Crosswords

By kcestrabao

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Lauren é responsável por fazer as palavras cruzadas do mais importante jornal de Nova York. É uma mulher que... More

Camila
Cabello
Anel
Olhos Castanhos
Beautiful
Aceitação
Please, No Promise
Almost a Suavim
All I Have
I'm Here
Christmas
Sides
Be Loved
A Few Things
Feelings
Crossword
Cruzada
Mistake
Gitana
Amor
I Know You
Supposed
Almas Entrelaçadas
Slowly on You
Casamento
Desire Lesson
Primeiro Beijo
Gift
Far Away
Verdade
Usted
Escolhida
Love Story
Lust & Love
Sinta
Diving Deep Into You
Sixth Sense
Kali
Karla
Sensación
Nice To Meet You, Lauren
Destino
Loca Enamorada
Say It
Crossed Worlds
Vows
Home
Collide
Body & Soul

B*tch

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By kcestrabao


Narrador POV

Camila estava recostada no braço do sofá, os cabelos castanhos caindo de lado em cascatas sedosas, segurava a taça de vinho entre os dedos, bebericando tranquilamente ao perder o olhar no rosto de Lauren, que segurava a própria taça de vinho enquanto conversavam casualmente, a mão livre tocando nas pernas desnudas de Camila que estavam sobre seu colo. Era um bom momento aconchegante para as duas.

- Como foi seu dia na biblioteca? – Lauren perguntou com um sorriso terno nos lábios, interessada em saber sobre Camila. A latina umedeceu os lábios, voltando a beber mais da taça, o sentimento era quente, preenchia-lhe o peito ter algo como aquilo, momentos de pura calmaria onde apenas podia sentir a caricia de sua namorada em suas pernas enquanto aproveitava de bom vinho e um sofá aconchegante.

- Confesso estar bem cansada, novas edições de livros que já têm na biblioteca chegaram, e eu tive que fazer um monte de novas organizações e reposições. – Suspirou, a mão esquerda brincando perdidamente em algumas mechas de cabelo, o rosto levemente inclinado focada em Lauren que perdia o olhar por suas pernas vez ou outra, eram bonitas, bronzeadas, com pequenas pintinhas delicadas, ela usava apenas uma camiseta de algodão branca, maior que seu próprio corpo, e era sua.

- Muito cansada então? – Seu rosto mudou uma trajetória para se focar em Camila.

A latina sorriu, fechando os olhos de seu jeito deslumbrante.

- Sim, muito cansada... – Fez uma breve pausa se recordando de algo que a fez sorrir de jeito encantador, os olhos se abrindo.

- Mas posso citar que comi bastante torta de pêssego com Jasmine hoje, isso foi um bom momento. – Sorriu dando uma piscadela.

Lauren se recordou da loirinha, cheia de afeto.

- Saudades dela.

- Vá na biblioteca por estes tempos, agora que Richard parece ter lhe cedido certo conforto no NYP isso pode ser mais fácil...

A cruciverbalista assentiu, respirando fundo ao olhar para as piscadas longas de Camila. Parecia mesmo cansada. Se curvou um pouco, colocando sua própria taça sobre a mesinha de centro.

- Dê-me aqui sua taça... – Pediu ao estender a mão para próximo de Camila. A latina a deixou pegar, olhando curiosamente para as ações da namorada. Lauren deu de ombros, se movendo do sofá, ficando em pé, usava um macaquinho delicado, de tecido leve e fresco, o cabelo levemente desgrenhado estava amarrado.

- Deite-se de bruços... – Pediu baixinho. Camila arqueou a sobrancelha.

- O que pretende? – Questionou curiosamente. Lauren deu de ombros.

- Nada demais...

Camila ainda estava desconfiada, mas fez o que a namorada sugeriu, apoiou-se e deitou de bruços contra o sofá, olhando de canto de olho para Lauren, que se curvou a beijando na testa, e logo se aconchegou sobre Camila, sentando sobre a curva da lombar da latina, a olhando ao se apoiar na mão direita e inclinar para olhar o rosto de Camila.

- Wow...

Lauren acariciou seu rosto com a mão esquerda, a ponta dos dedos percorrendo a bochecha o queixo, a ponta do nariz, a latina não deixou de fechar os olhos com a caricia a percorrendo de maneira tão delicada e acalentadora.

- Eu posso tentar fazer uma massagem? Eu não sei se será algo bom, mas...

Camila sorriu, se derretendo com a sugestão.

- Vai em frente, amor...

Lauren a olhou, o olhar em sua camisa branca.

- Se você...tirar a blusa fica melhor... – Apertou os lábios tentando conter-se. Camila achou graça de algo que parecia uma piadinha interna.

- O que? – Lauren perguntou confusa. A latina pediu que ela aproximasse o rosto do seu. E Lauren o fez, o queixo roçando na bochecha de Camila, sentindo os dedos de Camila a tocando na nuca para mantê-la perto.

- Eu estou descoberta por baixo, sem sutiã...

Lauren exasperou.

- O que? Descoberta? Você está nua? – Não era como se não soubesse o que aquilo significava, mas foi uma força de habito fazer aquela pergunta, sua voz baixa tão rouca pela surpresa quanto.

- Nua... – Camila afirmou umedecendo os lábios e sorrindo ao perceber a notável surpresa na voz de Lauren.

- Oh... então se você quiser continuar com a camisa pode, eu...

- Tire... – Camila a interrompeu, fechando os olhos e respirando fundo. Lauren assentiu, mesmo sabendo que ela não parecia ver que havia concordado. Seus dedos foram para a barra da camiseta, e ela a moveu delicadamente para cima, os dedos tocando nos cabelos de Camila para livra-los do caminho, a latina se ergueu um pouco para facilitar a blusa larga de sair de seus braços e cabeça. Lauren colocou a blusa de lado perdendo os olhos no padrão delicado das costas da latina, era um baita nível de intimidade que parecia estar ultrapassando em suas próprias convicções, se sentia orgulhosa por aquilo, mesmo que olhar Camila daquela maneira ainda a fizesse ficar tremula, por motivos que iam além de medo.

- Você quer que use aquele óleo de canela? – Lauren perguntou se inclinando um pouco. Camila abriu seus olhos, completamente.

- Sim... – Foi tudo o que permitiu responder. Lauren a beijou na testa e se levantou indo até seu quarto. A latina tomou uma longa respiração perdendo os dedos delicadamente entre seus fios castanhos de cabelo jogados de lado sobre o sofá. Lauren voltou segundos depois segurando o frasco de vidro em mãos, os olhos se perderam por alguns segundos no corpo de Camila, a latina inclinou o rosto para apreciar a maneira que ela olhava para seu corpo, gostava muito do olhar que ela tinha sobre si.

Lauren não era o tipo de pessoa que conseguia esconder o que sentia, e seus olhos sempre a entregavam. Não que nunca tivesse observado aquilo, mas Camila tinha atributos generosos em seu corpo. Cada centímetro de curva era de tirar o folego...

- Quer ficar no sofá mesmo? Eu posso te levar para a minha cama se quiser... – Lauren ofereceu, os dedos tocando no vidro de óleo ansiosamente, sem deixar de notar o fino tecido da calcinha negra de Camila, ela podia sentir as terminações nervosas que iam dentro de sua cabeça palpitarem, como se o fluxo sanguíneo fosse tão intenso que o pudesse ouvir por olha-la daquela maneira. A latina apenas negou com a cabeça, seu jeito manhoso proposital era devastador...

- Aqui parece confortável, além disso Jor El parece estar por lá, deixe ele dormindo para que não me veja nua na sua sala... – Provocou mordendo o lábio inferior para conter seu sorriso. Lauren apenas se moveu, voltando a se apoiar e sentar sobre a lombar de Camila que fechou os olhos, empurrando sua testa contra o sofá ao sentir o líquido ser colocado em suas costas com delicadeza.

