7 Psicopatas (COMPLETA ATÉ DI...

By AndresaRios

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Raymond Ernest é um escritor decaído. Depois de criar um thriller que vendeu milhares de cópias pelo mundo, e... More

Seja Bem-Vindx!
IMPORTANTE
SKOOB
PRÓLOGO
01 - As Coisas Andam Estranhas em Northern Lake
02 - A Tempestade Enfim Chega
PSICOPATA NÚMERO 1
03 - A Estranha Dentro do Armário
04 - A Lanterna e o Escritor
PSICOPATA NÚMERO 2
05 - Corpos Mortos
06- O Medo na Floresta
PSICOPATA NÚMERO 3
07 - A Nossa Canibal Favorita
08 - O Anjo no Meio do Inferno
PSICOPATA NÚMERO 4
09 - Janela Secreta
10 - O Inferno em Chamas
PSICOPATA NÚMERO 5
11 - A Iluminada
PSICOPATA NÚMERO 6
13 - O Labirinto
14 - Aquele Que Brinca Com Fogo
PSICOPATA NÚMERO 7
EPÍLOGO
FINAL ALTERNATIVO
GANHE MARCADORES

12 - Os Cantos Sombrios da Mente

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By AndresaRios

🌳

     Quando a porta se fechou atrás de Raymond e Sara, os dois ainda estavam de mãos dadas. Imersos na escuridão total de um cômodo desconhecido, sentiram medo. O tipo de medo que faz o coração latejar nos ouvidos e suor frio escorrer pelas mãos trêmulas. Sabiam que aquele era um caminho sem volta.

Deram um passo à frente, e com isso um estalo ecoou pelo lugar. A profundidade do som os deixou confusos porque, de repente, o cômodo parecia incrivelmente maior, como se estivessem em um galpão. Eles olharam para trás — para a porta por onde passaram — , mas ela não estava mais lá. Tudo o que os cercava era pura escuridão.

Deram continuidade à caminhada lenta. Por mais que estivessem apavorados, não podiam ficar parados e esperar pelo pior. Tinham que fazer alguma coisa. Sabiam, de alguma maneira, que aquele quarto com o número oito era uma pegadinha, um truque. Eles nem precisaram falar nada em voz alta para chegar à conclusão de que nada do que vissem ali dentro seria real. Por outro lado, foi difícil não acreditar nos próprios olhos quando uma luz se acendeu no meio do cômodo, formando um círculo perfeito ao redor de uma cama de hotel. Raymond e Sara se entreolharam, engoliram a seco e continuaram andando até que estivessem perto o suficiente para ver quem dormia no meio dela. Era Raymond.

O escritor tinha o antigo celular ao lado do travesseiro. No visor, a foto de sua filha brilhava atrás de um aviso de sete chamadas perdidas. Havia garrafas de bebida no meio dos lençóis e bitucas de cigarros perto de suas mãos. Raymond, o verdadeiro, pegou o telefone para atender ao chamado, mas a linha estava muda.

— O que...

Antes que o escritor pudesse terminar de falar, a figura sobre a cama começou a sangrar. Todos os lençóis e travesseiros ficaram manchados e derreteram em líquido vermelho como se sangrassem também, até que todo o chão virasse uma grande poça com cheiro metálico subindo cada vez mais.

Em poucos segundos o sangue batia em seus joelhos, e, então, em seus braços. Até que estivessem submersos.

Sara e Raymond respiraram fundo, pensando que morreriam ali, naquele momento. Então olharam para o feixe de luz ainda aceso ao redor de onde estava a cama e nadaram na direção de sua origem. Quase perdiam o ar quando chegaram à superfície. Raymond colocou a cabeça para fora da água e procurou por Sara para saber se ela estava bem, mas se encontrou sozinho em uma banheira branca de porcelanato transbordando sangue.

O escritor limpou o rosto, sentindo um gosto amargo na boca, e levantou o mais rápido que pôde. Saiu da banheira, recuou para perto das paredes e localizou uma porta à sua esquerda. Tentou abri-la, mas ela não se mexeu. Ao invés disso, o barulho da água transbordando sobre o chão o fez virar e encarar a banheira de novo. Ela não estava mais vazia.

