ele porque doutora Angie disse que já começara a processo de tirar Harry do coma e ele poderia acordar em qualquer momento. Enquanto isso todos nós esperávamos na praça de alimentação. Zayn estava com olheiras enormes assim como Liam e os dois conversavam baixinho sobre aplicativos de celular enquanto Casey e Lys pareciam prestes a adormecer a qualquer momento ao lado. Elas também não saíram do nosso lado esse tempo todo e se ofereceram para dar banho em Blue ontem enquanto nós permanecíamos aqui esperando alguma noticia, eu estava começando a gostar de Lys um pouco mais por que... Talvez eu estivesse somente com ciúmes mesmo... Ou não. Niall havia ido buscar café para Anne e minha mãe que também passara essa semana inteira aqui conosco enquanto Dan havia ido para casa com meus irmãos semana passada. Ela havia passado a semana dormindo no quarto de hospedes de Niall e todos os dias me fazia quinhentas perguntas sobre como eu estava me sentindo. Sinceramente, ter todos por perto era a melhor coisa que eu poderia pedir. Uma força a mais.

Minha mãe conversava com Anne sobre como o teto de gesso era incrível quando doutora Angie veio sorrindo apressada até nós. Todas as vezes que eu a via meu coração faltava sair escorrendo por meu corpo porque ela sempre tinha alguma coisa boa para falar, nunca algo ruim graças aos céus. Acho que todos levantaram, mas eu preferi continuar tentando sentir meus pés primeiros, já perdendo a conta de quantas vezes eu cai de joelhos vomitando ou tropecei em meus próprios pés depois de receber alguma noticia. Niall voltou e colocou os cafés de qualquer jeito na mesa, aproximando-se de mim e segurando firme e seguro em meu ombro.

- Harry acordou. - Doutora Angie disse e eu realmente solucei de felicidade, de vontade de chorar, de agradecimento por Niall estar me segurando, agradecimento a Jesus ouvindo minhas orações, vontade de gritar e vontade de sair correndo. Tudo isso e muito mais em um só corpo, tipo, uma explosão de sentimentos em alguém fraquinho demais. - Ele já mostrou que consegue falar, tocar nas coisas e responder bem aos outros... Vamos dizer que ele se assustou ao acordar em um hospital.

Anne estava chorando e Robin passando a mão no cabelo dela e eu via seu rosto aliviado e feliz pelo que me pareciam séculos vendo-a chorar e lutar para dar um pequeno sorriso. Eu entendo. Nós todos entendemos.

- Ele acordou e chamou por você Anne, eu tive que vir correndo te chamar porque ele estava muito assustado e começou a chorar. - Doutora Angie disse e eu senti meus órgãos apertando e minha visão ficando turva. Não Louis, você definitivamente não vai desmaiar agora. - Mas eu posso permitir três de vocês agora. Depois ele vai tomar um banho, vai se arrumar com as roupas dele e comer algo sem a sonda, nós vamos conversar e eu vou usar esta conversa para analisar alguns tipos de lesões que só vão aparecendo ao longo do tempo, caso ele tenha tido, como a dificuldade de falar ou entender, dificuldade de tocar as coisas... Vamos coloca-lo em observação intensiva, mas daqui a pouco vocês também poderão vê-los, ok?

Todos assentiram e Niall me largou, acenando para Jay que estendia a mão para mim com o rosto todo molhado e um sorriso maravilhoso no rosto. Se eu não estivesse tão desesperado em não desmaiar eu até gargalharia e cantaria alguma coisa, tipo Pharrel, mas por agora eu decidi somente abraça-la e deixa-la ir me levando para fora do refeitório. Robin fez algumas perguntas para a doutora sobre como deveríamos agir, se deveríamos contar sobre o acidente ou pedir que ele esperasse, se tínhamos restrições do que falar, mas ela negou e nos pediu para responder tudo o que ele perguntasse.

