Ellie encontrou Cath e Peter durante o feriado, eles foram até o cinema, os dois se mostraram companhia mais agradável do que Ellie jamais poderia imaginar.
— Eu soube que você escreve — disse Cath enquanto os três jantavam em um restaurante próximo ao cinema.
Ellie ficou vermelha, ela odiava quando os outros perguntavam sobre o que ela escrevia.
— Eu..., eu escrevo sim, mas não tenho nada publicado, ainda tenho vergonha demais — disse Ellie.
— Ah, que pena, queria muito ler algo escrito por você — disse Peter sorrindo, um belo sorriso branco era sempre esperado por Ellie quando Peter estava por perto.
— Eu, quem sabe um dia, posso publicar algo, mas não agora...
— E o que você escreve? — Perguntou Cath para Ellie, enquanto os três eram servidos por um garçom.
— Eu escrevo poesias e romances — disse Ellie, o olhar de curiosidade de Peter se acendeu.
— Bom, se um dia publicar, ou ao menos nos deixar ler sem publicar, vou amar poder — disse Peter enquanto se servia da sua sobremesa, um doce de banana caramelada.
— Pode deixar Peter, tentarei que seja o primeiro a ser avisado — disse Ellie.
Ellie se comunicava com Aaron por mensagens de texto no celular todos os dias, mas sentia muita saudades do namorado, apesar dos poucos dias separados.
(Aaron capitão): Venha para Glasgow, eu te pego na estação de trem e você pode fazer uma visita a minha casa, fale que vai visitar os seus parentes na Escócia.
(Ellie Comptony): É uma boa ideia, falarei com meus pais no jantar, eu tenho uma prima de quem gosto muito que mora em Edimburgo, ela pode me acobertar.
(Aaron capitão): Ótimo, mas me avisa se puder? Quero deixar tudo preparado aqui em casa para você.
(Ellie Comptony): Rs, eu iria amar, vou te manter informado.
(Aaron capitão): Estou com muitas saudades.
(Ellie Comptony): E eu de você, meu capitão de rugby preferido...
Desde a agressão em seu escritório, o pai de Ellie não a dirigiu mais a palavra diretamente, felizmente, isso significava que ele não falava de Aaron, apesar de deixar claro, por Gretta, que ele exigia aquele namoro acabado até o fim do semestre que se iniciava e não aceitava que ninguém do seu ciclo social ficasse sabendo dele.
No jantar, naquela noite, Ellie decidiu trazer o assunto sobre a Escócia a tona.
— Mamãe, papai, eu poderia visitar a prima Martha na Escócia antes de voltar para a escola?
A família a olhava espantados, Ellie não fora muitas vezes para a Escócia visitar Martha, mas a menina, que era muito chegada a Ellie, concordara em mentir por ela caso isso fosse preciso.
— Eu não vejo o porquê não, se seu pai estiver de acordo, eu também estou — disse Gretta calmamente, olhando atentamente para o marido para ver a sua reação.
— Se for ver a sua prima, eu não me importo — disse ele sem tirar o olho de sua comida. Felizmente para Ellie, ele não sabia que Aaron morava na Escócia aparentemente.
— Ótimo, o motorista pode te levar até a estação de trem em Londres de lá você pode ir para a Escócia, prefiro os trens que saem de Londres, são mais bonitos e não posso dispensar o motorista para levá-la até a Escócia e voltar — disse Gretta.
Henry era o único que parecia saber que não era o plano de Ellie visitar a prima Martha, o que se comprovou mais tarde, quando o rapaz foi visita-la em seu quarto.
— O pobretão mora lá, não mora? – Perguntou Henry, parado na porta do quarto da irmã.
— Mora e o nome dele é Aaron, você não vai falar nada, vai? — Perguntou ela, dando um olhar triste para o irmão.
— Eu não, se você quer visitar ele, o problema é seu — disse Henry dando os ombros.
— Tem mais nele do que só a falta de dinheiro, Henry, você devia saber disso — disse ela calmamente para o irmão gêmeo.
— Deve ter, se você gosta dele.
