A luz solar entrando pela janela incomoda meus olhos. Reclamo mentalmente após lembrar que eu que havia esquecido ontem de fechar as cortinas. E uma das coisas que eu mais odeio é acordar com raios de sol na minha cara.
Me levando da cama e vou ao banheiro, tranco a porta por via das dúvidas e começo a tirar meu pijama. Paro em frente ao espelho e encaro meu reflexo. Corpo relativamente magro, cabelos loiros na altura dos seios e várias marcas roxas distribuídas em vários lugares. Sinto um arrepio percorrer minha espinha e uma tristeza profunda. Sinto uma forte vontade de soltar as lágrimas que venho prendendo desde ontem mas, antes que esse desejo me consuma por completo saio da frente do espelho o mais rápido possível e entro de baixo do chuveiro.
A água gelada logo entra em contato com a minha pele e sinto um grande alívio. O banho sempre me relaxa. É como se todos os meus problemas e todos os vestígios do toque dele fossem embora junto com a água. Me permito fechar os olhos deixar que a imaginação tome conta da minha mente. Estou feliz, meus antigos pais ainda estão comigo e nenhuma das cicatrizes que eu tenho acumulado nesse últimos anos existe. A sensação que eu sinto é tão boa.
Mas não se pode escapar da vida real. Nem do final do ensino médio.
Me enrolo em uma toalha e vou para meu closet. Escolho uma roupa simples mais elegante. Afinal, tenho que manter as aparências. Deixo meus longos fios loiros soltos e pego um óculos escuro. Começo a descer as escadas para enfrentar um dos meios maiores pesadelos.
O café da manhã.
Meu café da manhã não é como o das típicas famílias americanas. Aonde o clã feliz se reúne para sua primeira refeição do dia e comenta como foi sua noite de sono e o que vai fazer durante as próximas horas. Isso está muito longe de acontecer.
Meu café da manhã se resume a sentar em uma mesa durante uns quinze minutos em total silêncio e fingir que eu não sinto vontade de vomitar toda vez que olho para a cara do Michael.
- Bom dia - Digo com o um sorriso forçado em meu rosto assim que entro na cozinha.
- Bom dia menina - Diz o lado bom do meu café da manhã. Lola.
- Bom dia filha - O ser repugnante chamado Michael diz - Dormiu bem?
O sorriso cínico em seu rosto me deixa indignada. Como ele pode ser tão insensível e cruel?
- Maravilhosamente bem... pai - Tento o máximo possível não transparecer o nojo que sinto no momento.
- Que bom - Ele diz agora sem nenhuma emoção e volta a ler seu jornal.
Lola me serve com torradas e um copo de suco de laranja. Passo os próximos minutos completamente quieta, o único som que consigo ouvir é o dos talheres do Michael batendo no prato.
Enquanto dou o último gole no meu suco vejo as horas no meu celular. Em vinte minutos as aulas começam. Me levanto e vou ao meu quarto buscar minha mochila.
- Não precisa chamar o Theo. Eu te levo hoje Ashley - Me viro assustada e apenas concordo com a cabeça.
Vou até a cozinha e me despeço da Lola com um beijo na bochecha.
- Tenha um bom dia - Ela diz sorrindo e retribuo o gesto.
- Você também.
Vou até a garagem e entro no carro. Permanecemos em silêncio durante boa parte do caminho. Mas então paramos em um sinal vermelho. Sinto sua mão na minha coxa e respiro fundo.
Nojo. É a única coisa que eu consigo sentir em relação ao seu toque.
Repulsa. Sinto sua mão andar mais um pouco pela minha coxa e tento me distrair olhando pela janela.
Assim que o sinal abre continuamos nosso percurso. Logo que viramos a esquina já consigo ver a placa. Beverly Hills High School. Quero sair desse carro o mais rápido possível.
Michael dá um beijo demorado em minha bochecha.
- Boa aula querida - Seu rosto está estampado com um dois seus sorrisos vitoriosos. Não digo nada e saio do carro.
Quando vejo que ele agora está fora de alcance passo a mão pela minha bochecha tentando retirar qualquer vestígio daquele homem.
Me viro a assumo uma postura ereta. Coloco meus óculos de sol e ando em direção a porta de entrada.
Ouço alguns murmúrios e olho em direção ao estacionamento. Vejo de longe Adam encrenca.
