Bryce não tornou a se aproximar depois do que Ethan disse. O moreno se sentiu um pouco incomodado, mas empurrou esse sentimento para o fundo juntamente com cada gole que dava em sua cerveja. Sim, ele havia desistido da outra bebida para a velha e boa cerveja.
Andou um pouco pela sala se socializando com alguns grupos de conhecidos. Ele nunca foi um cara popular, também nunca foi aquele que os outros odiavam. Na escola teve uma boa quantidade de colegas, mas amigos de verdade, podia contar nos dedos.
Bryce foi o único deles que foi embora. Ele fez falta pra caralho, mas aprendeu a conviver com isso. A única pessoa que realmente sofreu ao ponto de adoecer foi Maggie. Ela além de ter construído uma amizade forte com o rapaz, era uma garota sensível. Foram meses difíceis.
― Ethan, você lembra-se da vez que quase explodimos o laboratório de química? – Ryan puxou-o para fora do seu casulo de pensamentos.
Ele riu coçando a nunca. Aquele não foi um dos seus melhores momentos como aluno. Sentiu um medo do caralho quando a porra do líquido verde começou a borbulhar e sacolejar.
― Até hoje tenho pesadelos com isso. – riu concordando.
O grupo que estava desatou então a conversar sobre incidentes na escola. Sentindo-se incapaz de manter-se focado na conversa, retornou para seu lugar perto na cozinha. Ele estava agitado e sabia o porquê disso.
Pela sua visão periférica viu Maggie, os olhos dela estavam mais uma vez sobre ele. Ela não parava de olhá-lo Ela simplesmente ficava lançando aquelas lindas bolas azuis brilhantes em sua direção o tempo todo. Isso tirava o seu fôlego, mas ao mesmo tempo o irritava justamente por causa da sua reação. Ele não gostava nada da porra do seu coração acelerar a cada vez que a tinha observando-o.
Ethan queria olhar de volta, mas se manteve firme bebendo e observando o desenrolar da festa. Naquele noite ele estava tendo momentos muito solitários, o que não era normal. Estava com aquela sensação de querer ter um tempo para si, refletir e pensar em tudo o que vinha acontecendo. Havia algo preso em sua garganta, em seu peito.
― Ei, está tudo bem?
Olhou para Dilan que postou-se ao seu lado. Nem parecia que horas atrás o amigo estava aborrecendo-o com suas palavras.
― Sim, só estou com essa sensação de isolamento.
― Isso sempre quer dizer uma coisa.
Ethan sorriu e assentiu em entendimento.
― Talvez eu deva ir para casa e trabalhar em alguma letra.
― Ou você pode pegar o seu celular e colocar tudo isso para fora.
― Ou ele pode se juntar a nós e deixar de ser tão emo. – Grace disse aproximando-se. Envolveu a cintura do namorado e apoiou o queixo na lateral do braço dele para ter uma visão de Ethan.
― Emo é a sua bunda grande, docinho. – Ethan falou com um tom divertido em seguida levantou o copo na direção de Grace como se brindasse a algo antes de dar um gole.
Dilan não se agüentou e riu da situação recebendo um tapa da namorada.
― Ele falou da minha bunda e você fica rindo?
― Ele não falou nenhuma mentira.
Grace afastou-se com a boca levemente aberta, os olhos arregalados e as mãos entre os peitos como se não acreditasse que Dilan tinha falado algo assim. Puro fingimento. Ela estava se divertindo tanto quanto eles.
― Você acabou de ganhar passe livre para o sofá.
Bem, talvez ela não estivesse se divertindo tanto assim.
Ethan lançou um olhar para o amigo que era uma mistura entre achar a situação cômica e sentir muito por sua noite desconfortável. Ele foi retribuído com o levantar do dedo do meio do guitarrista em sua direção.
― É por isso que não tenho namorada. – resmungou Turner sobre a borda do copo.
― E é por isso que você não tem sexo todas as noite. – Grace atirou de voltar.