- Eu não acho que sou muito...boa...nisso. – Lauren falou baixinho, colocando o vidro de lado.

- Eu duvido que não seja, aperte sem medo, amor... – Camila pediu contra o sofá, sentindo as palmas de Lauren tocarem sobre o óleo e empurrarem lentamente sobre suas costas, espalhando lentamente com um pressionar um pouquinho mais rígido. Seus dedos se perderam sobre os traços escuros da tatuagem Romani de Camila e ela se distraiu acariciando sobre a região.

- Sua tatuagem nas costas é tão bonita... – Elogiou escorregando os dedos sobre os ombros de Camila, apertando os polegares nas musculaturas que se relaxavam mediante ao toque. Lauren tinha força em si, era um fato impressionante que tivesse tamanha firmeza em seu aperto, e aquilo agradou Camila a um ponto que ela não conseguia negar assumir a si mesma. Gostava de como Lauren conseguia a apertar do jeito que ela adorava, descobrir isso foi uma grata surpresa. Tinha em si uma performance completa, sentia até que por uma brincadeira interna tivesse escondido o jogo dela por muito tempo...

Ou apenas se descobriu em si, e isso sim a deixava ainda mais animada sobre o que ainda tinha por vir. Gostava da ideia de terem um tempo para ousarem no relacionamento, ela gostava de ser ousada, e aquilo sempre foi claro, se Lauren não se sentisse desconfortável, ela definitivamente queria provar de muitas nuances que a deixava excitada sobre compartilhar alguns momentos íntimos. Gostava de ter prazer. E sentia que seria ótimo dar isso a Lauren também.

- Oh isso é tão bom... – Elogiou apertando seus olhos fechados, sentia os dedos de Lauren se movendo para a base de suas costas, massageava a cintura, deslizava o óleo de Canela que dava uma sensação de queimação gostosa na pele de Camila.

- Consegue se sentir melhor? – Lauren perguntou baixinho, atenciosamente enfeitiçada pelo padrão bronzeado da pele que brilhava ao deslizar o óleo de Canela com as palmas.

- Sim, nem eu imaginava que precisava tanto de uma massagem...

Lauren corou. E se sentia patética por ficar corando sobre tudo e qualquer coisa, mesmo que as intenções de Camila fossem completamente opostas a fazê-la se sentir envergonhada. Moveu os dedos para puxar os braços de Camila os alinhando ao lado de seu corpo, percorrendo dos ombros aos pulsos com delicadeza.

A latina suspirou ao sentir os dedos de Lauren descendo por sua coluna até a base, os dedos tocando delicadamente no tecido negro da última peça intima que ainda restava em seu corpo. Nunca pensou que o óleo de canela de seu pai tivesse tão bom uso.

Lauren tinha a expressão concentrada, os dedos se perdendo nos pulsos de Camila, virando sua palma para acariciar com ambas as palmas, deslizando facilmente com o óleo, sentia sua pele quente, mesmo que fosse apenas impressão, sabia que Camila sempre foi muito febril, sangue quente.

Por segundos elas se mantiveram em silencio, sem falar nada. A latina apreciava do carinho que recebia em sua pele, e Lauren a olhava em sua própria adoração pessoal, massagem quase devota na pele lisa, era a primeira vez que podia olhar para Camila com paciência e tanto foco, das outras vezes que a viu despida tinham tantas coisas a pensar e... fazer, e naquele momento não havia tanto daquela urgência densa, só adoração e carinho para a fazer se sentir bem.

Lauren percebeu o quanto ela relaxou, o quanto seus músculos tensos se relaxavam gradativamente a um ponto que se curvou para olhar se ela dormia ou algo parecido, e entre piscadas lentas, Camila sorriu ao encarar os orbes esmeraldas brilhando em compaixão com seu cansaço.

- Obrigada por isso, tenho certeza que isso irá me ajudar a descansar muito melhor. – Falou baixinho, movendo o rosto para beijar Lauren nos lábios em agradecimento pela massagem. A cruciverbalista a moveu com suas mãos cheirando a canela, e se deitou ao lado de Camila no sofá. A latina se moveu semidesnuda, deitando sobre o corpo de Lauren, deixando seu rosto se perder em seu pescoço.

- Se precisar de mais, eu posso lhe dar sempre... – Lauren falou baixinho, deixando seus dedos acariciarem os cabelos castanhos, os ombros, seu pescoço, deslizar pela curva de sua coluna, e fazia tudo tão calmamente, perdida em acariciar os cabelos de Camila, que não conseguiu perceber que aquilo a relaxava tanto quanto a latina que caiu em um sono profundo nos braços de sua amada.

Sabia que depois de ter dormido tanto não cairia no sono tão facilmente, mas apreciava aquele silêncio, tanto externo quanto dentro de sua cabeça. Nunca antes teve tanta calmaria dentro de si, e este era um dos sentimentos que ela mais tinha gratidão por ter.

Havia mudado tanto e se sentia tão feliz por isso...

A loira tinha os cabelos presos e as bochechas coradas por se mover tanto, os olhos azuis estavam na tela da TV em sua sala de apartamento, usava apenas um top de exercícios e shorts curtinho, os pés descalços sobre o tapete felpudo, a música começando animadamente no aplicativo de karaokê, ela sorriu para Nina a provocando com um empurrãozinho em sua cintura para a desconcentrar e não começar a cantar no tempo certo.

Era uma competição daquelas.

Faziam dueto com um hit memorável de Pat Benatar.

- You're a real tough cookie with a long history of breaking little hearts like the one in me...

Nina assobiou para ela, os olhos castanhos a perseguindo ao vê-la mover animada por cantar.

- Rainha do rock, você manda no pedaço. – Incentivou Emily como se ela fosse uma fã e estivesse cheia de elogios para dar. A loira sorriu, sem deixar-se desconcentrar ao aproximar do ápice da música que era o refrão revigorante.

- Você pode ser a minha Joan Jett, baby. – Emily sorriu dando uma piscadela. Nina se divertia ao extremo com Emily, e era inegável que parecia melhor do que nunca juntas. Depois que se o amor havia sido declarado real, nada parecia rompe-las daquela bolha de admirações. O primeiro beijo aconteceu, a primeira noite aconteceu, intimidade veio, confiança de que seriam juntas o que antes nunca foram.

Nina foi o primeiro beijo de Emily, foi lento, em seu ritmo pessoal, cuidando dela com a palma de suas mãos para que não se assustasse com o amor, porque ele sim era natural e atingia quem fosse como um tiro imparável. Elas estavam juntas, aproveitando as ultimas noites de Nina em York, em uma semana teria que voltar para Vancouver, em sua rotina pessoal, seu trabalho e sua vida.

E ela se pegava pensando nisso quando tinha tempo para pensar, em como iriam ficar com as saudades de não viverem no mesmo lugar. Emily deixou claro que sempre iriam ter contato, porque agora que havia se acostumado em ter amor não queria abandona-lo nunca mais.

Nina até citou que futuramente podia ter negócios em York para que se mantivessem próximas, assim como Emily poderia ir mais em Vancouver visitar sua família e assim elas poderiam ficar juntas. A loira amava cada ideia, Nina já estava inclusa em cada plano seu, e isso a assustou um pouco, por saber que antes mesmo de tornar aquele amor declaro ela já estivesse neles mesmo assim.

Quando terminou sua vez no karaokê, Nina a envolveu por trás, beijando sua bochecha e a abraçando com vontade. Sentia muito o tempo todo, e gostava daquela sensação, Emily era uma mulher muito boa, talentosa, amorosa, e engraçada... Ela tinha tantos elogios para citar que se sentia até mesmo melosa, mas agora entendia bem ser bastante natural se derreter além do normal estando daquela maneira tão apaixonada.

