Ilhados - [DEGUSTAÇÃO]

Galing kay LNSantana

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[COMPLETO NA AMAZON KINDLE E K.U.] Nico levava sua vida monótona numa cidadezinha de uma ilha paradisíaca per... Higit pa

*PLAYLIST, ELENCO, ETC*
1. A Sunga
3. A Capela
4. O Toque
5. O Sabonete
6. O Provador

2. A Vista

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Galing kay LNSantana

AVISO: como o primeiro capítulo dessa história possui conteúdo adulto, ele é marcado como privado e pode ser que esteja oculto para algumas pessoas. Nesse caso, é só me seguir que ele aparece (sigo todos de volta!). Desculpem pelo transtorno :p beijos!


Ele tinha cerca de 30 anos, talvez mais, 35, podia notar pelas suas rugas de expressão, um vinco profundo em sua testa, entre suas sobrancelhas grossas, sinal de que, provavelmente, era uma pessoa séria e mantinha em sua cara, frequentemente, uma expressão austera. Tinha uma barba espessa, que não recebia tratamento há meses, e um bigode que chegava a cobrir seus lábios. A barba e o bigode eram da cor de seus cabelos, um loiro escuro, esverdeado pelo sol, e perto das costeletas estavam ficando cinza. Vestia uma regata de algodão lilás, folgada e cavada. Podia ver os pelos, abundantes, mas curtos, de seu peito. A regata estava torta, então seu peito estava parcialmente à mostra, podia ver parte de seu mamilo, coberto por pelos loiro-acinzentados.

- Prazer, sou Arnaud. Enchanté - disse ele, estendendo o braço para eu apertar sua mão, com um sotaque pronunciado. Sorriu para mim, evidenciando as rugas pé-de-galinha no canto de seus olhos castanho-esverdeados, que davam-lhe o charme da maturidade. Olhou diretamente em meus olhos.

Eu devo ter ficado congelado encarando ele por alguns segundos, pois senti uma cotovelada de meu pai em minha costela. Dei-me conta de meu vexame e rapidamente apertei a mão do senhor Sotaford-Dortnellas, que agora eu sabia que se chamava Arnaud. Arnô, em seu sotaque.

A mão dele estava quente, pegando fogo, ou talvez a minha estivesse gelada demais. O que era estranho, já que eu havia acabado de sair do sol. Torci para ele não me reconhecer, para ele não dizer Ei, você é aquele garoto que eu vi nadando no rio, com aquela garota pelada. Minha mãe iria morrer, ela não gostava que eu fosse para aquele lado da ilha. O mar era violento e a correnteza do rio muito forte, dizia. Mentira, ela não gostava dos moradores daquele lado. Se soubesse que eu estava com Elisa, pelada, seria outro infarto. Para minha sorte, ele não disse nada. Talvez nem se lembrasse, ou não me reconheceu. Apertou minha mão com firmeza e pensei ter visto ele dar uma piscadela em um olho. Soltou minha mão e se curvou para pegar suas malas.

- Pode deixar que Nico leva lá para cima - disse minha mãe, então olhou pra mim e levantou as sobrancelhas, mandando eu me apressar.

- Não precisa, já sou grandinho - brincou ele, e pegou as malas. Minha mãe riu, divertida com a descontração do homem. - Ele pode me mostrar onde é o quarto - disse Arnaud, olhando para mim.

- Sim, acompanhe ele, Nico. Os lençóis já estão trocados e tem uma toalha limpa em cima da cama. Mostre a ele onde é o banheiro - disse minha mãe, sorridente como sempre. - O almoço fica pronto daqui a pouco - acrescentou, retirando-se e indo para a cozinha.

