"É mais fácil lidar com animais que com pessoas."
- Iara Cristina
Depois de chegar no colégio e me despedir de Miguel com um beijo, só falto sair gritando e pulando de tanta felicidade, entro no quarto mais feliz do que nunca. O contrário de Anna, está pareçendo uma morta viva deitada na cama olhando para o nada. Mas o que realmente chamou minha atenção foram Seus olhos estão inchados, vermelhos, e sua pele com marcas vermelhas.
- Anna? O que aconteçeu? - Pergunto assustada ao ver sua situação.
- Ahhhhhhhh..... - Anna deu um grito desesperador me deixando amedrontada e sem saber o que fazer. - Eu odeio todos, odeio todos em minha volta! São uns hipocritas, e você, você Bennett eu quero mais que se exploda! Ahh... - Levou suas mãos para o meu pescoço e me empurrou contra a parede, colocando toda a força ali. Tento gritar e a empurrar mas ela está prestes a me matar. Até que por fim antes que uma tragédia acontecesse Anna volta a si e se lança para longe, caindo em cima da cama.
Com o impacto mal consigo respirar, quase caio arfando e com esforços consigo puxar ar suficiente.
- Me desculpa Sarah, eu não queria... Eu não sei o que deu em mim, não era eu.... - Lágrimas rolavam.
- Não fale nada. - Digo em meio a torce seca.
- Eu não sei o que deu em mim, eu não tô bem, não tô. - Gritou aos prantos.
Busquei ficar bem e percebi que quem tentou me matar não foi a Anna, ela nunca faria isso comigo e sem motivos.
- O que tá acontecendo com você? - Pergunto me recuperando.
- Eu... eu vou embora daqui. - Disse tirando suas roupas do armario e jogando-as na cama.
- Para, para com isso, reage, essa não é você. - Segurei seus braços e a sacudi.
- O que vai ser de mim Sarah? - Perguntou sussurando.
- Ouça, se isso tudo está aconteçendo com você é porque Deus permitiu.
- Não me venha com essa de Deus, eu estou mal você não está vendo? Eu vou enlouqueçer.
- Tudo bem, o que você vai fazer?
- Olha... - Anna pegou seu celular dentro de sua mochila. - Aqui tem o número de uma mulher que sabe fazer chás muito bons, mas eu não tenho mais credito, estou sem dinheiro aqui e preciso que me empreste o seu celular.
- Anna... Anna eu não posso fazer isso.
- Achei que fosse minha amiga.
- E sou, mas eu não posso te emprestar o meu celular pra isso.
- Você não vai me ajudar? - Indagou esperando um sim.
- Me desculpa, mas quanto a isso eu não posso ajuda-la.
- Então vai pra o inferno! -Gritou furiosa e saindo do quarto.
Respiro fundo e vou tomar um banho demorado antes de dormir. Eu preciso relaxar de alguma forma, são coisas boas e ruins aconteçendo na minha vida e eu preciso digerir tudo com calma para poder agir com prudencia. Depois do banho já avisto Elsa e Victória em suas camas. Apenas Anna se encontra ausente e eu não quero nem pensar onde possa estar e fazendo o que. Me deito na cama, pego minha bíblia e começo uma leitura da palavra do Senhor.
- Escuta Sarah, onde está a sua amiguinha enhi? - Perguntou Elsa sentando- se na cama.
- Eu não sei. - Respondo ainda focada na leitura.
- Se o supervisor entrar aqui e não vê-la na cama pode apostar que ela será prejudicada. - Disse com desdém e voltando a deitar.
Depois do comentário maldoso de Elsa fecho a bíblia e tento imaginar para onde Anna iria. Levanto da cama e saio do quarto silenciosamente.
Ando pelos corredores escuros da universidade descausa e com passos leves para que ninguém me perceba. Até chegar proximo ao jardim, e logo tenho uma surpresa muito desagradavél, fito Anna aos beijos com o homem que tentou abusar de mim. Minha reação acaba estragando tudo, saio correndo dali e acabo esbarrando numa plantinha que cai e acaba fazendo barulho, chamando a atenção dos dois. Olho para trás e eles me encaram com um olhar nada amigavel. Continuo a correr dali até chegar no quarto. Estou morrendo de vergonha.
Como Anna pode ser tão fria? Tão insensível... Eu juro que não a entendo, está com problemas e fica aos beijos com o primeiro idiota que aparece.
Me deito em minha cama e depois de alguns minutos pensando acabo adormeçendo.
A noite se passa rapido, e logo amanheçe...
- Acorda Sarah! - Um grito não muito alto me desperta. Abro os olhos e o sol está no meu rosto.
- Anna?
