Uma Garota Incompleta

Bởi brenddafernanddes

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Genna Well vive uma vida que acha ser boa. Ela não tem amigos, não sai, não ama, não se aventura. Tudo isso s... Xem Thêm

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Bởi brenddafernanddes


Eu não fazia idéia de onde Joe mora, agora dá pra entender porque ele é tão vivaz. Ele vive em Rock Bottom, mora em cima de uma loja de discos, com a mãe, pai e tio. Eles são donos da loja, usam roupas descoladas, falam muitos palavrões, e são exatamente como Joe, totalmente pirados. O quarto dele é um verdadeiro parque de diversões. Pôsters, livros, CDs, roupas jogadas, cores vibrantes e vida, muita vida. Foi difícil me adaptar ao verde limão das paredes. E aos abraços apertados que ele vive me dando à toa. Estamos andando juntos há alguns dias e não poderia ser mais... Normal. É, é normal ter um amigo. É normal ter com quem conversar. É normal não estar sozinha no almoço.

O que ainda não é normal é o Joe xeretando nas minhas coisas.

—Dá pra parar?—tiro o rosto do livro de poesias. Joe está dentro do meu closet —O que está fazendo aí?

—Olhando. O que são essas caixas de madeira?

—Caixas de madeira. —ironizo —São as coisas da minha mãe, pare de mexer, por favor.

Ele saí de dentro do closet com o caderno de capa marrom da minha mãe. Bufo. Ele não me escuta, impressionante.

—O que é?

—Minha mãe escrevia aí. —respondo deixando o livro de lado —Me devolve.

—Calma garota, só quero ver. —ele folheia o caderno —São poucas páginas pra ser um diário.

—Não era um diário Joe. —ele senta ao meu lado ainda folheando o caderno—Ela escrevia poemas aí. Um por ano.

—Sério?

—É, não tinham dias ou meses certos, a certeza é que uma vez por ano ela escreveria nesse caderno. —explico-lhe—Ao todo são 16, ela começou a escrever aos 15 e morreu aos 31.

—Sinto muito. —murmura parando em uma das páginas —Ela não dava títulos a eles?

—Nem sempre. —olhar pra letra dela é... Tenso. É uma letra tremendamente parecida com a minha —É melhor guardar.

—Deixe-me ler um.

—Joe não, é melhor não. —advirto-o e quando penso que me desobedecerá ele me estende o caderno—Obrigado.

Ele assente.

—Deve doer, ver o que ela deixou aqui não é? —apenas assinto indo guardar o caderno no lugar dele—Seu pai sente a falta dela?

—Ele sente mas não é só a mamãe que se foi, tem a mãe do Sam, ela foi o primeiro amor dele. —deito na cama de barriga pra baixo e Joe me acompanha, estamos lado a lado —Meu pai deixou a mãe de Sam quando ele tinha 5 anos, e quando ele formou a nova família Sam já tinha 7. A minha mãe quis o Sam assim que a mãe dele falecera e eles nos aceitou tão rapidamente que só podíamos agradeçer por tê-lo conosco. Pouco tempo depois foi a vez da minha mãe.

—De que ela morreu?

—Aneurisma cerebral —dou de ombros —Foi tão rápido quanto pegar un resfriado. Entendi a dor de Sam ao ouvir dos policiais que sua mãe morreu na porcaria de um acidente. —mordo o interior das bochechas —Nenhuma delas queria ir mas foram, é algo tremendamente injusto.

Um silêncio se forma entre nós até que Joe desliza os dedos pela minha mão fechada, ele abre minha mão e segura firme.

—Acredito que, por mais cruel que seja, tudo aconteçe por uma razão. Então vamos pensar que, duas pessoas maravilhosas morreram no passado para que duas pessoas maravilhosas vivessem este presente.

Fico olhando pra Joe, anestesiada. Ele tem os olhos de alguém com quem eu poderia me perder. E diz exatamente o que essa pessoa diria. Aperto a mão dele.

—A essa altura, é oficialmente meu melhor amigo.


                Sam foi comprar algumas porcarias para comermos no gramado. Joe e eu estamos ouvindo música, mais Arctic Monkeys. Ele está deitado com a cabeça apoiada nos braços e eu apenas balanço os pés, sentada no chão com as pernas estiradas. Estou usando meias enormes e um suéter do Sam que me serve como vestido.

