O MUNDO SE ACENDE NOVAMENTE.

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Lucas acorda algumas horas depois, um pouco melhor do enjôo, com uma fome e uma sede dos diabos. O celular está sem bateria, ele vê as horas no monitor: 14:43. Pô, que houve que os pais o deixaram dormindo até tão tarde? Lembra que deve ser sábado, férias, ainda assim... Decide descer afinal e enfrentar o dia.

– Bom dia... –, ele diz para a mãe que lava pratos na pia, de costas para ele. Já espera ouvir a correção "boa tarde", nem isso ela responde. Ele vai até a geladeira, abre, vê o que há para comer. Pega a garrafa de Coca-cola.

– Tem um prato de comida para você no forno, é só esquentar –, diz a mãe, enfim. – Seu pai deu uma saída; daqui a pouco chega e vai conversar com você. Eu estou cansada de tentar colocar juízo na sua cabeça.

A mãe sai da cozinha e Lucas fica parado com a geladeira aberta, sem saber o que fazer. Dessa vez ele abusou mesmo, enfiou o pé na jaca, e não sabe o que fazer para os pais voltarem a confiar nele, não sabe para quem deveria pedir desculpas, não sabe que caminho seguir. Ele pega o prato no forno – purê de batata com carne moída, arroz e brócolis - e esquenta no microondas.

Seu cachorro aparece na cozinha.

– Oi, Tobias... – ele se estica para fazer um carinho no cachorro, que foge, estranhando-o.

Enquanto ele come na mesinha da cozinha, o pai chega. Senta-se ao lado dele em silêncio, observando Lucas comer. Finalmente fala. – Tá se sentindo bem?

– Mais ou menos –, Lucas admite.

O pai anui. – Onde está sua bicicleta?

– Minha... bicicleta? – Lucas titubeia.

– Sim, aquele veículo leve não motorizado de duas rodas com que você saiu ontem...

Lucas olha triste para o pai, não conseguindo rir do sarcasmo. – Acho que deixei lá no rio...

O pai suspira. – Lucas... sua mãe está muito preocupada com você. E eu também. Na verdade, sempre me preocupei, por você ser tão fechado, sem amigos. A gente é muito diferente, não só pela distância de gerações; eu sempre quis que você aproveitasse mais a vida, sua juventude, mesmo que não fosse do meu jeito.

Lucas continua comendo sem responder. Não tem o que responder.

– Mas isso, ontem à noite... – o pai suspira. – Eu não faço ideia para onde você está indo, filho. De um dia para o outro descubro por um vídeo na internet que você é... homossexual. Não sei com quem você fala pelo seu computador, que sites anda visitando. Meses atrás você apareceu aqui em casa todo roxo dizendo ter sido atropelado, daí ontem você me aparece em casa completamente torto, com cheiro de bebida, maconha e sei lá mais o quê. Eu não quero ser o pai chato que proíbe tudo, que deixa de castigo, mas preciso entender o que está acontecendo, Lucas. Sou responsável por você; não posso deixar você viver sua vida até receber a notícia de que foi encontrado morto por aí.

– Eu não vou ser encontrado morto por aí –, solta Lucas, nervoso. – Eu fiz besteira ontem. Fui numa festa de uns amigos do colégio... –, aquilo não é exatamente mentira, mas não chega a ser verdade, – e acabei experimentando um pouco de bebida... acabei exagerando... Foi você mesmo quem disse que eu precisava experimentar...

– O quê? Não venha com essa, mocinho, eu nunca disse que você precisava experimentar álcool, drogas, ainda mais com a sua idade!

– Sim, você me disse, naquela vez que a gente foi na pizzaria! Que era normal experimentar, que você mesmo já tinha fumado...

LUCAS E ALEX - Amores ConectadosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora