LUCAS E ALEX - Amores Conecta...

Autorstwa GabrielSpits

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Jovem, nerd, morando numa cidadezinha do interior, Lucas recentemente saiu do armário. Tentando superar a des... Więcej

PARTE UM: [S]CEM AMIGOS
"VOCÊ É UM CARA MUITO LEGAL, LUCAS, SÓ NÃO É MEU TIPO."
MADRUGADA DE DOMINGO PARA SEGUNDA
"CADA UM TEM UM MOTIVO DIFERENTE PARA TER ORGULHO.
LUCAS E NICOLAS SÃO APENAS COLEGAS.
VÍDEO: MELHORES AMIGOS - BFF
"OPA, SAINDO UMA RODADA DE SUCO PARA A GALERA."
"AI, SUA FALSIANE TRAIDORA!"
A MESA DE JANTAR ESTÁ EM SILÊNCIO, NINGUÉM FALA DE BOCA CHEIA.
VÍDEO: ROSQUINHA DOCE
LUCAS E LAÍS GRAVAM UM SNAP NO INTERVALO.
PARTE II - RUMO AOS CEM MIL
É O TERCEIRO SINAL DE JOINHA QUE LUCAS VÊ NAQUELA MANHÃ, AO VIVO.
SOZINHO EM CASA, LUCAS PESQUISA MAIS SOBRE ALEX.
LUCAS ENCONTRA A MÃE SENTADA NA MESA VAZIA DA SALA DE JANTAR.
NO VISOR DO CELULAR APARECE O NOME DE NICOLAS.
AS FÉRIAS COMEÇAM, MAS LUCAS NÃO TEM SOSSEGO.
VÍDEO: AGRADECIMENTO
A BATIDA NA PORTA É UM LEMBRETE DE QUE EXISTE O MUNDO LÁ FORA.
QUANDO A GENTE SE SENTE PÉSSIMO, O MELHOR É DAR UM TAPA NO VISUAL.
VÍDEO: VISUAL NOVO
PARABÉNS, LUCAS, AGORA VOCÊ TAMBÉM É ODIADO VIRTUALMENTE.
A FESTA É ESTRANHA, O POVO É ESQUISITO, LUCAS SE SENTE DESLOCADO.
A TERRA É REDONDA, E GIRA.
LUCAS ABRE OS OLHOS PARA CONSTATAR QUE ESTÁ VIVO.
O MUNDO SE ACENDE NOVAMENTE.
VÍDEO: DESCULPA
ASSIM QUE LUCAS POSTA O VÍDEO ESCUTA UMA BATIDINHA NA PORTA.
LUCAS TEM MEDO DO QUE ALEX TEM A LHE DIZER.
E QUANDO CHEGA O FINAL DE SEMANA, LUCAS É OBRIGADO MESMO A DAR UM PERDIDO.
O CHURRASCO NÃO TEM NADA DE ESTRANHO, O POVO NÃO TEM NADA DE ESQUISITO.
LUCAS E A MÃE DIRIGEM EM SILÊNCIO.
LUCAS ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO,
O DIA ESTÁ MESMO LINDO LÁ FORA, PENSA LUCAS.
LUCAS PENSA SE FEZ ALGUMA BESTEIRA.
O DIA SEGUINTE AMANHECE CHUVOSO
TUDO O QUE LUCAS TEM PARA DIZER É RIDÍCULO.
AO LADO DA MÃE DE LUCAS, ALEX ESTÁ ENCHARCADO DE CHUVA.
OVOS, PÃES, QUEIJOS, FRUTAS, FRIOS.
PARTE TRÊS - UM MILHÃO DE AMIGOS
O VÍDEO DE LUCAS E ALEX JÁ TEM QUASE UM MILHÃO DE VISUALIZAÇÕES.
VÍDEO: PERU MOLHADINHO
"ENTÃO É NATAL, E O QUE VOCÊ FEZ?"
TERMINA O JANTAR E AS MULHERES TIRAM A MESA E LAVAM OS PRATOS.
VÍDEO: DOCE DE VÓ
DE OLHOS FECHADOS, FONES NO OUVIDO,
DE GEL, JAQUETA DE COURO, O PAI DE LUCAS SE OLHA NO ESPELHO.
QUANDO A MÃE DE ALEX ABRE A PORTA, A MÃE DE LUCAS QUASE DESMAIA.
JÁ É QUASE MEIA NOITE E A FESTA ESTÁ EUFÓRICA.
QUANDO ENTRAM ENFIM NO CARRO, LUCAS CHECA A MENSAGEM DE NICOLAS.
LUCAS ACORDA NO DIA SEGUINTE COM O OPOSTO DE UMA RESSACA.
VÍDEO: MEUS PAIS

JÁ PASSOU DAS DUAS E A FESTA NÃO TEM HORA PARA ACABAR.

