Crosswords

By kcestrabao

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Lauren é responsável por fazer as palavras cruzadas do mais importante jornal de Nova York. É uma mulher que... More

Camila
Cabello
Anel
Olhos Castanhos
Beautiful
Aceitação
Please, No Promise
Almost a Suavim
All I Have
I'm Here
Christmas
Sides
Be Loved
A Few Things
Feelings
Crossword
Cruzada
Mistake
Gitana
Amor
I Know You
Supposed
Almas Entrelaçadas
Casamento
Desire Lesson
Primeiro Beijo
Gift
Far Away
Verdade
Usted
Escolhida
Love Story
Lust & Love
Sinta
Diving Deep Into You
Sixth Sense
B*tch
Kali
Karla
Sensación
Nice To Meet You, Lauren
Destino
Loca Enamorada
Say It
Crossed Worlds
Vows
Home
Collide
Body & Soul

Slowly on You

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By kcestrabao


Narrador POV

Music on* I Still Love You – Josh Jenkins

Normani Kordei esperava ansiosamente no corredor. Não era exatamente alguma ação que poderíamos citar como normal, mas ela o fazia mesmo assim, sentia que devia, todas as manhãs.

Se remexeu dentro de sua jaqueta de couro, e caminhou até o exato número 625. Pairou o olhar sobre os números dourado por segundos, até se curvar, pousando uma única rosa frente a porta, e suspirou, se movendo ansiosamente em direção ao final do corredor. Como a todos os dias faziam.

Isso se hoje seus planos não tivessem sido, repentinamente mudados.

- Normani... – Ouviu o barulho perceptível de porta sendo fechada e ela fechou os olhos, abaixando o rosto, sem muitas forças internas para se virar e encarar de imediato o que tinha que encarar. Covardemente se manteve de costas, tamborilando os dedos.

- Normani. – A voz se elevou um pouco mais, tornando o tom suave algo mais denso. Ela se virou lentamente, olhando a distância. Dinah segurava a rosa nos dedos. Olhando através de todo o corredor para a estilista, que em meio a alguma paralisia torturante, engoliu em seco, sentia-se idiota por ter sido pega, não era exatamente o que queria.

Mas ela não contava que Dinah, ao desconfiar, tivesse resolvido esperar naquela manhã, para descobrir quem era a pessoa que colocava uma rosa vermelha todas as manhãs frente à sua porta durante as últimas semanas. Não foi ela que se aproximou, foi Dinah, que percorreu toda a distância em passos calmos, ainda não estava pronta para trabalhar, seu rosto estava sem maquiagem, e era bonito, Normani não conteve de perder o olhar nos detalhes, focando no vestido leve, o tom claro.

- Por que está fazendo isso? – Dinah perguntou, baixo, parecia que em sua voz havia descontrole, falhou em algum ponto. Era certo que ambas se olhavam motivadas por coisas internamente não ditas. Dinah sobrevivia agora das dúvidas, Normani se motivava por pequenas ações, por esperança.

- Desculpe, não queria ofende-la. – Normani franziu o cenho, abaixando o olhar um pouco perdida demais para conseguir boas desculpas. Fazia porque a amava, e a queria de volta, e faria todas as idiotices românticas para conseguir aquilo, porque não podia ficar sem Dinah, e sabia que tornar aquilo palavras não resultaria em nada, confiança foi rompida, e ela estava pagando aquele preço.

- Eu sinto que... Obrigada. Mas... – Dinah pausou ao vê-la olhar para si, os olhares se encontrando em meio a sua fala. Ela suspirou. Ainda a amava tanto...

- Não precisa fazer isso, não precisa se incomodar com isso ou se importar... Só... – E não estava com confiança em sua voz para conseguir completar. Normani apenas se negou, um pouco envergonhada por ter sido pega.

- Eu sinto muito, se te incomoda eu não faço mais... – Dinah olhou para a rosa em mãos. Não era um comportamento diferente de tudo aquilo que Normani era quando estavam dentro de um relacionamento, sempre havia sido uma mulher extremamente romântica, e pensar daquela maneira lhe trazia uma nostalgia dilacerante.

- Você não precisa fazer estas coisas... Vir aqui e fazer isso, ou qualquer outra coisa, não precisa me provar nada... – Era basicamente um discurso derrotista de Dinah, tornando a caminhar na direção de fim e nada mais que aquilo. Ressentimentos viriam em torrentes, era certo, mas sentimentos eram incontrolados, e isso também não poderia negar.

Com a mesma proporção que poderia dizer para Normani não voltar mais, ela também poderia usar para simplesmente pedi-la que ficasse porque dilacerava demais pensar que já não eram mais uma só.

A estilista assentiu, apertando os lábios, aproximou um pouco, relutava sobre mover-se, mas aproximou, e focou exclusivamente nos olhos dourados, brilhantes, magoados, mas ao mesmo tempo ternos, apaixonantes.

- Eu não faço nada para te provar alguma coisa. Eu simplesmente te amo, muito, e eu sei que eu sou uma idiota, que eu fui, e que você ainda crê que eu sempre serei uma idiota. Mas eu não vou desistir, porque eu quero você, e eu só sinto que posso te deixar se me falar que não me ama mais, só isso pode me fazer desistir de nós. Sei que não confia em mim, que me vê como uma louca enciumada, que destruiu você porque acabei fazendo alguém que você se importava sofrer, não uma, mas duas vezes, eu sei, e eu me arrependo amargamente disso, se eu pudesse voltar ao passado e fazer algumas coisas diferentes, então eu faria, porque eu não suporto a ideia de não ser eu a estar ao seu lado. Então eu não peço piedade para que me deixe tentar, só me diga logo que não me ama, porque eu ainda amo você e isso não me deixa desistir.

Olhava diretamente a Dinah, respirando profundamente ao ouvir tudo o que tinha a falar. A jornalista desviou o olhar, porque não era o que conseguiria falar, e a maneira que seu peito batia alucinado e esperançoso também a fez relutar, sendo contrariado apenas por ser coração dilacerado que, mesmo louco, ainda dava passos e passos atrás, com medo de ser quebrado novamente.

Normani manteve a postura próxima, e foi Dinah que tocou em seu pulso. De imediato o toque a fez tremer. Era tanto como contenção, como necessidade de tocar e conectar à alguma coisa, estava confusa.

- Por favor... Vai. – Dinah pediu, a voz rouca tão baixa e tremula que Normani assentiu, rapidamente, olhando para a ex noiva, enxergando em seus olhos tantas coisas se derretendo.

- Desculpa. – Voltou a repetir, e com pesar, moveu o pulso do aperto de Dinah, deixando seus dedos tocarem nos dela por segundos que pareceram eternos. Depois de tanto tempo, eles se tocaram e ela se afastou. Caminhando rapidamente pelo o corredor e entrando no elevador. Ao ouvir as portas se fechando, levou ambas as mãos ao rosto e se curvou, um pouco desesperada demais para conter.

E tão silencioso quanto o ambiente a sua volta, ela chorou, sozinha.

Music on* Arms – Christina Perri

Assim como foi a última a cair no sono noite passada, Lauren foi a primeira a despertar pela manhã. O olhar esmeralda um pouco confuso, como sempre ficava pela manhã, procurando vestígios familiares a sua volta. Isso até que a percepção de que não estava em sua casa a atingiu, fazendo mover um pouco do rosto, os olhos se focando em Camila.

Apenas podia ver os cabelos castanhos caindo em cascatas sobre o travesseiro, o rosto virado em outra direção. Estava de barriga para baixo, as costas metade descobertas, deixando a pele bronzeada brilhar na tímida luz do dia que entrava pelas frestas de cortina que estava levemente entreaberta.

Lauren suspirou, se virando na cama e focando o olhar no padrão delicado de detalhes creme no teto. Pareciam rosas desenhadas em um degrade delicado, que só com muita atenção poderia perceber. Era como um bom papel de parede, dos rodapés do teto. Era tão Camila que não se espantou em derreter-se com a informação.

Olhou para o lado, um relógio delicado, prata, na mesinha de cabeceira indicava 8:03am, pensou imediatamente em seu trabalho, onde precisaria estar aproximadamente uma hora e 30 minutos além daquele tempo. Sabia que precisa ir embora para ir trabalhar, mas ao virar o rosto e focar em Camila dormindo, lembranças lhe atingiram todas de uma vez. E com isso, com seu jeitinho atrapalhado, ela se moveu, apoiando o corpo no braço esquerdo visualizando um pouco perdida as costas de Camila.

A tinta negra da tatuagem a fez suspirar, completamente perdida no detalhe cursivo Romani. Ainda podia se lembrar do significado, e aquilo a fez sentir a intensa vontade de tocar sobre a tatuagem novamente, mas se conteve, tocando no ombro de Camila. Precisava dizer, mesmo que brevemente, que precisava ir embora para se arrumar para o trabalho.

Não podia desapontar Mariele.

- Camila... – Sua voz era baixinha, lotada de relutâncias, tentou, esperando que fosse o suficiente, e foi... Camila moveu o rosto sobre o travesseiro, virando em direção à Lauren, olhando um pouco grogue.

- Hey... – O tom rouco veio doce e arrastado. Lauren abaixou o corpo, repousando no travesseiro novamente, a olhando.

- Oi, eu... huh, eu queria avisar que preciso ir embora para me arrumar para o trabalho, eu... Não queria te acordar... – Tentou, receosa. Camila fechou os olhos negando, um pequeno sorriso débil na boca.

- Eu te levo, no carro, não precisa se apressar, aliás... – Fez uma leve pausa, se movendo, o rosto se aconchegando no vão do pescoço de Lauren, o braço vindo firme para lhe envolver a cintura, sobre a seda do lençol.