- Não, é a irmã gêmea dela. - Disse irônica. - Por que você estava me espionando ontem a noite?
- Não estava te espionando coisa nenhuma, estava te procurando, você estava mal e eu não queria que o supervisor notasse sua ausência no quarto.- Expliquei tentando abrir os olhos.
- Eu não preciso que você se preocupe comigo eu sei me virar sozinha e mais... Eu dormi fora do quarto e não teve problema nenhum. - Disse com desdém.
- Onde você dormiu? Dormiu com aquele homem? - Perguntei boquiaberta.
- Ele se chama Nathanael e sim. Eu dormi com ele ontem.. - Sorriu.
- Você não pode dormir mais com ele, e nem chegar perto, ele é um moleque nojento.
- Só faltava essa, para você ninguém presta não é Sarah. - Bufou.
- Eu estou falando sério. - Reafirmei.
- Você nem o conheçe, como pode julgar alguém assim?
- Não estou julgando, ele tentou abusar de mim. - Deixei escapar o assunto que não gostaria de iniciar.
- O que? - Arregalhou os olhos.
- Isso que você ouviu. - Suspirei.
- Isso só pode ser brincadeira. - Anna cai na gargalhada.
- Não entendi o motivo das risadas.
- Quer saber Sarah, cuida da sua vida e deixa a minha, vai contar historinha pra outro minha filha! - Relutou subindo para o banheiro.
Durante toda a manhã me vejo abatida, triste e me sentindo muito mal. Até porque não era pra menos.
- O que houve Sarah? Está tão triste hoje? Aconteceu alguma coisa? Se arrepende de ter aceitado ser minha namorada?
- Perguntou Miguel enquanto andamos pelos corredores.
-Não, não é isso, eu estou assim por outras coisas. E, prefiro não falar nada por enquanto.
- Está bem, mas muda esse rostinho vai, coloca um sorriso que você fica bem mais bonita sorrindo.
- Vou tentar, mas se importa em me deixar sozinha por alguns minutos?
- Tem certeza que quer isso mesmo? - Me encarou.
Balançei a cabeça em sinal de sim.
- Tudo bem. - Miguel me deu um beijo na testa e saiu, andamos em direções opostas, eu como sempre vou para o jardim. Talvez porque próximo da natureza e do céu eu me sinta mais perto de Deus.
Sento na grama em baixo de uma das árvores encostando minha cabeça no tronco, quando ouço um barulho estranho vindo de trás de algumas plantas. Me levanto cuidadosamente e me aproximo lentamente das plantas. O barulho continua. Chego mais perto até que algo pula em cima de mim, me levando ao chão. É um cachorro, ele me lambe sem parar.
- Oh meu Deus, calma amiguinho.
A alegria dele é de contagiar, o que acaba me tirando alguns sorrisos, levanto do chão e o acaricio. Seu pelo é branco e é o cachorro mais fofo que já vi. É muito carinhoso e bonzinho, já conseguiu roubar o meu coração. Ele balança seu rabinho e me lambe a todo momento, como se já me conheçesse.
- Mas como você de chama? - Procuro coleira em seu pescoço, mas não possui nenhuma, seu pelo não está tão branquinho, e pelo visto está com muita fome também.
- Mas o que que eu vou fazer com você? Aqui são proibida a entrada de animais. Mas como você veio parar aqui? Ahh eu faço perguntas como se você fosse me responder alguama.
Ele senta ao meu lado e me olha de um jeito tão fofo que fica impossivel não se apaixonar, seus olhinhos brilham e ele vira sua cabeçinha para o lado me encarando. O pego no colo e vou para um lugar menos movimentado.
Logo a frente tem um jardim que poucos vão por não ser tão bonito, não possui tantas arvores e tem alguns bancos.
- Bom, eu não sei o que fazer com você, será que você tem dono? - Depois da pergunta ele se aquieta.
- Pelo visto não. Você é tão lindo, bom, já que não tem dono, e nem nome eu vou ser sua dona e vou te chamar de Scooby, você é tão atrapalhado e fofo quanto ele. - Scooby balança seu rabinho e me lambe demonstrando gostar do nome.
- Acho que está com fome não é? - Ele fica quieto me fazendo entender que sim.
- Não se preocupe, vou pegar alguma coisa na lanchonete pra você, mas vai ter que me prometer que vai ficar aqui quietinho até eu voltar. - Scooby abaixa a cabecinha em cima de suas patinhas mostrando obediência. Acho que eu acabei de fazer um novo amigo. Vem cá, deixa eu te dar um beijinho.
- Vem, fica aqui. - Deixo Scooby em baixo do banco para que ninguém o perceba. - Não saia daqui, eu já volto.