- A música acabou, você não vai me atrapalhar me abraçando dessa maneira, querida... – Emily provocou, retribuindo o beijo em sua bochecha. Nina sorriu, a virando em seus braços, os olhos azuis brilhavam divertidos, as bochechas coradas por se mover tanto, a loira era definitivamente sua mulher preciosa de beleza irrefreável.

- Eu não abracei para atrapalhar, só abracei porque gosto de senti-la comigo.

Nina sorriu, assentindo para ela.

- Tudo bem então, se quer um bom incentivo eu fico aqui, abraçada com você enquanto canta a sua musica em sua vez.

Nina sorriu, se curvando e lhe roubando um selinho longo, os olhos se comprimindo suavemente.

- Eu aceito perder para você se a condição for você me distraindo dessa maneira...

Emily sorriu, olhando para a TV sobre o ombro, seus olhos voltando logo em seguida para perder-se em Nina.

- Jogo perdido então... – Deixou o microfone de lado e a envolveu pelo pescoço a beijando de verdade nos lábios, sentindo a intensidade do aperto de Nina em suas costas, a puxando para perto com todo o amor que suas palmas podia carregar.

O jogo estava era ganho e todos sabiam.

Manhã seguinte

Keana estava sentada em sua mesa, fazendo algumas anotações e novos materiais que foram enviados aquela semana, Ally tinha saído de sua sala não fazia 10 minutos quando a porta voltou a bater.

- Pode entrar. – Falou em um tom animado, os olhos castanhos se focaram na porta se movendo e Hansen pairar por alguns segundos, parecia preocupada.

- Podemos conversar? – A loira perguntou fazendo uma breve pausa antes de fechar a porta atrás de si, e colocar as mãos na cintura, o blazer aberto mostrava sua camisa de algodão branca de botões, o alfinete de ouro próximo a lapela, era de tamanha classe que seu porte poderia soar extravagante.

- Algum problema? – Keana perguntou. Ontem havia saído mais tarde pela conversa sobre uma subida de cargo com Hansen, seu salário até mesmo aumentaria, não esperava ela ali novamente, pelo segundo dia seguido.

- Na verdade sim, mas eu estou tentando manter-me pacifica.

Keana sobressaltou-se, pedindo que ela sentasse. Dinah negou com a cabeça, estava elétrica demais para sentar, ficou em pé, com as mãos na cintura, as longas unhas coloridas de branco se apertando delicadamente no tecido da camisa em certa aflição.

- No que eu posso te ajudar? – A sinceridade visível de sua pergunta, perturbou Hansen.

- Ironicamente outro envelope sumiu da minha sala, e antes que isso se espalhe por essa empresa como da última vez como um boato que fizesse a noticia correr, eu vim até você porque eu definitivamente não entendo o que está acontecendo aqui dentro. Era material de Lauren, Keana. Coisa que nem mesmo é do jornal, isso é de Mariele e Richard. – Dinah falou sem colocar em sua voz algum tom que estivesse a atacando diretamente, mesmo que aquela fosse sim sua maior suspeita.

A jornalista arregalou os olhos sentindo seu peito ir alucinado com o desespero de ser acusada de algo que nem mesmo sabia sobre.

- Dinah, não fui eu... – Falou umedecendo os lábios freneticamente com a possibilidade. Hansen suspirou.

- Não vou sair abrindo gavetas como da última vez, como você mesma fez com Lauren. Mas eu definitivamente vou convocar uma reunião geral com quem investe nesse jornal e eu vou olhar as câmeras de segurança, sei que sente ser injusto eu vir aqui e te jogar dúvidas sobre, mas da ultima vez quem fez isso foi você, e com a mesma pessoa, tentando prejudicar Lauren novamente, não acha que soa como coincidência? – A loira questionou arqueando a sobrancelha.

Keana se moveu de sua cadeira sentindo o quando o peso da injustiça deixava seus lábios amargos.

- Como eu roubaria algo que sequer sabia da existência? Eu não estava nem mesmo aqui Dinah, pode abrir as gavetas, olhe tudo, eu não tenho nada aqui... – Keana olhou a sua volta em total desespero. Hansen negou com o rosto.

- Já disse que não vou abrir gavetas por aí Keana. Só... – Fez uma pausa de desgosto, os olhos dourados focando no rosto da morena.

- Da última vez que algo com envelopes entrou na minha vida, eu quase perdi meu casamento. Pense bem nas coisas que faz, ou tenta fazer, não sei o que está acontecendo, mas é muito difícil não desconfiar de você, nós todos te demos uma segunda chance, Camila que a fez ficar nessa empresa, tenha gratidão por ela, tenha gratidão por ela tê-lo feito por Lauren. Acha que não me entristece pensar no que quanto Normani sente a sua falta? Ela sente! Pergunta de você sempre, mas não se permitiu até hoje conversar com você por medo de se equivocar, por que isso está acontecendo novamente? Quem teria tanto interesse em derrubar Lauren dessa maneira estando dentro dessa empresa que não seja você? – Dinah perguntou exasperando sem saber o que fazer.

Keana sabia o quanto ser acusada daquilo que não fez doía. Agora ela sabia, sentia na pele o que Lauren sentiu há meses atrás por pura culpa sua. Sabia em sua consciência que não era algo que poderia reclamar mesmo que não soubesse quem havia feito aquilo também. Ninguém naquela empresa tinha um desafeto direto para odiar Lauren a tal ponto.

Também não tinha suspeita alguma.

- Eu não sei o que está acontecendo... – Sua voz enfraqueceu ao olhar para o rosto de sua chefe. Dinah tentava tirar de si alguma visão de pressentimento, sobre tentar desvendar, mas era impossível, não sentia em si ter tal capacidade.

- Acho que vou ser o mais prudente que eu posso nesse assunto, até resolver tudo, vou buscar um padrão de acontecimentos, e para isso... Eu vou te afastar do New York Times, sem remunerações que não sejam as designadas por lei. - Fez uma pausa olhando a maneira agitada que preencheu a postura de Keana.

- Se eu encontrar algo suspeito no padrão de acontecimentos e na investigação, você se considere fora desse jornal, e sequer Normani vai poder ajuda-la a voltar. Pegue suas coisas, Ally assume sua posição ainda hoje. Não comente sobre isso, quanto menos comentar melhor para você se isso for motivado por outra pessoa. – Hansen foi segura em sua decisão, olhando a maneira como Keana empalideceu com seu veredito pessoal.

Era injusto que fosse afastada por algo que não fez.

- Estou tentando ser justa como não fui com Lauren cometendo uma demissão precipitada, por isso se mantenha calada sobre isso, se perguntarem, diga ser umas férias antecipadas.

Keana apenas assentiu, não podia debater com Hansen naquele aspecto. Ainda tinha uma esperança sobre voltar, ainda podiam encontra o envelope com outro alguém, com o verdadeiro culpado, ainda tinha uma esperança.

- Até.

A loira se moveu, virando-se e deixando a jornalista sozinha em sua sala. Keana levou as mãos a cabeça tentando pensar com racionalidade sobre o que estava acontecendo em sua vida. Olhou em toda a sua volta, pensando em procurar se havia algo em sua gaveta. Primeiro olhou em todas as gavetas de sua mesa, não encontrando nenhum envelope que não fosse seu.

Logo passou para os pequenos armários que guardava matérias antigas e premiadas. Na ultima gaveta do segundo armário, encontrou um envelope branco. Puxou-o com certo desespero a invadindo cada centímetro, virando o conteúdo do mesmo em mãos, notando logo de cara a caligrafia de Lauren.

Tudo o que fez foi sentar ao chão, colocando o envelope de lado levando a mão ao rosto completamente desesperada. Como iria provar que não havia pegado aquilo? O que deveria fazer? Mostrar a Hansen que o havia encontrado em sua gaveta e soar como uma perfeita acusação, ou simplesmente desaparecer com o envelope de sua posse? Devolve-lo sem aparentar ser ela mesma? Como faria aquilo sem ser notada por câmera alguma? Como sairia daquela droga?

