Surpresas do Destino

By Chaiane-Souza

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Enquanto a Melissa arrumava a mala para viajar com seu namorado, ela jamais imaginou o que poderia acontecer... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Epílogo

Capítulo 30

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By Chaiane-Souza

Voltar para casa depois de quatro meses fora, dava uma sensação maravilhosa.

Acabei ficando mais tempo do que planejava lá com a minha tia, pedi demissão e não tinha mais o que fazer lá em casa. Passei o Natal e ano-novo lá. Minha família foi para lá, para passarmos todos juntos, até a Flavia foi.

A barriga dela estava aparecendo um pouco, mas só a mãe dela sabia. Meus pais e o pai dela, não faziam a mínima ideia que ela estava carregando um filho dentro de si. Ela usava umas roupas largas, o que já disfarçava. E era uma menina, a Flavia estava morrendo de felicidade.

Durante os meses que fiquei fora, o Henrique me ligava todo santo dia. Bloquei o número dele, mas não adiantou, cada dia ele ligava de um número diferente, às vezes até de pessoas que eram minhas amigas. Às vezes eu nem atendia.

Com o Guilherme, eu tentava falar diariamente. Sempre estar apar de como ia o seu tratamento, e saber de todos da casa dele.

Ele me mandou uma mensagem me desejando um feliz Natal e um ótimo ano-novo, mas é óbvio que tudo seria melhor com ele ali.

Voltei para casa recarregada, tanto na mente, quanto o corpo.

Eu estava arrumando minhas coisas de volta no lugar, no meu quarto e a Flavia e o Lucas estavam se preparando para contar ao meus pais, que eles seriam avós.

Eu sentia a tensão mesmo a metros de distância.

-Mãe, pai temos uma notícia - o Lucas anunciou.

-Vocês vão casar? - minha mãe perguntou. - Ah, deixa que eu faço os docinhos, será tão lindo...

Às vezes minha mãe extrapola.

A Flavia respirou fundo, tomando coragem para contar, eu queria tanto estar lá na sala dando meu apoio à eles, mas era uma coisa que eles deviam fazer sozinhos e arcar com as consequências.

Guardei minhas roupas no guarda-roupa, enquanto tentava ouvir o que falavam na sala.

-A Flavia está grávida - o Lucas soltou.

Veio o silêncio, fiquei com medo de meus pai terem desmaiados com a notícia, mas essa hipótese foi descartada quando meu pai voltou a falar:

-Como assim grávida? - ele perguntou.

-Ela está grávida - o Lucas repetiu.

Minha mãe já estava desesperada.

-O que vocês vão fazer? Meu Deus. Existem tantos meios para não terem filhos cedos, por que não se cuidaram e tomaram o cuidado necessário para isso não acontecer?

Minha mãe estava maluca, soltando fogo pela boca e fiquei com medo do que poderia acontecer com a Flavia e com o Lucas.

-Mãe, a gente também não queria um filho agora, mas nós vamos assumir as responsabilidades - o Lucas assegurou.

-É claro que vão,não é porque o bebê veio sem querer, que vocês não vão assumir - meu pai gritou.

O silêncio veio.

-Você está de quantos meses, Flavia? - minha mãe resolveu perguntar.

Prendi a respiração, minha mãe iria surtar ao saber que ela estava de cinco meses e ninguém contou.

-Cinco - a Flavia respondeu.

Como o esperado, minha mãe surtou.

-Cinco meses? Você está grávida a cinco meses, e só agora resolveram contar? Eu vou ser avó, eu tinha o direito de saber antes que qualquer um - minha mãe gritou.

Meu pai tomou o controle da situação.

-Calma, Inês. Temos que dar nosso apoio a eles. O nosso neto será muito bem-vindo.

Parecia que meu pai ainda tinha um coração bom, por mais que eu não acreditasse muito.

-Na verdade, será menina - a Flavia contou.

-Ótimo, até o sexo do bebê já sabem e eu nada - minha mãe resmungou.

-Mãe... - o Lucas tentou argumentar.

-Tá bom, tá bom - minha mãe se rendeu. - Vocês vão casar? Morar juntos? Qual é o plano?

Enquanto eu terminava de arrumar minhas coisas, eu não ouvia mais nada, só tinha silêncio na sala.