Abrimos a porta do quarto 209 que só de ver me dava vontade de chorar e quando os três entraram finalmente liberaram a passagem para que eu o visse. Eu literalmente agarrei no batente da porta para não cair e a fechei agarrando com força a maçaneta, decidido a usar ela como suporte. No caminho até aqui a terapeuta disse para não cercamos muito ele e lhe dar espaço para tentar organizar as ideias então correr para os braços dele e encher seu rosto de beijo parecia ser fora de cogitação.

- Mãe! - Ele gritou sentado no meio da cama com as pernas cruzadas parecendo um boneco, os olhos vermelhos e o rosto todo molhado tanto de lágrimas como de suor. Seus cortes estavam sarando cada vez mais e seus machucados ganhando tons mais claros. Deus como eu quero abraça-lo! - Meu Deus mãe!

Anne o abraçou com cuidado, mas ele quase arrancava os aparelhos do corpo para devolver o abraço, grudando nela e chorando inconsolável em seu ombro. Meu coração parecia cada vez menor e a maçaneta da porta chegava a fazer barulho com meu aperto.

- Filho está tudo bem agora, tudo bem! Oh, graças a Deus você está falando e entendendo tudo e eu achei que eu fosse te perder! E-eu - Anne não continuou porque seus soluços não permitiram e Robin estava perto de mim também deixando algumas lágrimas silenciosas escaparem.

Ele estava ali vivo, acordado, falando, abraçando sua mãe de volta. Eu acho que vou desmaiar, eu juro que não sobrevivo até o final do dia sem desmaiar.

- Harry querido você vai arrancar os aparelhos e se machucar. - Doutora Angie disse tentando encostar as costas dele de volta no travesseiro e Anne pediu que ele obedecesse, sentando na poltrona ao lado de sua cama.

Ele levou alguns minutos para parar de chorar e depois fez doutora Angie explicar que ele sofrera um acidente e estava sem o cinto, explicou também os processos que ele havia passado para conseguir recuperar o tamanho normal do cérebro e ele parecia cada vez mais calmo e soluçando menos, os dedos segurando fortes nos de Anne. Harry não me olhou, mas olhou para Robin que foi até lá e lhe deu um beijo na testa antes de voltar a vir para perto de mim. Cada vez minha dor ficava maior e a vontade de dar cinco passos e me jogar nele ficava cada vez mais forte.

E então seus olhos faiscaram para os meus e ele pareceu finalmente perceber minha presença na sala. A maçaneta literalmente rangeu e eu fiquei similar a uma estatua olhando para seus olhos verdes me analisando. Ele não pareceu se importar comigo, somente curioso e nada mais. Sem dizer nada para mim, sem sequer transmitir que estava feliz por eu estar bem ele voltou a olhar para sua mãe. Meu Deus o que está acontecendo?!

Anne percebeu isso e arqueou uma sobrancelha para a doutora, parecendo tão aturdida quanto eu que comecei a ficar inquieto sentindo todo meu corpo doer.

- Harry, você sabe onde você está? - Perguntou Angie, sua voz tranquila e os olhos transmitindo confiança enquanto eu transferia todo meu peso de uma perna para a outra incessantemente.

Harry passou algum tempo pensando, os olhos cansados e os cabelos bagunçados, parecendo se sentir desconfortável com toda a atenção. Com minha atenção principalmente.

- Em Londres. - Sua voz rouca soou depois dele pensar por quase um minuto.

- Isso mesmo, querido. E você sabe em que ano estamos?

- 2010?

Nós nos conhecemos em 2010, quatro anos atrás. Ele tinha acabado de completar 18 anos e eu havia feito 18 alguns meses antes. Tudo bem, não é grandes coisas ele não lembrar do ano em que estamos Louis, é só um efeito do acidente... Um efeito passageiro.

- Qual o nome da sua mãe, Harry? - Doutora Angie voltou a perguntar, não parecendo abalada com a resposta errada de Harry, não tanto quanto eu.

- Anne Cox. - Ele disse rapidamente, parecendo lembrar isso perfeitamente e me olhando torto ao que eu deixei um suspiro escapar. Me encolhi mais ainda no cantinho que eu estava e Anne, sentada ao lado de Harry em uma cadeira, me olhou com um sorriso triste mas de alguma forma encorajador depois de ver o filho me olhar tão sem expressão.