Perderia seu emprego.

Fechou os olhos desesperadamente tentando pensar, mas nada vinha. Foi quando pensou em Lucy... ela sempre lhe dava equilíbrio, isso...

Lucy...

Austin moveu a mão esquerda sobre o pulso direito, ajeitando a pulseira de brilhante do Rolex reluzente que tinha no braço, estava recostado em seu carro, esperava a distância, os olhos se perdendo no estacionamento do hospital do outro lado da rua, por vezes puxava o binóculo minúsculo do banco de seu carro e olhava para se certificar do que precisava.

Seu estado de tédio o fazia repetir movimentos o tempo todo, o celular no bolso frontal vibrou, ele ignorou, esperando o tempo certo da morena sair do taxi e entrar no estacionamento do hospital geral, as passadas ansiosas e o rosto avermelhado de tanto chorar.

- Karma baby, não gosta de Karma? – Repetiu baixinho com um risinho satisfeito. Os dedos se apertaram no celular e ele correspondeu a ligação rapidamente, esperando o timing perfeito ao avistar Lucy Vives saindo pelas portas principais ao lado de uma das enfermeiras.

Conversavam casualmente, mesmo que a expressão de Lucy fosse repleta de vincos de preocupações por pressentimentos. Austin levou o celular ao ouvido.

- Ela chegou, faça. – Foi rápido, trocou os números a serem discados e esperou pelo seu espetáculo particular.

Music on* Dusk Till Dawn – Zayn Feat. Sia

Lucy assentia para a enfermeira, até que algo na moça foi de repentino mover empurrando a boca na da médica que imediatamente se assustou com o beijo, no mesmo segundo em que Keana contornou um dos carros no estacionamento e parou, congelando ao avistar a cena, foi coisa de segundos, sua ação única foi dar um passo atrás se escondendo atrás do carro enquanto por ironia do destino Lucy empurrou a enfermeira o mais rápido que podia, não congelando um segundo sequer.

- O que você está fazendo? – Perguntou completamente confusa. A enfermeira apenas fez-se de completa confusão.

- Eu apenas senti que... deveria.

Lucy negou com a cabeça rapidamente, se negando a seguir para o almoço com aquela mesma mulher.

- Desculpe sobre isso, mas o que você fez foi um pouco estupido. – Falou sem deixar de se irritar, voltando a entrar no hospital sem sequer ter noção de que Keana havia visto o que tinha acontecido, e rápido demais se permitiu chocar-se com a ideia para pedir justificativas.

Austin sorriu, ouvindo o bip da ligação.

- Issartel, é Austin, seja rápido, ela parece em choque no estacionamento, mas não deve ficar ali para sempre, apenas faça logo, deu tudo tão certo que eu vou beber um whisky por você. – Falou em completa animação, o homem não respondeu do outro lado da linha, apenas saiu do carro de luxo e contornou os fundos do hospital, alinhando seu terno requintado com as mãos, colocando em si a melhor expressão abatida.

Há distancia pôde ver Keana se mover em direção a saída, para o ponto de taxis. Ele a chamou baixo, e a mulher se virou, a confusão em seu rosto era completa, a palidez, os lábios secos, os olhos marejados e o rosto avermelhado.

- Filha... o que faz aqui? – Perguntou adotando o melhor tom de conforto fingido em meio a preocupações inexistentes. Sua intenção era única e exclusiva de tê-la dependente de si para que fizesse as coisas que ele quisesse. Era sua filha, o deveria obedecer. Keana engoliu com dificuldades, abaixando o olhar confuso, não sabia sequer por onde começar com o desastre que havia acabado de se tornar sua vida.

Austin sorriu, jogando o binoculo no banco de trás do carro.

- Desgraçada, merecia muito mais... – Proferiu lotado de rancor. Se virou alinhando o blazer negro no corpo, colocando os óculos de sol entrando em seu Porsche. Ligou o carro arrancando dali sem um pingo de remorso sobre o que havia feito, sentia que era justo que ela sofresse tanto já que nunca pensou tanto quando o assunto era para os interesses próprios.

E Issartel parecia um homem mais repleto de palavras do que a filha covarde dele, sua parte viria...

No estacionamento, Keana perguntou o que o pai fazia no hospital, e ele tipicamente já tendo feito um roteiro mental, citou que estava com alguns problemas de saúde suaves, coisa da idade. A mulher assentiu, melancólica. Ele sugeriu que ela fosse consigo para que ao menos tivessem um café juntos, pois sentia a falta dela em casa.

E em meio a todo um caos pessoal, crendo com tanta facilidade por sua presente fragilidade em um afeto que nunca teve de seu pai, ela assentiu sem proferir nada, estava congelando da cabeça aos pés. Perder o emprego no mesmo dia em que avistou a única pessoa que ela amava e que achava que retribuía isso, beijando outra pessoa bem às suas costas.

Estava sozinha... Era o que pensava.

Seu pai tocou em seu ombro em um meio abraço e ela o olhou em meio as lagrimas, tentando compreender se o que estava acontecendo era o que pensava. Ao entrar no carro ao lado dele e ser recebida pelo motorista que a conhecia desde criança, sentiu uma familiaridade que a empurrou como lufadas gélidas no rosto.

No final... Seu pai era a única coisa que ainda estava ali?

Issartel a olhava de canto de olho, estava tão frágil que o que ele sentia era apenas triunfo. Não a tinha de volta, mas pelo seu estado pessoal, não demoraria tanto a tê-la em sua casa novamente, subordinando-se novamente. Além disso, os escândalos de imprensa que viviam noticiando que ele havia brigado com a filha parariam de acontecer, tudo ficaria perfeito para ele, para a carreira, e para sua reputação.

Keana aprenderia que sem ele, ela não teria emprego, não teria uma qualquer para citar que era amor, e não teria nada. Era com ele, ou sem nada.

A mulher estava alheia sobre pretensões, fechou os olhos enquanto ainda chorava em silencio, a cabeça no encosto do banco do carro, os dedos se apertando em seus próprios braços, se abraçando. Precisava tanto de um único abraço...

Apenas um abraço...

Lauren estava focada em trabalhar naquela manhã, os olhos esmeraldas se perdiam vez ou outra no livro que lia para adquirir novas informações, estava tão pacificamente concentrada que por pouco não percebeu o toque em sua porta.

- Lauren? – Mariele se esgueirou um pouco relutante sobre abordagens. A cruciverbalista lhe ofereceu um sorriso delicadamente gentil, pedindo que entrasse. A jornalista entrou em sua sala, trazendo consigo Camila. A bibliotecária franziu o cenho, parecia curiosa.

- Ela me ligou há pouco, pediu que eu viesse para cá, não entendi bem, mas aqui estou. – Justificou-se, entrando na sala de Lauren que se moveu de sua cadeira para se aproximar de ambas. Mariele parecia mecanicamente ansiosa, Lauren a olhou genuinamente curiosa sobre o que estava acontecendo.

Lauren POV

Não esperava aquilo.

Ter Camila aqui por um convite de Mariele me trazia uma sensação de pressentimentos elevados, não era como se eu pudesse dizer para eu mesma poder controlar-me a tal ponto. Camila ficou ao meu lado, ela segurava sua bolsa em suas mãos, seus olhos estavam em sua melhor amiga e minha chefe.

- Eu preciso falar algo para Lauren, achei prudente que você estivesse aqui por precaução. – Mariele citou mecanicamente. Eu me remexi ansiosa, eu odeio antecipar-me em ansiedade, mas é inevitável não fazê-lo com ela se portando daquela maneira. Foquei meus olhos em Camila que apenas me deu um sorriso reconfortante e confuso, era estranho como ambas de nós estávamos em um escuro de informações aqui.