-Na verdade, ainda não pensamos nisso - o Lucas admitiu.

A Flavia devia estar tão nervosa, que nem conseguia falar.

-Então, Flavia você vem morar com a gente, ponto. - minha mãe disse.

Antes que alguém pudesse dizer algo, percebi que minha mãe puxou a Flavia e a levou para a cozinha.

-Melhor do que nada - o Lucas disse, dando de ombros.

-Agora a gente vai conversar - meu pai disse.

Eu sabia que aquele homem que tinha sido fofinho a segundos atrás, estava só esperando para chamar a atenção do Lucas da pior forma possível.

Alguém bateu na porta e meu pai teve que adiar a bronca de Lucas por uns instantes, até ver quem era a visita.

-Boa tarde - era a voz do Guilherme.

Meu coração acelerou só de saber que ele estava ali, bem perto de mim. Me obriguei a ficar no lugar e não sair correndo igual uma histérica para abraçá-lo.

-Boa tarde, Guilherme, entre - meu pai convidou.

O Lucas o cumprimentou.

-A Melissa está? - o Guilherme perguntou sem enrolação.

-Está, ela chegou hoje de viagem - o Lucas contou.

-Então, acho melhor deixá-la descansar - o Guilherme disse.

Tive vontade de sair correndo do quarto e me atirar em seus braços, mas me lembrei da situação que o Guilherme devia estar: em uma cadeira de rodas.

Fazia quatro meses que eu não o via, não o vi sair do hospital, nem seu tratamento eu acompanhei, mas todo esse tempo longe foi necessário.

-Não, pode entrar, ela vai querer te ver - o Lucas disse.

O Guilherme assentiu e ouvi seus passos se aproximando.

Senti meu coração querer pular fora do meu peito, me virei de costas para a porta, que eu poucos segundos seria aberta, fingindo estar arrumando a minha escrivaninha.

Eu não sabia se estava pronta para ver o Guilherme, muito menos vê-lo em uma cadeira de rodas.

Uma batida na porta veio e um segundo depois, ouvi a porta ser aberta.

-Posso entrar? - o Guilherme perguntou.

-Pode - respondi com a voz já embargada.

Ele entrou e fechou a porta, eu não tive coragem de me virar e o olhar, continuei de costas.

-Como foi de viagem? - o Guilherme perguntou.

-Bem, e como vão as coisas por aqui ?

Eu não sabia o que falava, eu só tentava imaginar o Guilherme em uma cadeira de rodas e isso, já era o suficiente para me deixar com vontade de chorar.

-Indo, aos trancos e barrancos - o Guilherme disse, rindo.

Soltei uma risada meio forçada.

-Você não vai se virar? - ele perguntou.

Eu não queria olhá-lo, mas explicar os motivos, seria outra coisa que eu não queria, o Guilherme iria pensar aquilo de eu ficar com ele por pena, de novo.

-Estou com medo - confessei.

Pensando bem, eu não ouvi barulhos de cadeiras de rodas, ouvi passos. Será que o Guilherme não estava de cadeira de rodas? Ou será que ele estava de muletas?

-Medo do quê? - o Guilherme não entendia.

-Do que posso encontrar quando me virar - respondi.

Senti ele se aproximar, e até a sua respiração estava mais perto de mim, quase perto do meu ouvido.

Ele fazia aquilo para provocar, só pode.

-Você vai me encontrar quando se virar - ele riu.

Ri junto, mesmo ele falando algo tão óbvio

-O estado que você está, isso que eu não quero ver - admiti.

-Olha, pra mim - ele pediu.

-Não consigo - falei, de cabeça baixa.

-Olha - ele repetiu.

Com o coração na mão, me virei para vê-lo e quando olhei, ele estava da minha altura, nem sentado, nem mais baixo. Pelo menos, de cadeira de rodas ele não estava.

Com receio, deixei meus olhos irem até as pernas dele e ali não tinha muleta, não tinha cadeira de rodas, tinha só as perdas saudáveis do Guilherme.

-V-você e-está c-cami...

Não consegui terminar de concluir a frase, a emoção tomou conta e eu já estava quase chorando.

O Guilherme deu dois passos para trás, mostrando que sim, ele estava andando.