Eu morava em uma casa de dois andares, branca com janelas azuis, toda coberta por trepadeiras, com um amplo terraço que a circundava. No térreo, apenas uma sala, uma grande cozinha, um banheiro e o escritório do meu pai. No piso superior ficavam os três quartos, o meu, o do meu irmão, que agora estava vazio, e o dos meus pais. Além de dois banheiros. Cada quarto também tinha sua varanda, separadas, e tinham vista para a parte de trás da casa, para o mar. Tínhamos uma vista privilegiada. Não havia praia ali, entretanto, apenas uma encosta cheia de pedras. No alto da casa havia uma caixa d'água de concreto, onde podíamos subir por uma escada. Funcionava como uma pequena laje, ou um mirante. De lá podíamos ver as grandes montanhas ao sul da ilha. Ao norte, à noite, dava para se ver as luzes da Ilha Grande, no horizonte, à distância, e seu céu alaranjado pelas luzes da metrópole. Aqui, ao menos, podíamos enxergar as estrelas, sem toda aquela poluição luminosa dos resorts e cassinos da cidade grande. Chamavam aquela ilha de Ilha Grande devido à sua grande cidade, que beirava um milhão de habitantes, população essa que dobrava na alta estação. Mas a nossa ilha era a maior do arquipélago, que somava cerca de 7 ilhas. Éramos protegidos por leis ambientais, e a maior parte da ilha era coberta por florestas e montanhas. Nossa cidade, então, era pouco desenvolvida, com menos de 10 mil habitantes, sem resorts, sem cassinos e nem cabarés, apenas pequenas pousadas e bares. Aqui a criminalidade era quase nula, e acho que era isso que atraía os velejadores. Pessoas que passavam meses na imensidão e calmaria do oceano certamente almejavam tranquilidade. Isso não os impedia, embora, de visitar a Ilha Grande vez ou outra.

Não falei nada enquanto subia a escada com Arnaud, estava encabulado. Sentia-me uma criança, um adolescente inexperiente, por ter ficado todo aquele tempo encarando o corpo dele enquanto ele esperava para apertar a minha mão. E se ele tivesse notado? Por que eu estava encarando o corpo de um homem, de toda forma?

De um lado, o corredor tinha duas portas, primeiro, o quarto do meu irmão, que agora seria o quarto de Arnaud por dois dias. Depois, a porta do meu quarto, que ficava em frente ao banheiro. No fim do corredor ficava o quarto dos meus pais, uma suíte. Entramos no quarto dele, era amplo e pouco mobiliado. Apenas uma cama de solteiro (será que ele era solteiro?), um guarda-roupas preenchido apenas por cabides vazios e uma mesa, sem cadeira. Um tapete redondo era a única decoração. Na parede oposta da porta ficava uma grande janela e uma porta, que dava para a varanda. Ele foi até lá conferir a vista.

- Uau - falou, dando de cara com a imensidão do oceano, meio azul turquesa, como o biquíni favorito de Elisa, meio verde esmeralda.

Entre minha casa e a encosta do mar, ficava um pequeno gramado, com uma piscina e uma banheira de hidromassagem, mas ele pareceu não notar. Ao lado, perpendicular à nossa casa, e de frente para a piscina, ficava a pousada do meu pai. Era um pequena construção que ele havia colocado de pé naquele mesmo ano, com a minha ajuda, e nesse verão abriria pela primeira vez. Tinha apenas quatro quartos, dois embaixo, com terraços que davam para o gramado, e dois em cima, com varandas iguais às nossas. Cada um com seu próprio banheiro e uma pequena cozinha, muito embora os hóspedes poderiam se sentir livres para comer na nossa casa.

- Se quiser uma rede, dá pra armar uma aqui - falei.

Ele olhou para mim com os olhos brilhando. Reparei que seus olhos eram da cor do mar, não aquele azul-esverdeado cristalino que atraía os turistas ao nosso arquipélago, mas aquela do mar revolto, turvo com a água do rio que desembocava na minha praiazinha secreta.

- Seria perfeito - respondeu.

Voltamos para o quarto, ele acomodou as malas em cima da cama e se espreguiçou, erguendo e esticando os braços. Sua regata levantou e pude ver um pedaço de sua barriga, perto da virilha, onde os pelos finos e loiros de seu abdome começavam a se misturar com os pentelhos mais grossos.

- E o banheiro, onde fica? Tem um aqui em cima ou devo descer, quando precisar? - perguntou, olhando pra mim. Eu rapidamente desviei o olhar e fingi estar olhando para o mar.

- No final do corredor - falei, e com a mão gesticulei para ele me seguir. Lá, abri a porta do banheiro e falei: - aqui. Ele não respondeu. Olhei para trás, para ver se havia me entendido, mas ele estava de costas para mim, olhando para meu quarto, que estava com a porta aberta.

- É aqui o seu quarto? - perguntou, com seu sotaque engraçado.

Tive vergonha, meu quarto estava bagunçando, provavelmente tinha uma cueca suja jogada em cima da cama. Geralmente eu arrumava minha cama pela manhã, mas naquele dia eu e Elisa tínhamos saído cedo para a praia e não deu tempo.