- É difícil falar algo como isso...

Eu já estava pensando em coisas ruins como uma demissão ou algo próximo disso.

- Apenas diga e nós vamos lidar com seja o que for. – Camila falou rapidamente, me fazendo a olhar ansiosamente. Ela apenas negou com o rosto de um jeito leve, como se conseguisse ler minha mente e pedisse que eu não pensasse besteiras.

Mariele apertou os lábios e suspirou, me olhando diretamente, eu senti me arrepiar.

- Hansen me ligou há um tempo, seu envelope para competição desapareceu do New York Times, não é como se ela pudesse prever quem foi, mas ela se preveniu em dar um afastamento a Keana Issartel já que precisava mesmo comprovar padrões de acontecimentos, eu sinto muito sobre isso...

Eu franzi o cenho para sua torrente de informações. Meus olhos caindo ao chão instantaneamente ao sentir meu corpo congelar por alguns segundos. Keana? Novamente? Suspirei me apoiando em minha mesa e desviando o rosto para não focar em Camila ou Mariele naquele momento.

- Deixe-nos por um segundo? – Pareceu a voz Camila, eu fechei meus olhos me virando de costas a elas, pisando rigidamente sobre meus sapatos, perdendo-me em uma energia tão negativa, por que novamente? O que estava acontecendo? O barulho da porta se fechando e eu pude sentir as mãos de Camila envolvendo minha cintura, por trás, aproximando seu corpo ao meu como se o seu calor pudesse me aquecer daqueles sentimentos apenas com aquela proximidade. Senti sua testa tocar contra minha nuca.

Eu podia jurar que tremia sobre qualquer coisa.

Tantas coisas se passavam por minha cabeça que listar alguma com racionalidade parecia impossível.

- Não fique chateada dessa maneira... – Suas mãos se moveram sobre minha cintura, e eu podia sentir seus batimentos acelerados frenéticos contra minha pele, seus lábios roçaram delicadamente sobre a lateral de meu pescoço, me mantendo tão firmemente perto dela que eu jurava senti-la se infiltrar em mim pelas palavras que citava tão baixinho próximo de meu ouvido.

- Pense com o coração, sinta... – Pediu tão baixo que era inevitável não sentir que meus batimentos não fossem tão frenéticos como os seus que retumbavam contra minhas costas. O moldar de nossos corpos me trazia um apoio surreal sobre acreditar em meu coração que abri levemente dos meus olhos me sentindo energizar sobre seu toque, seus dedos com seus anéis tão bonitos se entrelaçaram nos meus, apertando.

- Não foi... ela... – Nem eu conseguia acreditar com a força que aquele pressentimento me atingiu, elevei meu rosto com certa obstinação sobre decisões. Parecia tão estranho sentir algo como isso, eu sentia em mim, de repentina ação a certeza que não foi Keana, e eu ainda não estava pensando sobre racionalidade ou como aquilo poderia ser possível, mas... Camila se apertou mais em meu corpo, aconchegando seu rosto no vão de meu pescoço, me trazendo tanto apoio físico, preenchendo-me de uma energia tão gentil e inebriante que era impossível não sentir aquele torpor me formigar a pele.

- Não se sinta para baixo, nós vamos resolver isso, mas acredite em nós quando eu digo que não foi ela. – Sua voz rouca soprou a lateral de meu pescoço. Eu suspirei, perdendo o meu folego em meio a palavras não ditas.

- Nós?

Ela moveu seu corpo, virando-me em seus braços, me aproximando e velando meu rosto com o olhar, parecia preocupada sobre minhas reações e meus sentimentos tão acumulados internamente, mesmo que naquele momento eu estivesse acreditando mais em meu sentir do que em informações que Mariele havia dado.

- Você me motiva a sentir cada pequena coisa agora, e eu sei que é honesto seu sentir comigo, como se nossos corações batessem como um só, eu sinto o que você sente exatamente agora, ela não mentiu, sinto que não mentiu, e nós vamos romper esse mal-entendido juntas. Confia em mim?

Não tinha muito de mim que conseguisse destruir qualquer ponto sobre aquela sensação tão esquisita ao meu corpo. Parecia tão claro que não era Keana, e foi tão repentina a convicção de que não era ela, que eu abracei Camila me sentindo confusa sobre o que estava acontecendo, eu nunca me senti dessa maneira.

Não com tamanha convicção sobre algo... eu sou uma confusão e isso influencia muito em minhas decisões e pressentimentos, mas aqui, tendo tamanha convicção irrefreável sobre algo palpitava meu peito descontroladamente, porque era real e palpável que não foi Keana, e eu não sabia explicar o por que, quem havia feito aquilo comigo então? Levando meus papeis e um pouco do meu animo de carreira? Minhas reconstruções e meus novos passos?

Quem estava tão obcecado a aquele ponto para tirar-me tanto?

Eu sentia o perfume dela me acalentando como suas palmas delicadas acariciando minhas costas, meus olhos se perdiam no chão enquanto eu tentava raciocinar quem, quem... quem...

Eu poderia listar então as coisas mais importantes de toda a minha vida, as quais sempre foram intocáveis e as quais foram tocadas excessivamente para serem tiradas de mim por alguma força de destino.

Minha família, meus novos e tão especiais amigos, meu pequeno Jor El, minha carreira e tudo aquilo que a envolve e...Camila.

Minha família nunca havia sido tirada de mim, sequer meus amigos, eles entraram à um ponto que se tornou intocável para mim. Jor El fugiu apenas uma vez, e seu desespero era reflexo do meu por saudades de Camila que amo, mulher essa que parecia estar sendo bastante disputada há tanto tempo...

Austin...

Ele a quer de volta, e não era sobre fatores de devoluções. Eu me senti irritada quando soube disso, e era tão estranho ter me sentido tão irritada, não era como se eu fosse a empurrar para ele citando que pegasse de volta, que tomasse a minha namorada para si, que a amasse por mim e que fizesse o que eu não fazia. Eu a amo, ela me ama, a vida real sobrepõe qualquer irrealidade, o que eles tinham era passado, ele a fez tão mal para ser tão egoísta a ponto de querer empurra-la para si de volta.

Ela fez aquela ação judicial ser real, ela o afastou pela força, ela o empurrou para fora mostrando que ela não o quer, que não é mais a posição que ela quer estar... Não que precisasse de tudo aquilo para dar-me conforto em ter confiança nela, ela o fez pela própria segurança, porque se fosse para provar-me alguma coisa, de nada ela precisaria fazer, nós tivemos noites tão boas juntas, de verdade, onde eu sentia e ainda sinto em cada ação dela que ela me ama, me ama mesmo sendo a bagunça total que sou.

E então veio meu trabalho, eu perdi ele uma vez, perdi porque Keana quis que eu o perdesse, e ela era motivada pelo pai, era isso, sua única justificativa palpável e real, que a humanizasse, que a tornasse errada como eu sou, mas que a fazia viva e aberta a novas chances, a redenções.

E aqui está, acontecendo novamente, tirando-me uma oportunidade que não é sobre perder exatamente o meu emprego, mas que me traria muito de uma satisfação pessoal com o mesmo. E novamente todas as armas de acusações se apontavam em indícios falhos para Keana, era claro, quem mais teria motivos ali dentro? Certo? Quem mais? Era isso que Hansen pensaria...

Só que Hansen nunca soube que a pergunta sempre foi inversa quando o assunto era eu... Não era como se só Keana tivesse motivações, era mais como: quem ali não teria motivos para fazê-los se todos me odiavam a um ponto ferrenho?

Não era Keana, e o problema nunca foi Keana.

- Eu confio em você. – Movi meu rosto, sentindo sua bochecha contra a minha, respirando fundo ao ver que seu toque me acalmava tanto. Ela consegue ser a melhor parte de mim.