- E qual o nome do seu padrasto? - Angie voltou a falar, ficando com o tom cada vez mais seguro e de certa forma animado.

- Robin. - Ele saber o nome de Robin pode significar qualquer coisa, afinal Anne e Robin estão juntos faz muito tempo. Doutora Angie parecia disposta a me torturar cada vez mais.

- Quantos anos você tem, querido?

Harry suspirou cansado do interrogatório, baixando o rosto e começando a brincar com os próprios dedos.

- Harry por favor, colabore querido... - Anne pediu em um tom choroso, os olhos transbordando súplicas enquanto ela tentava segurar a mão de Harry.

- Quantos anos você tem, Harry? - Angie voltou a perguntar, receosa e visivelmente tomando mais cuidado com o tom de voz.

- 18.

Não, não, não, não!

Robin se aproximou de mim e passou os braços por minhas costas de uma forma paternal, tentando me encorajar assim como Anne, tentar passar um pouco de fé no ato. Harry olhou para o padrasto me abraçando e franziu o cenho, me encarando como se perguntasse silenciosamente o que eu estou fazendo. Isso não está acontecendo...

- Harry, qual o nome do seu marido? - Angie finalmente perguntou com voz trilhões de vez mais cautelosa e o sorrisinho tranquilizante sumindo de seu rosto.

- Eu não tenho marido. - Isso definitivamente não está acontecendo. Deus, por favor, não... Não, não, não!

- Você não tem marido? - Ela indagou calmamente enquanto Robin apertava mais ainda meus braços e minhas mãos começavam a tremer de uma forma violenta.

- Eu tenho uma ex namorada, mas não nos vemos faz algum tempo. - Deus não... Por favor... Por favor!

- Qual o nome de sua ex namorada, Harry?

- Chelsea.

- Harry... Você é casado agora.

- Casado? - Ele perguntou alto, como se não estivesse acreditando nela e olhando para Anne em um pedido de explicações. - Eu não sou casado.

- Harry, pense com calma... - Ela pediu passando a mão nos cabelos e tentando dar outro sorriso. - Qual o nome do seu marido?

- Marido? Mas eu nunca casei!

- Sim Harry, marido...- Anne perguntou enquanto lágrimas rolavam incontrolavelmente por toda minha bochecha. Isso não está acontecendo.

- Você lembra o nome dele? - Angie voltou a perguntar momentos depois de ele ter ignorado sua mãe. Minha cabeça estava começando a doer e eu queria baixá-la pra que ele não visse o... Cara estranho chorando por ele não se lembrar de ter um marido.

- Eu já disse que não sou casado!

xx

- Louis! Louis!

Isso definitivamente não está acontecendo, não pode estar.

"Se por acaso acontecesse algo e um de vocês perdesse a memória e esquecesse o outro, o que vocês fariam?"

- Louis, espera!

Minhas pernas pareciam esponjas e a chuva estava tão forte que me ensopara em questão de segundos enquanto eu tentava sair daqui. Sair de perto desse hospital enorme e frio, dessas pessoas tristes, de meus amigos me olhando com olhar de pena porque meu marido não sabe quem eu sou. Niall gritava desesperado meu nome e ele também tinha chorando muito desde quando eu fiz questão de gritar - de novo - que Harry não se lembra de nem dele e nem de mim. Depois eu desmaiei e quando acordei duas horas depois todo mundo estava me olhando da mesma forma, tentando descobrir por mim o que merda que eu vou fazer da minha vida sem meu marido.

Não se lembra de quando me fez falar o preço do café cinquenta vezes, não lembra quando eu usei todas as forças do mundo para entrelaçar nossas mãos no parque, não se lembra de quando nos beijamos a primeira vez no sofá, nem quando eu sentei em seu colo na cozinha, também não se lembra de nosso cachorro, nossa primeira vez, nossas brigas, seus milhões de inscritos, sua faculdade inteira, seus amigos. Nada. Absolutamente nada. Ele não deve nem sequer saber costurar ou montar um look já que ele só se lembra de ter chegado a Londres, mas não se lembra de ter ido a nenhuma classe. Nada. Ele não lembra nada. Ele não se lembra de mim.