- Eu sei que Mariele pode ser bem abusada quando ela quer, vou conversar com ela, vou a NYP hoje. – Falou baixinho, contra o pescoço de Lauren, que assentiu, deixando o braço se mover para pousar sobre o de Camila, que não avisou que se moveria, enfiando a mão por debaixo do lençol, e Lauren, desnuda, sentiu a bochechas queimarem, se movendo inquieta.

Camila, percebendo seu ato, moveu o rosto, para a encarar. Um traço de sorriso na boca.

- Sente vergonha? Ainda? Mesmo depois de noite passada? – Perguntou.

Lauren sentiu o rosto queimar mais, o que só fez a bibliotecária sorrir mais. A abraçando, movendo o rosto para próximo de seu ouvido.

- Tenho um segredo para você... – Sussurrou. Lauren assentiu, engolindo em seco. Camila apoiou a mão sobre seu ombro desnudo.

- Você é linda, toda... – O sussurro trouxe a sensação de vertigem a Lauren, que sentiu a pele se arrepiar.

- Camila... – Tentou protestar, mas Camila não ligou.

- Cada pedaço... Não deveria se cobrir tanto... – Insinuou, beijando o rosto de Lauren e se movendo para sair de cima dela, deitando ao seu lado. A cruciverbalista se sentia queimar com a palavras, sentia-se diferente...

- Eu vou tomar um banho rápido, e te levo em seu apartamento para se arrumar. – Ela falou, se sentando a cama, movendo o lençol com seu corpo, curvou, capturando o robe ao chão e se envolveu nele, ágil, deixando um único vestígio das coxas expostas. Lauren foi pega a olhando e corou, tentando desviar o olhar.

- Uma das coisas que eu aprendi, é... Não se pode ter vergonha de ter aquilo que já lhe foi dado, meu amor. – Camila falou brandamente, se erguendo da Cama. O olhar castanho veio ao rosto de Lauren, que em seu silencio a olhou, completamente pensativa.

- Já venho... – Saudou, dando uma piscadela e se moveu pelo quarto em direção ao banheiro. Lauren se recostou no travesseiro, cobrindo os olhos com as palmas das mãos, pensando e pensando. E em meio a tantas coisas que pensava, sorriu, estava tão feliz.

E em meio a aquela felicidade e ao ouvir o barulho do chuveiro sendo ligado, ela se sentou na cama, procurando por todas as suas vestes, olhando o padrão bagunçado delas. E era para ter sua própria sincope se fosse um dia normal, mas não era, o que só a fez curvar e pegar suas roupas, vestindo calmamente cada peça, idealizando seu banho da manhã quando chegasse em casa.

O que ainda a fez pensar em Jor El, ontem ao sair, havia deixado comida reserva para que ele não ficasse com fome, mas mesmo assim, pensar nele a fez preocupar-se com seu pequeno.

Lauren se perdeu na maneira que colocou os braços em sua jaqueta de couro, até que o barulho de vibração a fez mover o olhar curiosamente. Sobre a mesinha de cabeceira, o telefone branco vibrou. Se aproximou, perdida demais para reparar em algo na tela, só havia percebido que era o telefone de Camila.

- Hey, seu telefone, alguem te enviou algo. – Falou alto, se movendo mecanicamente até próximo da porta do banheiro segurando o aparelho em mãos, pausou, relutante. Tomando forças internas para bater, mas não precisou, a porta se abriu logo na sua primeira menção de tocar. Os olhos se perderam instantaneamente nas gotinhas de agua escorrendo pela lateral do pescoço de Camila.

- Oh, aqui... – Sussurrou perdida. Camila sorriu, mesmo sabendo que Lauren não prestava atenção e tocou em seu telefone, olhando para a tela. O sorriso se esvaindo no mesmo segundo ao ler o conteúdo da mensagem.

Bufou resignada.

- Babaca. – Sibilou entredentes, atraindo a atenção de Lauren que finalmente se focou no telefone dela em mãos.

- O que? – Perguntou confusa. Camila virou a tela do telefone para Lauren que focou o olhar lendo o que estava escrito.

"Amor, eu amei noite passada, vamos repetir e deixar rolar. Com amor, Seu Austin."

Lauren franziu o cenho confusa.

- O que? – Apontou para o telefone. Camila revirou os olhos, bufando.

- Ele mandou no intuito de que você visse, isso é óbvio. Foi ele que te falou alguma coisa? – Camila perguntou a olhando. Lauren franziu o cenho, negando.

- Eu nunca mais o vi desde aquele dia na cafeteria... – Falou um pouco perdida. Camila assentiu, apertando o maxilar.

- Ele anda doentio, como raios eu estaria com ele noite passada? – Ela gesticulou para o telefone, tocando na mensagem e a deletando imediatamente. Lauren parecia muito confusa para dar sugestões, então apenas olhou a namorada fazer alguns movimentos rápidos no telefone.

- Eu bloqueei o número dele. Nunca dê 1% de atenção ao que ele diz, certo? – Camila pediu, olhando para Lauren atentamente, devolvendo seu celular. Lauren assentiu, olhando Camila se mover um pouco, se apoiando na porta.

- Eu vou terminar meu banho, não quer... – Fez uma menção delicada sobre o ombro, arrastada. Lauren apertou os lábios, abaixando o olhar, foi a vez que notou a toalha a envolvendo o corpo.

- Eu...huh, eu vou para a sala... Huh, não quero atrasar e... – Limpou a garganta, gesticulando confusamente para atrás, segurando o celular de Camila em mãos. A bibliotecária, cerrou o olhar, a olhando mover toda confusa para rechaçar sua oferta. Achava adorável ver Lauren tão confusa apenas com o mencionar daquela proposta.

- Tudo bem... – Pareceu aliviar a cruciverbalista que assentiu, pousando o celular de Camila onde estava e caminhando mecanicamente para a sala. Camila a olhou fazer todo o trajeto, fechando a porta novamente com um sorriso de canto nos lábios. Se havia algo que não poderia se conter de fazer, era sorrir, não depois da noite passada.

Lauren apenas se sentou ao sofá, tentando pensar de maneira menos confusa, o olhar esmeralda buscando por algo ao que se focar, mas sua mente parecia perturbadora demais a aquele ponto. Sentia-se patética por ter vergonha, mas não podia se conter de ter vergonha, mesmo que ao se lembrar de Camila nua pudesse queimar como um pimentão, poderia lembrar do fascínio que lhe fez e faz sentir.

Era muito bonito, não se esqueceria. E Camila é uma ótima... Ela não sabia definir ainda qual a palavra mais certa para gracejos tão incontrolados. Apenas sentia que havia atingido outra dimensão. Estava feliz por aquilo, e mesmo que tentasse se recordar de todas as sensações. Não conseguia.

Era único.

Não demorou muito, para que os sons de saltos batendo ao chão, rompesse Lauren de sua bolha de pensamentos e a fizesse olhar sobre os ombros, engolindo em seco ao avistar Camila caminhando apressada pelo o corredor, não olhava para Lauren porque havia encontrado alguma flor no meio do caminho que precisava ser reidratada, e ela perdeu a atenção ali, nas mãos da latina, lotadas dos anéis de ouro, tocando no caule e nas flores, analisando atentamente.

Lauren desviou o olhar para suas vestes, e era outra face mais social, a calça branca de corte reto terminava no salto alto de tiras em um tom clarinho de rosa, as peças de cima, era um blazer diferente, ele tinha rendas próximas as mangas, e lapela, em tom rosé, o que dava mais delicadeza para a peça social, Camila logo se virou, olhando para Lauren que a olhava em silencio.

- Eu acho que elas precisavam de agua. – Falou sorrindo, com lábios em tom rosa escuro, quase em um tom nude, ao passar pela namorada na sala, deixando o rastro avassalador de seu perfume para atrás. Lauren sentou novamente no sofá, suspirando, o olhar baixo e o pensamento perdido: "Até eu acho que precise um pouquinho."

Camila voltou a sala, segurando uma jarra de agua. Moveu até as flores, e moveu-as de lugar, colocando dentro da nova jarra de agua. Demorou segundos para aquilo, fazendo tudo tão segura e metodicamente que Lauren até podia se esquecer que tinha que trabalhar, tamanha terapia de movimentos.

- Hey... Vamos lá? – A voz aveludada a despertou novamente. Ela se ergueu do sofá, assentindo. Camila pediu apenas um segundo, caminhando apressada até o quarto e logo voltou, segurando uma bolsa em mãos e as chaves do carro. Ao se aproximar de Lauren e sorrir, tão perto. A cruciverbalista suspirou, franzindo o cenho.

Estava muito linda aquela manhã, enxergava algo diferente nela.

- Algo? – Camila perguntou, abrindo a porta de seu apartamento. Lauren negou, silenciosa, saindo para o corredor. A bibliotecária a acompanhou, trancando seu apartamento e acenando para que fossem. Lauren assentiu, não esperando o movimento de aproximação de Camila, até podia sentir seus ombros quase se roçarem.

- Uma coisa que eu devo me acostumar todas manhãs é com seu silêncio... – Camila citou repentina. Lauren fez uma careta, como se pedisse desculpas com o olhar.

- Eu...huh, estou feliz. – Falou baixinho, olhando para baixo. Camila moveu mais, tomando sua mão na dela, entrelaçando os dedos. A sensação suave, e o calor, o material delicado dos anéis contra sua palma. Lauren focou-se ali, no contraste de tudo, de suas peles, de suas mãos, dos anéis, do aperto seguro, tudo...

- Eu também, muito... – Camila confessou-lhe baixinho, caminhando lado a lado. E o toque não se rompeu até que Camila destravasse o Jeep, ajudando Lauren a se acomodar.

