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By stickpush

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- Ei mocinho, aonde está sua mãe? - Eu n-não sei. • • Aonde Louis é abandonado pela mãe quando criança e H... More

I. Achados e Perdidos
III. Rejeição
IV. Longe
V. Vazio
VI. Por favor
VII. Apresentações
VIII. Apanhador de Sonhos
IX. Culpa
X. Volta
XI. Chuva
XII. Desencontros
XIII. Mãe
XIV. Longe do meu lado
XV. Cláusulas
XVI. Espelho
XVII. Pedaços
XVIII. Sete Dias
XIX. Desejos
XX. Leis
XXI. História
XXII. Dúvidas
XXIII. Aceita?
Epílogo I - Avental

II. À Dois

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By stickpush

Harry olhou para o relógio de parede que ficava de frente para o balcão da loja de instrumentos onde trabalhava, quase quicando na cadeira, de susto, ao ver que passavam das 19h. Mentalmente odiou-se por isso acontecer, porque à essas horas Louis já deveria estar desesperado na casa da família Malik. Isso se não estivesse chorando, como às vezes acontecia.

—Taylor! — Gritou para a outra balconista da loja, que entrava três horas depois de si e pegava o turno noturno sozinha quando o Styles ia embora. Ela havia se enfiado no estoque e ele realmente estava muito atrasado.

— Pode falar, Harry. — O maior a viu colocar metade do corpo pra fora da porta que dava pra sala de estoque, segurando na mão direita uma guitarra com duas cordas faltando. Provavelmente estava ajustando o instrumento para algum cliente, entretanto Harry realmente não podia esperar mais.

—Preciso ir embora. Você consegue se virar sozinha? — Indagou preocupado que a resposta fosse não e ele tivesse que esperar ela terminar o trabalho interno da loja. Nem saberia como se desculpar com Trisha, se esse fosse o caso.

—Claro que sim. — Ela abriu um daqueles sorrisos bonitos que sempre deixavam o Styles calmo quando estava com algum problema e ele acabou sorrindo de volta para ela.. Não dava pra acreditar que Taylor já tivesse vinte e dois anos. —Manda um beijo pro Lou por mim, okay?

—Mando sim. — Levantou-se da banqueta que havia atrás do balcão para ir em direção a moça e lhe dar um beijo estalado em uma das bochechas. —Você é minha salvadora, sabe disso, certo? — Taylor riu da intensidade do outro, enquanto ele entrava na salinha dos funcionários para buscar a própria mochila e sair de lá às pressas.

Há três meses atrás, Louis havia aparecido em sua vida no meio de uma chuva torrencial e desde então, o mais velho tinha de se desdobrar em cinco para ser universitário, trabalhador, pai, mãe e irmão, tudo ao mesmo tempo. Claro que estaria mais do que fodido se Trisha não tivesse se proposto a ficar com ele durante a tarde, mas mesmo assim estava sempre entulhado de coisas para fazer.

Fora bem difícil no começo. Tiveram de ir atrás de um advogado que colocasse a guarda do menino em nome de Trisha, meio que por baixo dos panos, já que aparentemente ele possuía registro de nascimento, mas não parecia haver nenhum responsável por ele, quase como se fosse órfão. Nesse tipo de caso acionava-se a polícia e o caso demorava meses para dar procedência, então, eles acabaram tendo que burlar algumas regras para que o caminho fosse menos tortuoso. Por sorte, a irmã de Trisha era juíza.

Era como se sua mãe tivesse planejado o abandono desde o dia de seu nascimento. E isso não fazia sentido algum. Entretanto, a verdade é que não existia nem sinal de quem diabos poderia ser a mãe de Louis Tomlinson. Melhor assim, provavelmente.

Por sorte o Tomlinson nunca voltou a falar sobre a mãe. Foi um comportamento estranho para uma criança que estava chorando por ela na noite em que o encontrou, mas acabou fazendo Harry pensar que talvez o menino fosse maltratado pela mãe. Fosse como fosse, não foi difícil se acostumar a ter brinquedos jogados pelo chão, duas escovas de dente no banheiro e duas bocas para alimentar. Era como ter uma família de novo e Harry Styles sentia falta disso.

A cama de solteiro do quarto do Styles também havia ido embora naquele processo, sendo substituída por uma de casal. A ideia inicial era que fossem duas de solteiro, entretanto Louis chorou tanto e fez tanta manha, recusando-se a dormir longe de Harry, que a melhor opção que Trisha encontrou foi aquela.

Todos os gastos estavam sendo bancados por Trisha Malik, que constantemente dizia que se a guarda da criança era dela, os gastos também seriam. Harry agradecia mentalmente, porque seu salário não cobriria nada disso. Além de todas essas compras, a mãe de Zayn também estava bancando o mesmo colégio particular que pagava para o filho, para Louis.

O Tomlinson havia esperneado para não ter de ir à escola, entretanto esse não era um capricho que Harry poderia convencê-la a realizar.

Contudo, o abandono havia deixado um trauma. Uma marca escarlate que se fazia óbvia o tempo todo: Louis tinha medo de ser abandonado de novo. Era só Harry se atrasar ou sair sem avisar que o menino chorava à plenos pulmões, como se estivesse sendo largado na rua novamente.