Seus dedos tocaram em meus ombros e ela me olhou nos olhos, ternamente como ela sempre fazia, transbordando amor sobre mim de um jeito que era difícil não afogar-me. Curvou depositando beijos reconfortantes em meu rosto, sobre meus lábios, eles eram tão cálidos e repletos de energia boa que eu fechava meus olhos cada vez que sentia seus lábios rosados carnudos roçando em minha pele, em meus lábios.

- Venha comigo.

Eu simplesmente fui.

Narrador POV

Keana perdeu o olhar na rua, pensativa sobre entrar ou não na biblioteca em busca de justificativas que teria que dar a uma Camila que poderia rasgar-lhe em pedaços pela raiva que sabia que a habitava naquele ponto, já previa mesmo que a latina soubesse de tudo o que estava acontecendo, e sua derrota cruel viria em questão de tempo.

Music on* Daddy Issues – The Neighbourhood (Ironicamente a Keana da vida real participou do clipe oficial dessa música que fala de problemas com pais, e isso sim é maravilhoso, haha)

Sentou nas escadarias se abraçando por algum motivo em particular, Lucy a ligava desde cedo, e ela definitivamente não atendia, seu pai ligou, chamou-a para um almoço, e ela foi, e não parecia ele, não parecia como o mesmo cara de antes, ele parecia fazer tanto esforço para a mantê-la bem, era tão surreal que o olhava fazê-lo e se perdia na maneira como soava tão gentil.

Parecia outro homem com ela agora.

Ele mudou?

Fechou os olhos sentindo o ar ao seu lado mover e levar a suas narinas um perfume floral intenso que reconheceu por já ter sentido uma vez. Abriu os olhos congelando ao ver Camila sentar ao seu lado na escadaria, ficou em silêncio por um bom tempo, os fios castanhos ondulados esvoaçando com o vento que as soprava a face.

Parecia um anjo irritadiço.

- Jure a mim que não mente. – Camila pediu baixo, os olhos castanhos virando em trajetória a Keana, como se estivessem em uma espécie de jogo derrotista. A jornalista sentiu os olhos repletos de lagrimas que queriam vir.

- Juro que não menti. – Sua voz presa em sua garganta, os lábios se apertaram levemente. A latina sentia tanto em si que não errava, seguia sua parcialidade, não estava entendendo o que tanto as cegava. Do outro de lado de Keana o ar voltou a se mover, ela virou o rosto surpresa em ver Lauren sentar ao seu lado, os olhos verdes tão puros focando em seu rosto.

- Você não é má, Keana... você só é um pouquinho chata de vez em quando... – Lauren falou dando de ombros, corando envergonhada ao falar aquilo. A jornalista não conteve o impulso de sorrir de canto pela atitude genuína, as lagrimas manchando suas bochechas. Olhava tão de verdade para Lauren agora, entendia o quanto era boa e nunca optava por fazer julgamentos precipitados.

- No começo eu achei que era uma espécie de perseguição... Mas eu logo vi que era coisa só daqui... – Lauren falou apontando o indicador para a cabeça. Keana inclinou o rosto sentindo o quanto era grata por ter aquele sentimento de compreensão vinda das ultimas pessoas que esperaria ter isso.

- Eu não peguei aquele envelope Camila, não havia tempo... – Keana falou a latina, franzindo o cenho ao tentar explicar em meio a suas lagrimas. A cigana sentia que ela falava a verdade, mesmo que todas as atitudes apontassem para o não, ela ainda assim acreditava que ela falava a verdade e não conseguia se livrar daquele pensamento, mesmo que tentasse.

Não poderia ser injusta com seus instintos.

- Meu pai parece ser a única pessoa que ficou do meu lado agora... Eu vi minha namorada, ou ex, eu realmente não sei ainda o que nós somos, beijando outra mulher no hospital, e tudo isso no mesmo dia... – Ela falou fazendo uma careta para as próprias mãos. Camila semicerrou os olhos para aquilo, pensativa demais sobre não parecer nada como uma simples coincidência.

Não era uma idiota.

- Tire a ideia de voltar para seu pai... – Camila negou com a cabeça.

Keana bufou.

- Eu não vou conseguir manter meu apartamento sem um suposto emprego, e ele já se ofereceu para me ajudar, ele parece mudado... – Keana falou a olhando no rosto. Camila negou com a cabeça.

- O caso de sua namorada é algo isolado, eu realmente não sei o que há entre vocês, e isso é definitivamente algo que não sabemos, mas o envelope? É muito irônico ter isso assim, e quanto a seu pai, é claro que ele iria se oferecer, ele sempre vai querer te colocar como dependente dele, isso soa como uma oportunidade perfeita para lhe ter em mãos novamente, você não pode fraquejar, se ele quer lhe dar afeto, receba afeto, mas não se submeta a ser uma mulher submissa ao próprio pai para sempre, é doentio. – Camila lhe falou calmamente, colocando racionalidade em sua cabeça, mesmo que Keana estivesse desesperada por alguma solução.

- Eu posso tentar conversar com Hansen, ela pode tentar investigar melhor... Não foi você... Eu confio nisso, Camila também confia... – Lauren falou genuinamente, o pequeno vinco delicado em sua testa a fazia ainda mais adorável de se olhar.

- Não vai funcionar Lauren, Hansen estava mesmo totalmente irada, era uma segunda chance, pareceu obsessão minha com você, ela não vai acreditar, não como vocês... Eu trouxe o envelope, ele estava em uma gaveta minha, mas não fui eu... Ela nunca vai acreditar que não foi se nenhuma prova viva surgir. E eu definitivamente sequer entendo porque vocês acreditam em mim mesmo tendo tudo para não o fazerem.

Lauren tocou sem pensar no ombro da jornalista, recebendo seu olhar curioso em si.

- É que eu sinto... Camila também... – Falou baixinho, dando um sorrisinho de canto, contido e envergonhado. Keana olhou para Camila que assentiu, a expressão branda como se tivesse plenas convicções do que estava fazendo.

- Obrigada por isso, eu achava que não iriam acreditar que tudo estava abaixo.

- Não está, nós acreditamos em você, e eu não sei o que há em mim por acreditar, mas eu acredito. Principalmente porque acho que isso é coisa de Austin, essa foi a resposta dele, e eu acho que é momento de colocar aquele idiota no lugar dele, eu aprecio o fato de ter trazido o envelope, isso é importante para Lauren. – Agora sim Camila parecia ter adotado um tom elevado cheio de irritação.

Lauren a olhou por alguns segundos, muito por ter sobressaltado com o tom de sua voz. A latina percebeu seu olhar e apenas respirou fundo pedindo com o olhar que ela não levasse aquilo ao pé da letra, que ela ficaria bem.

- O que pretende fazer? – Keana perguntou.

Camila sorriu sem humor.

- Eu tenho um ótimo apartamento no Upper East Side, ele vive nele. Se ele quer ser baixo, que sejamos baixos então, isso passou de todo e qualquer limite, se eu puder te ajudar a provar que está certa, eu vou provar, mas eu não penso em nada que possa fazer se Hansen não quiser ajuda nisso, ela precisa seguir as convicções dela, assim como eu e Lauren seguimos as nossas a seu favor, tempo é dono de tudo, resista a seu pai e não se perda, o resto pode deixar comigo. – A latina afirmou a olhando nos olhos com firmeza. Keana tinha os olhos vermelhos cheios de lagrimas por todas as derrotas do dia anterior. Estava extremamente fragilizada.

- Eu não sei sequer como agradecer vocês... – E era tão verdade que Lauren deu uma batidinha delicada em seu ombro, demonstrando seu apoio. Keana a olhou, algumas lagrimas escorrendo incontroladas por sua bochecha. Quem diria que a mesma mulher que ela sabotou tão friamente há um tempo atrás, seria a mesma que a estaria consolando por uma sabotagem que havia sofrido, como Karma.