- Quer tomar café na cafeteria de Mama, comigo? – Camila perguntou, persuasiva, apoiando a mão na porta, olhando para Lauren dentro de seu carro. Ela relutou olhar para Camila, mas quando o fez derreteu-se completamente no olhar castanho que a velava, esperando uma resposta. Apenas conseguiu assentir.

Camila sorriu, satisfeita com a aceitação de sua proposta, fechou a porta e contornou o carro entrando ao volante. Sua animação era sua, e ninguém poderia arrancar-lhe nem que tentasse. Todo o trajeto, foi preenchido por ocasional silêncio pela falta de palavras de Lauren, ou de alguns monossílabos que trocavam.

No final das contas, ainda assim era um silêncio confortável, que trazia um preenchimento próprio, não incomodando pela falta de palavras. O Renegade parou frente ao prédio, e esperando Camila próxima a calçada, Lauren desceu, olhando um pouco relutante sobre o ombro, para Kevin, próximo a recepção.

Esperou Camila e entraram juntas.

- Bom dia Lauren... – Ele saudou todo educado, olhando dela para Camila. E não havia maldade em seu olhar ou sugestividade de algo, apenas foi simpático.

- Bom dia, huh... – Ela acenou um pouco confusa. Camila o olhou dando-lhe o melhor sorriso que podia e elas seguiram para o elevador, em direção ao apartamento de Lauren. Ao abrir a porta, a primeira coisa que ambas puderam ouvir foram latidos ensandecidos, pulsos, patinhas brancas no ar e bastante corrida em todo canto.

- Hey, Jor El... – Camila o saudou, a voz melodiosa derretendo a postura louca do cachorro, que parou, frente a ela, olhando-a, a língua vindo para fora, sentando sobre as patinhas de trás, esperando tão ansiosamente pela caricia... Lauren o olhou um pouco perdida, entrando em seu apartamento e indo a despensa para pegar ração e preencher sua vasilha, mas sequer aquele movimento o rompeu de focar-se em Camila, que abaixou, pousando a palma sobre sua fronte, sorrindo para o pequeno que apreciava seu toque.

A cruciverbalista logo voltou, lotando a vasilha dele de ração e o pote de agua. Camila continuava a acaricia-lo.

- Lindinho, sua mãe ficou a noite toda longe por bons motivos, prometo não toma-la tantas vezes assim, talvez ela te leve nas próximas vezes. – Ela falou baixinho a ele. A voz chamou a atenção de Lauren que se moveu, olhando sobre o ombro para Camila focada em Jor El, que mantinha toda a atenção nela. Era engraçado ao seu ver, e adorável mesmo que o animal pudesse amar tanto Camila.

- Sabe, nós precisamos conversar sobre isso... – Ela falou. Lauren se moveu, atenta ao que falava, as mãos pousando na própria cintura, olhando, em pé, para Camila abaixada, agora ela focava completamente em Jor El, e a maneira como os olhinhos azuis oceânicos se focavam no rosto dela diria com toda a certeza que ele prestava a atenção e entendia.

- Quando duas pessoas se amam... – Lá estava Camila. Lauren arregalou os olhos.

- Hey, Camila... – Advertiu um pouco receosa. A bibliotecária sorriu, erguendo e palma em pausa.

- Não vou falar perversões para o nosso menino, se acalme. – Pediu brandamente, voltando a focar em Jor El. Lauren engoliu em seco, se movendo para focar nele.

- Como ia dizendo... Quando duas pessoas se amam, elas guardam muito amor dentro de si, e nem sempre isso é bom, Jor El, sabe... Se nós guardamos tanto amor dentro da gente, acaba que em um momento nós explodimos, e isso não é legal, não é mesmo, é por isso que quando você sentir vestígios de que eu e a sua mãe aqui, estamos nos beijando muito, é porque na verdade nós estamos colocando esse amor para fora, e isso é bonito. E são nesses momentos em que você tem que fechar os olhos e cobrir as orelhas com as patas, e apenas dormir, isso até você encontrar algum amor por aí... – A voz dela era suave. Lauren se sentia queimar.

- É como se ele estivesse entendendo olhe bem... – Falou rouca, tocando no ombro de Camila, que sorria satisfeita com o pequeno, que parecia cada vez mais esperto. Ela não conteve de pousar duas das mãos sobre a cabeça dele, perdendo os dedos nos pelos branquinhos. Lauren suspirou. Achando bonito demais para ficar ali como boba.

- Eu vou tomar um banho rápido. – Falou. Camila assentiu, sorridente, a olhando se afastar, enquanto tinha seu tempo apenas com o cachorro. Se lembrava ainda do dia em que havia o escolhido, o jeitinho que seus olhos se encontraram e ela soube que era aquele ali. Um filhote especial.

- Você é um bom menino, venha comer. – Ela o chamou, movendo para próximo de sua ração. E parecia como o dia de Camila, onde tudo o que ela pedisse ele estava disposto a fazer. Apreciou o olhar mastigar a ração e beber agua ocasionalmente, esperando Lauren sem pressa. Ele comia, mastigava, olhava para constatar se ela continuava ali e bebia da agua.

E foram minutos silenciosos fazendo a mesma coisa, até que ele se encheu o suficiente e correu para tocar em Camila, tentando brincar. Ela sorriu se abaixando para se permitir acariciar o pelo branquinho. Ele parecia mais gordinho, havia crescido alguns centímetros, estava virando um homenzinho.

- Eu huh... – A voz de Lauren lhe chamou a atenção. A cruciverbalista passou rapidamente pela sala, o olhar desviado em outra direção, parecia curiosamente confusa em busca de alguma coisa. Camila a observou, passar com suas roupas de trabalho, hoje usava preto, alinhada, as mãos nos cabelos, ajeitando para prender, firme. Jor El tocava a patinha em seu pulso, mas ela estava perdida olhando Lauren voltar a caminhar por onde fez o trajeto, erguendo o olhar para Camila, sorriu um pouco sem graça por estar sendo observada.

- Aqui, eu procurava isso. – Ela falou confusamente, mostrando uma caneta prateada.

Camila arqueou a sobrancelha.

Lauren pausou, alinhando a blusa de tecido leve branca em um ato ansioso, a calça de cintura alta preta. Era casual, sem exageros, mas elegante. Até mesmo as vestes eram diferentes das que usava no New York Times. Lá ela parecia pairar entre um elegante mais casual, exagerando em roupas que lhe tampassem o corpo, como sobretudos grossos, jaquetas. Agradava a Camila vê-la daquela maneira.

Mesmo sabendo que poderia estar como quisesse sem se preocupar que estaria linda.

- Minha caneta da "sorte". – E ela gesticulou fazendo suas aspas no ar, um corar delicado debaixo da maquiagem leve. Camila sorriu para ela.

- Oh, os rituais de sorte... certo. – Se ergueu, olhando Jor El correr para Lauren, a fungou por alguns segundos e correu em direção ao paninho marrom, alegre, o rabinho balançando. Camila se deixou caminhar sorrateiramente em direção a namorada, pausando frente a ela, abaixando o olhar por segundos para focar em suas vestes de perto. Ela se deixou aproximar ainda mais de Lauren, olhando para a proximidade de seus corpos, um notável sorriso no canto dos lábios.

- Parece tão diferente, huh, tão mais feliz... – Lauren falou baixinho, a olhando se aproximar. A bibliotecária sorriu. Aproximou o rosto ao de Lauren, focando o olhar castanho no seu, havia uma pitada de displicência.

- Eu fiz amor com a mulher que eu amo, não há como não ficar feliz. – Umedeceu os lábios. Lauren entreabriu a boca, surpresa com a repentina fala. Camila sorriu mais, se aproximando, a envolvendo pela nuca em um beijo lento, envolvente, o aperto de seus dedos era firme, sem conseguir desenlaçar com facilidade.

Depois da noite que passou, nada nos toques seriam como antes, Camila parecia saber exatamente onde tocar, e Lauren se deixava cair torpe, naquela espiral de desejo contido a todo custo misturado ao displicente comportamento de sua cigana. Os lábios se encaixavam, e tão lento quanto se moveu, Camila deixou um mordiscar provocativo no lábio inferior de Lauren, olhando-a de perto, sorria iluminada.

- Agora sim, bom dia. – Deu uma piscadela. Lauren suspirou, colocando a caneta prata no bolso frontal de sua calça, o olhar baixo, sentindo ainda o envolver de Camila em sua cintura, o quente toque emanando através de sua pele.

- Eu vou buscar minha bolsa, não quero huh, atrasar... – Falou quase sem voz. Camila assentiu, umedecendo os lábios a olhando se afastar com relutância. Observava um estranho comportamento em Lauren desde o segundo em que acordou. Mas o que poderia notar era algo que agradava ver, só não o citaria naquele momento, porque sabia que era algo seu, que poderia ser de seu interesse e lhe agradar extremamente no futuro ao usá-lo para si.

Não era algo ruim, era fato.

Lauren não se demorou, e com a mesma naturalidade e animação, Camila se despediu do pequeno filhote e elas foram em direção à cafeteria. Era uma notável manhã. Os sinos avisaram que entravam na cafeteria, Sinu se moveu ao perceber que era a filha e Lauren, seu sorriso preencheu o rosto, animada ao focar em ambas.

- Hey... Olá, bom dia! – Falou sorridente, abraçando Camila apertado. Depositou um beijinho em seu rosto e se moveu para abraçar Lauren calorosamente. A mulher ainda se lembrava dos problemas que Camila havia lhe passado no dia anterior, e ao perceber que estavam bem novamente se colocou ainda mais animada no aperto.

- Eu fiquei preocupada filha, ontem você não me ligou, desapareceu desde a tarde. – Sinu falou curvando um pouquinho dos lábios ao se lembrar da preocupação com as coisas. Lauren se remexeu inquieta ao se lembrar que tudo aconteceu devido ao seu surto besta.