Entretanto a Lei de Murphy era uma vadia e justamente quando o Tomlinson havia acordado com febre e manha, o movimento na loja havia crescido exponencialmente, fazendo com que Harry começasse seriamente a se preocupar com o estado que o encontraria, quando chegasse na casa de Trisha.

O Styles passou pela portaria em passos rápidos, subindo as escadas de dois em dois degraus e provavelmente quebrando o algum record de velocidade nesse processo, até estar tocando a campainha, para logo em seguida apoiar-se nos próprios joelhos, recuperando o fôlego.

A porta foi aberta por Trisha, que carregava Louis nos braços. Ele chorava baixinho e seu rosto estava vermelho por causa da febre. Harry sentiu o peito apertar, mordendo o próprio lábio inferior, soltando-o apenas quando sentiu o piercing que possuía ali lhe machucar.

No instante em que Louis o viu, ele inclinou o corpo pra frente, esticando os braços magrinhos pra tentar encostar no Styles, que o pegou do colo da mãe de Zayn, abraçando-o forte, enquanto encostava sua boca na testa pequena, tentando sentir sua temperatura.

—A febre dele tinha abaixado, mas logo que passou das sete horas e você não tinha chego, ela voltou a subir. Quem sabe agora que você está aqui ela não baixe mais uma vez. — Trisha informou, com uma expressão preocupada no rosto bonito. —Ele já jantou e tomou banho, então tente fazê-lo dormir. Mas não pense duas vezes antes de me chamar se a febre continuar durante a noite, entendeu, Harry?

—Tudo bem. — Respondeu o maior, sentindo Louis afundar o rosto todo manchado de lágrimas na curva de seu pescoço, enquanto aparentemente tentava controlar o pranto. —Muito obrigado, e desculpe a demora, mas a loja estava lotada... Eu tive que deixar uma funcionária sozinha pra poder sair.

—Não tem problema. Só fiquei preocupada com o Lou quando ele começou a se desesperar. — Enquanto Trisha falava, Zayn apareceu na porta pedindo colo à mãe, tentando reaver todo o afeto que ela havia gasto com o seu irmão postiço durante a tarde. —Boa noite, vocês dois. Se cuidem.

—Boa noite. — O sorriso foi de viés. Era como se estivesse preocupado demais para estar verdadeiramente contente. Louis era emocionalmente instável e Harry não queria ficar brincando com isso, entretanto o que não tem remédio...

—Você demorou, Hazza... — O pequeno falou, choroso, quando ambos chegaram ao elevador. —Achei que não gostasse m-mais de mim. — Sussurrou, engolindo um soluço enquanto apertava a camiseta do outro com as mãos pequenas.

—Lou, eu jamais deixaria de gostar de você. Tira isso da cabeça... — Pediu, dando mais uma série de beijos no rosto infantil, vendo-o aos poucos parar de soluçar, enquanto o elevador alcançava o andar de destino e ambos, finalmente, entravam dentro da própria casa. —Mesmo que eu atrase, tem que acreditar em mim quando eu digo que vou voltar pra você.

Seguindo as recomendações de Trisha, Harry rumou direto para o bainheiro, colocando Louis sentado na pedra da pia enquanto pegava sua escova de dentes e a incrementava com um creme dental de morango. Molhou-a na água corrente, para por fim aproximá-la da boca do pequeno, que a abriu imediatamente, deixando que o mais velho fizesse sua higiene bucal com tranquilidade. Enxaguou a espuma com um copinho de água e o tirou de lá de cima.

O levou até o quarto, ajudando-o a vestir um pijama confortável, antes de colocar ambos na cama de casal. Harry passou o cobertor pelo corpo diminuto, mantendo-se por cima da colcha. O rapazote, como o de costume, agarrou-se na camiseta do Harry com as duas mãos, quase como se tivesse certeza de que ele desapareceria durante e noite.

Colocou a boca em sua testa enquanto acariciava seus cabelos, vendo que a temperatura já não estava tão alta.

O universitário ficou naquela posição por quase uma hora antes que a criança dormisse profundamente o suficiente para que pudesse sair da cama sem que Louis acordasse. Harry não havia jantado, não havia tomado banho e ainda tinha que estudar para as provas. Sentia que ia entrar em colapso a qualquer momento. Delicadamente soltou as mãos de sua camiseta, levantando-se e rumando para fora do quarto, que manteve com a porta aberta. Se Louis acordasse durante a noite sozinho ele iria abrir um berreiro. Já havia acontecido.

Enfiou-se na cozinha, disposto a fazer macarrão instantâneo só para forrar o estômago. O Styles havia perdido alguns quilos e suas notas caíram consideravelmente, entretanto, ele não conseguia se arrepender de ter tirado aquele menino da chuva. Havia valido a pena.

• •

Sentiu alguma coisa cutucando sua coxa direita e abriu os olhos assustado, sem ter muita certeza do que encostava em si.