Esse garoto só vem pra escola pra ficar de brincadeira e pra pegar garotas. Desde que o conheço nunca o vi levar algo a sério. Balanço a cabeça negativamente e sigo meu caminho.
Me sinto em um filme adolescente quando entro pelos portões.
Várias pessoas me observam andar, algumas me cumprimentam e sorrio para elas. Assim que chego no meu armário pego meus livros de matemática e história.
Kristen, minha melhor amiga, está no final do corredor e vem a em minha direção com um sorriso no rosto.
- Bom dia raio de sol! - Ela diz sorrindo.
- Bom dia - Respondo rindo.
- Como foi o fim de semana? - Ela pergunta. Horrível. As marcas em meu corpo comprovam isso.
- F-foi bom, fiquei de bobeira. E o seu?
- Maravilhoso! Rolou uma super festa na casa do amiguinho do Adam encrenca e como ele é afim de mim me chamou. Foi incrível. A Julie ficou super bêbada e acabou vomitando. - Rindo ela conta os detalhes da festa enquanto vamos em direção a nossa sala de aula.
- Demais! Mas Kirsten, não é atoa que o apelido do Adam é encrenca. Não se mistura muito com ele não. - Digo enquanto entramos na sala.
- Awn! Relaxa amiga eu sei me cuidar. Só foi uma festa. - Ela disse enquanto se sentava em seu lugar ao meu lado.
- Espero...
Respiro fundo e sento em meu lugar. Olho no celular. Ainda falta cinco minutos para a professora de matemática entrar.
- Foto do dia! - Kirsten fala e tiramos uma foto. Enquanto ela posta a foto em seu Instagram fico mechendo em meu celular. Pontualmente o sinal toca e a professora Parker entra.
- Bom dia alunos - Ela diz - Vocês devem estar bastante animados não é mesmo? Afinal daqui a dois meses vocês estarão se formando... - A porta é aberta e Adam entra correndo - Pelo menos a maioria. Senhor Blake poderia justificar seu atraso e o motivo de ter atrapalhado minha aula?
- Poder eu até posso... Mas não to afim - Gargalhadas preenchem quase que instantaneamente o ambiente, eu me limito em apenas revirar os olhos. A professora o olha severamente e Adam lhe entrega um papel. Provavelmente alguma nota do diretor justificando seu atraso.
- Muito bem Senhor Blake. Pode se sentar, e que isso não se repita novamente.
- Infelizmente, isso eu não garanto - Ele ri e se senta em seu lugar atrás de mim.
- Continuando, em dois meses a a maioria de vocês estarão se formando - Sra. Parker diz - Mas isso não será possível se vocês não passarem no exame final. Então, abram o livro na página 367...
Quando o sinal do intervalo finalmente toca me dirijo com Kristen para o refeitório. Após pegarmos nossa comida nos dirigimos para uma mesa muito familiar. A mesa que ninguém se atrevia a sentar. Que os calouros faziam questão de passar a metros de distância. A mesa do centro.
A mesa dos populares.
A mesa aonde só se sentava a elite da escola. Me sento em meu lugar de costume e Kristen se senta ao meu lado esquerdo. Comprimento as duas meninas que já estavam sentadas, capitães das líderes de torcida, e me concentro em minha comida.
No entanto sou surpreendida por um beijo em minha bochecha.
- Oi princesa - Evan me cumprimenta. E se senta ao meu lado. Capitão do time de basquete, aluno exemplar e meu namorado.
Se eu o amo? Sim, mas como irmão. Por que estou com ele então? Nos conhecemos desde criança por meio das festas de aniversário da Kristen e depois que passamos a estudar junrptos viramos amigosl. Depois de alguns anos ele passou a dar em cima de mim e todos esperavam que ficássemos juntos. Então para manter as aparências comecei a namorar ele.
Nunca passou de beijos. Os amigos do Evan pensam que já. Mas Michael seria capaz de matar o Evan se ele tocasse em mim. Já perdi as contas de quantas vezes ouvi essa ameaça. Me arrepio só de lembrar.
- Oi gatinho - Digo - Como foi o treino?
- Foi bom. O técnico está pegando no nosso pé por causa do final do campeonato. Então estamos trabalhando duro - Ele diz. Evan realmente é muito talentoso no basquete, já recebeu convite de várias faculdades.