With this feeling I'll forget..

- Louis pelo amor de Deus, espere! - Niall gritou novamente, mas eu quero ir para casa. Eu só quero chegar lá e tentar descobrir o que eu vou fazer. Meu Deus o que eu vou fazer?!

Senti uma mão forte segurar meu braço e me virar bruscamente, minha visão escurecendo com o movimento, mas se recusando a me fazer desmaiar de novo. Definitivamente não era o peitoral de Niall no qual eu me esbarrei, nem sua altura, nem o seu cheiro ou suas roupas, muito menos seu aperto. Levantei o olhar para dar de cara com o par de olhos que costumavam derreter todas as vezes que me olhavam, mas agora só tinham aquele tom de verde claro denunciando ele ter chorado e uma expressão de pena. Pena como todas as outras expressões, incluindo a de Niall atrás de nós chorando e soluçando alto.

- Me desculpa Louis... - Ele sussurrou e eu quase desmaiei de novo ao ter alguns milésimos de segundos achando que ele se lembrara. Mas ele pronunciou Louis errado e estava chorando, as lágrimas misturando a chuva forte que atingia a nós dois como se quisesse levar à força toda a dor.

- Não é culpa sua. - Grunhi baixinho tentando me soltar, mas ele me segurou mais firme, os olhos não deixando os meus e parecendo decididos. Talvez ele estivesse achando que me olhar fosse trazer algo de volta, mas minhas esperanças estão um pouco mais em baixo. Muito mais em baixo. - Volte para lá, não quero você na chuva. E-eu... Estou indo para casa, mas eu volto outra hora, eu acho...

- Ela disse que podem voltar e-

- E que as chances são baixas. - Interrompi baixando o olhar e encarando sua mão grande em meu quadril e a outra em meu braço. Firmes e seguras para mim, mas para ele não deveriam significar nada. Entre nós nada mais significa algo para ele. Como você ama alguém se não se lembra dela? - Não vamos ficar esperando algo que talvez nunca vá acontecer Harry.

- Eu juro que queria lembrar, mas... Mas eu não faço ideia... Eu não sei o que fazer...

- Volte lá para dentro e nos vemos depois. - Sussurrei querendo mesmo que ele saísse dessa tempestade. Eu sentia meus músculos ameaçando cederem a qualquer momento e minha garganta implorando que eu chorasse e tentasse tirar esse nó doloroso no meio dela que impedia até minha respiração ser mais longa que pequenos ofegos. - Por favor, Harry...

- Depois? Prometa que vai voltar. E-eu quero conversar, e-eu quero conhecer você... - Meu Deus, era para doer tanto assim?

Antes que eu pudesse falar algo a mais acabei explodindo em um soluço alto, chorando como eu nunca chorara em toda minha vida e arqueando o corpo para que minhas costas parassem de doer. Harry ficou parado parecendo assustado e triste como eu também nunca o vira na vida, suas mãos me deixando afastar meu corpo do seu e chorar violentamente. Niall ainda estava lá atrás e chorava quase da mesma forma, mas eu quase não conseguia fixar os olhos em sua figura. O que você faz quando a pessoa que você mais ama na vida e que deveria saber tudo sobre você - todos os seus medos, suas manias, interpretar suas expressões, saber de suas maiores felicidades e o que você gosta de fazer - não sabe mais nem o seu nome direito? Isso não está acontecendo, meu Deus eu não consigo aguentar.

- Louis, por favor, vamos entrar de novo e sair daqui... P-pare de chorar... E-eu, não... Não gosto de ver você assim... E-eu não sei o que fazer! - Ele gritou e eu me encolhi inteiro, odiando aquele tom mais do que eu odeio a cor preta e literalmente começando a tossir e me engasgar com meu próprio choro. Isso não está acontecendo.

- Meu nome é Louis! - Gritei fazendo ele também estremecer e virando disposto a ir para o carro. Eu não vou vomitar ou desmaiar na frente dele, não vou simplesmente fazer ele se sentir culpado por ter quebrado um vidro com a cabeça e perdido a memória. Isso não foi nada culpa dele, eu não vou deixa-lo pior do que já está. - O S é mudo!