Henry deu os ombros de novo e saiu do quarto.
Ellie ficou tão ansiosa com a visita, que mal dormiu a noite toda antes da sua viagem, ela mudou a roupa da viagem várias vezes, algo quente para o frio da Escócia naquela época do ano, ela preparou também uma bolsa para passar a noite, só voltaria no dia seguinte.
Ellie se despediu da mãe e do irmão e seguiu com o motorista até Londres, ela morava em Essex e fazia com frequência o caminho de mais ou menos uma hora e meia até a cidade Londres, seu local preferido no mundo e local aonde moravam seus amigos Chelsea, Cath e Peter.
Ellie chegou até a estação de King's Cross, que estava lotada de turistas e moradores que iriam fazer as suas viagens de trem.
— Até mais, George — disse Ellie para o motorista quando pegou as suas bagagens.
Ellie enfrentou os turistas entusiasmados para tirar fotos entre as estações 9 e 10, aonde o famoso Harry Potter, dos livros que Ellie tanto gostava de ler passava para ir para Hogwarts, ela mesma a havia tirado fotos ali, ela geralmente viajava para Escócia pela estação London Euston, mas gostava tanto da estação King's Cross, que decidira ir por ali.
Ela esperou pacientemente pelo seu trem, seu coração saltando de felicidade pela visão de seu namorado Aaron. Depois de muitas horas, livros e escrita depois, ela estava na estação Glasgow Central, Aaron esperava por ela com um casaco preto e calça jeans, eles se abraçaram e se beijaram quando se viram.
— Não me deixa tanto tempo longe — pediu Aaron depois de beija-la.
— Não pretendo deixar — disse ela sorrindo.
Ellie seguiu com Aaron de carro até a casa do rapaz, admirando desde o jeito como ele dirigia até o seu lindo sotaque escocês pelo caminho. Aaron morava em uma casa em um condomínio, todas as casas de três andares eram coladas uma nas outras e todas tinham a cor branca.
— Não é uma mansão, mas é meu lar — disse ele quando estacionaram em frente a casa.
Por dentro, a casa misturava lindamente o estilo antigo e o novo, era cheia de mobílias e cores na parede, a sala de estar era azul com mobílias marrom escuro, tinha fotos de Aaron e seus irmãos espalhadas por todos os lugares.
— Eles estão fora hoje, viajando — disse Aaron comentando sobre os seus dois irmãos —, mas mamãe e papai devem aparecer assim que verem que você chegou.
Dito e feito, a mãe de Aaron, uma senhora gordinha de sorriso muito simpático apareceu logo depois, seguida do pai do rapaz, um homem alto e forte como Aaron e de olhos cinzas como os dele.
— Ellie Comptony, de tanto que o meu filho fala em você eu já sinto que lhe conheço! — Disse a mãe de Aaron lhe dando um forte abraço.
— Bonita meu filho, muito bonita, parece uma bonequinha de porcelana — disse o pai de Aaron a abraçando também.
— Sou Maggie Jones e esse é meu marido Mike Jones, nós somos o pai desse meninho lindo e apaixonado aqui — disse Maggie apertando a bochecha de Aaron e o fazendo corar imediatamente.
— Mãe, para... — Pediu Aaron sem graça.
— É um prazer conhecê-los — disse Ellie, rindo da cara que Aaron fazia. — Sua cara é linda.
— Bem, não é nada comparado a decoração da famosa mansão Comptony — disse a Sra. Jones rindo, a casa de Ellie havia saído em uma revista como a casa mais bem decorada da Inglaterra alguns anos atrás, graças aos esforços de Gretta para aparecer bem perante a sociedade.
— É belíssima, acredite — disse Ellie, dessa vez ela quem corava.
Ellie comeu Haggis, uma comida típica escocesa para o jantar, estava tudo delicioso, a pequena sala de jantar cheia de quadros estava ainda mais lotada agora, de risos e alegrias, a família de Aaron era maravilhosa como ele, nada daquele ambiente tóxico e triste da sua casa.
