– Harry Styles? – Interrompeu um homem alto vestido de jaleco branco, ele o reconheceu, era Jared Padalecki, o médico que estava cuidando de Louis. Por um misero espaço de tempo que se seguiu o silêncio e a confirmação ele pensou no pior. – Pode me acompanhar, precisamos conversar.
– Tudo bem. – Assentiu, mas antes de sair da sala de visitas virou-se para os pais. – Acho melhor você mesmo explicar isso para ele. – Disse os olhos passando de sua mãe para Robin que havia acabado de chegar.
Durante o período entre Harry ligar para a emergência e a chegada da ambulância na casa na Ponta do Silêncio, Harry embalava protetoramente Louis que estava desmaiado em seu colo. Quando foram levados pela ambulância ligou para Jay no meio do caminho que pediu para que o pessoal do atendimento médico levassem Louis para a clínica de Ackles, agora estavam lá, Louis em observação, enquanto todos esperavam na sala de espera, seu pai havia acabado de chegar.
Styles havia dado seu depoimento a policia, alegando que o tiro dado por Louis que matara Jamie Campbell fora defesa pessoal, e a policia resolveu apurar o caso, chegando a conclusão de que o que Harry dizia era realmente a maneira mais provável do que aconteceu, então deram a informação de que Louis responderia ao processo em liberdade, mas que infelizmente ele precisaria ser fichado.
Harry discutiu, mas não havia mais o que fazer, contou tudo a sua mãe, que disse que resolveriam isso outra hora, o que importava era os resultados dos exames de Louis, e como estava a gravidez. Padalecki estava trancado naquela sala com seu Louis a tanto tempo que ele já estava esperando até pelo pior, ao mesmo tempo em que queria acreditar que poderia perder o amor de sua vida e seu filho.
A mãe de Louis não parava de chorar, e isso parecia deixar as gêmeas nervosas e elas ficavam apreensivas, e quando pareciam não aguentar mais a pressão choravam também, Jensen lhe beijava e lhe abraçava dizendo que tudo acabaria bem, apesar de nem ele saber se realmente aquilo seria possível.
Sobre Jamie, seu corpo fora levado para analise no necrotério, e seus pais foram informados, houve uma discursão entre Robin Styles e seu irmão, Harlan Styles, o pai de Jamie que não queria acreditar em tudo que estava ouvindo sobre seu filho que aparentava ser “uma pessoa maravilhosa”, alegara seu pai que puxava s cabelos desesperado.
Harry saiu de seus devaneios quando entraram na sala indicada por Jared. Ele pediu para Styles sentar, e assim o fez. A sensação de medo não lhe saia do corpo. Agarrava-se a seu estômago e lhe roubava o ar dos pulmões.
– Eu sou o médico de Louis , você deve saber, estou cuidando dele e da gravidez. – Harry assentiu com movimentos que deixavam transparecer seu nervosismo. O médico riu da situação. – Pai de primeira viagem, não é? Não se preocupe, tanto Louis quanto as crianças estão bem.
– Como assim as crianças? – Harry perguntou surpreso se mexendo na cadeira, como se algo o estivesse incomodando, franziu o cenho, os cachos bagunçados, alguns caindo sobre a testa, os olhos verdes arregalados em surpresa.
– É justamente sobre isso que quero falar. Não é muito fácil descobrir isso com tão pouco tempo de gestação, mas digamos que pelo fato de ser uma gravidez masculina, o que é raro de se acontecer, resolvi me esforçar um pouco mais, e para minha surpresa descobri que existem dois coraçõezinhos batendo, além do de Louis. – O médico disse. Harry escutava tudo o que ele dizia, mas sua cabeça estava dando voltas por várias possibilidades, ideias e planos futuros, não sabia bem o que estava sentindo, mas tudo apontava para uma sensação boa.
Ele imaginou as duas crianças, para onde iriam nas férias, o que fariam juntos, como seriam os quartos, tantas e tantas ideias. Tudo parecia tão bom para ser verdade e por fim acabou por si confirmar que era melhor do que esperava. Isso era como uma recompensa para ele. Seria pai de gêmeos.
– Devo alertá-lo sobre a gravidez, é muito frágil e instável, pelo corpo não ter um suporte completo para tal ato, então o máximo de cuidado possível com os três. – E se seguiu depois de todas as recomendações várias outras e Styles era só elogios, e fazia pergunta atrás de pergunta, aproveitando para não deixar nada passar despercebido.
