Coração de vidro [FINALIZADA]

By JulianaGiacobelli

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Alice Chantin, princesa do reino de Era Uma Vez, estava destinada a se casar com seu príncipe encantando. ... More

PARTE UM
Um - Alice
Dois - Alice
Três - Alice
Quatro - Alice
Cinco - Alice
PARTE DOIS
Seis - Alice
Sete - Alice
Oito - Alice
Nove - Alice
Dez - Alice
Onze - Alice
Doze - Alice
PARTE TRÊS
Treze - Alice
Catorze - Alice
Quinze - Evangeline
Dezesseis - Evangeline
Dezessete - Alice
Dezoito - Alice
Dezenove - Alice
Vinte - Alice
Vinte e um - Alice
Vinte e dois - Jax
Vinte e três - Jax
Vinte e quatro - Tobias
PARTE QUATRO
Vinte e cinco - Alice
Vinte e seis - Tobias
Vinte e sete - Jax
Vinte e oito - Alice
Trinta - Tobias
Trinta e um - Alice
Trinta e dois - Jax
Trinta e três - Alice
Trinta e quatro - Tobias
Trinta e cinco - Alice
Trinta e seis - Alice
Trinta e sete - Alice
Trinta e Oito - Alice
Epílogo
Agradecimentos

Vinte e nove - Tobias

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By JulianaGiacobelli

Aquela porcaria daquele castelo era gigantesco.

Quer dizer, ele não estava fazendo mais do que seu papel como castelo, mas era um detalhe inconveniente, principalmente porque eu precisava escanear todos os corredores sem chamar muita atenção para tentar achar Sebastian.

Quase desejei ser um gato de novo.

Quase.

Vi quando Trent encontrou a princesa e decidiu dançar com ela. Eu tinha certeza de que ele devia ter algum desejo suicida secreto, porque não era possível. Desejo suicida e hormônios demais, claro, já que ele não parecia conseguir ficar com as calças no lugar, mesmo que a vida dele – e a minha – dependesse disso.

Mas eu tinha coisas mais importantes para fazer.

Se eu me lembrava bem do castelo e conhecia pelo menos um pouco da índole de Quentin, Sebastian só podia estar em um lugar: o alto das torres. O problema era que, como o próprio nome sugeria, o alto das torres ficava no alto e isso significava que eu precisava subir as mesmas escadas pelas quais Alice tinha descido sem chamar a atenção. Porque é claro que aquilo ia dar certo. Porque é claro que ninguém ia me ver.

Passei por mais um garçom e peguei um salgadinho que eu não fazia ideia do que era. Tudo o que eu sabia era que estava bom e que eu precisava de mais, então esperei que ele voltasse e enchi a mão. Enquanto eu comia, fiquei ali parado pensando em como eu queria poder voar para consegui espiar as torres do castelo, como Mustafa fazia.

Mustafa.

Terminei de enfiar os salgadinhos na boca e caminhei o mais rápido que pude para a saída. Eu não queria correr para não chamar a atenção, mas duvidava que fosse fazer alguma diferença, porque assim que me aproximei das portas, os guardas fecharam meu caminho com duas longas lanças.

– Nenhum convidado pode sair antes do fim da festa, senhor. – disse um deles. – Nosso príncipe Quentin Augustini quer que todos aproveitem até o último instante.

O que, claro, era ridículo.

– Hum. – eu disse. – Acontece que eu esqueci uma coisa na carruagem.

– Uma coisa.

– Uma coisa importante.

Um deles balançou a cabeça.

– Sinto muito, senhor. Ninguém pode sair daqui. Mas o senhor pode ir até o pátio oeste se quiser tomar um ar.

Mas o senhor pode ir até o pátio oeste se quiser tomar um ar.

Bufei internamente, mas, como sou uma pessoa educada, assenti e dei meia-volta. Eu não queria visitar o pátio oeste, porque me lembrava muito bem de que não havia absolutamente nada ali, a não ser um chafariz muito sem graça e alguns vasinhos com flores. Mas, pelo menos, se eu fosse lá conseguiria ter uma visão das torres e talvez recebesse alguma luz sobre o que fazer.

Caminhei pelo salão como quem não quer nada, interceptando mais um garçom para comer mais alguns salgadinhos. Eu já estava sentindo minha calça ligeiramente mais apertada, mas o que eu podia fazer? Comida é uma coisa que não deve ser recusada, principalmente quando não dá para saber quando vai ser a próxima refeição. Até onde eu sabia, Quentin podia me capturar e me prender e então eu precisaria de toda a energia possível para escapar.

Resumindo, eu precisava comer.

Ainda com a boca e mãos cheias, cheguei ao pátio oeste. Dali, era possível ver a cidade ao longe, as fumaças subindo das chaminés e se misturando com as poucas nuvens no céu. Dava para ver pessoas andando ocupadas pela rua e, se eu virasse para o outro lado, conseguia ver três das quaro torres do castelo. O único problema, claro, era que eu não conseguiria voar e também não conseguiria chamar Mustafa sem que todos os guardas se alarmassem ao verem uma carruagem desgovernada invadindo a festa.

Se eu não morresse no processo, Jax definitivamente me mataria por causa disso.

Sendo assim, me sentei na borda do chafariz e continuei a comer meus salgadinhos, enquanto corria os olhos pelas paredes do castelo em busca de alguma ideia que pudesse me ajudar a chegar até as torres, mas as ideias se recusavam a vir. Eu estava mastigando lentamente quando vi alguma coisa sair flutuando pela passagem que dava para o grande salão. Era uma esfera esverdeada, como a que eu e Trent tínhamos visto mais cedo. Dava para ver alguma coisa se mexendo lá dentro, e eu podia jurar que era uma fada.