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Autorstwa GabrielSpits



Lucas olha da varanda para dentro da sala, e vê seus pais dançando coladinhos, junto de vários outros casais. A música é meio das antigas mesmo, música de velho, mas é gostosinha; Lucas acha que pode ser Frank Sinatra ou algo assim. O clima está tão gostoso, todo mundo tão feliz; jovens, adolescentes, adultos, velhos, até uma criança ou outra dança na pista com os pais – outras já foram vencidas pelo horário e estão capotadas dormindo no sofá.

Allison puxa o rosto de Lucas novamente e lhe dá outro beijo. Estão assim há mais de duas horas, agarradinhos. No começo Lucas estava morrendo de vergonha que os outros os vissem ficando, mas logo percebe que ninguém na festa estava ligando, todo mundo estava se divertindo, e foi se soltando.

Na contagem regressiva eles desceram correndo as escadas da varanda, foram para trás de uma árvore e grudaram os lábios enquanto fogos de artifício explodiam por todos os lados. Foi estranho. Foi gostoso. Lucas já tinha beijado, de língua inclusive, mas só menina. O único beijo que tinha dado num menino – se é que podia chamar aquilo de beijo –, foi em Nicolas, um selinho... não foi a mesma coisa. Allison beijava... com vontade. Ele se sentia desejado no beijo dele, e não podia deixar de desejar também. Era só aquilo que faltava... Era aquilo que faltava para ele ter a comprovação completa do que ele queria, de quem era ele. Não faltava mais nada. Era outra coisa, beijar outro menino, a sensação. Tão diferente de beijar uma menina. Aquele corpo durinho colado ao seu, a química. "A química é louca, é paranormal, do além, do além..."

O beijo foi tão longo que quando eles olharam um no olho do outro novamente os fogos já haviam acabado, já tinha passado um ano inteiro. Eles sorriram. O olhar dos dois dizia "uau!" Lucas virou então para os lados e viu que não estavam sozinhos. Encostados entre as árvores próximas havia vários outros adolescentes, menino com menino, menina com menina, menina com menino e até um trio, que Lucas não estava certo se era três meninos, três meninas ou uma mistura de cada. Lucas e Allison se beijaram mais um pouco, não conseguindo se desgrudar (o perfume do Allison era tão bommmm...), então um dos amigos passou por eles puxando-os – Vão ficar se comendo aí a noite toda?

Agora as labaredas tinham baixado, mas o calor das brasas era intenso e constante. Quando não estavam se beijando, Lucas e Allison estavam de mãos dadas, para todos verem.

– Ahhhhhhh, que fofo –, Alex caçoa puxando a bochecha de Lucas. – Tinha certeza de que iria conseguir casar vocês dois. Uh-hu!

– Que casar, a gente só está ficando... – caçoa Lucas, como se "só ficando" já fosse algo normal para ele.

– É modo de dizer. Mas que casalzinho lindoooo vocês dois –, Alex continua, fazendo os dois meninos corarem. – Deixa eu tirar uma foto de vocês.

É a deixa para eles também fazerem selfies. Lucas não tinha mais tirado o celular do bolso desde a meia noite, quando ficou com Allison, na verdade tinha esquecido completamente que existia uma vida virtual. Agora quando pega o aparelho para fazerem a foto, vê que recebeu uma mensagem... de Nicolas.

Seu olhar preocupado chama a atenção do ficante. – Tá tudo bem? – pergunta Allison.

– Tá... só uma mensagem de feliz ano novo –, Lucas diz tentando afastar os pensamentos do falecido loiro. – Vamos fazer um snap?

Eles fazem vídeos, fotos, postam em suas redes, conversam, riem, beijam, quando Lucas vê está até ensaiando uns passinhos de dança.

Seu pai se aproxima. – Lucas, vamos daqui a pouquinho? Já são mais de três, sua mãe está com sono e ela que vai dirigir de volta.

