Beatriz
Estes últimos dias não têm sido fáceis. Estamos a poucos dias do Natal e eu tenho dúvidas que as coisas melhorem até lá. A Anne convidou-me a mim e aos miúdos para lá ir passar esta quadra, mas é complicado. Os meus pais este ano passam apenas com a mãe Bella e por isso me deram a dica de passar com eles. A Melanie vai passar a consoada com o Sam. A casa do Liam vai ter alegria extra. Sim porque onde está a Mel a alegria está por perto. No fim acho que vou mandar os miúdos para a Anne e assim passam o Natal com o pai e eu acabo por ficar com os meus pais.
Estou na minha pausa para o café e recebi uma mensagem do Zayn dizendo que precisa de falar comigo e quem vem a caminho. Não sei se me hei-de preocupar ou não. Nunca ninguém entendeu o afastamento repentino dele. Isto só leva a que as pessoas se surpreendam quando ele quer falar com um de nós. Confesso que tenho saudades do meu irmão e de tudo o que passámos juntos. Tenho saudades das conversas que tínhamos e das nossas risadas e abraços.
Suspiro olhando as horas e vejo que estou no fim da pausa. Levanto-me agradecendo ao empregado do refeitório e faço o caminho de volta ao meu gabinete. Passo pela receção e vejo a Mrs. Blanca com o seu Chihuahua à espera para ser atendida. Sorrio pois lembro que da última vez o pobre animal ficou nervoso e virou fera naquele consultório. Deixo umas assinaturas na rececionista, a pedido de uns fornecedores e viro-me para a senhora à minha frente.
- Boa tarde Mrs. Blanca.
- Boa tarde doutora.
- Venha comigo e vamos ver o que esse rúfia tem desta vez. – Sorrio para o animal.
Preparo-me para seguir o meu caminho quando vejo o meu irmão à porta da clinica olhando para mim com ar sereno e profundo. Com ele vem o meu filho Thomas e o meu coração de mãe quer muito abraçá-lo, mas depois do que se passou nem sei como reagir.
- Não esperava que viesses tão depressa Zayn. – Cumprimento-o, ficando na dúvida se posso ou não cumprimentar o Thomas sem ele me rejeitar. Assim opto por ficar calada.
- Eu sei Bia. Desculpa, mas eu precisa de vir falar contigo. Aliás eu não, mas sim o teu filho. – Olha o Thomas e o meu olhar segue-o.
Posso sentir algum nervosismo da parte do Thomas e que ele me olha com alguma curiosidade e talvez tristeza à mistura.
- Mas está tudo bem? – Perguntei mais para o Thomas do que para o Zayn.
- Sim está. Parece que tens ali uma consulta. – Fala para a minha cliente com o seu cão. – Vai lá que depois falamos.
- Sim Bia. Vai lá que eu fico com eles. – O Michael aparece sorrindo e cumprimentando o Zayn e o Thomas.
- Eu não demoro. – Sorrio e quando estou prestes a virar costas o Thomas impede-me agarrando o meu braço e olhando bem fundo nos meus olhos. Passo a minha mão pela sua face e sorrio. Não sei qual a intenção dele, mas o facto de ele não rejeitar o meu gesto fez-me ganhar o dia e ficar de coração cheio.
- Vamos comer qualquer coisa pode ser? – O Michael fala fazendo com que o Thomas desperte do transe assim como eu.
- Até já então.
E desta vez sigo mesmo para o meu gabinete onde a Mrs. Blanca já deve estar a bufar pela minha demora.
Zayn
Noto o Thomas nervoso pela conversa que pode vir a ter com a mãe. Eu sei que ele quer remediar as coisas e vai conseguir fazê-lo. Ele é um bom miúdo e por mais erros que cometa, os pais vão estar do lado dele pra o amparar nas quedas e ajudar a levantar.
Olho o Michael vir com dois cafés na mão e entregar-me um. Desvio o meu olhar do Thomas que está meio perdido da olhar para a tv ali no canto do refeitório.
- Achas que eles se vão entender? – Pergunta o Michael.
- O meu sobrinho sabe que errou e só quer uma oportunidade de mostrar aos pais que ele continua o mesmo menino de antes, mas que apenas cresceu. – Dou um gole no meu café.
- Zayn, tenho algo a remoer-me a algumas semanas e preciso de falar com alguém.
- Algo grave? – Questiono meio preocupado.
- Tem a ver com a Beatriz e o Harry.
- Hã?! Explica-te. – Digo enquanto ele me entrega um envelope.
- Abre e vê se encontras algo estranho.
Abro de imediato e retiro um conjunto de fotografias. Fotografias essas que me lembro de ver nas revistas pois foi a after party de uma apresentação da banda.
- Não vejo nada de especial. Aliás, estas fotografias até eu vi nas revistas e sites.
- Sim, mas nada te chama a atenção? – Retira as fotos da minha mão e escolhe uma mostrando-me logo de seguida.
Olho a foto com muita precaução e levo as mãos à cabeça com o que acabo de ver. – Não pode ser verdade. – Digo ainda estupefacto.
- Eu pensei o mesmo. Aliás até já estava desconfiado. Eu estava no mesmo hotel que o Harry naquela noite.
- Tens noção que isto pode ser a salvação do casamento da minha irmã?