Dentro da água agora suja de terra, o corpo de uma garota boiava. Ela tinha os olhos abertos e brancos e a pele roxa. Seus dedos estavam inchados e seguravam a borda da banheira com demasiada força. Raymond se aproximou e se ajoelhou ao lado dela. Seus traços eram familiares, delicados. O escritor sabia que já a tinha visto em algum lugar.

— Socorro! — alguém gritou.

Quando Raymond virou, a mesma garota estava encolhida atrás da pia do banheiro. Viva. Ele se levantou para ajudá-la, mas algo segurou o seu braço. Era a mão inchada do corpo na banheira. Ele se assustou e tentou se livrar do aperto dela, mas era forte, muito forte, e quando o homem percebeu tinha uma pedra amarrada nos calcanhares que o impossibilitava de andar.

Ele finalmente a reconheceu. Era a garota que ajudou a esconder no lago. A garota que devolveu para a Colecionadora. A menina desaparecida de Nothern Lake.

— Me desculpe — ele pediu. Sentia remorso, muito remorso. — Eu devia ter te ajudado.

Apesar de ainda segurar o seu braço, a garota parecia morta. E ela continuou imóvel e estática enquanto afundava na banheira, pouco a pouco suavizando o toque que envolvia o escritor. Quando a menina sumiu, Raymond se deixou cair sobre o chão gelado e ficou respirando sofregamente até que a porta do banheiro se abrisse sozinha. Quem entrou por ela foi Carmem.

— Você lembra do seu agente, Raymond? — perguntou ela.

Ernest encarava a mancha roxa que começava a se formar em seu braço. Tinha o exato formato dos dedos da garota morta da banheira.

Olhou para Carmen e balançou a cabeça positivamente. 

— O— o que tem ele?

Carmem andou até onde ele estava e se abaixou ao seu lado.

— Ele também morreu por sua causa. Todos eles morreram.

— Eu... Eu não fiz isso. Foram vocês!

Carmem sorriu. Então puxou o escritor até que ele estivesse em pé. Só então ele percebeu que não havia pedra alguma amarrada ao seu tornozelo.

— Você é muito ingênuo — disse.

O escritor andou ao lado da psicopata para o lado de fora do banheiro. Quando passaram pela porta, ele esperava um quarto de hotel, mas o que encontrou foi o quarto de sua filha.

Chloe dormia em sua cama tranquilamente. Raymond, apesar de saber que não era real, se aproximou dela e ficou genuinamente feliz de poder ver o seu rosto.

— Olá, docinho.

Surpreendentemente, a filha acordou. Olhou-o nos olhos e sorriu:

— Olá, papai. Senti saudades de você!

— Eu sinto muito. Prometo que ficarei por perto de agora em diante.

O sorriso no rosto dela sumiu.

— Você não pode. Mamãe pediu para a titia Scarlet te proibir de ficar perto da gente. Ela disse que você preferia a companhia das psicopatas.

— Isso não é verdade.

— Então por que continua sem poder nos ver? 

Raymond segurou o impulso de chorar. Então percebeu que Carmem estava parada perto da porta, com os braços cruzados.

— Por que estão me fazendo ver tudo isso? — perguntou a ela.

— Raymond, nós estamos do seu lado.

Com as mãos sujas de sangue o escritor acariciava os cabelos da filha, que o olhava fixamente. Não se importava com a sujeira. Estava certo de que nunca mais a veria novamente.

— Não, não estão. Vocês acabaram com a minha vida!

Ele sentiu Carmem sorrir.

— Nós não fizemos nada, Raymond. Só o observamos dançar junto com a loucura.

Ernest se virou para ela. Parecia confuso.

— Do que você está falando?

— Nenhuma de nós sete matou o seu agente, ou a garota do lago. Nós não sequestramos a sua filha, Raymond, e nunca nem chegamos perto da sua cabana.

Ele engoliu a seco. Pensando em retrospectiva, nunca as viu realmente fazer nada. Ele sempre chegava depois.

— Se não foram vocês, então quem foi?

Carmem se aproximou do escritor, sentando na pequena cama de Chloe e passando os dedos longos pelos cabelos da menina. Eram louros. Como os de Sara.

Raymond observou a cena e quase engasgou:

— Não, Sara está me ajudando nisso tudo.

— Mesmo? E o que você sabe sobre ela, Ray? Nada. Mas sabe tudo sobre nós. Quem é mais confiável?