― Isso eu posso ter sim, basta ir atrás.
― Mas não seria algo real.
Ethan estreitou os olhos interessado em saber onde a garota ia chegar com seu discurso. Ele tinha uma ideia, mas como era um filho da puta que masoquista, incentivou:
― Do que está falando Grace?
― Do que mais seria se não da porcaria de sexo sem sentimentos que você está tendo? Você tem quem o ame, mas está fugindo disso como um rato e eu não faço ideia do por que.
Sim, ele era um rato, mas um rato com o coração agora seguro. Não ia se arriscar em expor seus sentimentos para alguém que já estava comprometida e nem se quer o avisou disso.
― Já chega, amor – Dilan interveio puxando a garota para seus braços e beijando sua testa – Você bebeu de mais.
Todos tinham bebido de mais e era justamente por isso que Dilan estava encerrando com aquela conversa. O álcool fazia uma merda dentro das pessoas, tornando-as mais sentimentais do que realmente eram. Isso nunca era bom.
Por sorte, Grace concordou com ele e se manteve quieta. A loira não era de ficar quieta nunca, ela sempre expunha o que queria e ai de quem tentasse a impedir, mas havia aqueles momentos em que ser impedida era algo que deveria deixar acontecer, sem brigar.
― Eu sei que você quer ficar um pouco só, mas porque não se junta a nós quando terminar de escrever? – perguntou Dilan.
De maneira fugaz seus olhos caíram no grupo de pessoas de onde Dilan e Grace vieram. Bryce havia se juntado eles, estava posicionado ao lado de Maggie, conversando animadamente com ela, e como era de se esperar, de vez em quando fazia suas graças arrancando uma gostosa gargalhada da garota.
Os lábios de Ethan se curvaram contagiados com a felicidade leve e verdadeira vinda de Maggie.
E foi ali que se perdeu. No modo como ela corava à medida que a gargalhada se tornava mais forte, na mudança do tom do azul de seus olhos que deixaram de ser escuros para se tornarem tão claros que era como olhar para uma dia de céu limpo, o subir espontâneo dos cantos de seus lábios rosados que hipnotizava e contagiava quem é que o visse. O órgão que o mantinha vivo bateu tão forte que chegava a ser doloroso.
Jesus! Ela era tão linda!
― Talvez mais tarde. – respondeu Ethan voltando a atenção para o amigo.
Sem chance. Se de longe ela já lhe causava toda aquela palpitação, perto então seria sua sentença de morte.
― Tudo bem, qualquer coisa sabe onde nos encontrar. – Dilan disse agarrando a mão da namorada.
Seus olhos seguiram os dois amigos que voltaram para o grupo, tudo não passava de um pretexto para poder ter mais uma visão de Maggie. No entanto, desta vez os olhos dela o esperavam. Aquela forte energia que sempre os rondava o atingiu fundo em seu estômago. Sentiu cada célula do seu corpo gritar por uma proximidade, por um toque, por um beijo. Ele a queria tanto que chegava a doer.
O doce sorriso em seus lábios foi desaparecendo, ficando entre abertos como se assim fosse mais fácil de respirar. Ele se sentia da mesma forma. Toda aquela ligação, toda aquela intensidade nos olhos dela estava tirando seu ar. Estava deixando-o tonto e completamente entregue.
Lentamente sentia todas as suas barreiras caírem, empurrando qualquer sentimento ruim para longe e abrindo espaço para lembranças, sentimentos e sensações boas que Maggie sempre lhe causou. Ele sentia como se estivesse sendo empurrado por um caminho belo, mas que no fundo era tão traiçoeiro quanto um casuar. Seu coração disparou, não por nervosismo nem não por amor, mas por medo.
Ele não queria cair nessa porra de armadilha, não novamente. Se isso acontecesse estaria destruído.
Por sorte, alguém chamou Maggie, fazendo-a virar a cabeça, quebrando a conexão.
Respirou fundo, aliviado.