- Eu dormi mama, foi repentino, perdoe-me... – Camila fez questão de lhe envolver os ombros e beija-la no rosto, carinhosamente. Lauren se perdeu na interação.

- Tudo bem, tudo bem, não quero ser a mãe chata, querem um bom café? – Perguntou olhando sorridente a Lauren, feliz por tê-las ali. Lauren assentiu sem jeito.

- Por favor se não incomodar... – Acenou. Sinu lhe estendeu a mão esquerda, a puxando delicadamente consigo. E lá estava, Camila a envolvendo pelo o ombro, e Lauren com sua mão na dela, sendo puxada com o toque gentil. Sinu deixou-as na mesa próxima ao balcão, e disse que voltava logo.

- O que tanto pensa? – Camila perguntou repentina, pousando a mão sobre a mesa, o olhar castanho brilhante focado no rosto de Lauren, que deu de ombros.

- Eu gosto disso aqui... Eu, posso me acostumar... – Respondeu sem jeito. Camila não sorriu de imediato, não quando compreendia que poderia se acostumar a aquilo também. Ter as manhãs com sua mãe, e com Lauren, seu café favorito, as tortinhas... Estendeu a mão sobre a mesa, entrelaçando sobre as de Lauren, e elas só se moveram quando Sinu fez questão de trazer três xicaras de café e várias Camila's, alguns biscoitinhos de queijo e pãezinhos amanteigados.

Tomariam café juntas.

As três.

Sinu ofereceu a Lauren uma das xicaras, sorrindo, a cruciverbalista tocou em uma das tortinhas, aceitando a xicara ao mesmo tempo, levando aos lábios agradecida.

- Sabe, ontem mesmo eu fiz uma nova assinatura de jornal. Conte isso para Mariele filha. – Sinu falou, sorrindo. Camila focou nela, surpresa.

- Sério?

Ela assentiu, olhando agradavelmente para Lauren ao seu lado.

- Não posso perder suas cruzadas por nada.

Lauren corou, a olhando surpresa. Significava muito mais do que poderia imaginar. Não era banal, bobo, era importante demais para ela sentir aquele calor fervoroso que sentia agora, que já nem era gerado por só café e tortinha com o nome da mulher que ela amava. Era gratidão.

Gratidão pela bondade de ambas as mulheres ali.

- Eu fico feliz... – Olhou para Sinu diretamente, o olhar tão brilhante que eram pequenas lagrimas felizes contidas de caírem. Sinu, percebendo a visível felicidade de Lauren com o fato, ainda lhe citou que fez algumas amigas assinarem também, citando que eram todas fãs de Lauren e sua genialidade.

- Que legal mãe... Isso é genial... – Camila a elogiou. Sinu parecia tão orgulhosa do ato que nem se continha.

- Quando sairá sua primeira edição? – Camila perguntou a Lauren, que focou o olhar nela, pensativa.

- Acho que amanhã, eu posso ter confundido datas... – Se desculpou com uma careta.

- Qual o nível da primeira? – Sinu perguntou ansiosa. Aquilo fez Lauren sorrir sem sequer ver.

- Médio, eu pensei em começar com algo mais ameno, porque as pessoas não estão acostumadas, mas eu sinto que... vocês vão gostar, foi tão bom fazê-las e... – Lá estava, Lauren tagarelando perdidamente feliz em seus pensamentos. Camila a observava em seu próprio silencio, totalmente feliz por enxergar a animação sem conter da mulher que se perdia, mas que amava ouvir falar. E todo também agradava Sinu olhá-la falar, tinham apreço por sua presença, e era como se não pudesse ter começado uma manhã melhor.

Felicidade transbordava dela.

E se antes eram conectadas, agora pareciam ainda mais. Eram incontáveis as vezes que o castanho chocolate se perdia na atacamita clarinha.

E assim como estavam ali, em alguns minutos a frente, entraram lado a lado no saguão principal do New York Post.

Anne, a secretária simpática, acenou para ambas, surpresa ao ver a figura tão familiar de Camila. Eram anos de amizade com Mariele, difícil também não se lembrar de Camila, de fato.

- Muito tempo, Anne, Mariele está? – Camila perguntou, a olhando atentamente. A mulher assentiu.

- É um prazer revê-la, Senhorita Cabello, e bom dia Senhorita Jauregui. – Ela sorriu. Lauren lhe deu um breve cumprimento contido, enquanto Camila ouviu Anne citar que poderia subir. Sem pretextos.

Caminharam juntas até o elevador.

- É diferente entrar aqui com você. – Lauren falou. Camila sorriu, tocando no andar de Mariele.

- Gostei da sensação... – Lhe deu uma piscadela.

Ambas se recostaram na parede do elevador, lado a lado. Até que quase próximo de chegar ao andar, Camila conteve Lauren.

- Devo me despedir... – Indicou, se aproximando. Lauren moveu para perto, sentindo o beijo profundo em sua bochecha, contrariando totalmente seu pensamento de que lhe beijaria nos lábios.

O elevador se abriu, fazendo com que ambas saíssem, mecanicamente. Lauren indo a esquerda, e Camila a direita, o que fez a bibliotecária pausar o caminhar, antes de se afastar demais.

- Hey... – Chamou baixinho. Lauren, confusa sobre o chamamento, olhou sobre o ombro, pausando o andar. Camila sorriu.

- Te amo. – Proferiu só movendo os lábios e deu uma piscadela. A cruciverbalista corou, abaixando o olhar, e sorrindo perdidamente. Camila se moveu, sorrindo satisfeita para se aproximar da secretária de Mariele.

- Mariele? – Perguntou já com sua intimidade habitual. A mulher assentiu, sorrindo-lhe com o melhor sorriso simpático de reconhecimento que tinha. E foi com isso que Camila, rechaçando as formalidades tocou à porta de madeira, ouvindo um entre abafado. E entrou, já com a familiaridade de sempre, os olhos castanhos pousando na melhor amiga sentada, olhando concentrada para uma pasta em mãos. Ao erguer o olhar e avistar Camila, sorriu, se levantando surpresa.

- Eu não acredito no que meus olhos podem ver. – Falou animadamente, contornando a mesa sobre seus saltos, envolvendo Camila em um abraço afetuoso.

- Eu sumi, não é? – Camila perguntou, movendo o rosto para olhar o rosto de Mariele com apreço. A Jornalista revirou os olhos.

- "Estou ocupada Mariele" "Não posso Mariele" "Não quero sair, Mariele" "Não acho que queira sair, Mariele." "Prefiro ler como uma vovozinha, Mariele" – A jornalista repetiu, fazendo uma imitação ruim da voz de Camila que sorriu, dando batidinhas em seu braço para a conter.

- Eu vim com minha namorada. – Falou naturalmente. Sabia que a notícia propagaria bons surtos. Os olhos de Mariele se arregalaram e ela puxou Camila pelo pulso a sentando em um sofá de couro em sua sala, a olhando curiosamente.

- Namorada? O que eu andei perdendo? – Perguntou gesticulando para o corpo de Camila, que deu de ombros.

- Lauren Jauregui, aliás, fiquei sabendo de uma antiga obsessão sua por ela, devo me preocupar? – Camila perguntou arqueando a sobrancelha. Mariele abriu a boca chocada, não contendo a reação exacerbada com a notícia.

- MEN TI RA! Não acredito que você finalmente começou a provar do lado bom da vida? Depois de tanto insistir finalmente deixou aquele encosto para atrás! – Mariele falou animada, tocando na mão de Camila animadamente, a fazendo assentir, logo demonstrando uma careta ao mencionar Austin.

- Ele ainda me enche, hoje mesmo me mandou uma mensagem, falando que foi ótima a noite passada, sendo que estava com Lauren, sabe? Tentando alguma briga, isso é óbvio. – Camila falou naturalmente. A jornalista a olhou cética.

- Com Lauren? Meu amor que rapidez é essa aqui? Você não tem piedade do seguimento de informações? Onde estava que não me contou isso? – Perguntou frenética, arrancando risinhos nervosos de Camila.

- Eu me perdi nessa situação, nós nos conhecemos há algum tempinho, mas o namoro mesmo, fará dois meses na próxima semana, ela quebrou o braço em um acidente, você sabe, muitas coisas acontecerem nesse meio tempo, além do mais eu a levei no acampamento de Papa... Não era algo que eu podia contar por telefone pra você... – Se perdia nas informações. Mariele se curvou, fazendo Camila se focar completamente nela.

- Ela não precisou te pedir em noivado para você sequer cogitar levar ela para conhecer sua família cigana, meu amor, o que está havendo aqui? – Gesticulou com excentricidade. Camila apertou os lábios.

- Desculpe não ter aparecido ou ter dado tantas notícias, agora vejo que precisava mesmo de você para falar as coisas e colocar tudo em dia. – Camila assumiu, apertando os dedos nas mãos da melhor amiga. Mariele bufou.

- Que nada, só veio aqui se certificar de que eu não vou dar em cima de sua namorada, certeza...

Camila arqueou a sobrancelha, achando graça.

- E vai?

Mariele cerrou o olhar a fuzilando.

- Está vendo, nem desmente...

Camila riu, se aproximando dela e a abraçando.

- É brincadeira.

A jornalista sabia, mas mesmo assim, fingiu um bufo.

- Mas olhe, respondendo, minha obsessão é só profissional, apesar de que ela é muito bonita, e fofa, e aquele jeito todo atrapalhado deixa ela toda bonitinha, eu só tenho interesse profissional, a Hansen não me deixava aproximar dela antes, agora só quero mantê-la bem aqui dentro para não querer sair. Mas mesmo assim, valorize. – Assumiu, deixando o final da fala mais sério. Camila assentiu, sorrindo de canto.

