Nem Todos Os Príncipes Usam C...

By Silmarazafia

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OS CAPÍTULOS INICIAIS COMEÇARAM A SEREM RETIRADOS DIA 06/07 Este livro é um Spin Off independente da série "N... More

Música Tema
Elenco
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9

Capítulo 10

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By Silmarazafia

Na terça e quarta não aconteceu nada de extraordinário. Fui de carona para a escola com Axel, sentamos juntos no almoço e comemos enquanto ele tentava enfiar um pouco de conhecimento na minha cabeça dura.

Na fazenda Hansson, me mantive afastada do seu quarto e as coisas se saíram bem.

Axel estava ensaiando muito para a próxima apresentação no Clube Sensations, por isso só nos víamos na escola.

— E aí, Axel? — cumprimentou um rapaz atlético da nossa turma.

Estávamos carregando nossas bandejas para uma mesa vazia. Eu o seguia atrás e vi quando o garoto encostou o ombro no dele como se fossem melhores amigos, me bloqueando.

— E aí? — Axel respondeu.

— Quer sentar na nossa mesa? Temos uma vaga.

Eu não era invisível, ele tinha me visto atrás de Axel, mas fez questão de dizer que só havia um lugar disponível. Fechei a cara na hora.

— Vou sentar com Lucy — Axel disse e virou para a esquerda, sem ao menos agradecer o convite.

Apressei o passo para alcançá-lo e coloquei a bandeja sobre a mesa.

— Perdeu a chance de sentar com os populares — comentei ao me acomodar na cadeira ao seu lado.

Ele revirou os olhos azuis de um jeito que me fez suspirar.

— Posso te pegar depois que seus tios dormirem para a gente dar uma volta? — ele quis saber.

— Eu adoraria — respondi empolgada.

Comecei a comer, e quando ergui os olhos do prato, ele estava me filmando. Tentei arrancar o celular da sua mão, mas fracassei.

— Para! — exigi bem séria. — Apaga isso.

— Você se importa se eu montar um vídeo com essas cenas?

— É claro que me importo — falei. — Para que você montaria um vídeo meu?

— É uma coisa para minhas apresentações, mas é surpresa. Por favor, Lucy!

— Tudo bem — acabei aceitando, porque Axel era fofo e não dava para negar algo a ele.

Recebi como gratidão aquele sorriso lindo de covinhas que fazia meu coração disparar.

Mas então nossa mesa foi invadida por sete estudantes que se sentaram sem serem convidados. Três garotas e quatro rapazes. Um deles era o que tinha convidado Axel para sentar com eles.

Começaram a conversar com ele como se eu não estivesse ali. Uma das meninas puxou o celular da mão de Axel e começou a tirar selfies.

— Tenho que fazer uma pesquisa na Biblioteca com Lucy — Axel disse ao pegar seu iPhone de volta e ficou de pé, alcançando uma mochila da Nike que estava pendurada no encosto da cadeira.

Peguei minha mochila velha e fiquei de pé.

— Bonito o seu vestido, Lucy — uma das garotas falou. Olhei para ela já imaginando que ela estava debochando , mas vi que ela usava o cabelo do mesmo jeito que eu tinha usado na segunda, e estava com um vestido florido.

Franzi o cenho ao notar a semelhança com o jeito como eu me arrumava.

Naquele dia eu usava um vestido Jeans com elástico na cintura, sem mangas, que exibia meus joelhos, com uma blusa de malha com estampa de margaridas por dentro. Meu cabelo estava dividido em duas tranças que estavam jogadas sobre meus ombros.

— Obrigada — respondi bem séria, ainda sem acreditar no que tinha visto.

Axel colocou a mão na minha coluna e me guiou para longe do refeitório, na direção do pátio.

— Você está esnobando a elite do colégio — comentei.

— Eles só estão falando comigo porque estou me saindo bem como DJ — ele disse.

— É impressão minha ou aquela garota estava tentando me copiar?