Uma semana desde o ocorrido e Louis e Harry estavam em uma casa de praia, o maior alegava de que precisavam daquilo para suavizar suas mentes.
Era noite e os dois, Harry e Louis, andavam pela praia. Fazia frio, afinal inverno, mas Styles não se incomodava com isso. Louis se arrastou para o lado dele observando o corpo alto e esguio do outro. Observou suas tatuagens e a que mais gostava: o coração que ele havia desenhado em seu peito com o nome dos dois que agora virara uma tatuagem permanente.
Louis estava sem camiseta também, mas usava um casaco aberto, sua barriga já mostrava certa protuberância. Andou em silêncio segurando a mão de Zayn até sentir as marolas baterem contra seus pés. Pararam. Tomlinson fitou o horizonte iluminado apenas pela lua, escutou o mar, e fechou os olhos deixando se levar.
Sentiu o braço de Harry passar por sua cintura e o puxar para junto de seu corpo.
O maior curvou o corpo e depositou um beijo demorado sobre a barriga do namorado e depois, sorrindo bobo, o beijou com paixão.
– Lua da minha vida. – Sussurrou Harry contra o ouvido de Louis o puxando para ficar na sua frente, contemplando o mar.
Tomlinson recostou-se contra o peito quente do namorado e deitou sua cabeça no ombro do outro. Olhou para cima.
– Eu amo você, meu sol-e-estrelas. – Sibilou sorrindo sentindo os dedos de Harry acariciar sua barriga.
– Eu amo você também – o beijou – e eles, que são um complemento do meu mundo.
Juntos, com a água batendo em marolas contra seus pés descalços e observando o horizonte escuro Louis sabia que seus filhos eram as linhas do seu coração. Uma extensão de si, assim como também eram de Harry.
Que a vida nos dê sua benção, pensou respirando fundo e deixando ar lhe fugir dos pulmões. Harry estava ali, não era um sonho, ele estava em paz. Foi assim que ele se lembrou da música que Harry havia escrito para ele, a primeira, algo com pequenas coisas, e cantarolou baixinho.
Louis manteve sua cabeça baixa e os olhos abertos enquanto se aconchegava no peito de Harry e observava a lua ao longe à imensidão escura do ceu se fundir a distância com o mar. Era assim que ele se sentia com relação ao noivo que o segurava firme nos braços, sua cintura envolvida. Ele podia sentir o cheiro do maior se empreguinar em seu casaco e subir para as narinas.
Ficaram assim, em silêncio, por um bom tempo, as marolas vinham contra seus pés e fazia um carinho gostoso. Mais perto da casa, eles estenderam uma toalha na areia e deitaram.
Harry pairou o corpo sobre o de Tomlinson sem depositar o peso por completo, e tendo cuidado com sua barriga. Acariciou o corpo de Louis e beijou-lhe a boca com vontade e paixão.
Tomlinson não estava sentindo frio, a aura febril que emanava de Styles o aquecia e o impulsionava a querer mais daquilo. Ele queria tudo que Harry pudesse lhe proporcionar, e queria ser dele até o último fio de cabelo.
Seus olhos semicerrados observavam os detalhes do rosto de Harry: o maxilar forte e apontado para frente o deixava com um ar superior; os lábios que combinavam com o nariz que descia em linha reta deixando as sobrancelhas bem feitas; e por fim, os olhos verde-grama pelos quais era apaixonado.
Ele amava Harry Styles com todas as forças que podia reunir em seu corpo pequeno comparado ao outro. Tomlinson podia sentir o peito tatuado contra o seu, assim como os poucos pelos que cresciam ali na região do tronco, a pele dourada era a cor certa da tentação de Louis.
O menor desceu a mão e agarrou a ereção marcada na bermuda de Harry, que deixou um gemido rouco se debater contra sua garganta e escorrer por seus lábios até chegar aos ouvidos do menor que sorriu satisfeito.
– Lou, eu te amo. – Deixou escapar e viu o sorriso do outro aumentar e suas mãos fizeram um carinho pelo rosto.
Tomlinson não podia se sentir mais feliz depois de tudo que passara nas mãos de Jamie Campbell, um fantasma que ele queria deixar esquecido em um lugar distante e escuro de sua cabeça. Ao longe, o som do mar e o vento que tirava algumas ondas para dançar, e foi então, que num beijo delirante, Louis percebeu o amor transbordar em seu peito e inundar seu corpo.