- Louis espera! - Niall gritou atrás de mim e eu virei para ver Anne e doutora Angie gritando de baixo da grande estrutura da entrada do hospital para que Harry voltasse enquanto os garotos choravam ao lado delas, provavelmente tendo visto tudo.

Ignorei tudo querendo muito me encolher em algum lugarzinho e entre em meu carro, o cheiro de novo dele me fazendo chorar mais ainda. Harry me dera ele faz algum tempo e eu nunca uso porque ele sempre me leva para onde quer que eu queira ir. Seu carro tinha seu cheiro impregnado forte e viciante em cada partezinha dos bancos de couro, seus CDs favoritos espalhados até debaixo do banco, o porta luvas cheio de fotos e tecidos além de faltar gasolina, mas não faltar chicletes. A porta se abriu ao meu lado e Niall deixou seu corpo cair contra o painel no carro enquanto eu fazia o mesmo, mas encostando ao volante e tentando desesperado chorar minha dor inteira até que eu conseguisse ter forças para virar a chave e ir para casa.

- Ele vai lembrar Louis, ele vai lembrar buddy, por favor, vamos pensar positivo. - Niall soluçou e eu pressionei fortes meus lábios um contra o outro.

- Se você a-acreditasse em suas próprias palavras não estaria chorando dessa forma Niall. V-vamos tentar ser realistas ok? - Sussurrei cerrando meu maxilar.

- Mate, ele não tem culpa...

- Eu nunca disse que ele tinha...

- Ele está confuso...

- Niall pare de dizer o que é óbvio! Eu estou confuso também! Meu marido não se lembra de nada que nós passamos, diz nunca ter me visto na vida! Você acha que eu sei o que eu estou fazendo? V-você acha que eu faço a menor das ideias sobre o que eu vou fazer apartir de agora?

- Vai dar tudo certo Lo-

- Foi o que eu estava me dizendo até agora Niall... E-eu... E-eu não quero... Droga, eu não sei nem o que falar. - Chorei ligando o carro, dirigindo para longe daquele lugar.

Deixei Niall em casa e quando cheguei a minha fui recebido com Blue quietinho. Cachorros parecem perceber como os donos estão e todas as vezes que eu ou Harry estamos estressados ou tristes Blue vem para perto e se enrola na gente como um ursinho. E desta vez ele não fez diferente e viera enfiar a cabeça em meu pescoço assim que eu deitei ensopado mesmo na cama, chorando como uma criança em seu pelo macio e cheiroso.

- Daddy n-não se lembra de nós dois baby Blue... E-ele... Oh meu Deus eu não consigo, e-eu não consigo. - Sussurrei vendo Blue continuar paradinho e com a cabeça encostada em meu queixo e meu coração.

"Vai ficar tudo bem. Eles são almas gêmeas, não importa o que a Paige faça para o Leo, ele nunca vai desistir dela. A não ser que ela peça".

"Se você fosse ele você desistiria?"

"Nunca, não se desiste do amor de verdade, Lou.".

xx

Doutora Angie estava sorrindo e Harry fazia o mesmo apesar de ser um sorriso menor e seus olhos estarem parecendo prestes a começar a lacrimejar. Anne estava do lado segurando a mão de Robin e ambos estavam felizes pelo filho poder finalmente ir para casa. Os garotos estavam ao meu lado e conversavam baixinho com Niall sobre coisas aleatórias porque ele também havia ficado muito mal por Harry não se lembrar dele, assim como as garotas em proporções menores. Eu somente fiquei encostado na parede olhando-o e desejando muito que isso fosse algum tipo de pegadinha ou que ele do nada gritasse que se lembra de tudo. Claro que nada disse iria acontecer então eu permaneci quietinho, não querendo deixar ninguém irritado com minha fala baixa ou triste com meu choro.

