Destinos Cruzados

By LuhFarias3

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***Apenas Degustação*** 09 Capítulos disponíveis Uma romântica incurável, apaixonada por seus crushes literár... More

SINOPSE
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Bônus - Selena
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
!!! Aviso!!!

Capítulo 06

219 32 15
By LuhFarias3

Um ano atrás...

Vanessa

Um fim de semana qualquer, em um canto qualquer da cidade, na vida de uma pessoa extremamente qualquer...

Esbarro em alguém enquanto percorro um dos corredores do supermercado que estou. Tive que sair da minha caverna, já que acabou meu estoque de sorvete de chocolate.

— Perdão, estava distraída. — justifico ao recuperar meu equilíbrio com a ajuda do estranho.

— Não há necessidade de desculpas hermosa, eu também não estava prestando atenção no caminho.

Ao sentir mãos grandes e fortes me segurando me dou ao luxo de verificar em quem quase derrubei por ser tão estabanada. Me deparo com um homem alto, charmoso, de cabelos longos e loiros e um ar de mistério e superioridade no ar. Me lembra o ator que fez o Aquaman no cinema. Bonito, com cara de mau e imponente.

— A moça me dá a honra de passear ao seu lado nesse modesto mercado? — me questiona sedutoramente.

Seu jeito me faz rir, pouco, mas arranca uma pequena alegria de meus lábios.

— Desculpe, não costumo socializar com estranhos. — digo já me afastando dele.

— Não seja por isso, — estende sua mão para mim — Victor. Victor Carrilho Fuentes ao seu dispor hermosa.

Correspondo seu aperto de mão. Me apresento e o deixo me acompanhar até o caixa. O desconhecido, quer dizer, Victor tenta pagar minhas compras, porém não permito e depois de muita insistência o deixo me levar até a porta do meu prédio.

— Se quiser posso subir e te ajudar moça.

— Obrigada Victor, mas não é necessário.

Tento demonstrar sutileza até então, contudo, desde meu primo Miguel eu sempre mantive uma certa distância dos homens bonitões.

— Que tal um sorvete qualquer hora dessas então? — ele insiste descaradamente.

Minha baixa estima luta bravamente com minha vontade de sair um pouco dessa zona de conforto onde estou sempre afundada. Sei que mereço pouco, que devo me colocar no meu lugar, que caras bonitos foram feitos para as tantas mulheres bonitas que existem por aí, e sei também que vai ser uma grande decepção quando ele realmente perceber o quanto sou gorda e feia de corpo, mas uma pontadinha nervosa me impulsiona a saborear nem que seja gotas dessa novidade. Sou tola demais para ser corajosa.

— Quem sabe, mas agora não é o momento.

Me afasto antes que ele puxe mais algum assunto, realmente não mereço tanto e o melhor sempre é me afastar.

Entro na minha pequena kitnete e me jogo no sofá de qualquer jeito depois de jogar minhas sacolas no balcão da cozinha. Olho para todos os cantos e parece que cada pedacinho do que deveria ser o meu lar me sufoca, gritando solidão.

Será que sair um pouco de tudo isso é sonhar alto para uma mulher tão ínfima e azarada como eu? Será?

XXXXX

Cinco meses depois...

"Ele não me bate...

mas regula minhas roupas e amizades.

Ele não me bate...

mas sou obrigada a pedir desculpas sem motivos.

Ele não me bate...

mas me obriga a enxergar tantos defeitos em mim.

Ele não me bate...

mas me chama de louca e histérica.

Ele não me bate...

mas me manipula.

Ele não me bate...

Minto... ele não me bate, pouco."

Como é fácil ser tola, ingênua e frouxa. Cair no conto do 'homem bom' não devia existir mais, mas sempre tem as que levam um tempo a mais para entender a situação a sua volta. Por que não vi desde o começo?

"Você é linda, pura e gentil", ele dizia.

"Você é a melhor coisa que conheci nessa cidade", ele dizia.

"Seu corpo é o meu paraíso e minha morte", ele dizia.

"Eu nunca vou deixar de amar e venerar você", ele dizia.

E eu, boba e iludida, acreditei em cada palavra, cada elogio, cada declaração velada de que eu era seu bem mais precioso, até que eu fui perdendo a prioridade, sendo jogada de um lugar para outro. Até que percebi que já era tarde demais para sair. Fugir me pareceu a melhor opção de todas, mas sempre tinha o medo. Medo de não conseguir e tudo ficar pior, tenho vergonha do que as pessoas vão pensar de mim se souberem de tudo.