- Gosto musical interessante - falou, referindo-se aos pôsteres colados na parede atrás da cama.

Não sabia o que ele quis dizer com interessante.

- O almoço tá pronto! - gritou minha mãe, lá de baixo, e nossa atenção foi rapidamente desviada. Eu estava faminto.

- Estou faminto! - exclamou ele, sorrindo e dando tapinhas na barriga.

Na mesa, meus pais quase não deixaram o hóspede falar, falaram por ele. Disseram-me que ele vinha da França, estava dando uma volta ao mundo, mas era encantado por nossa cultura e idioma - era raro algum estrangeiro dominar nossa língua tão bem como ele, - então resolvera dar uma pausa por três semanas aqui na ilha (a maioria dos velejadores fazia isso, alguns até estendiam a estadia, alegando estarem esperando os ventos certos para seguirem a viagem). Sabia que a Ilha Grande era cheia de turistas, e ele preferia uma coisa mais local e mais calma. Por isso optara por uma minúscula pousada nos fundos da casa de moradores nativos, em vez de uma pousada mais adequada no centro da cidade. Queria comer nossa comida e aperfeiçoar o idioma. Meus pais estavam bajulados. Aproveitaram para falar que os outros hóspedes chegariam na semana seguinte.

Eu não falei muita coisa, sentia-me intimidado por ele. Parecia velho, apesar de muito mais novo que meu pai, experiente e inteligente. Eu mal tinha saído da adolescência. Não tinha muito contato com adultos, além de meus pais e professores, e um estranho na nossa casa me desconcertava. Também era raro um velejador querer se misturar assim com a gente, estava acostumado a vê-los à distância, dando em cima de nossas meninas, bebendo entre si nos bares e enchendo a nossa única boate, no único período que ela tinha clientes o suficiente para abrir as portas. Eu nunca havia conversado com um deles, sempre ouvia suas conversas de longe, ouvindo-os falar em línguas estranhas ao passar na rua, na praia, aquela ao norte da ilha, que era a mais lotada, mais próxima ao centro, ou num restaurante, quando sentavam perto de mim. Também vez ou outra um deles entrava na loja de minha mãe e trocavam algumas palavras com ela. Ouvia suas histórias pelas minhas amigas, como uma história lida em um livro, ou um filme. Mais do que suas histórias, elas se interessavam por eles, que as beijavam e as levavam para seus barcos às escondidas (os donos das pousadas nunca iam permitir elas entrarem). As meninas depois me contavam de onde eles vinham, as grandes metrópoles, há quanto tempo atravessavam o mar, as aventuras que passaram nos oceanos. Aquilo me fascinava, era um mundo tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante de mim...

- Nico pode te mostrar a ilha depois - disse minha mãe, recolhendo nossos pratos.

- Seria perfeito! Que tal amanhã? Agora eu gostaria de dar um cochilo, se me dão licença - falou, levantando-se da cadeira.

- É claro, você deve estar muito cansado! - disse minha mãe. Ela continuava a falar as frases com uma dicção exagerada, lentamente, como se falasse com um idoso quase surdo.

- Mãe, ele nos entende perfeitamente, não precisa falar assim. - Eu disse.

- Cale a boca e venha me ajudar - disse ela, me cortando.

Eu sorri, com vergonha da rispidez da minha mãe. Olhei para ele e ele também sorria.

- Você pode deixar isso aí - acrescentou minha mãe, quando viu que Arnaud começava a pegar os pratos para levar à pia.

Subi para o meu quarto e deitei na cama, com os braços dobrados sob a cabeça e encarando o teto. Estava apenas de sunga, esperando minha vez para tomar banho. Podia escutar o chuveiro do banheiro ligado, do outro lado do corredor, onde Arnaud tomava seu banho. Minutos depois a porta do banheiro se abriu, fiquei olhando o corredor, esperando ele passar para seu quarto. Em vez disso, apareceu em minha porta.

Estava enrolado com a toalha na cintura, o torso nu. Seu peito e braços eram bem definidos, não musculoso, ele era magro, mas tinham aquela definição de quem pratica algum esporte, sem fazer musculação. Ainda estava molhado, os pelos grudados em sua pele branca cheia de sinais. Também estava avermelhado, mas não muito queimado. Uma pessoa que passava semanas velejando no mar com certeza tinha cuidados para não se queimar sob o sol.

