O resto da noite foi muito, muito agradável. É impressionante como Rafaella parecia fazer parte do nosso grupo há anos... Embora eu só a conhecesse há um dia. Caminhávamos de volta para o condomínio quando Marcela resolveu mudar seus planos. Por um momento, temi que ela estivesse se sentindo deixada de lado, mas eu a conhecia bem demais para saber que não era o caso. E nós nem estávamos andando como dois casais retardados... O primeiro motivo é: Rafa e eu não somos um casal. Ainda. E Nina e Nico, apesar de estarem atravessando uma fase de acasalamento após união definitiva, se controlavam bem quando estavam em público. Dentro do quarto a história é outra...
− Podemos te acompanhar – eu disse, já segurando a mão da Rafa que, apesar de não ter sido consultada, assentiu.
− Agradeço, mas preciso ficar sozinha... – e eu meio que esperei por uma explicação, que não veio. Estamos falando da Marcela, afinal de contas. Ela nunca se explicou para homem nenhum, não era agora que ia começar.
Aquele súbito isolamento estava estranho, muito estranho. E, por uma fração de segundo, temi que ele tivesse a ver com o Stéfan. E eu bem que pretendia pensar mais a respeito, mas quando dei por mim, Rafa e eu estávamos a sós no corredor, novamente incertos de como deveríamos nos despedir. Havia um problema, no entanto. Um problema que começava a se tornar corriqueiro. Eu não queria me despedir. E algo me dizia que ela também não. Estava pronto para convidá-la para o nosso apartamento, como na noite anterior, quando ela se adiantou:
− Você gostaria de entrar? – perguntou, ainda que suas bochechas evidenciassem todo seu constrangimento. – Minhas amigas não estão em casa... Sei que não gosta delas.
− Na verdade, gosto de qualquer lugar com você – respondi, fazendo com que sua vermelhidão facial aumentasse.
− Mas... Gosta de quando ficamos sozinhos? – questionou sem me encarar diretamente. Assenti, subitamente perdendo a voz. – Que bom, então. Eu também gosto. Você quer... Quer entrar?
− Não tem medo de que eu seja um cara mau? – perguntei, ainda que estivesse rindo. Rafa procurava as chaves na bolsa e acabou rindo também.
− Até quando é mau você é bom pra caramba... Não sei se isso faz algum sentido. Mas eu quero conhecer todas as suas facetas, Noah.
− E eu as suas, Rafa – emendei. Ela havia encontrado as chaves e destrancava a porta da sala.
− Isso não faz o menor sentido para mim, mas não pretendo questionar.
O que não fazia sentido? Eu estar interessado nela? Ou alguém achá-la bonita? Não tenho certeza se Rafaella tem alguma noção de quão encantadora é. Acho que, quando ela olha para o espelho, só consegue ver seus defeitos e se esquece de valorizar suas qualidades. Eu não sabia qual era a melhor forma de fazê-la acreditar em si. Não sabia como fazê-la se enxergar como eu a enxergava.
− Noah? – chamou minha atenção, me tirando dos pensamentos no qual havia mergulhado. Ela acenava na minha direção como se há muito tentasse me tirar do meu breve transe. – Está tudo bem? Você parece... Estranho.
Ela estava certa. Eu estava mesmo estranho. E o motivo principal para isso era exatamente ela. Acho que nunca cheguei a amar ninguém, de fato, e sei que o amor não surge de um dia para o outro. Mas Rafaella estava me deixando louco e ficava cada vez mais difícil agir com alguma racionalidade. Eu queria beijá-la inteira, mesmo que me faltasse o ar. Queria tocar sua pele branca, suas sardas, seu cabelo alaranjado, cada uma de suas curvas. Eu queria ir ao paraíso com ela, mesmo que antes precisasse passar pelo inferno. Rafaella precisa saber que sou um homem transexual, mas antes precisa entender a mulher maravilhosa que é. E eu não conhecia muitas maneiras de provar isso.
− Ei, o que aconteceu? – insistiu, se aproximando e colocando a mão direita na minha testa, como se verificasse minha temperatura. Eu estou quente, mas não se trata de febre. O toque de sua delicada mão intensificou o calor.
Perto demais. Inebriante demais. Rafaella falava e eu podia sentir sua respiração na minha. Tão, tão perto...
− Você precisa de alguma coisa? – tentou novamente, dessa vez descendo a mão direita e tocando meu rosto com surreal suavidade.
− De você – foi tudo o que respondi.
Meus braços envolveram sua cintura e antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, a puxei para mim. Não houve resistência. Nossos lábios se tocaram e foi feroz. Seus braços se cruzaram atrás da minha nuca e cada pedaço de pele por ela tocado parecia pegar fogo. Nossas línguas pareciam sedentas uma pela outra. E quanto mais eu a beijava, mais queria beijá-la. Ela largou a bolsa lateral no chão da sala enquanto eu a guiava cuidadosamente até o balcão que separa a sala da cozinha. Chegamos perto o suficiente e...
− Deixa que eu subo, sou pesada – murmurou constrangida.
− Eu a carreguei até a piscina – lembrei-a. – Fique quieta...