Continuei observando a esfera se mexer sem muito interesse, mastigando meus salgadinhos, esperando por alguma ideia brilhante. Ela subia e descia meio oscilante no ar, depois seguia em uma direção só para desviar de repente e seguir em outra. Era quase como se estivesse procurando por alguma coisa.

Fiquei seguindo a esfera com os olhos porque era divertido, até que ela bateu contra a parede do castelo e caiu no chão com um baque surdo. Achei que o vidro – porque aquilo se parecia muito com vidro – fosse quebrar, mas ela simplesmente ficou lá, parada no chão. Então a esfera começou lentamente a rolar na minha direção, até que parou.

Engoli em seco e, no instante em que a comida passou pela minha garganta, a esfera começou a rolar em direção a mim como se estivesse possuída.

Eu me levantei em um salto e subi na borda do chafariz em que estava sentado, enquanto ela batia e batia contra a base do banco, soltando faíscas cada vez que se chocava contra as pedras.

Definitivamente havia uma fada lá dentro. E definitivamente ela estava maluca.

Não sei por quanto tempo a esfera verde ficou batendo ali sem parar, mas em algum momento ela parou, provavelmente de exaustão. Eu me abaixei e olhei para ela, vendo um humanoide muito pequeno sentado ali, parecendo completamente acabado.

Eu sabia que aquela era uma ideia estúpida e que era assim que mortes em potencial começavam, mas estiquei meu braço e, com o dedo indicador, toquei a esfera.

Ela explodiu.

Eu soltei um gritinho vergonhoso e senti meus olhos se arregalando conforme a fada que estava lá dentro crescia bem na minha frente, até se tornar uma adulta completa.

Ou melhor, um adulto.

Eu tinha certeza de que era um homem, mas não tive tempo de fazer essa observação, porque ele me pegou pelo braço e me empurrou para a frente enquanto ele mesmo se escondia atrás do chafariz. Não entendi o que estava acontecendo e estava prestes a xingá-lo quando um guarda passou pela porta que dava para o pátio, parecendo ligeiramente alarmado.

– Ahn... – ele começou, olhando para os lados. – Achei ter ouvido um gritinho por aqui.

Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, mas recolhi toda a dignidade que consegui e estufei o peito.

– Não houve gritinho nenhum. – disse. – Deve ter sido só o vento. Está ventando bastante.

Nós dois olhamos para as árvores.

Elas não estavam balançando.

O guarda estreitou os olhos enquanto eu me xingava em silêncio, querendo ter pensado em uma coisa menos estúpida. Vi as mãos dele fazendo um movimento lento de quem está se preparando para alguma coisa, quando, milagrosamente, as folhas começaram a balançar.

Ele parou onde estava e eu tentei abrir um sorriso.

– Vento. – eu disse. – Ventando bastante hoje.

O guarda respirou fundo e eu tive certeza de que ele não estava acreditando em mim. Mas, pelo menos, ele assentiu, se virou e voltou para o salão.

Eu me deixei cair na borda do chafariz, completamente mole.

A fada – ou o fado? Eu não sabia se havia um substantivo masculino para fada – se levantou de trás do chafariz, os braços cruzados e a boca comprimida em uma linha de reprovação.

– Se você quiser a minha ajuda, vai ter de ser mais esperto, querido.

Eu não estava entendendo. É claro que eu podia apreciar uma ajuda. Eu precisava de ajuda, mas não me lembrava de ter solicitado nenhuma.

– Quem é você? – perguntei.

A fada fez uma mesura e foi quando eu percebi que ele também estava usando um vestido, como a Sr. Malkin. Por incrível que parecesse, o vestido caía bem nele – bem o suficiente para fazer a Sra. Malkin ficar com ciúmes.

– Meu nome é Ludo, fada madrinha ao seu dispor.

Fada, não fado. Precisaria me lembrar daquilo.

– Certo – eu disse, enquanto ele terminava sua reverência. – Você... pareceu querer a minha ajuda.

Achei melhor deixar meu desespero de lado pelo menos por enquanto.

– Ah, sim! – disse ele, muito interessado. – Muito obrigado por ter tocado na minha esfera, senhor...

– Tobias.

– Senhor Tobias. As esferas só se quebram quando um humano... – ele parou, eu tinha cruzado os braços. – Muito bem, não temos tempo. Você conhece a Sr. Malkin?

A maníaca dos sapatinhos de cristal? Sim, eu conhecia.

Assenti com a cabeça.

– Ela nos contou o que está acontecendo. – disse ele, tocando a própria cabeça com o dedo. Talvez eles pudessem se comunicar por pensamento? – Sobre o plano. Nós queremos ajudar.

– Nós?

– As fadas madrinhas. Todas aquelas esferas coloridas... Quentin nos prendeu. Aparentemente ele achou que uma de nós tinha ajudado sua princesa a escapar e, bem... O que importa – continuou ele quando abri a boca para dizer que não tinha sido fada madrinha nenhuma – é que nós podemos ajudar.

Engoli em seco. Não tinha certeza absoluta de que confiar em fadas madrinhas era uma boa ideia.

– Ajudar como?

Ludo abriu um sorriso tão gigantesco que achei que fosse pular para fora do rosto dele. Ele esfregou as mãos uma na outra, parecendo ligeiramente maníaco.

– Vamos apenas dizer que faremos da festa do príncipe Quentin uma festa de arromba.

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