Agradeceu aos ceus pelo presente que as águas lhe deram, ele se sentia amado ao lado de Harry.
-x-
Março,
03 meses de gestação.
Era um sábado agradável de sol, Louis fechou os olhos e deixou o vento acariciar seu rosto. Ele gostava disso, ficar deitado na sombra daquela árvore, pensando e conversando com as crianças que cresciam em seu ventre.
Assim que voltaram da viagem que fizeram a praia, terminaram de arrumar a casa. Era grande e espaçosa, e tinha uma vizinhança tranquila. Mas o que mais agradava a Louis era o quintal, tinha uma piscina mais ao fundo e uma grande árvore mais a frente, onde se dispunham cadeiras de ferro e uma mesa, onde Louis sempre tomava chá com Anne e Jay quando elas os visitavam no final da tarde.
Geralmente ficava sozinho pela manhã e boa parte da tarde, isso quando não recebia visitas, afinal nesse horário Harry saia para trabalhar na empresa do pai, que agora ele tinha domínio sobre mais de cinquenta por cento das ações.
O passatempo preferido de Tomlinson era cozinhar, fazia de tudo na cozinha, ao menos enquanto sua barriga que crescia magicamente toda noite o permitia. Lembrar-se disso o fazia pensar no quão Harry estava mudado, não que não fosse responsável antes, mas agora se comportava como um adulto. Havia amadurecido, e Louis também.
No momento ele esperava Zayn, que havia ido buscar Niall e Zayn para virem passar o dia com eles, na cabeça de Tomlinson era como uma despedida, já que os dois iriam começar na faculdade de Artes na segunda-feira. Mas falar em saudade o levava a pensar em Liam e Evan que se aventuravam pelas ruas dos Estados Unidos. Ele sentia falta de seu amigo, e Harry de seu irmão, já que ele, Liam e Zayn acabaram por se tornarem muito amigos. Lerman e Daniel também estavam viajando, antes de entrarem para a faculdade também.
Acariciou a barriga alta, três meses, uma voz sussurrou em sua cabeça, havia crescido bastante. Os primeiros dois meses foram um pouco apavorantes para ele, que levou um choque após passar aquela névoa da beleza da gravidez. Os enjoos e a tonturas eram frequentes, e Harry não o deixava só, se fosse possível faltava ao trabalho. Foi falado em até contratar uma enfermeira, mas Louis se negou a aceitar isso.
Agora, as coisas estavam melhores, mesmo que toda quinzena ele fosse obrigado a fazer uma visita ao consultório do obstetra, Jared Padalecki, que fazia seu acompanhamento clínico.
Tomlinson adorava sussurrar histórias para os bebês, contava como havia conhecido o pai delas, e algumas histórias de quando Harry era pequeno que Anne tinha lhe contado. Não gostava das histórias de sua infância, não as contava, preferia falar sobre as gêmeas, Clary e Carmen, que sempre vinham visita-lo e diziam que sentiam sua falta em casa agora que sua mãe tinha decidido ir morar junto com Jensen na casa dele.
No meio de uma história sobre a infância de Styles, ele ouviu o ronco do carro do namorado (eles haviam noivado, mas Louis ainda preferia a ideia de chama-lo de namorado, achava mais bonito) invadir o ambiente, a garagem se abriu, mas Louis não saiu do lugar. Continuou na cadeira confortável sobre a sombra e de frente para a piscina. Mas um sorriso se prendia aos seus lábios.
Escutou o sotaque forte do irlandês, e a risada familiar de Harry, mas a primeira pessoa que viu quando abriu os olhos e olhou para a porta da cozinha que dava para o quintal foi Harry.
Estava sem camiseta, os cabelos com menos cachos, mas não menos bonitos jogados contra o vento e as tatuagens amostra descendo pelo peitoral e braços. A pele agora bronzeada e forte, os pelos que desciam da parte inferior de seu umbigo e se perdiam para dentro do jeans desleixado que usava. Bebia uma cerveja, na garrafa e liberou um sorriso caloroso com direito a covinhas quando seus olhos se encontraram com os do menor.