— Ela sempre faz isso. Você nunca percebeu?

Caminhamos até a escada que dava para o pátio. Estava vazia. Descemos dois degraus e Axel parou. Fiquei o observando enquanto ele abria a mochila e pegava uma câmera profissional.

— Um amigo me emprestou — Axel explicou antes de ligá-la.

Cruzei os braços, parada na escada, com as bochechas coradas e a respiração entrecortada. Olhei através da porta de vidro, para o pátio vazio lá fora. Ouvi o barulho do zoom da câmera quando a lente se aproximou do meu rosto. Mordi o lábio, me permitindo ser filmada, já que parecia tão importante para ele.

— Você é muito linda — Axel sussurrou passando o polegar pela minha bochecha.

— Obrigada — sussurrei de volta olhando para a lente.

— Não precisa agradecer. É a verdade. Por isso que as garotas não gostam de você, Lucy. Você não precisa fazer nada para chamar atenção, porque já é bonita. Sem maquiagem, roupas justas, sem alisar o cabelo...

Meu coração estava no céu da boca com as suas palavras.

Pensei em dizer que usava aqueles vestidos folgados exatamente porque não queria chamar atenção para meu corpo. Só que eu não queria estragar o momento.

— Você também é bonito — falei isso pela primeira. Ele pareceu levar um choque com as minhas palavras. — Quando você sorri e as covinhas aparecem nas suas bochechas, eu fico boba te olhando.

Enfiei a mão na mochila e alcancei meu celular, liguei a câmera e puxei a dele para longe do seu rosto, então comecei a filmá-lo. Axel se afastou, até estar com as costas contra a parede, e olhou para os próprios tênis com o rosto vermelho. Ele parecia querer implorar para que eu parasse.

— Suas sardas são lindas — cochichei me aproximando com a câmera focada no seu rosto. Estiquei a mão livre e fiz carinho na sua bochecha, sentindo a aspereza da barba por fazer. — Olha para mim, Ax.

Ele deu aquele sorriso tímido e ergueu o olhar lentamente. As esferas azuis estavam brilhando. Fiquei desconcertada. Abaixei o celular e continuei o encarando, até que ele desviou o olhar para meus lábios e engoliu a saliva.

Demorou alguns instantes até eu me dar conta de uma coisa. Eu queria que Axel me beijasse. Queria naquele momento. Arregalei os olhos com o pensamento. Era a primeira vez que uma ideia como aquela se passava pela minha cabeça.

Dei um passo à frente e engoli a saliva também. Se eu me esticasse na ponta dos pés, poderia apertar meus lábios contra os dele. Mas se Axel não quisesse isso? Se ele me afastasse? Eu morreria de vergonha.

Ele estava encurralado contra a parede e não parecia nada à vontade.

Eu não teria coragem de beijar. Olhei para nossos pés e tentei compreender as coisas, mas eu não sabia o que ele queria.

Ouvi o ruído do zoom novamente e olhei para a câmera focada no meu rosto. Coloquei o celular na mochila e estiquei a mão para pegar a dele. A apertei bem forte, entrelaçando nossos dedos, observando como o tom da minha pele ficava em contraste com a sua.

Comecei a puxá-lo pelos degraus até sairmos no corredor. Axel continuava me filmando, focando em nossas mãos dadas. Sorri para a lente e empurrei a porta do banheiro masculino, sabendo que ele não me acompanharia no feminino. Lá dentro, soltei sua mão e abri a mochila para procurar um batom líquido cor de rosa. O passei diante do espelho com manchas de corrosão.

O sinal estava tocando quando guardei o batom. Peguei sua mão e o puxei para fora. Caminhamos pelos corredores de mãos dadas, com Axel ainda fazendo o vídeo, até nossa sala. Passamos pelas três garotas que haviam se sentando com a gente. Elas ficaram nos olhando e sussurrando de uma para a outra. Quando ocupamos nossos lugares, ele desligou a câmera e a guardou.