- Esse é um conselho que você literalmente não precisa me dar, Mariele Guzman, ela é... – Pausou, idealizando o rosto da melhor amiga que olhava para ela com um sorrisinho na boca.

- Isso é novidade demais para lidar, você com mulher! Mulher! Sabe o quanto eu insisti para isso? – Mariele perguntou dando ênfase. Camila cruzou as pernas, se recostando no sofá, o olhar castanho se desviando para a própria mão direita pousada sobre seu joelho, os anéis dourados reluzindo.

- Demorou-me bom tempo para aceitar isso naturalmente, no começo era só confusão. – Camila assumiu. Mariele apoiou a mão sobre a sua.

- Deveria ter me contado, eu poderia ter facilitado isso para você... – Falou honestamente. Camila sorriu, não duvidava que o faria, a amiga era lotada de autoconfiança sobre seu lado todinho homossexual.

- Sabe o que foi engraçado? Eu as vezes falava coisas para ela, assim, repentinas, que só vinham naturalmente, e depois eu pensava naquilo e entendia que eu dava muito a entender meu interesse nela, mas que ela nunca perceberia porque ela era muito avoada, ou sem maldade nas coisas, e aí eu pensava: caramba, Camila, você realmente está cantando uma mulher. – Deu de ombros. – E eu gostava. Foi assim que eu aceitei que era bom... – Completou olhando o rosto de Mariele se tornar completamente conspiratório.

- Você cantava ela? Camila, que sem nível! – Mariele riu, levando a mão ao rosto. Camila não conteve o riso.

- Era natural, eu nem sentia, sabe? – Gesticulou. Mariele cerrou o olhar.

- Ah tá bom... Voce é toda cínica, nem me venha com essa história. Mas olhe bem, eu fico feliz que tenha se encontrado dessa vez, parece tão feliz, e ela é boa pessoa, eu acompanho a história dessa mulher há anos... – Abaixou o olhar admirada.

- É isso que não compreendo, você a conhece há anos, nunca me falou dela. Quando penso que poderia tê-la conhecido antes, que poderia ter evitado tantas coisas... – O olhar castanho se perdeu nas possibilidades. Mariele a olhou, minuciosamente ainda chocada com a maneira que enxergava a paixão que Camila imprimia na fala ao citar Lauren.

- Meu amor, olhe para os meus olhos. – Pediu.

Camila moveu o rosto, se focando no olhar de Mariele, curiosamente. A mulher se manteve a olhando por alguns segundos, em completo silencio, até sorrir de canto.

- Você está apaixonadinha, que amor, mas anda se controlando? – Perguntou indiscretamente. Camila apertou os lábios, o olhar castanho se enegrecendo ao desviar o olhar.

- Mariele... – Advertiu. A amiga não ligou.

- Você não era nada tranquila com aquele idiota do Austin, e eu não conseguia ver essa paixão aqui, não posso imaginar agora.

Camila aspirou o ar. Abaixando um pouco o rosto.

- Pare de ser indiscreta.

Mariele revirou os olhos.

- Até parece que você não me conhece, eu sou jornalista amor, eu sempre vou ser indiscreta quando necessário.

Camila se focou nela, apoiando a mão no encosto do sofá.

- Então use sua imaginação, porque eu não vou contar nada sobre isso. – Camila falou orgulhosamente, remexendo nos cabelos. Mariele se recostou também, reparando na amiga.

- De um a dez...

Camila negou-se.

- Pare...

- Vai lá, de um a dez, é curiosidade, ela parece ser tranquila...

- Mariele...

- Camila... – A jornalista apoiou a mão no queixo, analisando, era curiosidade pura.

- Onze.

Mariele arqueou a sobrancelha.

- Socorro! Aparências enganam! Eu vou buscar agua. – Falou se erguendo do sofá. Camila a olhou se afastar até a porta, rindo. Amava a presença de Mariele. Tinha sua excentricidade, falava de variados assuntos e conseguia ser tão indiscreta quanto discreta quando queria.

Não era atoa que eram melhores amigas faziam anos.

Lauren POV

Tamborilei meus dedos ansiosamente em minha mesa, olhando para o rascunho de cruzada que tinha debaixo de meus punhos. Eu só podia ouvir um tic tac irritante de relógio. Eu aprendi que retirar a pilha deles era mais adequado, mas hoje, eu estou tão perdida sobre os fatos que se desenrolam por minha vida que posso jurar firmemente que esqueci completamente.

Alguém sempre recolocaria, isso era fato.

Parei o que fazia, desviando o olhar para a porta, engolindo e me recordando que não era a primeira vez que aconteceu naquela manhã. Coisas demais aconteceram em minha vida dentro das últimas 24 horas, e me recordar de cada detalhe soava positivo todas as vezes que me pegava assim.

Camila Cabello era uma mulher territorial, agora eu sei. Não bastando ter controle sobre seu corpo e pensamentos, ela também tinha sobre o meu, sobre meus pensamentos, dona de mais da metade deles nesse momento. Por ventura, devo ressaltar que minhas cruzadas hoje estão sim, mais melosas que as fábricas da Hershey's. Juntas.

Sinônimos eram meus mais novos parceiros hoje.

E dentro de tanto doce, e tanta confusão confortável, aqui estou eu, tentando lembrar de tudo novamente. Eu posso me sentir culpada por me recordar de situações tão expressivas, só queria lembrar detalhadamente, e isso, eu não conseguia. Queria a sensação novamente, porque foi tão boa, que os resquícios dela ainda estavam em mim, agora, enervando-me e deixando animada sobre amanhã, e sobre o depois.

Minha manhã não se arrastou, bastou que eu piscasse.

E me sentindo, tão criativa quanto eu deveria. Eu fiz uma ligação para Camila, logo após o almoço. Sugerindo, com minha criatividade não contida, algo. E esse algo envolvia pessoas. Não só eu, e não só ela, era como se agora eu não tivesse minha mãe como pretexto para chamar alguns amigos para irem em minha casa.

Ela achou a ideia genial.

Foi então que eu liguei para Ally, ela me disse sim, desde que eu chamasse o rapaz do hot dog que eu via todas as manhãs. Eu já mencionei que ela agora quer ser uma mulher fitness e correr comigo e Jor El pelas manhãs? Eu sei de seus pretextos, Ally Brooke é bem coerciva, ela facilmente me convenceria do que quisesse apenas citando mais prós do que contras sobre qualquer situação.

E seguindo sua indicação. Eu liguei para Troy, sugeri que teríamos fritas se ele quisesse, e nós poderíamos ter vinho hoje, sem analgésicos, eu poderia beber como eles. Ele achou a ideia tão genial que eu podia ouvir sua animação afobada através do telefone. Era meu outro sim.

Após aquela ligação, eu pausei, pensando em ligar, mas covardemente deixei que pudesse pensar mais na opção. Liguei para Emily. Essa me atendeu tão apressadamente e falava tudo de maneira tão afobada que de cara, eu havia me assustado. Fiz o meu convite, seguido de bastante Jor El, ela pausou a fala, um silencio veio, até que falou que sairia com uma amiga para tomar café. Aquilo me surpreendeu, mas eu sorri, sorri porque ela parecia tão feliz no telefone que até eu mesma queria conhecer sua amiga para saber exatamente quem era a menina que estava deixando Emily tão feliz.

Eu realmente não me senti chateada com o seu não, ela estaria feliz, e aquilo sim me importava. Nada mais.

Olhei para o número. Pensando sobre sim e não. Até que aceitei tentar. E chamou, algumas vezes, eu sei que ela é toda ocupada. Mas logo a voz angelical atendeu. E lá estava a Hansen. Eu tentei não gaguejar ao telefone, mas era impossível, fiz meu convite tão confusa quanto podia, e ouvi um sim, tão baixinho que eu pedi que ela repetisse, achando que estava delirando.

E aqui estava. Hansen também viria, o que me deixava tão animada que eu não sei o que aconteceu, eu só me encontrava tão feliz que hoje parecia natal e eu parecia com 6 anos, recebendo a coleção dos melhores quebra cabeças de heróis que Miami já viu. Eu sorri, me recostando na cadeira.

Felicidade.

Tracei na cruzada, satisfeita com o que poderia resumir minha vida agora, independente de desafios e altos e baixos.

Narrador POV

Dra. Vives havia sido notificada há poucos minutos que uma visita à sua paciente em observação queria conversar com ela. E exatamente a isso que caminhava pelos corredores do Hospital Geral de Nova York. O olhar castanho pousando no corpo esguio e na morena alta que esperava elegantemente na recepção.

- Olá, você que me espera? – Perguntou duvidosa. O olhar atento parecia reconhecer a mulher.

- Sim, eu sou... Normani Kordei. – Falou lhe estendendo a mão para um aperto. A médica apertou, a olhando através dos ósculos.

- Venha, vamos a minha sala, é mais calmo para que possamos conversar. – Pediu gentilmente. Normani assentiu, a seguindo pelos os corredores do hospital, até que Lucy entrou a frente, fechando a porta de sua sala atrás de si. Pediu que Normani se acomodasse na cadeira de couro, e se sentou em outra cadeira idêntica a aquela, ao seu lado. Intrigava a médica o conteúdo da conversa, e mais ainda, ser aquela mulher a ser até o momento, a única visita da importante herdeira de um homem importante.

- Bom, do que precisa? – Lucy perguntou educadamente, cruzando as pernas e apoiando as mãos sobre o joelho. Normani se acomodou na cadeira, pensando sobre algumas coisas.

- Ela teve alguma visita até o momento? – Perguntou.

Lucy negou.

- Ninguém, o que me preocupou um pouco. – Respondeu honestamente. Normani assentiu.

