Marjorie
Bem diz o seu tio, "Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai até Maomé".
— Júlia! - Exclamei surpresa.
Júlia e eu, nos tornamos amigas desde quando passei a morar em Las Vegas. No começo sentia ciúmes dela e John. Pura tolice. Júlia ajudou-me, a conhecer vários locais e sempre foi uma boa amiga.
Desde que passei a conhecê-la melhor, não nos separamos.
E veja bem aos 27, a sortuda estava em um relacionamento sério com um veterinário.
Seu sex-shop sempre foi bastante conhecido, por incrível que pareça a procura por o "Sex in the love" era enorme.
— Quanto tempo Júlia achei que não fosse mais aparecer — Abri passagem para que ela entrasse.
— Pois, ando meio ocupada com os preparativos do meu casamento e a volta do meu irmão.
Abri a boca de tão surpresa.
Desde quando essa louca decidiu casar?
— Espera aí, eu ouvi direito? Você vai casar com o Leonardo o veterinário bonitão? E só me diz isso agora.
— Vou sim. Você não apareceu mais na minha loja, não deu mais as caras lá em casa.... — Seu tom dramático quase me fez rir.
— Senta aí no sofá, e me conta mais dessa história. Quando vai acontecer a cerimonia?
Abracei meus joelhos preparada para as "bombas" que ela estava prestes a dizer.
— Estou ajeitando os últimos detalhes e vim aqui pedir sua ajuda. Depois que meu irmão e um amigo de Leonardo chegar nos casamos — Ela disse empolgada.
— E quando Gabriel virá? E que amigo hein? — Perguntei num tom de curiosidade.
— Em breve! E o amigo...er ... Bem...é o Alejandro.
Franzi o cenho confusa. Desde quando... Ah claro! Veterinários. Porra de coincidência.
— Eu sei que o povo diz essas coisas dele, mas acredite Alejandro não mata nem uma mosca quem dirá seu falecido.
— As investigações já foram encerradas, o assassino sumiu do mapa e eu duvido que Alejandro esteja envolvido nisso, eu não acredito no que as pessoas dizem. Só vi Alejandro uma vez e ele não foi muito educado — Tentei disfarçar o desconforto mexendo nos meus cabelos.
— O que ele aprontou com você Marjorie? — Perguntou num tom de sussurro.
— Nada demais. Ele vai ficar muito tempo por aqui?
Tentei soar como se não me importasse, mas Júlia lançou um olhar desconfiado.
— Creio que sim. Ele foi demitido do emprego, e certamente vai trabalhar com Leonardo. Falando de negócios, como está a administração o cassino?
— Estou tentando...não imaginei que seria tão complicado, e olha que o cassino nem é tão grande — Respirei pesadamente.
Na verdade era complicado cuidar do Deluxe, mesmo com minha sócia Estela. Amiga de longa data.
— Sim é mesmo. Mas voltando ao assunto, de qualquer forma quero que vocês dois se conheçam melhor, não quero que você tenha uma má impressão dele — Ela tentou soar simpática mas não curti muito seu comentário.
— Eu não sei se é uma boa ideia...É melhor cada um com sua vida — Sorri sem graça.
— Ora o que há de mais numa amizade...ou algo a mais.
Júlia esboçou um sorriso malicioso e arregalei os olhos. Ela estava insinuando um possível relacionamento? Só pode ser louca.
Impossível! Apesar de que ele é um moreno misterioso e.... um pouco musculoso. Mas NÃO, para o meu próprio bem.
— Marjorie para de sonhar com o Alejandro e presta atenção no que estou falando.
— Eu não estou sonhando e estou prestando atenção em tudo.
— Ah é? Então por que não responde minha pergunta logo?
Júlia cruzou os braços e me encarou esperando uma resposta. Qual era a pergunta mesmo? Merda.
— É....sim. — Arrisquei uma resposta.
— Sim o que? — Bufou e revirou os olhos. — Eu perguntei onde está o seu filho e o seu tio... não se você quer ficar com o Alejandro — Ela soltou uma risada e atirei a almofada em sua direção.
— Eu só estava pensando no trabalho. E respondendo sua pergunta, o Nicholas está se arrumando no quarto. E Ângelo acabou de sair, foi ao mercado.
— Quanto tempo não vejo Ângelo. Me responde uma pergunta?
— Mas é claro.
— Você já superou a morte de Jonathan? — Percebi um pouco de cautela de sua parte ao fazer a pergunta.
— Eu gostava dele, apesar de as vezes ele ser um pouco frio e distante. Foi chocante mas já faz quase dois anos e agora não sinto tanta falta como no começo- Sorri e Nesse momento Nicholas apareceu todo arrumado na sala onde estávamos.
— Estou pronto mãe.
— Nós já vamos, e cumprimente a Júlia. — Afaguei seus cachos.
— Estava com saudades de você Nick.
Júlia depositou vários beijos por sua face, arrancando-lhe um sorriso tímido.
— Mamãe não me leva mais pra te ver, eu gosto da sua casa, é bem grande- Nicholas abriu os braços como forma de demonstração.
— Mais em breve você vai ir até lá, e nós vamos brincar bastante — Júlia bagunçou seus cabelos — Você sabia que vou casar, Nicholas?
— Sério? Com quem Jú? — O garoto parecia surpreso com o fato.
— Com o Leonardo. E você vai estar lá na igreja, não, é?
— Vou sim, vai ter um bolo gigante, não é?
— Nicholas — Repreendi-o por seu modo de falar, e Júlia gargalhou.
— Vai sim, terá um bolo enorme. Agora me diz onde você vai todo arrumado e cheiroso?
— No parque, minha mãe prometeu me levar- Pronunciou o menino animado.
— Oh! Estou te atrasando então?
— Você pode ir também se quiser Jú, vai ser muito legal.
Ela consultou às horas, antes de responder.
— Infelizmente não dá, mais quem sabe da próxima. Tenho alguns compromissos. Mas eu quero um abraço de despedida.
Observei a facilidade dela, em lidar com crianças e por um momento pensei que ela seria uma ótima mãe.
— Ligarei para te ajudar com os preparativos — Levantei-me e ela fez o mesmo.
— Ligue mesmo e fala pro Ângelo que mandei um beijo. E apareça lá na loja para comprar uns brinquedinhos — Sussurrou a última frase em meu ouvido antes de ir embora.
Muito cara de pau mesmo. Inconveniente.
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Passar a manhã com meu filho me fez muito bem. Precisávamos urgentemente desse momento a dois. Ele se divertia bastante brincando com os garotos que estavam no parque.
Jonathan nunca foi um pai muito presente, depois que passamos a morar em Las Vegas ele dedicava seu tempo mais com o trabalho. Talvez esse tenha sido um dos motivos de nosso casamento não ter sido tão bom.
Após alguns meses de investigações, concluiu-se, de quem se tratava o assassino.
Não foi simples assim, os policiais que fizeram de tudo durante meses, haviam dito que o culpado era alguém muito profissional e sabia o que estava fazendo. Ou seja, um crime bem planejado, o filho da puta sabia de todos os passos de Jonathan e não deixou nenhuma pista. Por isso dificultou muito, e ainda teve um cúmplice que não descobrimos até o momento.
Mas naquele momento era complicado para mim administrar um cassino, cuidar de Nicholas, e ainda tinha o casamento de Júlia.
Oh droga!
Só de lembrar dessa comemoração, sabia quem iria encontrar por lá, e talvez aquilo não fosse uma boa ideia.
CONTINUA
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