—Já pensou em como é isso? —Joe pergunta do nada. Olho sobre o ombro, não sei do que está falando —Falo da letra da música, do que ele está cantando —ele advinha meus pensamentos—Essa música se chama Desespero no saguão de desembarque, o Alex canta por 3 minutos que nada tem significado se ela não está mais lá, você pensa nisso, em quando será deixada para trás por alguém que ama?

—Não acho que quem eu ame será meu algum dia Joe, então assim nunca o perderei, porquê nunca o terei dito.

—Puta merda, você é deprimente pra caralho. —ele diz mas está sorrindo —Onde está sua tarja de “perigo" ?

—Bem aqui. —aponto pra minha testa.

Joe assente.

—Eu consigo ver, está neon e em maiúsculas gritantes. —sorrimos um para o outro —Lá vem o Sam.

Ele senta rapidamente. O SUV está desçendo a rua. Os vidros são transparentes então vejo que ele trouxe mais gente. Logo Sam passa por nós e estaciona na garagem. Asher e Arian estão com sacolas de cervejas. Liam trás os salgadinhos. Sam apareçe abrindo os braços.

—Uma festinha só nossa mana, falei com o pai e ele deu o OK, contanto que ninguém suba lá em cima e encha o saco dele. —Sam senta ao meu lado entre Joe e eu —Vai ficar aqui, certo?

—Vai. —Joe responde por mim me lançando um olhar super apelativo.

—É eu... Vou ficar. —minha voz saiu vaga e Sam finge não perçeber —Então, o que vão fazer? Beber até cair ou algo mais criativo?

—Posso ligar pra umas amigas. —Liam se ofereçe —Podemos jogar algum jogo.

Controlo a risada. Em todo filme idiota existem esses jogos adolescentes que acabam em beijos, seios de fora, gente bêbada ou segredo revelados.

—Não é verdade ou consequência é?—pergunto e Liam sorri —Merda, não dá pra ser só com agente pelo menos?

—É melhor só com agente assim ficaremos chapados mais depressa. —Arian diz abrindo uma das latas de cerveja —Que começe a porra do jogo.

Cada um está com uma lata de cerveja em mãos, formamos um círculo no gramado. Sam roubou uma das garrafas de whisky do pai e ele mesmo girou primeiro. Sam desafiou o Liam a ligar pra uma tal de Tarry e terminar tudo o que tinham, Liam o fez. Depois foi a vez de Arian dizer uma verdade a Joe, a verdade é que nas aulas de educação física o Arian gosta de trocar a água por vodca. E então agora a boca da garrafa para em mim e o fundo em Asher.

—Verdade ou consequência Genna? —Asher está bem mais sério do que costuma ser e é por minha causa, claro. Fui agressiva com ele, e bem mal educada.

Respiro fundo. Verdade ou consequência? Não sei. Verdades são duras. Consequências são... Consequências.

—Consequência.

Asher morde o lábio superior, pensando.

—Desafio você a correr pelo bairro de calcinha e sutiã.

—Merda Asher! —Sam bate nele —Que tipo de desafio é esse seu babaca?!

—É um desafio porra. —Asher dá de ombros —Quer que eu mude Genn?

Olho pro Joe que pareçe curioso. Eu tenho coragem pra fazer isso? Sorrio ficando de pé.

—Posso continuar com as meias? —pergunto e Asher ri, erguendo o polegar em sinal positivo —Então tá.

—Genn...

—Tudo bem Sam, é só correr até lá e voltar. —falo rindo. Tiro o suéter pela cabeça —Até mais.

Corro de uma vez. Nem consigo imaginar em como pareço maluca. Corro rápido, sentindo os cabelos roçando nas minhas costas. Avisto uma das vizinhas no gramado bebendo chá. Sorrio parando.

—Olá sra. Jones! —aceno e continuo a corrida. O frio da noite atingindo minha pele como uma manta protetora. Chego ao final do bairro e vejo os meninos no gramado lá de casa. Estão perplexos. Volto. Corro mais devagar. Quanto mais perto chego mais bobos eles pareçem.

—Não acredito que você fez! —Joe vem a mim rapidamente e me cobre com o suéter, me veste como um pai preocupado —Você é maluca Genn! —ele me abraça lateralmente.

Os meninos batem palmas mas Sam ainda pareçe chocado.

—Mas você queria que eu fosse, certo Joe?

Ele sorri.

