Alex
Eu andava de um lado para o outro sozinho naquela sala. Há pouco minha mãe havia saído para uma reunião e me deixado ali imerso em meus pensamentos. Não sabia mais em que pensar. Meu pai era um assassino, minha mãe uma agente secreta e a minha namorada um robô com sede de vingança. Tudo que eu havia construído na vida era uma mentira, e isso definitivamente estava acabando comigo.
— Alex? — Uma voz masculina surge na porta me fazendo dar um pulo.
— Quem é você? — Disse assustado. Eu tinha medo de qualquer um neste momento. Embora estivesse começando a reconhecer aquele rosto.
— Sou o Agente Anthony Walter — Walter? — O líder da corporação e também o seu padrinho. — Claro, tio Tony. Ele também?
— O que você quer? — Fui um pouco grosso.
— Conversar. — Ele disse — Sei que você está desconfiado, e sei que sua mãe contou sobre algumas coisas sob a perspectiva dela, mas eu gostaria de te mostrar algo que pode responder uma das perguntas que pairam nessa cabecinha agora. — Ele sorriu e eu realmente senti medo.
— Tudo bem! — Disse relutante — Pode falar!
— Para começar preciso que venha até a minha sala. — Disse saindo.
Eu não sabia se deveria segui-lo, mas eu o fiz. O segui até o outro lado daquela sala oval, onde havia outra secretaria sentada na frente de uma porta com o nome dele.
— Senhor? — A secretaria dele disse interrompendo seus passos — Os líderes já chegaram e estão aguardando para começar a reunião.
— Convoque a agente 003 para a reunião e aguarde minha ordem para começar — Falou entrando em sua sala e eu apenas o segui.
— O que você quer me mostrar? — Disse analisando sua sala que tinha um "que" de sombrio.
— Sente-se! — Ele mandou indo até um notebook que estava em cima da mesa e dando play em um vídeo. — Só estou aqui para te mostrar a verdade — Ele disse e me virei para a tela paralisando.
"— O que eles estão querendo dizer — Anthony diz — é que você anda tendo relações pessoais com o protegido.
— Do que exatamente estão falando? — Vejo Nataly pronunciar.
— Vocês foram pegos por nossa equipe várias vezes se beijando — Um homem coloca algumas fotos minhas com Nataly em cima da mesa de frente para a mesma.
— Por que andam me espionando? — Ela questiona nervosa.
— Não muda de assunto. — Um homem esbraveja.
— Ok, eu posso explicar.
— E vai, porque isso é contra as normas.
— Bem, Alex começou a se interessar por mim, e eu não tive escolha. — Começou — Além do que é bem mais fácil para ficar perto dele quase o tempo todo, já que está sempre me mandando mensagens e essas coisas. — Escorou na mesa.
— Então está me dizendo que o relacionamento de vocês não passa de trabalho? — Anthony pergunta.
— Sim, o único fato de eu estar com Alex é para o bem da sua proteção e das investigações. Não gosto dele se é isso que estão pensando em insinuar. Ele é apenas o meu trabalho."
O vídeo mostrava Nataly, respondendo algumas perguntas para ele. Eu não sabia nem o que dizer. Cada palavra dita por ela me matava um pouco mais. E a frase "Ele é apenas o meu trabalho" se repetia na minha cabeça enquanto eu via tudo desmoronar. Nataly nunca me quis, ela enganou a mim, aos meus amigos e até mesmo a minha mãe. Eu queria tanto acreditar nela, queria que ela me amasse. Eu queria tanto perdoar ela pelas mentiras e apenas seguir em frente. Mas não dava pra contestar quando era ela mesma falando aquelas coisas. Meu coração estava partido e não havia como consertar aquilo um dia.
Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto.
— Por que está me mostrando isso? — Perguntei com a voz embargada.