Precisava de uma distração já que pelo visto a bebida não estava sendo o suficiente. Seus olhos percorreram a sala em busca da vitima perfeita. Não havia muitas opções que o apetecesse, ou as garotas não faziam seu tipo ou estavam acompanhadas.
Estava quase desistindo e fazendo seu caminho para casa, quando uma loira descendo as escadas chamou sua atenção.
"Hum... Nada mal." Pensou coçando o queixo.
Os cabelos loiros enrolados artificialmente estavam cobrindo seu rosto por ela está com olhando para baixo enquanto descia as escadas, mas isso não importava, o que estava despertando a atenção de Ethan eram aquelas pernas incríveis, elas estava levando-o direto para uma agradável imagem dele fodendo-a contra a parede, suas mãos percorrendo a pele leitosa, apertando, provando, marcando, poderia até mesmo afundar o rosto entre aqueles enormes seios e mordiscar a região até tela implorando para que obtivesse um mamilo em sua boca.
Porra! Já estava ficando com o pau duro.
Discretamente tentou arrumar a ereção tentando deixá-lo mais confortável e também disfarçá-la. Não teve um bom trabalho. Bem, foda-se estava todo mundo muito bêbado para ficar olhando para suas calças.
Fez menção de ir até a garota, mas ele parou quando ela ergueu a cabeça. Seu sorriso malicioso imediatamente caiu.
Infelizmente ele a conhecia muito bem e ela não era uma das suas pessoas favoritas.
Lisa Hopkins fez o inferno de muita gente na escola, alguns poucos privilegiados conseguiram fugir das suas garras em troca tinham que ser seus subordinados. Graças a Deus Ethan não foi um desses, Lisa bem que quis.
Deveria mesmo ir até ela?
Já fazia o que? 2 anos desde a última vez em que ela o irritou com suas atitudes filha da puta? Desde que... Seus olhos foram para Maggie.
Ele podia fazer isso? Logo com ela? Logo com Maggie?
Suspirou.
Não era como se fosse namorar Lisa, era apenas sexo, a loira não precisava ser uma pessoa bondosa para isso, certo?
Encostou-se na parede indeciso e chateado por está se sentindo dessa forma. Ele não deveria se importar, Maggie não se importou com ele quando beijou seu irmão. Porque era tão difícil está cem por cento dentro do plano de mantê-la longe da sua vida?
"Porque eu a amo." A resposta flutuou por sua cabeça tão rápido quanto a sensação da proximidade de Maggie veio. Não precisava virar o rosto para saber que ela estava caminhando em sua direção.
Seu coração idiota disparou no mesmo momento em que o alerta de se manter firme soou alto, fazendo com que sua postura ficasse tensa e armada. Eram sensações confusas e contraditórias. Ele a queria por perto, mas ao mesmo tempo não.
Jesus! Iria acabar enlouquecendo.
― Oi. – ela posicionou-se na sua frente com um sorriso doce e já um pouco leve pela bebida.
― O que você quer, Maggie? – perguntou com indiferença tentando ignorar a sensação que a proximidade dela estava causando em seu corpo.
― Só vim te cumprimentar.
― Bem, você já fez, agora pode ir embora. – disse sem dó nem piedade por mais que no fundo sentisse fisgadas de nojo por cada uma das palavras grosseiras ditas.
Ela recuou como se tivesse levado um tapa na casa, seu sorriso dela vacilou e seus olhos perderam um pouco o brilho. Ela provavelmente não esperava que ele continuasse agindo assim. Talvez pensasse que era apenas uma fase por estresse da turnê. Bem, não era, era algo permanente e se Maggie não visse isso longo ainda iria se magoar muito.
E ele se odiaria cada vez por isso mesmo que no fundo se sentisse um pouco vingado pelo o que ela lhe causou.
Desviou os olhos para Lisa. Ela o observava com interesse. Ele retribuiu com um sorriso de canto.
