Destinos Cruzados

By LuhFarias3

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***Apenas Degustação*** 09 Capítulos disponíveis Uma romântica incurável, apaixonada por seus crushes literár... More

SINOPSE
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Bônus - Selena
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
!!! Aviso!!!

Capítulo 04

242 36 13
By LuhFarias3

"Mais virgindades já se perderam pela curiosidade do que pelo amor."

— Autor Desconhecido.


Vanessa

Mais de uma semana se passou desde o encontro pesaroso que eu tive. E, no fundo, devo confessar que não achei de todo mal ter ido, no fim, foi uma experiência válida, me ensinou como a internet pode ser perigosa. Eu jamais teria conhecido aquele homem se não por intermédio daquele aplicativo, se bem que o que mais me moveu foi a curiosidade. Esta sim, é a grande vilã na minha vida. Não sei se pelo fato de tantas histórias e personagens que desde cedo vagueavam pela minha mente depois de tantos livros que já li. Tenho curiosidades gigantes em todos os sentidos. Como é a vida dos outros? O que fazem quando vão para casa e se encontram plenamente sozinhos? O que todos fazem quando não tem ninguém olhando? Isso sempre me despertou interesse.

Todavia, a maior de todas foi perder minha virgindade. Eu tinha por volta dos meus dezesseis anos quando li meu primeiro exemplar de um romance adulto da editora Harlequin. Inocentemente fiz uma troca de livro com uma colega do colegial, era assim que eu alimentava minha biblioteca, pois, o pouco que tia Berta me dava as escondidas do esposo não supria todo meu vício pela leitura, então eu comprava os mais baratos que davam e depois trocava entre minhas colegas da escola, e muitas vezes com a ajuda de Lunna e Larissa. Foi um passo sem volta quando depois de me encantar com a escrita rica em detalhes de Diana Palmer, enfim cheguei em uma cena erótica. Era uma leitura tão envolvente que quase me sentia dentro da situação frente a frente com os homens de cada livro, cada cawboy delícia que fico arrepiada do pulso a virilha apenas em recordar. "Ao aproximar-se finalmente o viu: estava ajoelhado, examinando a pata de uma de suas preciosas vacas, seu rosto estava oculto pela sombra do chapéu. À primeira vista parecia mais um peão, vestido com um par de calças jeans desbotadas, camisa de cambraia e botas, mas quando ficou em pé acabaram as semelhanças. Tinha um físico fascinante, tão alto, esbelto e proporcionado", um dos meus trechos predileto do livro 'Sob o seu Feitiço'.

Muitas vezes virei a madrugada lendo com o auxílio de uma lanterna embaixo das cobertas para meu tio não perceber minhas traquinagens. Funcionou bem durante um bom tempo, até o dia que houve um encontro de casais na igreja que minha família frequentava, restando aos filhos se reunirem todos em única casa enquanto isso. Na época eu não imaginei que haveria algum problema se levasse alguns livros para compartilhar com minhas primas um pouco do meu feliz universo. Ledo engano o meu, minhas primas rechaçaram meus livros, inclusive rasgando alguns exemplares e me crucificando ainda mais como ovelha negra da família. Esse título sempre foi meu, sempre tive consciência sobre isso, porém, quando meus primos e primas se mostraram tão agressivos apenas pelo meu gosto diferente em relação à leitura, isso me abalou de uma forma considerável.

Naquela noite achei que seria expulsa da família e teria que viver na rua de esmolas, mas para minha surpresa um dos meus primos mais velhos exigiu que ninguém tocasse naquele assunto com nenhum adulto. Imaginei que estava me defendo e automaticamente criei um afeto profundo por ele.

Dias após esse incidente, o mesmo primo que me defendeu foi se tornando uma visita constante onde eu morava. E para ser mais específica, ele se tornou um frequentador assíduo do meu quarto e dos meus momentos de leitura. No início eu supus que Miguel compartilhava a mesma paixão pela leitura que eu adquiri desde muito nova, e só descobri tarde demais suas verdadeiras intenções.

XXXXX

Doze anos atrás

Em um uma madrugada qualquer...

— Vanessa, o que passa na sua cabecinha depois que lê esses romances? — meu primo questionou bastante interessado.

— Me sinto quente, envolvida, e deveras apaixonada. — parafraseei meus sentimentos.

— E já pensou em viver tudo o que lê, por exemplo, as cenas mais íntimas?

— Pra te falar a verdade, já sim... — confessei envergonhada — diversas vezes. Até tentei ouvir atrás da porta do tio Ge e a tia Berta na intimidade deles para saber como é, mas por mais de duas noites eu não escutei nadinha.

— Depois que conheci esses livros com você eu também fiz isso com meus pais, mas fui flagrado. — porém, diferente de mim, ele não pareceu envergonhado ou arrependido — Depois, papai me explicou que essa é a obrigação do homem: se deitar com a mulher para gerar filhos ou apenas para seu próprio prazer. Ele me disse que mulheres foram feitas apenas para procriarem ou satisfazer os maridos, então deduzi que os livros que lemos é tudo mentira.