- Perdoe-me por... Sinto muito por tudo o que fiz... – falou entre as lagrimas frenéticas, tentou conter com as mãos, mas era inevitável não se mostrar tão frágil. Lauren negou com a cabeça.

- Eu estou bem, minha vida mudou de um jeito tão positivo que as vezes penso que deveria é agradece-la por isso... – Lauren deu de ombros. Keana suspirou negando e mordendo o lábio inferior para se conter, a obstinação de Camila era completamente contraria a suavidade que Lauren parecia lidar com as coisas, mas no final, tudo se completava.

E dessa vez, Keana estava com Lauren e Camila nessa.

Dias depois

Camila estava intrigada sobre aquela visita de sua tia Mercedes. Não acontecia daquela maneira, quando sua tia tinha algo para conversar com ela, seu pai ligava, a latina se programava e ia para o acampamento cigano para que tivessem alguma conversa, mas daquela vez, Mercedes ligou para Camila através do celular de Diego, citando que já estava em York e que elas precisavam se encontrar.

A latina não entendeu de imediato o que estava acontecendo, mesmo que já estivesse prevendo o que ainda estava por vir. Apoiou a palma direita contra a porta de seu apartamento e entrou esperando sozinha na sala, olhando para alguns livros empilhados sobre a mesinha de centro, noite passada dormiu em casa, e listou alguns livros para emprestar para Lauren, e eles continuavam ali, sobre o vidro.

Mercedes não demorou a chegar, era a primeira vez que entrava na casa de Camila na grande cidade, a cigana olhou a volta com curiosidade pelo luxo que distinguia de tudo que vinha de seu acampamento, os olhos verdes brilhantes se alinharam aos de Camila e por segundos se olharam em silencio, com as mãos se tocando, energia ia e vinha pela palma de suas mãos.

- Estou preocupada com você, e seu pai parece muito alheio para compreender, mas até mesmo Diego está muito preocupado com você. Nós sentimos Camila, muitas coisas... – Mercedes parecia disposta a recordar a latina da conexão que tinham e que era inútil Camila tentar esconder algo deles.

- Eu estou bem tia, com Lauren, com meu emprego, com minha vida, estou bem. – Ela falou dando de ombros, os olhos castanhos indo ao rosto de Mercedes que negou, cerrando o olhar com muita experiência em vida para saber que não era do que falavam.

- Esse rapaz é perigoso, eu ando sonhando muitas noites com ele, pare de tentar enfrenta-lo, seja uma cigana, sinta como uma cigana! – Era repreensão, e foi a primeira vez que Camila viu sua tia repreende-la daquela maneira com aquele tom em sua voz, como se desespero e irritação a estivesse fazendo ser impulsiva como aquilo.

- Não posso sentir como cigana, tenho que controlar-me a esse ponto, preciso ser racional, preciso seguir instintos racionais, esse dom está me matando, levando aos nervos por tamanha impiedade de escolhas, por ter feito mal-uso, por ter quebrado a bondade de Sara Kali com atitudes que não a orgulharia em vidas, eu não posso ser como cigana se não posso honrar o que ela me deu. – Camila respondeu-lhe em desespero, como há muito não conseguia expor, em acúmulos que iam e vinham.

Mercedes negava a aceitar que Camila estivesse dando as costas a espiritualidade de suas crenças e estivesse se enfiando no perigo.

- Sente que ele é ruim, que ele pode lhe fazer mal.

- Sinto, e não posso me resguardar em covardia se fui eu a culpada por ele estar tão obcecado. – Camila parecia inquieta, os olhos castanhos se derretiam em culpa. Ela sabia que tinha influencia nas atitudes de Austin, usou de si, usou da sedução pessoal há muito tempo, seu dom o enlouqueceu para ela, e ela se sentia responsável por romper aquilo.

- Não pode fazer isso, precisa dar um passo atrás e agir com sabedoria, Diego pode te proteger. – Mercedes pediu altivando seu queixo para que a jovem a olhasse melhor nos olhos e fizesse boas escolhas. Camila franziu o cenho, negando com a cabeça.

- Estamos em terras de leis tia, ele não irá ultrapassar barreiras da lei, ele pode ser preso, não preciso de homem algum para proteger-me, eu me protejo.

Mercedes se negava.

- Pare de ser tão impulsiva, de pensar tão fracamente, leis podem proteger teu corpo, mas não podem proteger tua alma. – A cigana mais velha a tocou no rosto, a segurando entre suas mãos em desesperado mover. Camila sentia como se todo o ar de seus pulmões estivesse preso tamanha intensidade daquele toque, carregado de medos, de inseguranças, de prisões que iam e vinham, e ela sabia que não era assim que as coisas funcionavam ali.

- Está dando as costas para sua vida, está dando as costas ao seu dom, a sua família, ao teu sangue Kalicht... – Mercedes deixou uma lágrima escorrer por seu rosto, acariciando a bochecha de Camila com os polegares, sabia que era jovem, imprudente, que sempre se aventurava além, quando apareceu com Austin em seu acampamento cigano ela enxergava o quanto estava usando de seu dom errado, o quanto inserir aquele gajo em suas vidas era uma maldição ferrenha que tentava a mascarar para a vida.

- Não faça todas as atitudes de Mãe Karla ser em vão, ela entregou-se de alma a Sara Kali, siga sua alma, e não teu rancor... Abandonou de amor para estar com Sara Kali até seu ultimo dia, perdeu seu coração que tornou pedaços, e isso nunca a limitou de sentir, ela sentiu machucada, amou machucada, estava em pedaços e continuou até seu ultimo suspiro pertencendo a nós, dando sua alma por nós, você é a escolhida, não pode ignorar esse fato, não há nada de errado em viver como uma gaja como você gostou tanto de viver, mas seja grata pela liberdade de seu coração, seja grata a Kali por ter lhe trazido ela. Seja grata, pense com tua alma. – Mercedes voltou a repetir, mantendo Camila perto, a mais jovem engolia vigorosamente pela tia ter usado de Lauren para tenta-la convencer.

Estava com raiva de Austin, iria tirar tudo o que tinha de si com ele. Aquilo era ser ela? Aquilo era ser Camila? Precisava de tanto para que se sentisse satisfeita? Sentia, sabia que os dons de visões de sua tia eram coisas sérias, e nunca foi de erros, ela tinha seus dons, lia mãos, vivia disso, vivia da alma.

Sabia que Austin era perigoso. Mas era como sua própria tia havia lhe falado, ela vivia do mundo de gajos, onde leis eram fortes, onde as coisas eram mais reais do que aproximações. Austin não lhe mancharia a alma se sequer pudesse se aproximar de tudo aquilo que a pertencia, não havia meios de ele ser forte o suficiente.

E a aquele ponto, não podia agir como uma cigana bondosa e equilibrada e que fazia apenas boas ações para seguir em boa vida e bons costumes.

Music on* Do re mi - Blackbear

Precisava ser Camila.

A impulsiva, desregrada e irritada Camila.

Nada como o equilíbrio e bondade exuberante repleta de sensualidade exalante de Karla.

- Desculpe. – Sua voz mal saiu para Mercedes que suspirou fechando os olhos e em silencio abaixou suas mãos para a abraçar. Sabia que coisas terríveis acontecia a quem não obedecia as leis de Sara Kali, a quem agia de maneira tão ingrata sobre coisas tão boas que a Santa Cigana a havia oferecido.

Camila estava escolhendo então rebater Austin, e não se calar. Já citou ser mulher de não oferecer flores a quem estivesse a atacando, o equilíbrio e a bondade cigana não eram propícios para aquele momento, e não seria uma boa menina porque sua tia estava pedindo, iria até o fim para tirar Austin de sua vida.

E falar nele era como obviedade.