- Eu queria lhe pedir um favor, mas antes eu queria mesmo saber como ela está... – A voz foi baixa, controlada, era visível sua preocupação, daquilo não se podia ter duvidas.

- Bom, a cirurgia foi um pouco delicada no começo, mas ela rompeu um ligamento mais vulnerável no ombro, vai ficar um bom tempo se recuperando disso, além de ter uma longa sessão de fisioterapia para recuperar o movimento do braço. – Lucy falou a analisando. Normani engoliu em seco, bufando.

- Eu fiquei tão preocupada...

- Sim, senhorita Kordei, eu vejo, não quer vê-la? Parece desperta essa manhã... – Lucy lhe sugeriu. Normani se negou um pouco.

- Sabe, eu só queria ver como andavam as coisas, não creio que seja bom momento para ela me ver, eu só poderia lhe pedir um favor de todo o coração? – A estilista se focou com fervor na médica, que surpresa sobre a repentina abordagem, apenas assentiu.

Normani abaixou um pouco a voz.

- Não deixe que o pai dela a visite. De maneira alguma, é tudo que eu peço. – Pediu quase em suplica. Lucy franziu o cenho. Pensando em todas as suposições que a estranha vinda da mulher motivou em si.

- Há algo acontecendo? Que eu devo contatar à alguma autoridade? – Lucy foi rápida. Normani suspirou.

- Apenas não o deixe vê-la. Não aqui, tente adiar a recuperação, mantenha ela aqui dentro, creio que é a única maneira dela ficar um tempo longe dele. – Normani pediu. Lucy parecia lívida.

- Senhorita Kordei, eu não posso retardar um tratamento, nós sempre visamos o contrário, eu não posso fazer isso, pode ao menos me citar o que está acontecendo? Como poderia impedi-lo de ver a filha? Ainda mais nesse estado? – Ela perguntou olhando atentamente para a atitude ansiosa de Normani.

- Eu não posso falar, isso não é coisa minha, eu apenas peço que não o deixe se aproximar dela aqui. – E ela se ergueu. Lucy se moveu com a mesma rapidez, confusa sobre os pedidos da mulher.

- Eu estou de mãos atadas aqui, Senhorita. – Lucy lamentou. Normani fechou os olhos respirando fundo.

- Eu preciso ir... – E tão rápido quanto entrou, a mulher se pôs a fora, caminhando sobre os saltos. Estava extremamente preocupada com Keana, mas sentia que não seria bom momento se aproximar naquele momento, iria piorar a situação. Só queria que a amiga ficasse bem, e que se por algum milagre fosse aquela mulher que conheceu, então por sorte, teriam evoluído demais ao passado.

Em sua sala, Lucy analisou as fichas de Keana novamente, pensativa sobre como abordar algumas situações ou não. De imediato, avisou a recepcionista e enfermeira responsável por Keana, para que a mantivesse avisada sobre qualquer pessoa que viesse a tentar visita-la. E por horas nada aconteceu, ninguém veio.

Durou até próximo do horário de almoço. Onde com um aviso apressado, Lucy saiu de sua sala, caminhando pelo os corredores do hospital, avistando ao longe o homem engravatado. Ao olha-la se aproximar, o olhar superior a percorrer dos pés à cabeça.

- Você é a médica responsável? – Perguntou a olhando. Lucy assentiu, analisando o homem.

- Eu sou, algum problema? – Ela perguntou. Ele negou, focando o olhar nela. Seu maxilar se apertou com a estranha sensação que aquele olhar opaco lhe trazia, nunca poderia decifrar aquelas motivações, porque já as viu em outros olhos e poderia jurar a quem fosse que era igual. Ela manteve o olhar, superando algumas estranhas sensações que lhe percorriam.

- Eu sinto muito, Sr. Issartel, mas sua filha não pode receber visitas nesse momento. – Mentiu. O estado estabilizado de Keana a permitiria receber várias visitas se assim fosse. Mas a sensação que o olhar dele lhe trouxe e a postura desesperada da morena, martelavam em sua cabeça.

Music on* Blue Blood - Laurel

- Como não posso visitar minha própria filha? – O tom superior e lotado de rancores lhe preencheu a voz.

- É exatamente como pôde ouvir Sr. Issartel, ela não pode receber visitas, passou por uma cirurgia muito delicada e todo cuidado é mínimo sobre seu estado. Soube como aconteceu? – Ela cerrou o olhar, o olhando através dos óculos. O homem bufou, resignado em sua postura superior.

- Não, eu não soube. – Foi a única que respondeu. E Lucy sentiu com todas as certezas que aquilo era mentira. Nauseada, era exatamente como se sentia.

- Ela caiu sobre uma garrafa de vidro em casa, vejo que o senhor não foi informado, foi um ferimento bem sério, com um processo cirúrgico muito delicado, que requer dela, e de vocês serenidade para lidar, e por isso, por tanto do que já aconteceu, não posso permitir que a veja. – Ela respondeu, se focando nele que moveu, um pouco ameaçador demais para se conter.

- Quem pensa que é para não me deixar vê-la? Eu sou o pai dela! – Foi ríspido.

Lucy se manteve estável, respirando fundo.

- E eu sou a médica que está cuidando dela, e nesse hospital, eu digo exatamente o que pode ou não fazer pelo o bem-estar da sua filha, isso não lhe importa? – Lá estava um tom pretensiosamente irônico e sereno na voz da médica. O homem pareceu desarma-se, diante da postura rígida, se alinhando e soltando seus bufos.

- Pois agilize esse tratamento, Dra. Vives, um pai se preocupa com o filho. – Falou com mais controle. O olhar castanho de Lucy cintilou tamanha segurança em se aproximar e dizer-lhe boas coisas, mesmo que ainda não soubesse quase nada do que estava por vir.

- Tenho certeza que se preocupa. – Ela respondeu apertando os lábios logo em seguida. As mãos indo ao bolso. O homem lhe pairou um último olhar de análise e se afastou, acenando para outro engravatado mais velho. Ambos saíram em direção ao saguão de entrada. Ela abaixou o olhar, em meio à loucura, virando pelo o corredor e caminhando ao quarto designado.

Loucura gritava em sua cabeça.

Entrou relutante na sala, olhando para a enfermeira próxima a cama. Ela estava acordada. Olhou para Lucy entrando em seu quarto.

- Ninguém veio? – Perguntou quase sem voz. Lucy se aproximou, olhando para a enfermeira que saiu da sala, deixando-as sozinhas. A médica conferiu seu estado, analisando o curativo recém trocado.

- Não... – Respondeu engolindo em seco. Seu olhar se focou no rosto da paciente, a olheiras profundas, os lábios curvados, foi perceptível a única lagrima brilhante que lhe escorreu sobre a bochecha. Era tanta familiaridade que seu íntimo gritava para transferir aquele caso para outro médico e deixa-lo trabalhar naquilo da maneira imparcial possível, mas algo em si dizia para não o fazer.

Com a mesma força que algo pediu que ela se mantivesse, a proporção contrária lhe gritava para sair logo daquela bagunça.

Maldita mania de se deixar ir por problemas que lhe instigava a resolver. Abaixou o olhar para as mãos tremulas de Keana no mesmo momento em que seus olhos se encontram e ela relutou sobre a sensação dilacerante que tentava segundo por segundo negar ser possível.

- Eu estou sozinha, sequer minha mãe, ou meu pai e... – A gagueira de Keana era incontrolada, assim como o sequente torrencial de lagrimas caindo por sua bochecha. E Lucy avistou a estranha solidão palpável da mulher ali. Tocou delicadamente sobre sua mão boa.

- Não está só, eu sou a sua médica, eu estou aqui para cuidar de você, e com isso, eu sempre estou aqui, nós vamos cuidar de você. Não sinta que esteja só. – Falou baixinho, focando no olhar da mulher. Que se manteve a olhando. Ocultando a estranha conexão do olhar atento que uma jogava a outra para tentar desvendar exatamente o que estava acontecendo ali.

As lágrimas ainda caiam pelo o rosto de Keana, o que motivou a médica a tocar o polegar gentilmente sobre sua bochecha, limpando com suavidade. A estranheza do toque gentil fez com que Keana se focasse apenas no mover da médica, tão curiosa quanto espantada sobre algo que não conhecia, assim como Lucy sentia que estava caindo em um problema incontrolado.

Destes que sempre se prendia até o ultimo fio para tentar resolver. A diferença era que, diferentes de tantos outros problemas. Isso lhe remexia a vertigens incessantes porque estava ligado a ela por completo.

Sentia que estava caminhando para uma mesma situação de anos atrás, e nada poderia a impedir de fazê-lo a aquele ponto.

A força era tão conflituosa quanto os olhares castanhos se olhando, a opacidade de um era completamente sedada pelo o brilho de outro.

Naquela noite

Music on* Born – One Republic

- Aqui, eu trouxe chips. – Ally falou colocando a tigela lotada de batatas chips sobre a mesinha de centro na sala. Até que poderia ter bagunça naquela noite. Mas a Lauren louca por controle de bagunças estava muito perdida na presença dos amigos, e tocando na fronte animada de Jor El, que parecia em êxtase ao ter tanta gente em casa.

- Eu posso ser o primeiro no jogo da mimica? – Troy perguntou se erguendo. Lauren deu de ombros, rindo ao mordiscar outra batata, olhando para Dinah que entregava uma taça de vinho a Camila, sorriram simpaticamente a outra.

- Tudo bem, você parece compenetrado para isso. – Ally saudou. Ele achou tão bom que trocou um longo olhar com ela, se erguendo do sofá.