A primeira coisa que viu foram os próprios braços apoiados em cima de seu livro de Cálculo I, que estava, inclusive, com uma página bem amassada, sobre a qual teria de prestar contas à bibliotecária. Tinha dormido estudando, de novo. Mas pelo menos dessa vez havia se lembrado de tomar banho antes de sentar na mesa da sala.

Ainda estava escuro e única luz do ambiente era a luminária que Harry havia acendido para conseguir enxergar as letras impressas no livro. Olhou para o lado, finalmente encontrando dois olhinhos vermelhos de sono, encarando-o com expressão preocupada e sonolenta, enquanto seu corpo infantil oscilava, literalmente capengando de sono.

—Vem dormir comigo. A cama é muito grande... 'Tá frio, Hazza — O Styles teve de conter alguma expressão exacerbada sobre o quanto achara aquela cena fofa, enquanto levantava-se de sua cadeira, vendo Louis esticar os braços, pedindo colo como sempre fazia. Culpou-se mentalmente por praticamente desacostumar aquela criança a andar, mas não conseguiu não aninhá-lo nos próprios braços.

Só seria um problema se ele continuasse lhe pedindo colo quando tivesse uns quatorze anos. Beiraria o ridículo, mas algo dizia, lá no fundo de Harry que ele provavelmente cederia da mesma forma.

—Me desculpa. Eu caí no sono. — Respondeu sentindo-o largar-se em meus braços, obviamente exausto. —Não queria te deixar lá sozinho.

Pela segunda vez naquela noite, Harry deitou-se na cama com outro, contudo, dessa vez realmente estava com pleno intuito de dormir. Tocou a testa da criança com os lábios, vendo que a febre havia cessado. Agradeceu mentalmente por aquilo. Não queria ter de acordar Trisha àquelas horas.

Não demorou nem cinco minutos pra pegar no sono feito pedra. A cada dia o universitário sentia que as noites ficavam mais curtas, quase como se rissem dele e de seu cansaço excessivo... Ao que lhe pareceu quinze minutos depois de ter deitado, o despertador do celular começou a gritar em seu ouvido.

Pegou-o na mão com pleno intuito de arremessa-lo na parede, entretanto sua consciência falou mais alto e ele limitou-se em desliga-lo, suspirando audivelmente contra o próprio travesseiro.

Tinha o costume de deixar Louis dormindo enquanto se arrumava, então sem fazer barulho, conseguiu fazer a higiene pessoal, trocar-se e arrumar tudo que necessitaria no dia, dentro da própria mochila, para por fim, entrar no quarto e dar um beijinho na bochecha do pequeno, que abriu os olhinhos, demorando um pouco para reconhecer o Styles, antes de inclinar-se para dar um estalinho em seus lábios.

Louis havia adquirido essa mania há algum tempo. A única dedução plausível para o Styles foi que era por já fazer isso com sua suposta mãe, então não o cortou, nem rejeitou. Simplesmente adaptou-se a ter uma criança estalando os lábios pequenos nos seus.

Conseguiu arrumar o Tomlinson rapidamente, alinhando-o dentro do uniforme do ensino infantil, antes de descer com ele nos braços, pelo elevador. No estacionamento, Trisha esperava ambos dentro do carro, junto com Zayn. Ela dava carona para Harry há anos, por ser caminho para a escola do filho único e não foi nem um pouco difícil encaixar Louis nessa rotina.

Quando finalmente o carro parou em frente a universidade que Harry frequentava, o grandão deu um abraço apertado em cada uma das crianças, um beijo no rosto da Srª. Malik e botou-se em mais um dia infernalmente cheio de coisas para fazer.

• •

A penúltima aula do dia estava arrastando seus ponteiros para o final quando o celular de Harry Styles começou a vibrar, mostrando que recebia uma chamada... De um número desconhecido.

Se havia uma coisa que o Styles detestava, era receber chamadas de números desconhecidos. Porque o número de alguns hospitais tinham esse bloqueio e Harry nunca havia realmente se recuperado da vez em que, ao atender aquela maldita ligação, ficou sabendo que o avião em que seus pais e sua irmãzinha estavam, havia sofrido um acidente durante o pouso, dois anos atrás.

Conseguia lembrar-se como se fosse ontem que apenas não estava junto com eles naquele voo porque havia ficado de recuperação em biologia e precisou adiar as próprias férias. Os pais estavam indo visitar os avós maternos em Toronto e iria encontra-los lá assim que conseguisse fazer a própria prova... Nunca aconteceu. O avião perdeu o controle durante o pouso e bateu contra uma das torres de controle. O tanque de gasolina explodiu e... Bem, disseram que eles não sofreram. Que foi tudo rápido demais.

Realmente foi. Harry nunca conseguiu superar.

Harry Styles— Uma voz feminina soou do outro lado da linha. O coração do universitário quase saltou pela boca, enquanto ele caminhava para o lado de fora da sala.

—Sim?

Aqui é do Pronto Socorro do Hospital St, Mary. Um rapazinho chamado Louis Tomlinson acabou de dar entrada na emergência e, na escola onde foram busca-lo, passaram o seu número de telefone como contato da criança. Poderia comparecer ao centro de atendimento? 

A pressão de Harry caiu.

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