— Vem, vamos conhecer o meu quarto — disse Aaron depois do jantar, Ellie tentou sem sucesso ajudar na louça, mas a Sra. Jones disse que não era necessário, além do que, Ellie nunca lavara uma louça na vida antes.
No terceiro andar da casa, que era alta e estreita, estava o quarto da Aaron e Brian, seu irmão mais velho, era um quarto com duas camas um pouco maiores que as camas de solteiro tradicional, diversos pôsteres de rugby, fotos e troféus de esporte.
— Você vai dormir aqui hoje, estamos sozinhos no andar, o outro quarto é o do meu irmão Hugo, mas ele não está aqui, então...
— E sua mãe, ela não vai ligar de eu dormir aqui? — Perguntou Ellie, colocando a sua bagagem no chão, próximo da cama.
— Ela não liga, Ellie, bem-vinda ao século 21 — disse Aaron rindo.
Aaron beijou o seu pescoço como sempre só ele fazia e fechou a porta, a convidando com o olhar para se juntar a ele em sua cama.
Aaron demorou quase uma noite inteira até mudar o assunto de a relação dos dois para o rugby.
— Você tem que ver esse jogo do All Blacks, é maravilhoso! — Disse Aaron mostrando um vídeo de um jogo antigo.
Ellie soltou um disfarçado bocejo, se sentia cansada e não queria ver nada de rugby agora.
— Ei, Sassenach,cansada? — Perguntou Aaron, mexendo nos cabelos de Ellie, que estava ao seu lado.
— Sassenach? Tipo outlander? Um James Fraiser você agora? — Perguntou Ellie rindo.
— Sassenach significa pessoa inglesa, Gaélico, está na Escócia, esqueceu? — Perguntou Aaron também rindo.
— Eu sei, mas não é um termo que ouço tanto — disse Ellie o abraçando.
— Bem-vinda ao meu mundo — disse Aaron.
O resto da viagem foi tranquila, Ellie iria passar o dia seguinte com Aaron e iria voltar para a Inglaterra de noite, eles passearam pelas ruas de Glasgow, comeram em um restaurante perto da casa do rapaz, conheceram alguns amigos de Aaron em uma praça e agora o rapaz se preparava para jogar rugby com ele.
— Você precisa mesmo jogar, Aaron? Eu vou embora em poucas horas... — Reclamou Ellie enquanto o namorado se vestia.
— É só uma partidinha rápida, Ellie, eu preciso fazer isso para me manter em forma — disse ele a beijando rapidamente na boca.
— Rápida mesmo? — Perguntou Ellie o segurando na nuca.
— Rápida — repetiu ele.
Mas a partida não foi rápida, não mesmo, pelo contrário, durou horas, porque foi uma partida atrás da outra, Ellie já se encontrava frustrada no banco da praça, tremendo de frio e raiva.
(Chelsea Beauchamp): Você está em uma praça em Glasgow esperando o seu namorado jogar rugby?
Ellie havia mudado para as mensagens de texto, não queria mais prestar atenção no jogo de Aaron, isso só a deixava com raiva.
(Ellie Comptony): Sim..., estou com raiva, para dizer o mínimo...
(Chelsea Beauchamp): Sai daí agora e vamos sair em Londres, dorme aqui em casa hoje, eu já voltei da França afinal.
(Ellie Comptony): Eu vou daqui a pouco, tenho uma passagem marcada para às oito e vou mandar uma mensagem pedindo para dormir na sua casa para os meus pais, mesmo porque, não faz sentido voltar para Essex se madrugada...
(Chelsea Beauchamp): Te espero aqui.
— Ei, desculpa, a partida demorou mais do que o normal hoje... — Disse Aaron, saindo machucado, suado e sujo da partida que parecia eterna.
— Eu quero ir para casa, Aaron, são sete horas e graças a você, eu perdi grande parte do meu dia nessa praça — disse Ellie, visivelmente muito irritada.
— Ei, você está irritada comigo? — Perguntou Aaron de forma ingênua.
— O que você acha? — Disse ela pegando sua bolsa e saindo andando na frente dele.