Chegou em seu apartamento pelo fim da noite, ao entrar empurrando a porta olhou para baixo e viu dois envelopes brancos bem lacrados. Cerrou os olhos se curvando para pega-los. Um tinha caligrafia a mão, o outro era um selo jurídico. Colocou a bolsa de lado e virou ambos os envelopes em mão, abriu o com selo jurídico primeiro, sentindo seu peito sair de si em completo descontrole ao ler alto e claro:

Mandato de justiça em ordem de despejo, 15 dias.

Tinha 15 dias para sair do apartamento de Camila Cabello Estrabao.

Sua raiva era tanta que riu em desespero ao abrir o outro envelope rasgando com vontade as abas, os olhos repletos de lagrimas ao puxar o papel endurecido e reconhecer a letra de Camila nele.

Jogou o papel no chão, e pisou naturalmente sobre o mesmo, o amassando debaixo de seus sapatos. Os olhos se moveram pelo apartamento a sua volta e colocou a palma machucada sobre a boca, respirando fundo. Era exatamente o que faria.

Queria que saísse dali? Iria sair.

Hansen agiu da melhor maneira que podia sobre aquela situação, sentou por horas com Joseph para que olhassem as câmeras de seguranças, e eram apenas imagens sem movimentações, em algum ponto o experiente segurança citou que parecia repetições de imagens, e que aquilo poderia ter sido feito por qualquer um que tivesse acesso a aquela sala, não dava para citar um nome em especifico já que as repetições pareciam vir em aleatórios horários que não davam abertura para padrões.

A mulher solicitou uma avaliação mais aprofundada de algum especialista sobre aquilo, e sem respostas não podia seguir. Pediu que Camila fosse a sede do jornal, sabia que a latina que foi mentora de uma conversa séria meses atrás com Keana, sabia que era melhor conversar com ela do que envolver Lauren diretamente em meio a situações que ela sabia que a mulher de espirito tranquilo não suportaria.

Hansen também ligou para Keana, queria que tivessem uma conversa sincera novamente, e isso foi ideia de Normani, que decidiu participar, citou precisar ver com os próprios olhos, sabia que Keana mentisse elas resolveriam naquele exato momento e nada passaria em vão aos olhos de ninguém.

Music on* Clique – Kanye West, Jay Z, Big Sean

A Latina chegou no horário combinado, com Keana, a jornalista parecia um pouco abatida sobre os últimos acontecimentos, se manteve afastada de Lucy por todos os dias evitando ligações e visitas, e sabia que estava apenas adiando o inadiável pois deveriam conversar, mas queria resolver toda a bagunça de seu trabalho antes de tomar decisões precipitadas com Lucy.

Mary, a recepcionista do Times arregalou os olhos ao ver Keana entrando naquele jornal novamente, não era como tinham planejado fazer e sabia que algo estava errado, não esperava que ela fosse voltar. Trocou um olhar confuso com Charlie que não demonstrou reação alguma que não fosse ficar parado olhando as duas mulheres entrarem no elevador juntas.

Hansen e Kordei já as esperavam na sala presidencial, Camila entrou primeiro, olhando Keana ao seu lado, parecia tão ansiosa que ficou em pé de braços cruzados, olhando Hansen a encarar.

- Que bom que veio Camila, espero não estar atrapalhando sobre isso, mas sinto que como porta-voz de Lauren e como aquela que conversou a portas fechadas com Keana, você sabe de suas promessas e acordos, então é mais do que justo que essa conversa se estenda a você. – Hansen se levantou, apertando a mão de Camila em educação. A bibliotecária sabia que a resposta seria negativa, pressentia aquilo.

- O que faz aqui? – A voz de Keana não foi direcionada a ela, foi a Normani. Que apenas negou com a cabeça dando de ombros.

- Eu estou com Dinah nisso, e me preocupou saber sobre você. – Era honestidade que tinha. Keana franziu o cenho sentindo muito ter arruinado uma das melhores partes de si que veio por anos, a amizade de Normani valeu muito para ela, ainda valia. Sentir aquele olhar de desconfianças era ainda pior.

Camila abriu sua bolsa, se aproximando da mesa de Dinah e colocando o envelope branco que Keana havia devolvido de sua gaveta.

- Eu não sei como foi parar no apartamento de Lauren, mas quem pegou devolveu, não foi coisa de Keana, mesmo que eu odeie admitir isso. – Ela mentiu, contendo a vontade de sorrir sobre a maneira como Normani e Dinah se entreolharam confusas.

- Você está falando sério? – A loira tocou no envelope puxando todos os exatos papeis que conferia há dias atrás, todos de Lauren.

Keana esperava ansiosamente passos atrás de Camila, era como ser protegida por sua mãe de levar uma surra da valentona no ensino médio. Nunca foi protegida por ninguém, então dava-lhe aquela falsa sensação que nunca existiu.

- Falo sério, porque mentiria? Ou acha que eu vim aqui e roubei os envelopes da minha própria namorada? – Camila perguntou arqueando a sobrancelha. Hansen negou rapidamente.

- Claro que não, eu só estou surpresa que quem roubou tenha tido consciência de devolução...

Camila fingiu desentendimento, sabia que era coisa de Austin, e com ele ela lidaria, não precisa enfiar a ex chefe de Lauren em um problema que era da sua vida, não tinha intimidade para aquelas coisas, não a aquele ponto. Seu ex era problema só seu.

- Talvez alguém tenha tido peso de consciência, mas não foi ela, ela deve ter álibis sobre qualquer coisa, principalmente porque tem uma namorada, há lugares demais para comprovar isso, certo? Conseguiu algo nas câmeras? – Camila perguntou.

Hansen fez uma careta, estava confusa sobre como a latina parecia ter resolvido todo o problema em segundos.

- Não, a câmera fica em repetição, vou mandar para analises mais profundas e ver se consigo romper as sobreposições para pegar os culpados futuramente, obrigada pela ajuda nisso. – Agradeceu a Camila, se levantando para apertar sua mão. A latina deu de ombros, acenando para Normani que retribuiu o aceno.

Contornou sua mesa, colocando as mãos na calça de seu blazer, olhando para Keana que se mantinha apreensiva sobre a resposta que teria.

- Desculpe sobre como me portei irritada, mas eu estou aliviada por não a ter demitido logo de uma vez. Desculpe pelo mal-entendido, você é bem-vinda aqui e em qualquer lugar dessa empresa. – A jornalista respirou fundo aliviada, olhando para Camila que deu uma piscadela disfarçada, desviando o olhar logo em seguida.

- Não querendo ser um pouco intrometida, mas já sendo... Coloque um cofre nessa sala, vai te evitar muitas dores de cabeça. – Camila sugeriu a Hansen que a olhou em analise por segundos e assentiu reparando no quão audaciosa aquela mulher ela, mas era exatamente o tipo de mulher que vivia em seu circulo de amizades, audazes, bem-sucedidas, decididas.

- Nós podemos conversar por um segundo, Keana? – Normani pediu brevemente. A jornalista, ainda extasiada com a noticia que teria ser trabalho de volta, aceitou a sugestão e elas saíram da sala de Hansen para um lugar onde tivessem um tempo a sós. Hansen olhou para Camila que esperava, tinha os cabelos amarrados e usava alta costura aquela manhã, nada como suas saias longas e couro sintético, era blazer negro e anéis de ouro.

- Tenho que ir para o meu trabalho, precisa de mais algo meu? – Perguntou.

Hansen negou voltando a pegar no envelope.

- Obrigada por tê-lo devolvido, diga a Lauren que por honra a esse desastre de roubos, ela vai vencer isso nem que eu morra no meio do caminho.

Camila sorriu e a jornalista seguiu-a em um riso satisfeito por ter um problema resolvido.

- Vejo você. – A latina se despediu, e foi guiada até a porta. Saindo satisfeita do jornal, um dos problemas havia sido revertido, mas tinhas mais, e com isso ela tinha muito em mente. Muito...

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