- Lou, você está bem? - Zayn perguntou tocando meu braço e me abraçando de lado, mas eu não respondi por que os olhos verdes de Harry prenderam-se aos meus e apesar de estar um pouco longe eu conseguia ver como eles estavam tristes e como ele estava se segurando para não chorar.

- Ele vai finalmente para casa Zayn, eu estou feliz, claro. - Sussurrei falando a verdade porque tirando o lado egoísta de minha mente que implora para que ele recupere os quatro anos eu ainda estava extremamente feliz por Harry estar ali vivo, em pé, com tudo funcionando direitinho como eu havia tanto pedido a Deus.

- O que Angie te disse?

- Ela conversou com ele e ele disse que não se lembra de gostar de homens. - Expliquei para os três que me olhavam encorajadores. Melhores amigos do mundo. - Disse que só lembra estar triste pela namorada ter deixado ele, que não lembra mais nada. Ela disse que a Gemma perguntou se ele lembra que ia todos os dias para festa depois de um mês morando aqui porque ele finalmente tinha percebido que Chelsea era satanás em forma de pessoa e estava querendo curtir a vida, mas ele gritou com Gemma e defendeu a garota então ele definitivamente não lembra da época Party Boy dele.

- Mais algo além dele defender aquele cão? - Liam perguntou grosso e parecendo com raiva, mas eu balancei a cabeça.

- Não o culpe Liam, ele não lembra. - Falei em um tom repreensivo e Liam suspirou.

- Eu sei que não é culpa dele, eu tenho raiva de Chelsea, não dele. - Liam explicou e eu assenti.

- Ela disse que é para voltarmos a nossa rotina normal, para eu conversar sobre o que ele fazia, para levar ele ao ateliê e mostrar o que ele costumava fazer... Ela pediu que eu fosse sincero, que não mentisse para ele e nem ocultasse nada porque se as memórias não voltarem nós teremos que começar do zero. - Falei segurando o choro e Zayn me abraçou mais ainda. - Ele nem sequer se lembra de gostar de homens, como que eu vou explicar a antiga rotina dele antigamente? "Ah Harry, você costumava me deixar dormir em seu peitoral e mexer no meu cabelo até que um dos dois dormisse, aliás adorei essa sua camisa hoje está um dia lindo." Eu não vou conseguir fazer isso, e-eu...

- Hey calma. Esta parte pode ser a mais difícil mas ele se apaixonou por você uma vez Louis, ele pode se apaixonar mais duas, três, quatro, cinco... Foda-se isso. - Niall disse e eu suspirei.

- Falar é fácil. - Falei para ele baixinho e ele me puxou para um abraço, ainda deixando Zayn no lugarzinho dele ao meu lado.

- Se não der certo você ainda tem ele como amigo... - Liam disse e todo mundo olhou para ele.

- Liam!

- Liam!

- Ouch! Sai Niall!

- Para Niall, ele está certo. - Falei olhando para os três se aproximando com doutora Angie.

- Então, todos o.k. por aqui? Louis você está bem querido?

- Sim doutora, eu estou o.k. - Falei tentando sorrir e ela pareceu satisfeita, me dando um abraço desajeitado porque Zayn não me largou.

- Oi Louis. - A voz grossa e ao mesmo tempo suave de Harry soou e eu dei graças a Deus por Zayn estar me segurando. Olhei para ele devagar e sorri verdadeiramente o que me parecerem ter sido eras desde a última vez. Ele é tão lindo...

- Hey am- Harry... Tudo bem?

- Uhum. - Ele respondeu sorrindo e eu assenti, tentando desviar o olhar porque eu estava claramente corando. Zayn deu uma risadinha e aproximou a boca de minha orelha.

- Ele se apaixonou uma vez, pode se apaixonar duas, três, quatro, cinco, foda-se isso. - Ele tentou imitar o sotaque de Niall e eu dei uma risada mais alta, sentindo meu coração apertar em felicidade com novas possibilidades que não incluem chorar, desmaiar, vomitar, chorar um pouco mais, sair de casa nem me divorciar. Divorciar não existe em meu vocabulário na verdade.