"O que estava fazendo?" gritava em sua cabeça "Maggie está bem aí, pare já com isso!" ordenou, mas infelizmente seu corpo estava consumido por sua barreira protetora, ele estava agindo no automático, não tinha como parar, não quando seu maior objetivo era se proteger.
Maggie deveria ter ficado longe.
― Você está com raiva de mim? – perguntou a garota com a voz baixa.
― Não.
― E porque está me tratando com tanta frieza?
― Porque você está me interrompendo. – lhe lançou um olhar fugaz, zangado.
― Interrompendo o que?
Sua boca se curvou em um sorriso quando ele respondeu:
― O momento em que dou meu famoso sorriso sacana e tenho minha noite garantida com sexo sujo e selvagem.
E então ele levantou os olhos e fez sua mágica.
Maggie virou a cabeça, apenas o suficiente para seguir a linha dos olhos de Ethan. Ela estremece ao ver quem era a conquista dele.
― Sério? Lisa Hopkins? Você ainda se lembra o quanto ela foi má comigo?
― Isso foi na época da escola, supere. – falou como se ela estivesse sendo infantil por ainda guarda rancor pela garota.
― Não é como se já fizesse um século desde que isso aconteceu. – havia mágoa em sua voz – Você ainda lembra o quanto ela me fez chorar? Você ainda lembra de que prometeu que resolveria isso e tudo ficaria bem?
Ele sentiu a porra do seu coração ser esmagado com as lembranças.
― Não, você não lembra. – ela o olhou com melancolia – Mas eu sim, as marcas do bullying ainda estão lá e não importa quantos anos passe e o quanto elas diminuam... Ainda vão doer, elas nunca podem ir embora totalmente.
Sem esperar que Ethan falasse nada, Maggie correu para o jardim.
Deus, ele se odiou nesse momento!
Porque diabos não se controlou? Porque se deixou levar?
Lisa foi o pesadelo de Maggie na escola. Por anos ele nunca soube disso até um dia encontrá-la amarrada do lado de fora, estava escuro e frio. Ela estava tão assustada. Chorava tanto que não conseguia nem formar palavras coerentes. Foi quando finalmente Maggie revelou o que estava acontecendo. Lisa não gostava dela por Maggie ter sua atenção.
Tudo estão se encaixou, todas às vezes que a encontrou chorando e ela não lhe disse o porque, todas as vezes que ela estava triste e chamava Grace e não ele.
Nunca sentiu tanto ódio em sua vida.
E agora, estava ali se mostrando interessado por aquela garota só... Só porque era um filho da puta que queria se proteger de Maggie.
Não estava certo. Ele foi longe de mais dessa vez.
Quando pensou em ir atrás dela para pedir desculpas, viu Grace indo ao seu encalço. Se ele fosse viraria comida de passarinho.
Suspirou.
Desde quando se importava com as ameaçadas de Grace?
Realmente não se importava só estava apenas inventando uma mentira para que o real motivo ficasse camuflado; ele tinha medo de que ver Maggie tão decepcionada com ele que isso amoleceria seu coração e derrubaria todas as barreiras que trabalhou duro para construir. Isso não podia acontecer, não se quisesse preservar seu bem estar.
Foda-se! Deveria ter pensado nessa porra enquanto lançava olhares interessantes para Lisa bem diante de Maggie.
Tomou um gole de sua bebida tentando obter um pouco de coragem. Quando toda ela se foi, depositou o copo vazio em cima da lugar plano mais próximo e deu um passo na direção do jardim dos fundos. Não foi muito longe.
Peitos enormes bloquearam sua visão e passagem. Subiu os olhos pelo corpo escultural parado a sua frente dando de cara com o conhecido sorriso interesseiro de Lisa Hopkins.
― Olá, Ethan. – disse a loira enrolando o dedo em uma mexa de cabelo.
Era só o que lhe faltava! Ele não precisava dessa merda agora.
Nota da autora: Já sabem, 50 votos e eu posto um capítulo novo :-)