-É, eu estou andando - ele falou, com um sorriso no rosto e de braços abertos.

O sorriso foi surgindo no meu rosto e minhas pernas se moveram, o que eu queria fazer, eu fiz. Corri até o Guilherme e me joguei em seus braços, o entrelaçando o pescoço.

Ele tomou um susto e até recuou um pouco, mas logo seus braços fortes já estavam em volta da minha cintura, me apertando contra seu corpo.

Deixei minha cabeça cair no ombro dele, sentindo seu perfume forte e bom, sentindo seu cabelo macio me fazendo cócegas, sentindo o tecido de sua camiseta contra meu rosto, sentindo que nada tinha mudado.

Ele foi parando de me apertar contra si e eu fui o soltando lentamente, até que o soltei completamente, mas nossos corpos e nossas bocas ainda estavam muito perto, eu podia sentir a respiração dele contra o meu rosto.

Não me aguentei e aproximei um pouco meu rosto, até nossas bocas se tocarem. Ele reagiu, ele abriu um pouco a boca, dando espaço para eu aprofundar o nosso beijo. Por um momento, pensei que tudo seria como antes, mas o beijo não teve esse poder, assim que encostei meus lábios nos do Guilherme, ele os tirou, me afastando do desejo de poder sentir o gosto do seu beijo novamente.

-É... o que está havendo lá na sala? - o Guilherme perguntou, meio sem graça.

Fiquei ereta.

-Reunião de família.

-E por que você não está lá também? - o Guilherme perguntou.

-O Lucas e a Flavia, contaram para meus pais que eles vão ser avós - contei.

-Entendi - o Guilherme resmungou.

O Guilherme ficou de costas para mim, observando o meu quarto, tentando ver o que tinha mudado e não achou nada, até porque eu não tinha mudado nada no meu quarto.

Peguei duas camisas que estavam em cima da cama, e as guardei no guarda-roupa, quando fechei o guarda-roupa, percebi que o Guilherme tinha algo em mãos, me inclinei para ver o que era e vi que era a foto da nossa formatura.

Me aproximei dele, ele nem se mexeu, ficou imóvel, vendo a foto com um olhar, aparentemente, de saudades.

-Esse dia foi tão... tão... - eu nem sabia achar uma palavra para descrever aquele dia.

-Incrível - o Guilherme completou.

-É - concordei.

As lembranças começaram a surgir e me afastei do Guilherme, para ele não notar as lágrimas que já queriam pular dos meus olhos.

-Está chorando? - ele perguntou.

De costas para ele, limpei o rosto com as costas da mão.

-Não.

Respirei fundo e acho que o Guilherme notou.

-Quem diria, você sempre tão durona, não dava de dizer que choraria por uma simples foto - ele disse.

Me virei para ele. Aquilo até parecia zoação da parte dele.

-Pra você ver o que o seu amor fez - respondi.

-Te deixei ainda mais linda por dentro - ele sorriu.

O Guilherme estava sendo muito convencido, mas era a verdade, eu tinha me tornado uma pessoa melhor, pelo Guilherme, por mim também, mas o Guilherme que foi o principal responsável por a minha mudança.

-É - concordei.

-Só espero que eu não destrua essa beleza que você construiu.

Franzi a testa.

Como assim? De que jeito o Guilherme poderia fazer aquilo? Eu já estava pronta para perguntar o significado daquela frase, mas uma batida me interrompeu.

Eu e o Guilherme nos viramos para ver que era e a porta se abriu, entrando no quarto, o Lucas e a Flavia.

-Opa, interrompemos - a Flavia soltou.

O Guilherme sorriu.

-Tudo bem - dei de ombros. - Como que foi lá? Só consegui ouvir um pouco da conversa.

A Flavia se sentou na minha cama, com o Lucas ao seu lado.

-Ficaram bravos, mas até que entenderam de um jeito bom - a Flavia contou.

O Guilherme se manifestou sobre o assunto:

-Então, vamos erguer as mãos para o céu e agradecer.

Rimos. O Guilherme estava com um senso de humor que ele não tinha tanto, ele não zoava tanto, não fazia piadas assim. Estremeci ao imaginar que outra pessoa pudesse ser responsável por aquele senso de humor que aumentou no Guilherme.

-Nós queremos fazer um convite - a Flavia anunciou.