Raymond balançou a cabeça, então se afastou dela, da cama da filha e do quarto. Passou pela porta por onde tinham entrado e torceu para a escuridão cair sobre si. Ela caiu. Foi confortável, quase confiável, e quando ele finalmente abriu os olhos estava sozinho de novo.

Não havia Carmem, Chloe ou Sara. Só havia ele, uma estrada beirada de árvores e a sensação familiar de que já estivera ali antes.

1

No meio da Floresta Negra, Raymond Ernest traçou a trilha que, antes, era o único caminho até a sua cabana. Agora, semanas depois e com a falta de uso, grama, terra e montes de folhas começavam a acumular e atrapalhar o caminho. O escritor teve que parar diversas vezes para empurrar troncos e afastar galhos, mas ele conseguiu. Em pouco tempo, estava em casa.

Quando chegou ao ponto onde sua cabana deveria estar, Raymond viu apenas escombros de madeira queimada. O vidro das duas janelas entre os troncos de árvores cortados estava intacto sobre o chão, mas parecia muito sujo. Os móveis dentro da cabana não passavam de cinzas e as árvores mais próximas, mesmo que quase intactas, se curvavam sobre a casa quase como se lamentassem a tragédia.

O escritor se aproximou do antigo lar, ajoelhando sobre a varanda para prestar uma pequena homenagem. Ele devia vários agradecimentos ao lugar que lhe serviu de refúgio, casa e hospício particular por anos. Se estivesse em qualquer outro lugar, Raymond não teria sobrevivido por tanto tempo. Teria enlouquecido.

— É lindO, não é? O caos.

O escritor abriu os olhos e respirou. Aquele pesadelo não acabava.

— Você apenas destrói. Deve ser fácil achar belo e poético quando nada do que é perdido é seu.

Skye Sullivan, Psicopata Número 7, andou até onde Raymond Ernest estava e sentou ao lado dele, sobre a varanda queimada de seu antigo lar.

— Não é isso, Raymond. Estamos tentando te mostrar algo.

— Já conseguiram — o humor dele era péssimo. — Sara é uma mentirosa, mas isso não torna nenhuma de vocês melhor.

Skye sorriu. Os cabelos castanhos extremamente lisos cobriam metade de seu rosto e mechas desciam pelo pescoço pálido. No meio de tudo aquilo, Raymond conseguiu ver a enorme cicatriz que saía de sua orelha e descia até o começo do ombro. O caminho na pele estava avermelhado, mas Ernest sabia que o hematoma era velho. De quando Skye tinha três anos, mais especificamente. Ele ainda lembrava de todos os detalhes de sua história.

Em um gesto inesperado, Skye pegou a mão de Raymond e se levantou, fazendo-o acompanhá-la. Em pé, os dois ficaram parados de frente para a cabana destruída por dois ou três segundos até que Sullivan olhasse para ele, sorrisse e dissesse:

— Se esse é o seu lar, então é o nosso também.

Ao final da frase, as paredes da cabana começaram a levantar das cinzas. Cada pequeno fragmento da madeira, dos móveis, dos vidros e das maçanetas das portas voltaram aos seus lugares. Em poucos segundos, tudo parecia normal, novo e até mais bonito do que Raymond jamais havia visto.

O escritor sentiu que poderia chorar. Era a sua casa de novo. O seu refúgio. Por um momento pensou até mesmo que, se passasse pela porta de entrada, tudo aquilo acabaria.

Mas Skye ainda estava o seu lado.

E ela ainda segurava a sua mão.

— Venha comigo, Raymond. Nós queremos te mostrar uma coisa.

— Vão me matar.

Ela riu. Uma risada sincera.

— Não, você ainda é útil. Sempre foi. Nós nunca faríamos mal a você.

Raymond a olhou em dúvida, e daquele ângulo, com Skye ao seu lado, a cicatriz na pele da garota parecia mais viva que na sua imaginação fértil. Ele pensou nela, na menos sanguinária, na mais racional, na que preferia machucar a si mesma antes dos outros, e fez que sim com a cabeça, dizendo que a seguiria.

Não tinha mais nada a perder. Não tinha esperanças de acabar com aquilo. Precisava tentar do jeito delas, afinal Skye estava certa: se a cabana ela o lar dele, a mente dele era o lar delas. E ele as conhecia como ninguém.
🌳
CONTINUA

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