— Nataly é uma das minhas agentes, por isso não quero que se iluda achando que ela realmente sentiu algo por você, ou que iria abandonar tudo o que ela tem aqui para viver esse amor. Tudo sempre foi um trabalho para ela. Ela é fria, calculista e sem sentimentos. Foi treinada para isso. Ela perdeu o controle da situação, mas não porque te amava e sim porque levou essa perseguição ao assassino da mãe dela muito longe. — Despejou em mim sem dó nem piedade — No fundo você é apenas o filho do assassino da mãe dela.
Eu não sabia mais em que acreditar. Minha mãe disse que ela me amava, mas eu duvido. Um vídeo vale muito mais que palavras ditas. Ela era a mestre da mentira. Sem coração. Por que mentir dessa forma para uma pessoa? Eu ia pedi-la em casamento. Eu sou muito burro mesmo!
— Eu não a quero mais como minha protetora. — Disse engolindo todo o choro — Eu a quero longe de mim. — Não deixaria mais ela me machucar.
Depois que saí da sala de Anthony e esbarrei em Nataly segui para uma biblioteca, onde Anthony disse que uma mulher viria para me mostrar o lugar e tudo mais. O lugar era enorme. Devia ter livros de todos os autores vivos e mortos ali. Um deles me chamou atenção pela capa estranha e o tamanho. Era como um livro de bolso e tinha uma capa meio acinzentada e rústica com o símbolo estranho que estava na logo da agência e nos colares que estavam nos pescoços dos agentes. O nome do livro era escrito num vermelho sangue e sua letra parecia ser escrita com um dedo. O nome "Top Secret" chamou a minha atenção, mas antes que eu pudesse pegá-lo para ler, uma morena baixinha parou a uns dois metros de mim, me assustando fazendo com que eu empurrasse o livro mais para o fundo da prateleira.
— Olá, Alex! — Ela sorriu para mim transmitindo confiança.
— Quem é você? — Perguntei virando-me para ela.
— Meu nome é Elisabeth, e eu sou a secretaria da Agente Nataly Walter. — Recuei um pouco.
— Não foi ela que me mandou aqui. — Ela tratou de consertar o que havia dito — O Agente 001, Anthony Walter, me mandou para te mostrar o lugar e te distrair enquanto sua mãe está na reunião com os líderes. Essas reuniões costumam demorar muito. — Ela sorriu.
— Ah, claro — Sorri de volta — Prazer.
Saímos da biblioteca e nos dirigimos para alguns andares acima. Ela me explicava sobre tudo enquanto passávamos por alguns lugares específicos nos andares. Todos nos olhavam se perguntando por que estava tendo um tour como em um passeio escolar.
— Esse aqui é o nosso memorial. — Ela disse parando próximo a um mural onde tinham placas de muitos agentes mortos. Dois deles me chamaram a atenção. Um com sobrenome Walter e outro Bernoulli. — Esses eram a Agente Claudia Walter e seu avô Joseph Bernoulli.
— O fundador?
— Não! — Ela sorriu — Não sei bem ao certo quem fundou a agência, mas isso aconteceu bem longe daqui e bem antes de passar a agência para a linhagem italiana imigrante Bernoulli.
— O que realmente vocês fazem aqui? Mexem com coisas de extraterrestres?
— Isso é trabalho para a área 51. E particularmente eu apenas anoto os recados na agenda.
— OK! — Ri — Eu estou falando sério, o que fazem aqui?
— Bom a S.W.A. é uma agência que trata da aliança entre diversos países, no quesito segurança mundial. É um tipo aliança que apenas os líderes dos países envolvidos sabem. Tratamos de resolver coisas que possam acarretar na desestabilização desses países, e fazemos isso secretamente. Assim numa investigação nossa, os bandidos não sabem quem os estão vigiando e nem a sociedade fica apavorada com repercussões de casos que venham a ser expostos. Trabalhamos nas sombras contra o mal e também ficamos de olho nos países que não estejam dentro dessa aliança. Atualmente somos sete países em acordo. EUA, Canadá, Portugal, França, Inglaterra, Austrália e o principal Brasil.