-Que convite ? - perguntei, me aproximando.

A Flavia resmungou alguma coisa, que não pude entender para o Lucas, e ele que contou o convite que eles queriam fazer:

-Queremos que voçes sejam os padrinhos da nossa filha.

Eu nem sabia o que responder, eu explodindo de felicidade. Ajudei em tudo, ate a disfarçar os enjoos da Flavia, eu já estava ficando ressentida se não ser convidada.

Eu estava feliz, mas e o Guilherme ? Eu fiquei em silencio, só esperando a reação do Guilherme. Pelo canto do meu olho, percebi que o Guilherme me olhava, esperando eu responder o convite. Um ficou esperando o outro.

A Flavia me lançou um olhar, perguntando se tinha acontecido alguma coisa, baixei a cabeça, não sabendo que olhar poder mandar de volta.

Era complicado, eu e o Guilherme estávamos passando por uma crise, um tempo, e o Lucas e a Flavia vem nos convidar para sermos padrinhos. Seria estranho eu e o Guilherme sempre se vendo nos aniversários, datas importantes da nossa afilhada, talvez até com outras pessoas .

-Claro, será um prazer - o Guilherme finalmente respondeu, nos salvando de um momento um tanto quanto constrangedor.

-Claro, claro - concordei rapidamente .

A Flavia se levantou e veio em minha direção, abrindo os braços ,me convidando para um abraço cheio de carinho. Abracei ela, sua barriga tocou na minha, e por um momento torci para a minha sobrinha e também afilhada, se mexer e dar algum sinal que estava contente com a decisão dos seus pais, mas nada veio.

-Desculpa por esse momento chato - a Flavia sussurrou no meu ouvido.

-Tudo bem.

A Flavia se separou de mim e abracou o Guilherme, o Lucas me deu um abraco rápido.

-Vamos, amor ? Temos que resolver umas coisas - a Flavia cutucou o Lucas.

O Lucas pareceu se tocar do que a Flavia tinha falado.

-Claro, claro - ele respondeu rápido.

A Flavia pegou a mão do Lucas e o levou para fora do quarto, ela saiu sorrindo para mim. Ela devia pensar que eu iria me acertar com o Guilherme em um piscar de olhos, eu queria, mas infelizmente nada daquilo aconteceu.

Assim que a porta se fechou, o Guilherme se virou para mim, claramente constrangido.

-É... ficou feliz ? - ele perguntou.

Dei um desconto naquela tentativa fracassada de puxar assunto e mandar para longe o clima tenso que ainda pairava ali naquele quarto.

-Sim, não tinha como não ficar, e você ?

-Também.

O clima estava estranho, não tinha sobre o que falar e dava de notar que o Guilherme se mantinha forte para não sair correndo dali.

Ele correu os olhos pelo quarto, tentando achar alguma coisa que ele pudesse comentar.

-Foi só para isso que voce veio aqui ? -

Não consegui aguentar a vontade de perguntar aquilo. Ele parou de olhar para o quarto e dirigiu seu olhar para mim.

-Isso o quê ? -ele perguntou.

-Ficar olhando a decoração do meu quarto, e só vi me ver para mostrar que já está andando.

-Pensei que você estivesse feliz de eu ter vindo te ver - ele respondeu.

Até parecia que aquelas minhas palavras tinham o ofendido.

-Eu fiquei feliz, muito. Mas eu te conheço, sei que tem alguma coisa que você quer falar.

Só de olhar para a expressão do Guilherme, dava de notar que ele estava escondendo alguma coisa.

-Você me conhece tão bem - ele suspirou.

Eu sabia que tinha coisa ali.

-Para alguma coisa esses três anos tinham que servir - eu disse, ironica.

Ele respirou fundo, tomando coragem para falar o que eu sabia que ele queria dizer desde o primeiro segundo que me viu em sua frente.

Suspirei, já me preparando, com certeza aquilo iria doer mais em mim, do que no Guilherme.

Toda vida ele sempre teve medo de se machucar, mas tinha mais medo ainda de me machucar, sendo essa dor fisica ou só sentimental, o Guilherme sempre se importava muito com os outros.

-A gente deve se afastar, sabe ? - ele soltou, com a cabeça baixa.