- Eu e você, e Camila e Dinah, pode ser? – Ally gesticulou para Lauren, que olhou de canto para Camila, que parecia animada, sorrindo torto e sentando ao lado de Dinah no sofá, já haviam feito sua escolha de time.

- Certo, lá vamos nós, Troy. – Lauren falou, animadamente, olhando em expectativa para o homem, que arregaçou as mangas da camisa social até próximo dos cotovelos e focou em pensar.

- Lá vou eu, filmes, meninas. – Falou, se curvando. Apontando o indicador a Ally, e remexendo os quadris.

Lauren arqueou a sobrancelha, tentando identificar o que ele pretendia com aquilo. Entreolhou com Ally que parecia tão perdida quanto ela. Ele voltou a apontar para ela, para si e dançou. Camila cochichou ao ouvido de Dinah, e ergueu a mão.

- Se ela dança, eu danço, não é? – Perguntou duvidosa. Troy assentiu, apontando animado para ela. O que a fez sorrir completamente, olhando para Dinah em cumplicidade, deram um high five e sorriam como bobas.

- Como conseguiram tão fácil? – Lauren perguntou tocando o indicador no queixo. Camila sorriu para ela, dando uma piscadinha charmosa.

- Nós só somos uma dupla muito boa, já descobrimos isso. – Falou brandamente, sorrindo para Lauren, que mesmo perdendo pontos, sorriu de volta. Era algo de ligação, estão definitivamente tão felizes e radiantes, todo o momento contribuía.

- Vamos lá, Troy, mais outra. – Aquela foi Ally. Ela se focava nele muito além do que só para brincadeiras, mas adorava o pretexto de tê-lo que olhar. O que era ótimo, não precisava nem de desculpas. Ele pensou por alguns segundos.

Logo se moveu, fazendo uma espécie de círculo com as mãos, andando de um lado a outro da sala, com as pernas inclinadas, fazendo alguns urros estranhos, coçando a barriga, e cabeça.

- O que? – Lauren franziu o cenho.

- Eu não acredito... – A voz melodiosa de Dinah soou, ela sorria o olhando repetir os movimentos anteriores. Ally cutucou Lauren, que não conteve o risinho ao ouvir sua suposição.

- Sério? – A olhou como se estivesse louca. Ally assentiu.

A cruciverbalista focou nele, rindo da opção.

- Planeta dos Macacos? – Perguntou duvidosa. Troy parecia em êxtase, apontou para ela batendo palmas. Lauren gargalhou, sem se conter.

- Isso foi muito estranho, Troy. – Falou levando a mão ao rosto, contendo o corar das bochechas com a risada gostosa que saia por seus lábios. Ally se inclinou, tocando a testa conta seu ombro, os risinhos baixinhos.

- Olhe bem, vocês estão zoando comigo, eu vou me sentar, nós podemos fazer rodizio, venha Lauren, venha, eu fico com Ally. – Ele acenou, chamando Lauren que olhou confusa.

- Oh isso vai ser um desastre. – Ela falou fazendo uma careta. Ally sorriu, até mais do que deveria ao ver Troy sentar ao seu lado e olhar para a melhor amiga, se colocar ansiosamente na frente de todos. Jor El parecia conectado, ficou ao lado de Lauren, sentado sobre as patinhas traseiras, olhando curioso sobre o que a dona fazia ali, na frente de todos.

Lauren sentindo o olhar de Camila nela e focando na expressão divertida de Hansen suspirou.

- Tudo bem, eu acho que huh, eu vou fazer series... – Falou dando de ombros. Camila negou dando um risinho.

- Você sabe que eu sou péssima nisso, querida. – Sugeriu. Lauren curvou os lábios.

- Por isso, nós precisamos fazer os níveis difíceis. – Justificou, e adoravelmente pensou sobre algo, até que iluminando as ideias, ficou lívida e moveu as mãos, frente ao corpo. Andando debilmente, arrastando um pouco da perna. Camila mordeu a parte interna da bochecha, mesmo que não fizesse ideia do que significava achou adorável demais ver Lauren totalmente concentrada em fazer algo para se conter de sorrir, as bochechas até doíam.

Dinah se inclinou para ela.

- Isso parece um zumbi, não é? – Perguntou baixinho. Camila sorriu, dando de ombros, achando que se fosse zumbi, era o mais adorável que já pode ver.

Troy, no outro extremo do sofá, ao lado de Ally, se remexeu ansioso.

- Eu acho que isso é The Walking Dead, eu tenho quase certeza... – Ele falou para Ally, que assentiu freneticamente.

- The Walking Dead? É? – Perguntou ansiosamente para ver se havia acertado. Lauren assentiu, sorrindo para a animação de Ally e Troy que bateram um High Five, sorridentes. Não que estivessem ligando para perder alguma coisa a àquela altura. Era apenas um jogo e nada mais que aquilo. O importante de toda a situação era a felicidade.

Não dá para dizer ao certo quando nós teremos felicidade em nossas vidas, nem que ela será duradoura ou quase eterna, nem que será motivada por alguém ou alguéns. O que se pode dizer é que: nós devemos aproveitar sempre quando ela vem. E mesmo que coisas pudessem acontecer, porque o mundo é isso, hoje você está okay, e amanhã talvez acorde querendo ouvir as músicas mais tristes da Lana Del Rey no último volume.

A aquele ponto ali, não importava, estavam felizes, gostavam da presença um do outro. E por mais que Dinah tivesse sua mente em Normani e suas angustias, que Lauren pensasse em Keana e suas confusões, que Camila tivesse Austin em seus sequentes dramas, que Troy estivesse com problemas com um colega de trabalho e Ally estivesse em dúvida sobre qual filme romântico ter que alugar no futuro, ninguém se importava verdadeiramente, e nós somos assim, a vida é justamente isso, sempre teremos alguns problemas pelos quais devemos passar ou resolver, nada é sempre 100%, o importante é entender que quando a felicidade vir, que devemos aproveitar ela completamente até sua última gota.

Sem pensar no peso mínimo negativo, já que felicidade tem a capacidade multiplicadora, é quase um termo independente e chefão da matemática de sentimentos. Invariavelmente ela multiplicará todos os sentimentos positivos que são possíveis vir a sua vida quando está presente.

E se havia uma certeza em todas as pessoas daquela sala, juntamente um com filhotinho de Husky, era de que seriam felizes, e aquilo bastava.

Apenas aquilo e nada mais.

No outro extremo da cidade, Lucy oferecia a caneca de café à Emily, sorrindo simpática. Havia chegado há pouco, falaram de algumas banalidades do hospital. Emily citou que hoje era Rachel e que estava um pouco mais animada que o normal. Elas estavam em um silencio sequente até que Emily tocou distraidamente em sua caneca.

- Diga-me seu mais profundo segredo. – Pediu perdida, o olhar oceânico se levando para focar em Lucy, que arqueou a sobrancelha.

- Se eu citar algo tão íntimo, citaria o seu mais profundo segredo também? – Perguntou intrigada. Emily pensou sobre aquilo.

- Eu tenho muitas dificuldades nessa coisa de acreditar nas pessoas, mas me faça sentir que eu deva... – Pediu baixinho, conspiratória. Lucy entrelaçou os dedos sobre a mesa, olhando para a mulher.

Music on* Skinny Love – Bon Iver

– Eu não posso acreditar que vou mesmo citar meu maior segredo para uma recém conhecida... – A voz lenta. Emily apoiou o cotovelo sobre a mesa, e pousou a mão debaixo do rosto, apoiando-o, se focando completamente em Lucy, que em um ato ansioso, esfregou as mãos sobre as pernas, mas logo se focou de verdade, suspirando.

- Meu mais profundo segredo... – Arrastou a voz, o olhar castanho se projetando às lembranças, a garganta seca.

- Eu quase me casei. – Falou engolindo em seco. Emily se moveu surpresa.

- Como? Wow! Parece tão jovem para isso... – Ela falou realmente surpresa. Lucy lhe deu um breve sorrisinho.

- Pareço? Quantos anos me daria?

Emily a analisou com mais lentidão que o habitual.

- 27... – Falou cerrando o olhar oceânico. Lucy sorriu, negando.

- Obrigada, soa lisonjeiro, mas bem... Tenho 32... – Afirmou deixando sorrir mais com a visível surpresa da desenhista, o portar era leve, e genuíno.

- Eu posso perguntar porque não chegou as vias de fato e casou? – Emily perguntou, tocando na nuca ansiosamente. Lucy assentiu, abaixando um pouco o olhar, se perdendo nas lembranças.

- Ela... morreu. – Apertou os lábios cerrados, contendo-se. Emily arregalou os olhos, sentindo que perguntar aquilo foi demais que não deveria tê-lo feito.

- Oh, eu sinto... Muito, eu não queria.... – Pausou fazendo uma careta de desculpas. Lucy negou com o rosto.

- Está tudo bem, eu já me sinto bem aqui, eu sinto... – Repetiu, e as vezes era um mantra que fazia mais para si do que para os outros. Mesmo que se sentisse bem, depois de tudo, a lembrança familiar na mulher recentemente do hospital era o que a fazia sentir que algo havia reacendido algum ponto dilacerante daquelas lembranças.

- Quer ouvir sobre? – Lucy perguntou, elevando o rosto, focando em Emily, que parecia surpresa com a proposta.

- Você quer contar? – Não parecia que ela queria insistir em deixar Lucy desconfortável. Mas a médica apenas assentiu, era troca de segredos profundos.

- Eu conheci ela na faculdade, fazia administração em um prédio bem distante do meu, o que era irônico, invariavelmente nos encontramos no campus... Ela fazia o curso por causa do pai, ele era um Senhor de negócios importantes, Iglesias, tinha aquela obrigação de suceder negócios de família, e ela sempre fez todas estas coisas sem reclamar, era o tipo de pessoa que te despertava bons sentimentos, porque ela só queria deixar todos satisfeitos e nada mais que aquilo. – Fez uma pausa olhando para Emily, que sequer piscava, focada completamente nas palavras de Lucy.

