Capítulo 15

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Mas uma semana chegou ao fim. Durante a semana mal vi o Maurício, menos chance de acontecer uma briga. Aquele tal de Henrique também não vi mais.

Ao chegar da faculdade na sexta-feira, eu só queria minha cama, e subir aqueles degraus foi um verdadeira maratona.

Ao abrir a porta de casa, eu não imaginava que a essa hora alguém estaria acordado, mas minha surpresa não foi ver o Maurício no sofá assistindo televisão, foi ver ele mandando na minha mãe.

-Trás um suco - ele mandou.

Minha mãe saiu da sala e entrou na cozinha.

Fiquei boquiaberta com a cena que vi. Entrei em casa e fechei a porta, minha mãe chegou da cozinha com o suco, e ao me ver abaixou a cabeça, tentando esconder qualquer sinal que explicasse aquilo tudo.

O Maurício, que não notou minha presença, pegou o suco, bebeu e logo cuspiu tudo o que tinha na boca no tapete da sala.

-Isso está horrível. Faça um direito - ele gritou, entregando o copo para minha mãe.

-O que está acontecendo aqui? - perguntei.

Maurício me olhou e ficou surpreso ao perceber que vi aquele cena.

-Nada - ele respondeu seco.

-Você está mandando na minha mãe?

-Ele só pediu um suco - minha mãe tentou explicar.

-Quem pede, pede com educação. Não do jeito que ele pediu.

-Vai querer você me mandar agora? - o Maurício se meteu.

-Não, só acho que você devia ter mais educação. Você tem duas pernas para poder ir até a cozinha pegar um suco.

Nesse momento, a porta se abriu e meu pai entrou, meu pai sempre entra nos momentos errados.

-Alguém está brigando aqui? - ele perguntou.

-Não - o Maurício respondeu.

Já entendi o jogo dele, perto do meu pai é um santo, longe dele acha que pode mandar eu tudo.

-O Maurício acabou de chegar e acha que pode mandar em tudo - protestei.

-Como assim? - meu pai disse, encarando o Maurício e eu.

-Cheguei agora, e vi ele mandando a mãe trazer um suco para ele, nem agradeceu - expliquei. - Disse que estava ruim e ainda cuspiu no chão.

Meu pai dirigiu um olhar, que dava de cortar uma carne, para o Maurício, que se encolheu no sofá.

-Creio que ele se não falou por mal, tudo um engano, não é Maurício? - meu pai disse.

-Sim - a voz dele saiu quase trêmula.

Meu pai fechou a cara e entrou no quarto. Minha mãe foi até a cozinha e eu troquei um olhar tão frio quanto o do meu pai para o Maurício.

-Eu estou de olho em você - avisei.

-Não tenho medo de você - ele disse.

-Mas do nosso pai tem - rebati.

Ele fechou a cara e eu fui até o quarto, minha mãe não pode deixar um fedelho mandar nela.

Fui até a cozinha e ela estava lá.

-Mãe, o que foi aquilo?

-Aquilo o que? - ela disse, indo levar a louça para esconder o rosto.

Me aproximei dela e fiquei no seu campo de visão.

-Você não pode deixar ele te mandar assim.

Surpresas do DestinoWhere stories live. Discover now