— Como assim mentira?

— Oras prima, você nunca vai sentir o que as mocinhas desses livros sentem, é tudo fruto da imaginação fértil de quem escreveu. É por isso e outras coisas que mulheres não precisam aprender a ler ou escrever, foram feitas apenas para dentro do lar.

— Pois, eu acho que você está totalmente errado primo, pode até haver um pouco de excesso de imaginação, mas de resto, eu acredito em cada linha escrita e em cada palavra narrada.

— Então vamos tirar isso a prova. — ele rapidamente se levantou da minha cama — Tire suas roupas.

Ainda um pouco confusa o obedeci. Me sentei e retirei meu vestido.

— Tudo prima, como veio ao mundo.

Mesmo me sentindo totalmente exposta, foi exatamente o que fiz. Ao final de tudo eu iria provar a ele que nenhuma das minhas escritoras favoritas eram mentirosas. Então, tirei meu sutiã e calcinha e mantive de pé em frente a ele. Ele me olhou da cabeça aos pés, se aproximou do meu corpo e lentamente me empurrou para que eu me deitasse.

— Você não se parece muito com as mocinhas dos livros, já prova que tudo é mentira.

— Isso não prova nada Miguel, — fervorosamente defendi meu ponto de vista — cada pessoa é diferente da outra. E você não vai tirar suas roupas também?

— Não vejo necessidade, não sou eu que preciso descobrir a verdade por aqui, e sim você.

Então, optei por não discutir, pois, com certeza seria ele a descobrir que estava errado.

Desconcertadamente meu primo se colocou por cima de mim, não da forma que eu esperava como acontecia quando o mocinho se aproximava de sua escolhida. Miguel apenas abaixou um pouco de suas calças com uma mão ao mesmo tempo, em que se apoiava no colchão com a outra bem próximo de minha cabeça, puxando um pouco de forma dolorosa meus cabelos. Enquanto eu me distraia tentando puxar todos os fios presos por debaixo da mão dele, Miguel simplesmente entrou em mim, sem nenhum preparo, nenhum beijo quente, nenhuma carícia que me preparasse para minha primeira vez. Apenas a ardência e o incômodo de ser invadida de forma tão seca e repentina.

Sem ao menos me perguntar se eu estava bem após sua entrada em minha intimidade, ele apenas continuou com seus movimentos de entra e sai, e em poucos minutos que para mim, pareceram incontáveis e infinitos, ele gemeu ao pé do meu ouvido e se afastou, pondo-se de pé ao lado da cama. Me olhou de forma satisfeita, recolocou seu short no lugar e saiu do meu quarto. Deixando para trás uma adolescente atônita, com uma virgindade quebrada e sonhos derramados em um lençol levemente manchado de sangue. Não consegui esboçar nenhuma reação, nem de prazer e nem de ódio, apenas uma dor vazia e latente.

XXXXX

A sensação ruim ficou em mim para sempre, o sentimento sempre vivo em minha memória. Naquele exato momento eu me senti traída, ludibriada e bastante magoada com a realidade. Onde estava a paixão avassaladora? O encontro de mundos ao toque dos dois corpos apaixonados? Todo aquele fogo que permeava a intimidade?

Constatei que se a realidade tinha apenas aquilo para me oferecer eu preferia morrer afogada na ilusão que os romances me traziam, mesmo que fossem meras mentiras. Prometi a mim mesma que não beberia mais daquela fonte inosa. O problema foi que sou péssima em dizer 'não', ao ponto de só perceber o erro tarde demais. Eu bebi daquela água poluída mais vezes do que posso me lembrar. E amarguei pela dose final.

Meu relacionamento com meu primo durou até meados da minha maioridade, quando almejei um futuro entre nós baseada nas vãs promessas que ele sempre floreava, nas inúmeras vezes que ele me iludiu para ter seu prazer individual. Ele sempre deixou bem claro que para seu futuro gostaria de ser um homem bem sucedido financeiramente, compor sua família com vários filhos e uma boa esposa, e que ser um homem casado seria a base de seu alicerce. O que eu não percebi na época é que em momento algum estes planos sequer mencionavam meu nome, sequer me adicionava neste futuro feliz.

A facada final aconteceu dois dias antes do meu aniversário, mais de um ano após a nossa primeira vez. Imaginei que iria ganhar o melhor presente, aquele que tanto ansiava, que enfim Miguel contaria para toda família sobre nós e iriamos viver felizes para sempre, mesmo diante dos pormenores. A grande ocasião chegou e junto a ela Miguel acompanhado por sua perfeita namorada, uma tal chamada Cecília. Uma linda e loira garota da nossa idade, de boa família e tão religiosa quanto os pais de Miguel. Não demorou muito para que o namoro fosse oficializado e o casamento praticamente decidido entre às duas famílias.