Louis estava vestindo uma camiseta folgada que lembrava uma bata, geralmente eram casacos aberto, ele nunca pensou que teria tantos casacos e roupas do tipo na vida. Levantou e abraçou Harry quando o mesmo se aproximou debaixo da sombra. Trocaram um beijo, e o maior o envolveu com os braços rápidos.
– Gosto desse perfume. – Ainda sorrindo, Louis podia sentir o gosto de seus lábios misturado com o da cerveja, e por incrível que pareça, estava interessante.
– Você é o melhor. – Disse e ficou na ponta dos pés para beijar-lhe a bochecha.
– Oi também. – Niall disse com a voz afetado, fingindo-se de ofendido fazendo todos rir.
O de olhos azuis se desvencilhou dos braços de Harry e abraçou o loiro que teve cuidado para não machucar a barriga de Louis, ao se afastar passou a mão sobre a mesma, com carinho.
– Como está?
– Bem. – Olhou para baixo, para a barriga e depois o fitou. – Estamos todos bem. – Acrescentou.
– Hey Lou. – Zayn também o abraçou e deu-lhe um beijo na bochecha. Ninguém se incomodou com aquilo, desde a gravidez os dois tinham se aproximado ainda mais, às vezes Zayn passava o dia inteiro fazendo companhia para Louis. Ele era tão irmão de Tomlinson quanto Harry era dele.
– Oi Z, como você está? Já faz tempo que você não vem me visitar. – Disse com um bico, e os garotos riram.
– Deixa de drama, eu vim aqui no final de semana passado.
– Lou aquilo na cozinha... – Niall deixou as palavras voarem no ar, enquanto apontava com o polegar para a porta atrás de si.
– Sim, é nosso almoço. Já quer comer? Ah, pra quê eu pergunto, você sempre quer comer. Vem. – Puxou o loiro pela mão em direção a cozinha e os outros dois o acompanharam com suas cervejas em mãos e falando sobre futebol.
A verdade era que Louis se sentia bem em ter mais gente em casa, já que geralmente eram ele e Harry, sentia falta da escola por poder ter todos juntos.
Correção: Eram ele, Harry e os gêmeos.
Liam estava sentado em uma das mesas mais ao fundo enquanto escrevia um e-mail para Harry e esperava Evan subir ao palco. Estavam em um bar antigo chamado H Q Lounge na Tilden Avenue, Brooklyn. Não era o primeiro “show” do garoto, mas ele sempre ficava nervoso até vê-lo desfilar sua voz pelo microfone.
No momento, queria saber sobre Harry e sobre como Louis e os gêmeos estavam, mesmo se jogando de cabeça em uma “aventura” com Peters, nunca perdeu seu lado preocupado e Harry era seu irmão e logo seria pai. Mesmo não estando perto queria acompanhar os acontecimentos.
Sentia falta de Londres, mas também amava estar assim, viajando, uma noite em cada lugar. Um dia, uma nova história. Fazendo amigos, transando com seu garoto e sendo feliz. Em algum momento chegaria a hora de retornar e retomar de onde parou, mas agora era melhor aproveitar.
Sabia que aquele era o sonho de seu garoto. Cantar onde desse, dançar com as velhas estrelas, viver sua juventude com fama. Nem sempre dava certo e o jeito era apelar para obter dinheiro para o hotel e as refeições. Apostavam na sinuca e dardos, até mesmo nos game stations.
Eles viviam selvagemente, mas eram fodidamente livres para escolher. Sem regras e beijos no azul escuro da noite.
Evan era o que ele sempre procurou, o garoto mau que ele amava, e vê-lo subir no palco e cantar suas próprias músicas era algo mágico e envolvente.
Algumas noites dormiam sobre a luz das estrelas, usavam as mochilas como travesseiros e eles bebiam whisky e se abraçavam, e se amavam de verdade.
Era uma vida livre, ao menos em seus pontos de vista.
Fim de tarde, Louis estava jogado no sofá com uma expressão cansada enquanto assistia Harry e Zayn jogarem mais uma partida de video game. Do outro lado Niall dormia no sofá, depois de almoçar o garoto não passou muito tempo de pé, jogou duas ou três partidas e caiu como uma pedra.
Ele não achava ruim por ninguém estar o envolvendo em algo, mas pelo simples fato dos dois estarem ali, junto deles, já era algo bom e o fazia se sentir ainda mais em casa.
Afinal, seu lar não era entre quatro paredes, mas no coração de cada um que ele amava.