Tudo bem. Lucas queria que aquela festa não acabasse nunca, mas sabe que aquele é só o começo. Começo do ano, de uma nova vida, de sua própria vida. Nesse ano ele fará dezesseis, e em breve terminará a escola, será maior de idade, terá suas próprias responsabilidades e desafios. Sabe que haverá muitos motivos para comemorar também, muitas festas pela frente. Ele se afasta um pouco para se despedir de Allison.

– Já vai? Dorme aqui; o Alex disse que tem dois quartos de hóspedes e um monte de colchão –, insiste Allison.

– Tá louco que meus pais vão me deixar dormir aqui.

– Então tá... Quando a gente se vê? Você vai pra São Paulo?

Lucas não sabe. Pouca chance de ir pra São Paulo tão cedo. E pelo que disse, Allison só vai ficar janeiro por lá, depois volta para Manaus. Podia convidar Allison para ficar na sua casa alguns dias? Talvez não seja boa ideia... Eles mal se conhecem... Vai ter de conversar com os pais... O menino parece estar empolgado e ansioso para que eles fiquem novamente.

– Preciso ver... A gente vai se falando... – Lucas responde, porque é a única coisa que pode responder. Allison parece um pouco decepcionado. O ano mal começou e ele não quer terminar as coisas assim, só quer ir com calma. – Adorei ficar com você, Allison. Foi uma delícia.

O menino sorri para ele. Allison tem mesmo um sorriso lindo. Lucas vai se despedindo dos novos amigos que fez, prometendo manter contato, então chega Alex, que está de mãos dadas com a menina negra.

– Alex, estou indo. Queria agradecer de novo... por tudo.

– Ai, Luquita da galera, já vai? Fica aí, tem um monte de quarto na casa, de repente até consigo arrumar um só pra você e o Allisonzinho... – ele dá um soquinho no ombro de Lucas e uma piscadinha.

– Kkkk, até parece. Preciso ir mesmo, minha mãe ainda tem de dirigir quase uma hora...

– Ah, é... Ela tá bem? Digo, não bebeu demais? Posso ver também se tem quarto pros seus pais, mas é que a gente também não tem taaaanto quarto assim na casa, né?

– Não, não, de boa. Meu pai bebeu um pouco, minha mãe não bebe. A gente vai mesmo...

Nesse momento Glória Ramos interrompe a conversa dos dois. – Filho, desculpa, será que você podia descer com algum amigo e pegar mais duas caixas de champagne que estão na geladeira do chalé. Já acabou quase todos os daqui de cima...

– Tá, tá, tô descendo... Olha, o Lucas e os pais estão se despedindo –, diz Alex.

– Já? Mas a gente ainda nem cantou parabéns... – diz Glória.

– Parabéns? É aniversário de alguém? – estranha Lucas.

– Não liga –, sorri Alex. – É piadinha interna aqui de casa... ou meme, meme ao vivo, sabe como é, tipo, "fica, vai ter bolo"?

Lucas sorri de volta sem entender direito.

– Bem, obrigado pelo convite, dona Glória. Adorei a festa, e acho que meus pais curtiram também.

– Eu que agradeço. Seus pais são uns fofos. Olha, sinta-se em casa quando quiser ficar aqui, ou no nosso apartamento em São Paulo, no Rio.

– Obrigado mesmo.

Os pais de Lucas então se aproximam. – Opa, viemos nos despedir, precisamos pegar estrada ainda –, diz o pai. – Queremos agradecer pelo convite. Foi uma noite muito bacana.

– Fazia tempo que a gente não se divertia assim –, diz a mãe de Lucas.

– Parecia até que a gente estava no começo do namoro, sem filhos... Porque o Lucas estava bem acompanhado, claro –, o pai diz, talvez um pouco soltinho demais pelo champagne. Lucas quer se esconder num buraco.

– Eu estava falando para o Lucas –, diz Glória. – Eu que agradeço, convidados assim que a gente gosta de receber em casa, alto astral, sem preconceitos, de bem com a vida. Foi um prazer receber vocês. E olha, adorei o bolo.

Lucas não sabe nem se ela comeu o bolo, acha mais engraçado ela se referir a seus pais assim: "alto astral", "sem preconceitos", "de bem com a vida." Ele jamais usaria essas palavras para descrevê-los, mas fica pensando o quanto é verdade, o que tem de mentira.

– E olha... – o pai se pronuncia novamente, – adorei você naquela novela Pétalas não Ferem. Você estava linda...

– Querido... –, a mãe acotovela o pai. – Isso já faz quase vinte anos...

Glória sorri, sempre política. – Ah, obrigada. Também tenho um carinho especial por aquele papel. 

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