- Entendo, afinal é o último jogo de vocês, temos de fechar com chave de ouro. Não é mesmo? - Falo sorrindo.
- Com certeza - Ele então me beija.
Depois do intervalo, Kristen vai para a aula de história, Evan vai para a de química e eu vou para a de Biologia.
Infelizmente, quase todas as minhas aulas são com o Adam. Desta vez ele se senta ao meu lado mas, felizmente ele não é minha dupla. Alguém muito pior é.
O som dos saltos batendo contra o chão indicam a chegada da minha amanda parceira. Lorelai Valentine.
A mesma faz questão de jogar seu cabelo preto por cima dos ombros ao me ver. Essa garota me odeia pelo simples fato de que ela era a namorada do e Evan antes dele começar a dar em cima de mim. Lorelai me culpa pelo fim de seu relacionamento.
- Oi Ash - Ela diz com um sorriso falso estampado em seu rosto.
- Oi Loh - Digo repetindo o mesmo gesto.
Na aula de hoje tivemos de dissecar um sapo. A azeda ficou cheia de frescura enquanto eu fazia a maior parte do serviço. O Adam não perdia a oportunidade de fazer uma brincadeira. Nunca concordei com suas atitudes infantis mais dessa vez ele merece felicitações .
Nunca esquecerei o momento em que os olhos de Lorelai se arregalaram e ela emitiu um grito absurdamente agudo. O show dela só acabou quando minutos mais tarde o sapo que estava em sua blusa finalmente fugiu. Não consegui segurar o riso.
Minhas ultimas aulas eram de história com o Professor Alexander. A aula foi cansativa e agora teríamos um texto enorme para ler e um trabalho para a próxima aula.
Após o término da aula me dirijo ao meu armário e guardo meus livros. Me despeço de Kristen e de Evan é vou em direção a saída aonde encontro Theo a minha espera.
- Oi Theo. Como foi seu dia? - Pergunto sorrindo. Theo é meu motorista já tem dez anos.
- Foi bom. E o seu Ash? - Ele diz sorrindo. O certo seria ele me chamar de Senhorita Wren. Mas, eu não gosto. Portando quando estamos sozinhos ele me chama de Ash.
- O de sempre Theo, o de sempre - Respiro fundo e começamos nosso caminho. Pergunto a Theo como estão seus filhos Luce e Kris, e então permanecemos o resto do caminho em silêncio.
Ao chegarmos na mansão Theo estaciona e desço do carro sem esperar ele abrir a porta para mim, afinal eu tenho mãos.
Me dirijo a entrada e minhas mãos começam a tremer e lágrimas ameaçam cair, mas não me permito perder o controle e entro de uma vez. Subo logo as escadas e entro em meu quarto.
Tomo um banho e me visto com algo mais sobre confortável. Me sento em minha escrivaninha e começo a fazer o trabalho de história. Passado uns vinte minutos sinto um beijo ser depositado em meu ombro e enrijeço.
- Oque você está fazendo? - Michael pergunta subindo os beijos para o meu pescoço.
- Tra-trabalho - Sinto ele passar sua mão imunda em meus seios.
- Larga isso e vem comigo. - Ele continua.
- Eu não posso, isso é importante... - Ele me puxar pelos cabelos me fazendo levantar da cadeira. Lágrimas já desciam pelo o meu rosto quando uma suas mãos apertaram fortemente meus braços.
- Eu mandei você largar isso e vir comigo. - Ele diz isso é me puxa em direção ao seu quarto. Assim que a porta é aberta ele me empurra em direção a cama e sobe em cima de mim. A essa altura as lágrimas não paravam mais de cair - Você é minha Ashley, somente minha - Ele sussurra em meu ouvido e volta a dar beijos em meu pescoço. Minha blusa e brutalmente rasgada e minhas forças para lutar acabam, não aguento mais. Me concentro no teto e tento levar minha mente para outro lugar e não para o homem que está em cima de mim me machucando novamente.
dois lados da mesma moeda
Bom, estou de volta finalmente. A revisão dos capítulos tem demorado mais do que eu esperava. Portanto, vez de revisar todos os capítulos e só postarei depois, conforme eu for revisando vou postando um por um.
Provavelmente será um ou dois capítulos por semana. As segundas e sextas.