—É, eu queria ver a sua bunda branca, bem, agora é a vez do Liam.

    Nós jogamos até ficarmos bêbados. Os desafios foram bons mas nada como o meu. Os meninos não param de repetir o quanto foi demais. Sam não para de me encarar com uma interrogação na testa. E eu só não conseguia parar de pensar nas mãos de Joe a minha volta. Foda-se a direção em que tudo está indo, só quero as mãos dele em mim mais uma vez.

*

A moto do sr. Nicholson é demais! Tudo bem, até eu sentar na garupa uma moto me pareçia nada mais que a máquina mortífera do nosso século mas não! Andar de moto é demais! Não entendo nada de moto mas sei que é uma Harley Davidson, o modelo não faço idéia de qual seja, só sei que é linda. Estamos indo pra escola nela hoje. E é uma bela forma de se começar uma segunda feira.

Joe está usando seus óculos de aviador, jaqueta de couro preta, jeans escuro e botas. Eu estou de jeans branco rasgado nos joelhos e regata preta. Acho que pela primeira vez, me acho parte disso de verdade. Meus braços estão em volta de Joe, mais um ponto positivo pra moto.

Joe não pega a entrada pro estacionamento, ele para diante do campus. Desço da moto e tiro o capacete.

—Carona maneira.

—Falei que a moto é incrível, não falei? —ele se gaba enfiando o braço no capacete —Vou ter que ficar na loja pelo turno da manhã, meus pais foram à  LA e meu tio não é tão lúcido assim pra tomar conta do lugar. Te vejo no almoço, ok?

—Está bem, bom trabalho então.

Ele sorri.

—Boa aula Genna. —me dá uma piscadela —Guarde meu lugar.

—Não é como se alguém sentasse comigo no almoço.

Ele me lança um beijo no ar, ignorando o que eu disse e vai embora. Quando me viro congelo brevemente. Tinha bastante gente nos olhando. E admito que não me pareçe tão ruim. Sigo caminhando, ignorando todos ao meu redor. Ao chegar no corredor dos armários vejo Liam diante do meu, com dois cafés nas mãos. Franzo o cenho.

—Onde está o Sam?

—Esqueça ele Genna, só quero te levar pra aula, você vai ter História agora não é?

—É. —pego o café que ele está me oferecendo—Valeu.

—De nada. —pisca pra mim —Vamos?

—Vamos.

Isso está estranho. Mega estranho. E ainda consigo perçeber os olhos de todos em mim. Não entendo o que está aconteçendo.

E então pouco antes do almoço eu entendo; todo mundo sabe do desafio. Todo mundo está surpreso. Mas os meninos, especificamente, estão excitados —é o que Susanna Simon me disse, na aula de Álgebra.

E isso não é o que se espera pra uma segunda feira. Ah, e eu não esperava que metade da escola estivesse na minha mesa do almoço.

—Hey. —sinto mãos em meu braço e quando acho que é Joe, vejo o rosto pálido de Asher—É melhor vir comigo, srta. Celebridade.

               Ao que tudo indica a camionete do Asher é o refeitório particular dele. Estamos sentados na carroceria outra vez, almoçando.

—Pode me explicar porquê me arrastou pra cá?—pergunto antes de começar a tirar o lanche da mochila.

Asher balança a cabeça, perplexo.

—Todo mundo sempre quis ser amigo da irmã do Sam Well, acho que sabe disso mas seu irmão foi bem claro com as regras “Não perturbar Genna”, “Não forçar a barra com a Genna” , “Não se aproximar da Genna por minha causa” e etc... —acabo rindo, Asher dá de ombros —Então depois de ontem, depois de você mostrar pros caras populares que é corajosa, as pessoas passaram a ignorar Sam. Querem realmente se aproximar de você.

—Eu só corri quase pelada pelo meu bairro, é isso que torna as pessoas populares?

—Não de todo. —explica—A coragem que teve que ter pra cumprir o desafio é que te faz diferente.

—Ainda não entendo. Quero dizer, todos nós fizemos maluquices porque só o meu desafio significou algo?

—Porque você é especial e uma hora ou outra todo mundo ia perçeber isso.

Tiro meu lanche da mochila.

Não sei o que dizer mas sei que não vou sair daqui. Ninguém sairia depois de ouvir algo assim. Eu seria maluca se saísse.

Sorrio para Asher e ele retribui com seu sorriso cheio de vida do qual eu havia me esquecido.

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