A verdade é que tenho nojo de mim. Minha grande angústia é ninguém acreditar na minha verdade. Ao menos se eu tivesse percebido os sinais, eles sempre estiveram lá, porém eu me ceguei diante de tudo.

Não começou com um tapa, um murro ou algo semelhante, não, ele foi sútil.

Acho que eu devia ter dito 'não' quando ele me ele tentava me impedir de ir a qualquer lugar, dizendo que só necessitávamos um do outro. Eu devia ter dito 'não' quando ele questionou minhas roupas, as mesmas que antes ficavam maravilhosas em mim e que agora ele só sabe dizer que nada cobre suficientemente o excesso das minhas curvas, e assim, ganhei um novo guarda roupa contendo tudo que mais o agrada. Não vi porque não aceitar, ele estava sendo bom comigo, generoso, atencioso e cuidadoso.

Eu devia ter brigado, reclamado, ter feito qualquer coisa quando ele jogou todos meus batons, maquiagens e perfumes fora porque sempre dizia que eu era linda e não precisava de nenhum produto, que não era necessário me arrumar para ficar em casa, que minhas maquiagens manchavam suas roupas, e o meu sofá era melhor do que qualquer outro lugar. Aos olhos dele minha beleza era como a de um anjo, e eu não vi nada demais nisso, achei que era admiração, que era amor, olhos apaixonados. Quando me dei conta, eu já fazia parte da decoração da casa.

Pouco tempo depois ele afirmou que nosso relacionamento era o suficiente para tudo e que eu não precisava das antigas amizades, pois ele ia suprir tudo e qualquer coisa que eu necessitasse. Eu devia ter dito 'não', mas ele me pareceu tão companheiro, tão afetuoso, tão dedicado e minhas amigas com suas vidas tão ocupadas que eu não quis mais incomodá-las. Eu me abri com ele, contei meus medos e receios, sonhos e realizações, eu depositei nele tudo que podia e acreditei que havia encontrado meu porto-seguro. Comecei a acreditar nas explicações irracionais dele, apesar do meu coração e dos meus olhos. Deixei que ele definisse a minha realidade. Me isolei.

Quantas vezes sussurrei "Como vim parar aqui? Como virei essa mulher?" Quantas vezes disse para mim mesma "Levante, chame um táxi e vá embora"? Quantas vezes me levantei e não me reconheci no espelho? Quanto ódio eu senti pela mulher que me olhava de volta. Mas ele nunca me bateu, então eu relevei e desisti de partir.

E depois de tantas discussões bobas, quantas vezes voltei para aquela cama ao invés de ir embora, e acordei com os braços dele em volta de mim, dizendo que a culpa tinha sido minha. Muitas, mas no início ele não era assim. Eu é que trazia à tona esse lado dele. Eu tinha de mudar. Parar de acusá-lo, de murmurar tanto. Se eu fosse mais gentil, ele reagiria de outro jeito. Quantas vezes mudei minha abordagem antes de perceber que a única maneira de evitar o abuso era não tocar no assunto. Muitas, mas ele nunca me bateu, então eu fiquei por mais um tempo.

Não sei quando deixei de ser suficiente para ele, quando foi que deixei de agradá-lo, quando nossas transas se tornaram banais e ele precisou de mais, mais do que apenas eu poderia oferecer. De repente tinha uma, duas, três outras mulheres dividindo nossa cama, e eu não me importei, eu permite. Em nome dos nossos sentimentos eu permite, me omiti e me excitei com tudo aquilo, com todo aquele excesso, porque se eu não era mais suficiente e mesmo assim era para mim que ele sempre voltava, decerto as coisas ainda eram boas entre nós dois. Até o dia que ele não voltou com elas. Chegou em casa com dois colegas de trabalho, trabalho esse que ele nunca me contou qual era, contudo, eu sempre desconfiava. Eu achei que ele apenas queria sair da rotina, que era apenas uma fantasia e deixei que todos eles me usassem, me desejassem, me senti admirada, seduzida, amada. Mas depois, ah, o depois... me senti suja, usada, violentada, porém em momento algum eu disse 'não'. Não é crime se foi consentido.

Tudo virou um círculo vicioso. Eu queria agradá-lo, queria ser suficiente e ele apenas queria me manipular, mostrar à todos o quanto era capaz de mandar em mim. Me humilhou, me diminuiu, me insultou, mas nunca me bateu, apenas alguns empurrões e beliscões.