- E aquela rede que você me falou? - perguntou, sorrindo, com sua voz grave e sotaque acentuado.

Armei a rede em sua varanda, enquanto ele ficou escorado na porta atrás de mim. Senti seus olhos me observando e me arrependi de não ter vestido uma roupa. De sunga, me sentia quase nu. Quando terminei, me virei para trás, mas ele não estava lá na porta, estava sentado na cama conferindo seu celular. Senti-me bobo, pensando que aquele homem estava secando meu corpo. Claro que não estava. Ele tinha mais o que fazer. E eu nem sabia se ele era gay. Por que eu estava pensando sobre isso, afinal?

Quando estava saindo do seu quarto, para finalmente tomar meu banho e tirar meu cochilo da tarde, ele falou:

- Depois me mostre onde comprar roupa de banho por aqui. Gostei da sua sunga. - Piscou o olho cor de mar revolto e sorriu com aqueles dentes brancos perfeitos.

Dirigi-me a meu quarto, sentindo minhas bochechas ruborizarem. Eu estava envergonhado. Ele estava, afinal, me observando enquanto eu armava a rede?

Quando fechei a porta, fiquei de cara para o espelho, colado na porta do guarda-roupas. Observei meu corpo, quase sem pelos, meu rosto liso, meu cabelo seco estragado pelo sol e pelo mar, meu torso reto, sem curvas e sem músculos. Não tinha pelo, exceto por poucos, finos, nos braços e pernas, alguns em torno dos mamilos, embaixo do umbigo e os pubianos. Passei a mão no meu peito liso, imaginando como seria ter pelos ali, como Arnaud tinha. Como deveria ser um peito como o dele, o músculo desenvolvido, aquela divisão no meio, devia ser duro feito pedra. Quando percebi, eu já estava ereto. Estava excitado.

Aquilo me deixou confuso, nunca havia feito isso antes, tocado meu corpo assim, pensando em outro homem. Geralmente eu me aliviava assistindo vídeos pornográficos na internet ou pensando em Elisa. Deitei-me na cama, tirei minha sunga. Toquei meu corpo pensando no corpo de Arnaud. Passei a mão em meu peito imaginando como deveria ser passar a mão no corpo dele. Pensei em sua barba desgrenhada, em seu olhar sério e sugestivo, em sua voz grave penetrante, na veia que saltava de seu bíceps quando ele levava o garfo à boca. Pensei no mamilo, escondido entre uma fina camada de pelos loiros, aparecendo em sua regata torta.

Levei o travesseiro ao rosto para abafar meus ruídos quando cheguei ao clímax, afinal, ele estava no quarto logo ali ao lado, e as paredes eram finas. Passada a euforia, chegou o arrependimento. Senti vergonha do que havia acabado de fazer, e, acima de tudo, estava confuso. Eu não era gay, nunca fui, nunca sequer cogitei a possibilidade, e agora eu me via enlouquecido e descontrolado, excitado pela presença súbita de um homem que eu nem conhecia. Talvez eu ligasse para Rebeca, minha melhor amiga e única pessoa gay que eu conhecia, talvez ela pudesse esclarecer minhas dúvidas. O que estava acontecendo comigo era uma fase, um fato isolado, ou algo muito maior que só tenderia a crescer, como uma nuvem acinzentada que se aproxima no horizonte e rapidamente toma conta da Ilha, numa tempestade enfurecida que arranca telhados e derruba galhos?

Eu não tinha como saber, não àquela altura. Dormi agitado naquela noite, como um mar revolto numa tempestade de verão, separado de Arnaud apenas por uma fina parede. No dia seguinte eu levaria ele para conhecer a ilha e isso me deixava nervoso. E se eu agisse estranho? Ele sabia o efeito que causava em mim? Que efeito era esse, afinal? Que sensações e sentimentos misteriosos eram esses que estavam tomando conta de meu corpo? Parecia uma praga vinda do além-mar trazida pelos navegadores estrangeiros. Bom, só havia um jeito de desvendar esse mistério: explorando. E nada como passar um dia inteiro com ele para compreender o que eu sentia pelo homem. Talvez eu até perguntasse o que significava aquelas palavras que haviam me intrigado tanto: Sotaford-Dortnellas.

O dia seguinte seria interessante.


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