- Eu preciso voltar para o trabalho assim como Robin e nós estamos voltando para Holmes Chapel hoje. Vamos buscar Jay na casa de Niall porque vamos deixa-la em Doncaster então você vai poder dar tchau para sua mãe Lou. - Anne disse vindo para meu outro lado e ma abraçando da mesma forma de Zayn e eu beijei sua testa.

- Ela hoje de manhã foi tomar café comigo e parecia quase para estourar de saudades das garotas e de Ernest. - Falei para Anne e Harry tossiu um pouco, chamando minha atenção. Seus olhos fixos nas mãos de Zayn em meu quadril e eu acho que ele ficou com vergonha de me olhar nos olhos. Talvez Anne ter saído do lado dele para vir para o meu tenha chateado-o.

- Então vamos? - Robin perguntou e eu assenti assim como todo mundo.

Agradecemos a doutora Angie por tudo o que ela fizera por nós dois e ela pediu que trouxemos Harry constantemente aqui para fazer mais exames, anotando uma pequena lista de coisas que seria bom ele continuar fazendo para se exercitar já que ele andou fazendo isso tudo durante esta semana inteira que ele ficara em observação. Eu não vi quase nada porque me recusei a passar mais que alguns minutos todos os dias aqui, voltando para casa sempre chorando desesperado ou tossindo como se meu organismo quisesse tirar meus órgãos através da boca.

- Zayn, Niall e eu vamos assistir a um jogo de futebol amanhã de tarde lá perto da Uni, vamos Lou? Tá afim Harry? - Liam perguntou enquanto andávamos até o elevador e eu balancei a cabeça.

- Eu vou voltar a trabalhar. - Falei suspirando e sentindo falta de meus alunos e de minhas classes já que eu havia tirado licença por conta do acidente. - Eu sinto falta daquelas pequenas coisinhas.

- Eu topo, vocês estão me devendo cheesesteaks desde o último jogo que eu acertei o placar, losers. - Niall disse apontando o dedo na cara de Zayn e Liam pegou o dedo dele com certa brutalidade, dando aquele famoso olhar "ninguém toca no nosso macaquinho", fazendo Niall e Zayn darem risadas.

Harry estava calado e observando tudo enquanto os garotos conversavam e nós íamos até os carros. Zayn provavelmente iria roubar a Sky de Liam já que sua mãe não deixa ele assistir seus cartoons em paz então os dois se despediram enquanto nós entravamos em meu carro. Niall foi o caminho todo até sua casa grunhindo sobre como hospitais tem o café ruim, reclamando que seja lá quem faz o café nunca ouviu falar em açúcar. Harry foi no carro de Anne e quando chegamos a casa de Niall ele estava com o rosto totalmente confuso mas bem quieto, o que nunca fora normal dele.

Minha mãe saiu de dentro da casa de Niall com sua pequena mala e quando nos viu lá na porta deu um pequeno sorriso para ele, abraçando-o com força e aceitando a ajuda que ele oferecera para por a mala no carro. Eles haviam se "conhecido" no começo da semana, mas eu não fui junto porque eu não consegui. Eu simplesmente não consegui ir lá e ver meu marido "conhecendo" novamente sua sogra desde quatro anos atrás.

A despedida foi algo cheio de choros e lágrimas da parte de minha mãe e Anne. Elas nos fizeram prometer que ligaríamos e atenderíamos as ligações sempre que pudéssemos, minha mãe me fez prometer que ficaria forte por ela, por meus irmãos, pelos meus amigos e principalmente pelo meu casamento.

Quando Harry sentou no banco do passageiro dentro de meu carro eu percebi o quão perdido e assustado ele estava. Sua mãe estava indo embora com seu padrasto e ele estava indo para a casa de um estranho que tacharam como seu marido. Seus olhos transbordavam insegurança e eu nem sequer liguei o carro olhando no retrovisor para ter certeza que Anne ainda estaria ali, já sabendo o que viria depois.

- O-olha e-eu... Oh meu Deus e-eu... D-desculpa mas e-eu não consigo fazer isso. - Foi a única coisa que ele falou antes de começar a chorar e abrir a porta do carro, pedindo que sua mãe não fosse embora e que se fosse levasse ele.

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