A gente já não era mais um casal, não de namorados, só de desconhecidos que se conheciam muito bem.

-Como assim ? - perguntei. - A gente já deu um tempo, eu fui viajar, espairecer. Quer fazer mais o quê ?

Ele devia querer me jogar pela janela, fazer sei lá o que comigo. Eu tinha viajado, só para a gente se afastar, ver se um tempo resolvia as coisas, estava fazendo tudo certo. Ele me queria bem longe dele, sem ligar, sem mensagens, sem saber se ela está vivo ou não, só podia.

-A gente ainda está bem próximos e acho que isso pode influenciar na sua decisão. Um tempo longe, vai fazer bem - ele explicou, calmamente.

Respirei fundo. Aquilo era um fora, eu tinha ido viajar e tudo, mas não tinha sido o bastante, o Guilherme queria ter certeza que eu não iria correr atrás dele depois que voltei.

-Tudo bem, se é o que você quer - dei de ombros.

Fingi não me importar e parece que o Guilherme acreditou, ou pelo menos fingiu acreditar.

Mas na verdade, as eu me importava com aquilo tudo, com aquelas palavras que o Guilherme falava. Eu me importava, eu me magoava, mas ele estava muito ocupado tentando me manter longe,para ver que aquilo tudo não me ajudava, e sim que me machucava.

-Obrigado por entender - ele agradeceu.

Fiquei esperando um abraço, um sorriso, um aperto de mão, mas ele não tinha nenhuma vontade de me encostar.

-Eu vou conversar com o seu pai - ele avisou.

Concordei com a cabeça e sem dizer mais nada, ele saiu do meu quarto.

Quando eu o vi ali esperava uma conversa mais longa, mas só foi poucas palavras trocadas. Eu até podia argumentar, explicar todos os motivos de aquilo tudo estar me fazendo mal, mas eu sabia que não iria adiantar, eu já o tinha longe, brigar com ele só iria piorar tudo.

Me joguei na cama, fechei os olhos, tentando não pegar no sono. Ainda podia ouvir as vozes da minha mãe e da Flavia na cozinha, fazendo planos para a futura neta dela, meu pai, o Lucas e o Guilherme estavam na sala, assistindo um jogo de futebol, como nos velhos tempos.

Parecia que nada tinha mudado, mas o Guilherme já não era mais o meu namorado, então nada era como antes.

Os minutos passaram, eu já iria levantar quando ouvi a voz do Guilherme se aproximar do meu quarto, eu me virei rápido para o lado da parede, fingindo estar dormindo, até forcei a respiração para parecer mais real.

O Guilherme abriu a porta do meu quarto e entrou com cuidado, sem fazer quase nenhum barulho e aproximou de mim.

Quando pensei que ele diria alguma coisa ou me beijaria, ele só suspirou, como se estivesse cansado de carregar um fardo nas costas. Ele tocou o meu braço, mas foi só. Ele saiu e fechou a porta, me deixando sozinha.

Afundei mais ainda na cama, abracei o travesseiro e me esforcei para não chorar e deixar o meu travesseiro todo molhado.

Ouvi a voz do Guilherme se despedindo e logo depois a do Lucas, avisando que iriam pegar umas coisas da Flavia. A casa ficou no mais absoluto silêncio. Meus pais não conversavam, a televisão tinha sido desligada.

Eu devia ter feito tudo diferente, mas de alguma forma, Deus quis que fosse daquele jeito todo dolorido a minha história com o Guilherme.

A vida é como um bolo: às vezes da certo, fica molhadinho, um gosto ótimo e da vontade de comer tudo, até não caber nem uma azeitona no nosso estômago. Mas às vezes fica ruim, a cobertura fica seca, o gosto não fica bom e só dá vontade de jogar tudo fora.

Às vezes o bolo não deu certo pelo modo de preparo, faltou algum ingrediente, ou só porque não era um bom dia para você testar seus dotes culinários.

A vida é um bolo: às vezes da certo, às vezes não. Meu bolo, a minha história com o Guilherme, eu sentia que estava quase indo por água abaixo, que nunca voltaríamos e ficaria naquilo para sempre, mas eu ainda podia fazer alguma coisa que salvasse a nossa história, eu só devia saber o quê.

***

Olha um capítulo fresquinho aí, hahaha.

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