O professor logo estava na sala, começando a copiar a matéria. Tirei o caderno e tentei acompanhar a explicação. Então meu celular vibrou com uma nova mensagem. Era de Axel.

Desbloqueei a tela depressa para ler.

"É uma merda ser tímido" — Axel tinha dito.

O professor olhou na minha direção bem na hora, escondi o celular com o caderno e franzi o cenho. Na primeira oportunidade, respondi com emojis de interrogação, sem saber o que ele queria dizer com aquilo.

Uma nova mensagem chegou.

"Eu queria ter te beijado"

Fiquei imóvel encarando a tela do celular com olhos arregalados.

"Nas escadas" — Axel explicou.

Os segundos se passaram, se transformaram em minutos, e eu ainda estava paralisada. Senti a ponta do seu tênis cutucar minha panturrilha, então forcei meus dedos a responderem.

"Eu queria que você tivesse me beijado".

👑👑👑

Alan Peter tinha transformado a sala de casa em um salão de jogos, onde uma nuvem de fumaça contaminava quem passasse por perto. Havia cinco homens com ele. Estavam comendo pizzas e brigando entre si. Meu estômago estava quase colado nas costas de tanta fome, mas não tive coragem de entrar no meio daqueles nojentos para pegar uma fatia de pizza, por mais que estivesse morrendo de vontade.

Me esgueirei para a cozinha, praticamente toda a louça da casa estava amontoada na pia. Fiz uma careta ao ver aquilo, mesmo que tia Ester ficasse furiosa, eu não ia lavar. Não ficaria na cozinha com aqueles escrotos pela casa. Enquanto procurava na geladeira o que podia usar para fazer um sanduíche, vi que cartas de baralho voavam e alguém tinha levado um soco.

Me apressei em ir para meu quarto. Puxei a cama até bloquear a porta e tirei minhas roupas. Alan Peter sabia como transformar a casa em um chiqueiro.

Comi o sanduíche no chão do quarto, pensando em dar uma geral no meu guarda-roupas, mas estava exausta. Me deitei na cama para descansar cinco minutinhos e acabei pegando no sono. Acordei com o celular vibrando embaixo da minha bochecha. Era Axel.

— Oi — sussurrei ao atender.

— Estava dormindo?

— Acabei cochilando depois que cheguei da sua casa.

— Estou na esquina da sua casa. Seus tios já dormiram? — Axel perguntou.

— Acho que sim. — A vontade de vê-lo me fez pular da cama eufórica. — Me dá quinze minutos?

— Claro. Não vou sair daqui.

— Não demoro. Mas tome cuidado, aqui é um bairro perigoso! — o adverti antes de desligar.

Afastei a cama da porta e espiei pelo corredor escuro. Estava silêncio. Corri para o banheiro, sendo recepcionada por bitucas de cigarro e pilhas de papel higiênico transbordando do lixeiro. Se Axel entrasse na minha casa em um dia como aquele, eu morreria de tanta vergonha.

Mesmo com a bexiga cheia, ignorei o vaso, me recusando a sentar naquela nojeira cheia de respingos que os vagabundos amigos de Alan Peter deixavam. Tomei um banho rápido, escovei os dentes de olhos fechados para não vomitar, e corri de volta para meu quarto. A casa de quatro cômodos ainda estava em silêncio.

Joguei a toalha no chão e, ainda nua, dei uma borrifada do meu perfume em cada orelha, esfregando os pulsos logo em seguida. Vesti a primeira calcinha que encontrei, calças de moletom quentinhas, um blusa regata e um suéter velho e comprido. Prendi o cabelo no alto da cabeça e dei uma rápida olhada no espelho, eu estava horrorosa. Axel ia agradecer por não ter me beijado quando me visse, mas pelo menos eu estava aquecida, já que estava ouvindo trovões.

Olhei pela janela e vi os primeiros pingos caírem. Calcei minhas galochas vermelhas e me espremi pela grade serrada ao som do ronco do meu estômago.