- Sim. Mas mesmo assim essa fotografia não prova tudo. Afinal eu vi o Harry entrar no quarto, mas ele ia sozinho. Como a Samantha lá foi parar eu não sei.
- E pensar que "odiei" o Harry por algo que ele não fez.
Como foi possível todos terem caído em cima dele quando ele próprio não sabe o que realmente se passou. Esta fotografia onde a Samantha aparece colocando um pó numa bebida pode ser mesmo a resolução da verdade. Mas se o Harry bebeu mesmo isto e foi drogado como se enrolou com a Samantha. Existem tantas peças que não encaixam nesta história. Mas tenho de tirar a limpo.
- Michael, posso ficar com a foto? – Ele assente. – Preciso da tua ajuda. Preciso de saber o que realmente se passou naquela noite.
- Eu ajudo no que for preciso. Só quero que a Beatriz volte a sorrir como antigamente. E se o Harry realmente está inocente ele merece um enorme pedido de desculpas.
Beatriz
Depois de atender a Mrs. Blanca finalmente posso respirar fundo antes de ir ter com o meu filho e com o meu irmão. Preparo-me para sair do meu gabinete quando oiço bater da porta revelando um Michael acompanhado do meu irmão e do Thomas.
- Deduzi que já tivesses terminado.
- Sim terminei, Michael.
- Bom sendo assim acho que tens uma conversa pendente. – Olha para o Thomas que brinca com as mãos estando atrás do tio. – Pedi ao Kevin para assegurar as tuas consultas. Já eu vou com o Zayn tratar de umas coisas.
Fechando a porta atrás deles e deixando-me apenas com o Thomas na sala posso sentir todo o nervosismo no ar. O Thomas olha para mim profundamente e numa questão de segundos ele está abraçado a mim como se a vida dele dependesse deste abraço. Sento-me no sofá ali na sala e puxo-o para o meu colo. Ainda com ele nos meus braços oiço pequenos soluços fazendo ver que ele está a chorar.
- Shhh. Não chores. A mãe está aqui.
- Desculpa mãe. – Diz entre os soluços e lágrimas.
- Sou eu que tenho de pedir e não tu. Fui eu que errei quando...
- Não... - Interrompe-me. – Mãe, eu adoro-te e sei que tudo o que fazes é para meu bem e para bem das manas. Sim custou quando me bateste, mas eu mereci. Afinal as minhas palavras foram tão duras para contigo. Desculpa se não sou o filho que querias ter.
As suas palavras fazem o meu coração quase parar de bater. – Amor, a mãe jamais quereria outro filho que não fosses tu. Tu não és perfeito. Aliás ninguém, mas tu és à tua maneira. Nunca mais digas que não és digno de ser meu filho. Tu e as tuas irmãs são o que tenho de mais precioso e não trocava o meu papel de vossa mãe por nada deste mundo. Tu és o meu menino e sempre vais ser. Mesmo que cresças e já não precises de mim.
- Eu não quero crescer. É tão duro e complicado. – Diz limpando as lágrimas e ajeitando-se no meu colo.
- Sim é verdade. Mas por ser complicado é que te tornas na pessoa que és.
- Mãe... Porque... - Noto que a sua pergunta pode ser dolorosa. – Porque nunca me contaste que eu poderia ter tido um irmão gémeo? – Questiona com aquele olhar típico do pai.
E com estas palavras todas as memórias do início da minha gravidez dele me vieram ao pensamento. A felicidade e medo de contar ao Harry que ia ser pai. A "discussão" que tivemos e o aborto que sofri. A forma como o Harry esteve a meu lado sem deixar que nada de errado pudesse acontecer. Tudo. Tudo me assolou o pensamento em segundos.
- Não foi por mal. Apenas... Desculpa... - A minha voz soa baixo. – Podemos ligar ao pai? Acho que ele também vai querer estar presente quando falarmos sobre isto. – Ele assente.
- O tio Zayn disse que tu e o pai me chamam de pequeno milagre por ter sobrevivido durante a gravidez.
- É verdade. No dia em que soube que estava grávida foi no dia em que perdi um de vocês e o teu pai disse que tu eras o nosso pequeno milagre.
- Gostava de saber mais da tua história com o pai. – Sorrio com a sua curiosidade.
- Então vamos já tratar de matar a tua curiosidade.
Levantamo-nos os dois e depois de mais um abraço e um "amo-te mãe" da parte do Thomas eu enviei uma mensagem ao Harry pedindo para ir jantar lá a casa. Expliquei por alto a curiosidade do nosso filho ao que ele respondeu "só espero que ele não me culpe". E aí tive certeza que esta poderia ser a conversa que levaria o Thomas a fazer as pazes com o pai.
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Olá Lover's :)
Bom tenho de vos pedir desculpa pela demora em publicar. Não está fácil conjugar a minha vida profissional com o tempo para escrever. Daí a demora.
Este capitulo está pequeno, mas porque o dividi em dois. Não foi propositado não. Foi mesmo porque não vos queria deixar sem actualização muito mais tempo. Vou tentar terminar a segunda parte o mais rápido que puder e espero que nãos e aborreçam pela demora embora eu saiba que muitos odeiam esperar. Até eu como leitora não gosto de demoras.
Espero continuar a ler os vossos comentários e sugestões para o que se possa passar a seguir.
Mais uma vez peço desculpa pela demora.