Nataly
Eu não estava acreditando no que estava acontecendo. Minha vida estava totalmente de cabeça para baixo. A minha equipe acha que eu sou louca, os meus superiores também acham isso. Mauricio estava conseguindo exatamente o que queria. Eu estava perdendo a minha credibilidade aqui dentro e por ventura perderia a missão mais importante da minha vida, que era mais que pessoal para mim. Mas agora, Alex agora sabia de tudo. E todos estavam protegidos. Qual seria seu próximo passo?
Sa da sala de reuniões tentando controlar minha raiva e segui para a minha sala. Elisabeth, mais uma vez não estava em seu posto, mas eu não liguei, apenas fui para minha sala batendo a porta com toda força possível tirando meus sapatos logo em seguida. Joguei o envelope que a enfermeira havia me entregado no sofá e me joguei por cima do tapete que havia no meio da sala.
— Naty? — Ouço Diego me chamar e acordo meio desnorteada — Você sumiu a noite toda, não foi comer e a Elisabeth diz que não te vê desde antes da reunião. Estava preocupado.
— Oi! — Me levantei do chão tentando me localizar — Acho que apaguei aqui.
— O que resolveu na reunião? — Ele perguntou me ajudando a levantar do chão.
— Resolveu que eu não perdi a missão, mas em contrapartida eles acham que eu sou louca e eu não sou mais a protetora de Alex e não posso mais manter contato com ele ou sair em campo nesta missão. — Respondi indo até a minha mesa.
— Caramba! — Ele disse se sentando na cadeira a minha frente.
— Eu estou perdida! — Abaixei a cabeça meio chorosa. — Não posso ficar longe dele.
— Às vezes é até bom você manter distância dele. Você está agindo muito por impulso, talvez se afastar seja uma boa ideia. Vão ver que você é forte e que não está perdendo a cabeça por causa do Mauricio ou do Alex.
— Não se trata do Mauricio, Diego — Disse levantando minha cabeça e olhando em seu olhos — Trata-se de Alex, e do amor que eu sinto por ele — Uma lágrima desceu pelo meu rosto — Não sei se consigo me manter longe dele, porque eu não sei mais como é que se faz isso.
— Você ainda tem uma chance. — Diego disse depois de alguns minutos de silêncio.
— Como assim?
— Naty, Alex te ama também. — Disse se levantando — Vai atrás dele e se explica, diz o que sente, e diz o que está sendo obrigada a fazer. Eu tenho certeza de que ele vai te ouvir, te entender e topar qualquer maluquice que você proponha. — Sorriu.
— Você acha? — Perguntei meio receosa.
— Por que complicar as coisas, quando podem ser tão simples? — Perguntou retoricamente.
— E se ele estiver com raiva? E se não quiser me ouvir?
— Ele vai! Ele quer respostas que só você pode dar a ele. — Diz indo se sentar no sofá
— Tem razão! Eu vou lá agora. — Levanto determinada. — Até porque se eu não for agora eu não vou nunca mais — Disse pegando meus sapatos e calçando-os.
— Que envelope é esse? — Diz segurando o envelope que a enfermeira havia me dado.
— Nada demais. Só um exame de sangue que a enfermeira insistiu que eu desse uma olhada.
— Posso abrir? — Perguntou quando cheguei ao banheiro para arrumar o cabelo.
— Fica à vontade.
— Oh merda! — Ouço Diego gritar depois de dois minutos em silêncio.
— O que foi? — Pergunto saindo do banheiro e encontrando Diego branco igual a uma parede. — O que está escrito aí? — Começo a me desesperar vendo que está com o exame aberto em mãos.
— Naty você tem certeza do que está escrito aqui?
— Como assim certeza? Eu nem sei o que diz aí. — Falo pegando os papeis de sua mão, mesmo assim não entendendo nada. — Que merda está escrito aqui? Que tipo de exame é esse? Você está com a mesma cara que a enfermeira fez para mim.
— Naty... — Ele respirou fundo — Você está...
— Estou o que? — Gritei irritada.
— Grávida! — Ele disse soltando todo o ar que tinha preso em seus pulmões num sussurro — Naty você está grávida.
— O que? — Vi o mundo perder a cor, girar e apagar logo em seguida.