Corri apressada pela calçada, sem me importar em tentar me esconder nas sombras, sendo atingida pelos pingos de chuva. Quando me aproximei da mini Van, a porta do carona se abriu. Meu peito estava explodindo com as batidas violentas do meu coração quando olhei para Axel. Ele deu aquele sorriso tímido de covinhas que esvaziou minha mente por um momento.

— Oi — sussurrei com a respiração falhando.

— Oi, Lucy — ele respondeu dando partida, sem parecer notar o desastre fashionista que eu era.

O aquecedor do carro estava ligado e logo senti calor. Me estiquei para tirar o suéter e, só depois que fiz isso, percebi que estava sem sutiã, mas não ia vestir de volta.

— Para onde vamos? — perguntei ao perceber que seguíamos rumo ao centro de Lund.

— Sua barriga está roncando — Axel comentou. — Vamos comer alguma coisa. Sem desculpas.

Envergonhada, coloquei o suéter em cima do meu estômago para abafar um possível novo ronco.

Fiquei em silêncio quando ele parou a Van no estacionamento de uma lanchonete aberta. A chuva caía mais forte agora. Axel alcançou um casaco de lona na parte de trás da Van, o vestiu e colocou o capuz antes de sair do carro.

Enquanto ele se afastava, repensei sobre o quanto gostava daquele rapaz. Se Axel não me beijasse essa madrugada, eu o beijaria, já que ele tinha dito que queria isso.

Além da minha mãe, ele era a única pessoa que demonstrava se importar em dezessete anos.

Com a chuva e a gritaria de pensamentos, levei um susto quando ele abriu a porta do motorista e entrou carregando dois sacos de plástico. Ele os abriu e colocou oito cheeseburgers sobre uma bandeja de papelão. Do outro saco ele tirou uma embalagem de isopor com uma porção de batatas fritas e dois copos grandes de refrigerante.

Não falei nada, simplesmente alcancei um cheeseburger e dei uma mordida enquanto Axel abria as embalagens de catchup e maionese. Se ele tinha comprado aquela comida pra mim, porque fazer cerimônia?

Senti um pouco de ânsia quando a comida gordurosa caiu no meu estômago vazio, mas ignorei a sensação. Continuei comendo sem bons modos, intercalando mordidas de cheeseburgeres, goles de refrigerante e punhados de batatas fritas cobertas com catchup.

Eu já estava acabando o quarto sanduíche quando olhei para a bandeja e vi que Axel ainda estava no segundo.

— Você vai comer esses dois? — perguntei sem pensar direito.

— São seus — ele disse e ergueu a mão para limpar meu queixo com um guardanapo de papel.

Pisquei os olhos como se acordasse de um cochilo, me dando conta do quanto devia ser ridículo me ver comendo, sempre com pressa.

— Não sei comer como uma dama, não sei sentar como uma dama, não sei agir como uma, então não me olhe assim — resmunguei.

— Você não faz ideia da satisfação que é te ver comendo.

— Minha tia tem razão, sou mesmo uma morta de fome.

— Não é feio sentir fome, Lucy. Feio é recusar comida quando se está com o estômago vazio.

— Você é um grande filósofo — brinquei antes de alcançar o quinto cheeseburger. Comi o resto em silêncio enquanto Axel dirigia para o topo da colina. Quando chegamos lá, eu estava com a barriga prestes a explodir, mas feliz.

Axel me ofereceu um chiclete de menta e aceitei. Ele enfiou dois na boca e respirou pesadamente.

— Eu fiz uma coisa que preciso te contar, mas não quero que fique brava comigo.

— Diga — murmurei com a pulsação acelerada.

— Vem — Axel disse passando para a parte traseira da Van.

O segui e me aninhei em alguns travesseiros, sem querer demonstrar estar preocupada.

— Eu conversei com meu pai — ele começou, fazendo uma pausa que me deu tempo para imaginar várias teorias. — Perguntei sobre o que aconteceu com sua mãe.



Boa noite 🙂

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