- Lembra quando eu disse que gosto de problemas para resolver? Isso deve ter me perseguido por tanto tempo... E nunca vai me escapar, eu pareço ter um imã para estas coisas... – O olhar castanho se projetando a caneca vazia diante de seus dedos.

- Ela foi um desses problemas que eu amei resolver. Nós nos apaixonamos tão instantaneamente quanto nos conhecemos, eu fui sua primeira, primeira tudo. E naquele começo foi como o paraíso para nós, mas o pai dela começou a ser um empecilho quando percebeu que a filha dele não era lá exatamente o que ele queria. Ele não aceitava a sexualidade dela, e foi quando tudo o que eu visualizava como coisas boas para nós duas acabou se tornando um inferno, porque eu me sentia culpada sobre as vezes que brigavam, ele chegou a bater nela, uma única vez, porque depois daquilo, o que durou menos de um ano depois que me formei, eu resolvi pedir ela em casamento, eu havia colocado aquilo em minha cabeça, nós sairíamos dali, teríamos nossa vida, ele nunca mais poderia tocar nela, ou obriga-la a fazer o que ela não quisesse, porque eu a protegeria, e mais ninguém. E foi como um alivio quando nós nos mudamos, para um apartamento meu, porque financeiramente ela estava zerada, ele havia tirado tudo dela, e eu havia sido aceita no hospital, e tudo havia começado maravilhosamente, sabe, era como se o destino estivesse falando comigo: tem como dar certo faça. Eu acreditei.... – Lucy engoliu a saliva, abaixando um pouco o olhar.

Emily apertou os dedos, contendo de toca-la, mesmo que quisesse o fazer por sentir que falar aquilo doía.

- E... Nós estávamos juntas, morávamos juntas. Foi quando nessa noite, ela me disse que precisava ir na casa de uma amiga, e eu emprestei meu carro, ela só não havia especificado bem que amiga era, e foi, sem eu, depois disso, tudo o que sei, é o que contam. Ela estava nessa amiga, era perto da casa dos pais dela, ele aparentemente viu meu carro, achou que era eu com ela, e foi novamente fazer o que ele fazia de melhor, procurar mais motivos para brigar e foi o que aconteceu, eles brigaram, ela pegou o carro e... – Lucy suspirou, respirando fundo, focando em Emily, os olhos brilhavam de maneira sensível. A desenhista estendeu a mão sobre a mesa, tocando inconscientemente sobre a mão de Lucy.

A médica engoliu em seco, lhe dando um sorriso terno, agradecida.

- Ela nunca mais voltou.

Emily suspirou, completamente tocada com a história.

- Eu sinto tanto... – Pediu baixinho, se curvando sobre a mesa. Lucy negou com o rosto.

- Estou bem, depois de tanto... Fará 4 anos... – Focou o olhar castanho no toque gentil sobre sua mão. E aquilo sim a aqueceu de verdade, enxergava muita bondade em Emily, e aquilo lhe deixava respirar fundo com mais facilidade.

- Conseguiu perdoa-lo? – A pergunta de Emily foi branda e repentina, fez Lucy erguer o olhar e a olhar, perdida em pensamentos.

- Depois do acidente, tudo mudou para tanta gente... A mãe dela largou a empresa e se dedicou a um projeto social que sempre foi o sonho dela, e o pai... – Lucy limpou a garganta. – Ele se tornou evangélico, se tornou outro homem, e no final de tantas coisas, de tantas vezes que me prometi nunca o perdoar, eu acabei cedendo-lhe porque eu sabia que sua culpa sempre estaria ali, e ele já a levaria em seu coração e já sofria muito mais que todos nós por aquele peso, eu não precisava alimentar aquele sentimento para sempre, porque eu senti e eu sei que ela nunca iria querer isso, apesar de tudo, amava o pai, e eu me deixei perdoa-lo de coração, e tentei por muito tempo seguir minha vida... Em algum ponto eu me curei, não sei dizer ao certo quando foi, só aconteceu, e eu sei que foi ela, ela me iluminava... – Deixou-se sorrir gentilmente. Emily acompanhou seu sorriso, sedada por tantas informações gentis. Tinha curiosidade sobre como era se apaixonar daquela maneira, ouvir Lucy falar havia lhe trazido algo muito intenso para se pensar, não tinha base sentimentais que pudesse comparar, porque ao certo nunca viu sua mente ir a aquele ponto.

Sempre viveu em tantos mundos para fugir da crueldade desse, que se deparar com uma realidade daquelas à fez suspirar, se imaginando em algo tão cruel.

- Como ela se chamava? – Perguntou curiosamente. Lucy sorriu.

- Veronica Iglesias. – Tinha sim, a pontada de orgulho lhe carregando a voz. Emily sorriu.

- Parece o nome de uma mulher bonita. – Falou se perdendo na sua própria loucura gentil. Lucy não se conteve de sorrir mais,

- Sim, era linda, por dentro, por fora... Assim como você é também, não pense diferente. – Lucy curvou o rosto. Emily não sabia ao certo de onde havia vindo aquela sensação estranha em sua barriga, frio intenso e tanta confusão, mas agradeceu, corando.

- E você... Quer me dizer seu segredo mais profundo? – Lucy perguntou, se reclinando um pouquinho sobre a mesa. O momento de falar tanto havia passado, e lentamente podia sentir que se sentia mais leve. Emily se abaixou um pouco o olhar. Tinha consciência de algumas coisas sobre o mundo.

- O mundo é tão chato, eu não gosto dele de jeito algum, então eu nunca pensei nisso, nestas coisas e nestas bagunças, apesar de que eu seja só bagunça, eu só não gosto de pensar que seja o tempo todo, eu lido bem comigo, sento para conversar com meu reflexo de vez em quando... – Deu de ombros, sentindo o toque quente de Lucy debaixo de sua palma, seu olhar se focou em sua mão sobre a dela.

- E esse é o seu segredo mais profundo? – Lucy perguntou reclinando o rosto. Emily suspirou.

- Eu não tenho o que contar, talvez meu segredo mais profundo seja ausências. Eu nunca me apaixonei, e eu nem sei se isso é lá algo tão importante para se ter na vida a ponto de citar como meu segredo mais profundo porque eu nunca nem senti, só é o que me fez pensar depois de ouvir você falar... Eu sinto muito, mas eu não tenho lá uma coisa tão legal assim pra revelar, talvez a coisa mais legal que eu tenha, seja uns vinis de um indie louco da década de 90, ficam na estante do meu quarto. – Deu de ombros, perdendo na lembrança. Lucy sorriu.

E sorriu porque enxergava em Emily uma pureza verdadeira, como se nada no mundo mesmo pudesse a deixar infeliz, mesmo que ela soubesse que pessoas reais, choram, riem, sentem frio, medo, mas Emily parecia uma exceção bem gentil da natureza.

Admirava aquela presença. Tão recente, mas tão real.

- Você é muito real, Senhorita Rickards. – Falou sorrindo. Movendo o polegar inconsciente sobre a mão de Emily, que sentindo a caricia suspirou. A sensação estranha de urgência lhe atingindo em cheio, não estava acostumada com aquilo.

- Você é colorivél. – Emily falou. Dando de ombros ao ver ao arquear de Lucy.

- Então, presumo que agora eu deva estar apenas com traços de lápis, sem tinta alguma? – Perguntou movendo um pouco do rosto, aquilo fez Emily sorrir.

- Sim... Mas é bonito também, eu gosto de desenhos em preto e branco, tem um conceito... – Lá estava a desenhista perdendo-se da realidade novamente. Lucy se ajeitou em sua cadeira.

- Diga-me, como colorir alguém? Como posso conseguir cor? – Perguntou compenetrada. Emily pensou por alguns segundos.

- Eu posso dizer que seja por sentir, mesmo que eu não seja lá a melhor pessoa para falar disso... – Fez uma careta. Lucy negou.

- Como não? Você é uma das pessoas que eu mais confio colorir bem... Se eu pedisse que me desse uma cor, qual cor me daria? – Perguntou. Emily fez um muxoxo, pensativa, e aquilo sim foi algo adorável para se admirar.

- Acho que vermelho.

- E por que? – Lucy foi rápida em retrucar.

- Porque você tem amor em você, vermelho remete a isso... – Emily deu de ombros, um pouco envergonhada e desconcertada, não gostava de falar sério porque sentia vergonha. Lucy sorriu, não contendo de se sentir satisfeita com a presença. Foi então, a melhor pessoa que poderia ter conhecido nestes últimos dias.

- Então está me dizendo que devo sentir para que possa colorir? – Perguntou.

Emily assentiu. A medica não deixou de sorrir.

- E você?

Emily a olhou confusa.

- O que tem eu?

- Não quer se deixar sentir alguma coisa por alguém do mundo? – Não havia nada de intenções veladas naquela fala, se por um momento pudéssemos pensar, foi apenas uma pergunta genuína de Lucy, sem pretensões, era apenas vontade de saber um pouco mais da desenhista.

- Isso deve ser pior que perder uma partida de vídeo game. – Fez uma careta. Lucy não conteve a risada. O que motivou Emily a suspirar aliviada por falar do que era mais fácil. Elas terminariam a noite ali, naquele café, falando sobre vinis dentro de um quarto, uma partida do RPG favorito de Emily, uma dúvida sobre Grey's Anatomy ser real, e perguntas aleatórias da desenhista sobre uma disputa de fofura entre Husky Siberianos e Golden Retrievers.

Lucy sentia que era a maneira mais gentil para se terminar uma noite, não havia dúvidas.

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