E eu? Bom, eu literalmente não me encaixava mais ali diante as fofocas internas das minhas primas e primos. Eu achava que quando Miguel me fez entender que nossa história era secreta ele pretendia futuramente preparar nossos familiares para aceitar nosso amor, aceitar nossa união. Aquele dia foi o segundo em minha vida que me vi totalmente errada e tola na vida. Moços bons nunca terminam felizes para sempre com a gata borralheira.

Depois disso segui em frente com minha vida e fui viver ou presenciar outras coisas mais interessantes. Presenciei muitas cenas no colegial quando enfim tomava coragem para matar aula e me juntar ao grupo de alunos rebeldes. A intimidade que as garotas mais populares tinham com os garotos mais desejados da escola não se parecia nem de longe com o contato que tive com meu primo. De alguma forma, mesmo que eu presenciasse apenas beijos e pequenas carícias mais ousadas, parecia melhor do que a coisa fria e rápida que me Miguel havia compartilhava comigo.

Os dias se passaram e depois de diversas coações vindas de Larissa ao acusar a mim e Lunna de covardes, já não era sempre que arriscávamos nos encaixar no grupo dos alunos 'descolados'. Porém, um dia passamos por cima de tudo e embarcamos de cabeça em uma festa. Não foi uma boa experiência para nenhuma de nós três. Larissa foi julgada por andar com duas pobretonas. Lunna foi julgada por ser negra e seu cabelo crespo. E eu, já estava acostumada a ser chamada de gata-borralheira por minha família, então nem ouvi do que mais me julgaram. Antes disso, enquanto circulava por uma bela casa a beira de uma esplêndida piscina, da mansão de alguém afortunado do colegial, eu assisti uma cena no mínimo atípica, pelo menos para mim.

Flagrei um casal transando nos fundos da casa. O que chamou minha atenção antes de tudo foi os sons que os diferenciavam da música que repercutia dentro da casa. E quando os avistei seminus, diga-se de passagem, a cena me chocou um pouco. A menina que eu não desconhecia por completo, pois já havia visto em algum lugar na escola, estava apenas de sutiã apoiando suas mãos na parede, enquanto o rapaz que eu tinha certeza que nunca o tinha visto, estava de calças desajeitadamente jogada no chão e a blusa levantada e presa com o auxílio de seu queixo. Ele, colado as costas da garota, parecia dizer alguma coisa importante ou bastante engraçada pela forma como os dois sorriam incessantemente. Consegui perceber também que ele mordia o pescoço dela enquanto com suas mãos livres brincavam com seus seios ainda presos na única peça de roupa que nela ainda restava. Percebi o exato momento onde parecia que ele pedia permissão para invadi-la e ela apenas balançou a cabeça em concordância. O rapaz não perdeu tempo e se encaixou rapidamente, provocando um gemido incomum da moça. Visto de longe, tudo me pareceu como uma dança de acasalamento, os movimentos que vi o rapaz fazer pareciam minimamente com os do meu primo, porém, de uma forma mais sensual e experiente, aparentavam estar sendo consideravelmente agradáveis para a moça, e ela se mostrava feliz e bastante envolvida, de olhos fechados para desfrutar melhor das carícias que recebia. De longe eu conseguia ouvir quase que em bom-tom os gemidos de ambos. Um arrepio quente percorreu meu corpo enquanto assistia aquilo, e sinceramente, era mil vezes melhor do que apenas ler sobre aquilo, a riqueza de detalhes me era fascinante. Ver como os corpos se chocavam, os beijos que compartilhavam mesmo naquela posição, as mãos do rapaz percorrendo dos seios até a barriga da menina, era como se ele estivesse acariciando a mim junto com aquela cena. Minha respiração foi acelerando conforme o ritmo deles, e por algum motivo desconhecido para mim, por uma fração de segundos, meu corpo começou a caminhar para próximo deles.

Fui impedida no terceiro passo quando Larissa me puxou pelo braço e esbravejou que devíamos sair dali, que não era o nosso lugar. Como que retirada de um transe, toda aquela áurea de calor se dissipou e mesmo me corroendo por dentro para ficar, eu a acompanhei para longe a procura de Lunna para irmos embora o mais breve possível daquela casa.

E assim, tristemente findou-se minha pequena aventura de observar a intimidade alheia, o que não matou por completo minha curiosidade quanto a este assunto. Contudo, acendeu novamente a chama de minha paixão pelos romances avassaladores e eróticos, e nunca mais permiti que ninguém murchasse novamente minhas doces ilusões literárias porque depois daquela cena eu senti que em algum lugar ainda me restava um pouco de esperança. Um belo príncipe deveria estar em algum lugar, escondido, apenas aguardando que nossos destinos se cruzassem.

*****

✏Atualizado em...

28/02/19.

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