Tive medo de fugir do caos. Como eu poderia explicar que achava que a culpa era em parte minha, apesar de sentir vergonha de ouvir aqueles chavões saindo da minha boca. Ninguém realmente vai entender. Ninguém o conhecia como eu. Minha função era protegê-lo da verdade do que ele fazia comigo. Não poderia deixar que achassem que ele era um monstro. Não contaria para ninguém. Estava totalmente sozinha. Mas ele nunca me bateu, então eu perdoei nossas divergências.

Diante de tudo que acontecia, eu só conseguia imaginar que essa era a forma que ele tinha de me amar, era um pouco diferente, mas era a forma dele. Ainda assim, a cada dia que se passava, suas palavras ficavam cada vez mais duras e era cada vez mais difícil acreditar que aquilo fosse amor.

"Você é uma gorda, se eu te largar, quem vai te querer?". "Não sei porque ainda estou contigo". E cada vez que uma destas frases era pronunciada, uma nova lágrima escorria dos meus olhos e ele fazia questão de dizer que a culpa era minha, enquanto eu implorava desculpas, com a certeza de que eu era sempre culpada de tudo.

E hoje, cansada de tudo que andei vivendo, decido tomar uma atitude no calor do momento enquanto me resta um pingo de coragem para reagir.

— Você nunca me bateu, assim como nunca foi homem pra mim Victor. Você fez com que eu me anulasse e deixasse de ser quem eu sou, então hoje eu te deixo. Vou embora pra nunca mais voltar. — despejo confiante.

Violentamente Victor me agarra lançado meu corpo de bruços na cama, passa seu braço pelo meu pescoço e se deita sobre mim com toda sua força me impedindo de respirar corretamente.

— Acha que vou te deixar ir, pra correr pros braços de qualquer merdinha? Acha mesmo que alguém além de mim vai te querer hermosa? — evito olhar para ele de tão surpresa que estou.

Não sei de onde vem tanta fúria, apenas sinto o peso de sua brutalidade. Em um movimento rápido Victor me iça da cama e me prende entre ele e a parede.

— Eu tenho nojo de você Vanessa, sempre tive sua puta de mierda. Te aturei porque me foi conveniente, mas seu tempo acabou pra mim. Minha fase de bom moço acabou, enfim, tenho alguns inimigos pra matar, mas não se preocupe não — ele passa sua língua quente e áspera na meu pescoço, e algo que um dia gostei tanto agora enjoa meu estômago — se você sobreviver a minha despedida um dia volto pra terminar de vez.

Mesmo apavorada ao ouvir tudo isso tento reagir de qualquer forma, lutar até a última gota pela minha vida. Ele me agarra pelos cabelos e me arrasta para dentro do banheiro e enfia minha cabeça dentro do vaso. No início acho que sua intenção é me afogar, até sentir seus primeiros chutes, pesados e certeiros em meu estômago e costelas e entendo que ele está abafando meus gritos. Tento me defender me sacudindo o máximo que posso, forçando minha cabeça para fora da água.

Mujer inmunda, sou eu que pago seu aluguel, que coloco comida aqui, pago todas suas contas, espero que você fique na sarjeta se ainda conseguir respirar. Não quero te matar, mas também não vai restar muita coisa pra recolherem de você.

Com uma dor extrema sinto ele puxar minha cabeça quase arrancando metade do meu couro cabeludo. Indo contra todo o zelo que demonstrava ter comigo, Victor me coloca de pé novamente apenas para me lançar um olhar de desprezo. Suas mãos se apoderam das laterais do meu rosto e ele me empurra brutalmente contra a parede repetidas vezes, fazendo com que minha cabeça bata com tanta força no azulejo do banheiro que tudo que escuto é o eco da pancada. Repetidas vezes. Não satisfeito, ele me arrasta para a sala e arranca toda minha roupa me deixando totalmente nua. Tudo parece tão surreal que eu quase não identifico se isso é um pesadelo ou se está acontecendo de verdade. Não pode ser real isso, ele sempre dizia que me amava, quem ama não bate.

Tento ter algum pensamento racional, entretanto a dor começa a tomar conta da minha consciência. Victor começa a desferir pesados socos no meu rosto e a única coisa que consigo distinguir é o ácido gosto de sangue.

Deus, por favor, me faça sobreviver a isso. Sou jovem demais para morrer. Ainda queria viver tantos sonhos, tantas emoções, realizar vários desejos. Ser mãe, me casar com um belo príncipe encantado, realmente ter uma família. Te imploro, envia alguém para me salvar, me libertar das escolhas que eu mesma me afundei. Eu prometo nunca mais cair nos mesmo erros, mas, por favor, me salva.

A escuridão me leva e não tenho certeza se meu apelo será atendido por alguma divindade, e se talvez alguém venha me salvar.

*****

Atualizado em...

04/03/19.

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