Eu a levantei antes que ela pudesse me questionar. NÃO É HORA PARA QUESTIONAMENTOS, PORRA!!! E ela parecia estar de acordo com isso, porque não disse mais nada. Sentada no balcão, Rafaella me acomodou entre suas pernas e eu não conseguia pensar em mais nada além dela... Minhas mãos ganharam vida própria e começaram a lhe acariciar as coxas desnudas. Céus, eu havia olhado por tempo demais para elas. É maravilhoso que finalmente as possa tocar! Precisamos de meio segundo para ganhar fôlego e eu aproveitei para mordiscar seu lábio inferior e acabei ganhando um sorriso em troca.
− Sua tatuagem... – disse ofegante. – Posso vê-la?
− Pode me pedir para tirar a camisa – respondi com meu melhor sorriso sacana. – Você não precisa de desculpas.
Instantaneamente suas bochechas coraram. E ela conseguiu ficar ainda mais sexy. Sei lá como isso é possível! Tirei a camiseta e ela ofegou nesse exato momento. Seus olhos brilhavam e é impossível explicar a sensação de plenitude que ela me causava. Fiquei preocupado de ela notar as cicatrizes e perguntar a respeito, então resolvi não lhe dar muito tempo para pensar. Voltei a beijá-la, mas não nos lábios. Seu pescoço era meu alvo no momento. A fragrância de cravo característica de seu cabelo não havia sumido com o suor. Beijei seu pescoço e em seguida mordisquei-o. Seu gemido comprovou que ela estava gostando.
E então tomei seus lábios de novo e fiquei extremamente feliz quando suas pernas voltaram a se cruzar nas minhas costas, dessa vez em busca de um contato mais íntimo. Pressionei meu membro contra ela, que arfou e puxou meu cabelo. Seu corpo se levantou um pouquinho da bancada, em busca de um segundo contato e eu aproveitei a deixa para apertar sua bunda. Céus, ela é tão gostosa... E parece não saber disso. Meus dedos percorreram a sua cintura e fizeram menção de levantar sua regata, mas ela me impediu.
− Não me sinto confortável... – explicou e eu lhe lancei um olhar confuso. – Com a minha barriga – explicou, diminuindo o tom de voz até que se tornasse um sussurro.
− Vai sentir quando eu puder prová-la que cada pedaço seu é maravilhoso – rebati. – Por favor...
− Ainda não, por favor... – implorou, visivelmente triste com o rumo da situação.
Não forcei a barra. Se ela não se sentia confortável com a barriga, eu lhe daria mais tempo. O tempo que fosse necessário. Fiquei com medo do incidente ter estragado o clima, mas não foi o que aconteceu. Rafa me puxou para si mais uma vez e não pensou duas vezes antes de me beijar; antes de explorar meus ombros, meu peitoral e minha barriga com a ponta de seus dedos. Ela deixava um rastro de desejo latente por onde passava. Seus dedos se detiveram no cós da minha sunga (estou fantasiado de He-Man, lembra?). Fiquei tenso. Se ousasse adentrá-los ela descobriria sobre mim. Havia uma parte de mim com medo e outra ansiando por esse toque. Conflitante demais.
Levei meus dedos ao seu colo e brinquei com o limite de sua regata. Queria muito tocar seus seios (e não apenas isso!), mas sabia que estávamos indo rápido demais. Fiquei com medo de assustá-la, ou pressioná-la, ou...
− Não gosto de segredos – murmurou contra o meu ouvido, sua pele tão febril quanto a minha.
Gelei. Será que...?
− Preciso te contar uma coisa...
Ela não podia ter descoberto. Não havia maneira. Eu confiava em Nico, Nina e Marcela com todo o meu âmago. Como...?
− Sou uma das poucas garotas de dezenove anos que ainda é... Virgem – confessou baixinho com a boca colada no meu ouvido.
− Virgem??? – deixei escapar, totalmente aliviado. Ela assentiu. – Graças a Deus!!!
Ela ficou confusa. No lugar dela, também ficaria. Eu não estava aliviado por ela ser virgem. Estava aliviado por ela não ter descoberto a meu respeito. Ela saberia em algum momento, mas eu tinha o direito de poder lhe contar. No meu tempo. E eu esperava que ela não achasse que eu a estava enganando. Não era o caso. Ofusquei todos esses pensamentos antes que eles me paralisassem.
− Será que a garota virgem de dezenove anos se importaria de me levar para o quarto dela? – quis saber, meus lábios grudados nos seus.
− Acho que isso é tudo que ela mais quer.
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Oi, oi, oi... Com as mãos pra cima, cintura solta o/ Sei que Av. Brasil já saiu de moda, mas essa música não me larga [aaaa] Sei que tá tarde, mas ainda não dormi, então tá valendo. Queria conversar mais, mas o sono tá foda. Espero que vocês surtem com o capítulo e que soe a música de "aleluia" junto com o 'oooooh' dos anjinhos e tudo mais, rs.
Deixei mais um vídeo para vocês... E o tema é "GORDA, SIM!" Também não vou falar muito a respeito (por motivos de: sono) mas ASSISTAM ♥ Não importa se você é gorda (o) ou não :p
Aproveitem o carnaval com juízo e até a próxima quartaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa o/