Secrets

By sweetcabello21

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"Como podemos nós pretender que os outros guardem os nossos segredos se nós próprios os não conseguirmos... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capítulo XLIII
Capítulo XLIV
Capítulo XLVI
Capítulo XLVII
Capítulo XLVIII
EPÍLOGO

Capítulo XLV

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By sweetcabello21

I'm back :)

Queria agradecer por cada comentário, eu amo vocês demasiadamente, vocês são as alegrias do meu dia, quero dizer que a fic está caminhando para a reta final, vamos até o capítulo 50, o epílogo... Eu espero mesmo que estejam gostando da história e de como eu a desenvolvi... Um spoiler bem legalzinho, esses capítulos serão só amorzinho para compensar todo o drama que perdurou por longos capítulos... Qualquer dúvida, ideia ou coisas afins basta me dar um "oi" no Twitter: @harmolylas97

Boa leitura, nos vemos em breve!

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Camila POV

O planeta terra possui mais seis bilhões pessoas, que nesse momento desempenham os mais diferentes papais. Algumas enfrentam filas para pagar as contas, outras voltam para casa após um longo dia de trabalho, há aquelas que estão fazendo compras ou fugindo das responsabilidades. Algumas estão presas no engarrafamento. Outras decidiram viver em uma bolha de mentiras para suportar sua vida. Há ainda aquelas que estão estourando sua bolha para finalmente enfrentar a verdade. Algumas estão fazendo o mal e outras concentradas em fazer boas ações. Seis bilhões de almas, algumas vazias e outras cheias, vagando em busca de um propósito para sua vida. Somos o incompleto em busca do encaixe, de outro alguém. Seis bilhões de pessoas e uma delas é o molde para fazer tudo girar devagar, para colorir o preto e branco da sua vida cinza. Uma única pessoal entre bilhões.

- Não Lauren. – repeti pela terceira vez enquanto descia com um cesto de roupas para lavar. – Meus pais estão para chegar e eu tenho essas roupas para lavar... – expliquei novamente. Lauren tinha um bico lindo estampado no rosto. – Você disse que me ajudaria, pois saiba que na pia tem louças te esperando. – informei divertida.

- Mas amor... – choramingou como uma criança manhosa. – Não foi esse tipo de mãozinha que eu planejava. – arqueou a sobrancelha com um sorriso tentador.

- Deixe de ser tarada mulher... Estamos na casa dos meus pais...

- Como se isso nos impedisse de algo. – cortou-me. Pegou o cesto de minhas mãos, entrei na parte de lavanderia da casa, ela me acompanhou e colocou o cesto em cima da máquina de lavar. Abraçou meu corpo e me olhou de forma sapeca. – Mandei os meninos ao cinema e quero os cem dólares que gastei de volta.

- Cem dólares? – perguntei estarrecida. – Está esbanjando grana assim? Mas para me presentear com alguns mimos nunca tem grana... – suspirei triste. Lauren beijou minha bochecha.

- Mas fiz por você. – mordiscou minha orelha. – Dinah disse que precisava de dinheiro para a entrada no cinema, para as pipocas, refrigerante e alguns doces. – Lauren falava enquanto acariciava minha barriga por baixo da blusa. – Essa é a hora que você me reembolsa. – completou divertida.

- Vá e pegue o dinheiro na minha carteira, mas apenas cem dólares nem um centavo a mais.

- Não aceito esse tipo de reembolso. – beijou meu pescoço. Automaticamente o inclinei para lhe dar mais liberdade e ela riu contra minha pele. Lauren começou com beijinhos molhados naquela região, sua mão subindo lentamente minha blusa. Estapeei sua mão e me afastei.

- Ouch Camila!

- Nem venha com essa cara de cachorro pidão. – ralhei. - Tenho que lavar essas roupas molhadas, separar as coisas e começar a preparar o jantar. Então seja uma boa menina e vá lavar as louças. – ela revirou os olhos. – E no final do dia digo se merece ser recompensada. – pisquei. Lauren negou com a cabeça e cruzou os braços, quando queria ser infantil conseguia superar o filho. Ignorei sua crise e coloquei as roupas na máquina, o sabão em pó e liguei. – Ainda aqui? – perguntei quando virei meu corpo e ela estava escorada na porta. – Louças. Pia. Agora! – ordenei apontando a direção que ela devia seguir. Lauren negou com a cabeça e em passos largos chegou até onde eu estava pressionando meu corpo contra a máquina e ela.

- Lauren! – gritei assustada. Seus olhos devorando minha carne, deliciando-se com meu corpo em seus braços. Mordi o lábio inferior sentindo todo meu corpo entrar em alerta máxima, ri de forma sapeca. Seria do meu jeito.

Rapidamente girei nossos corpos, pressionando seu corpo contra a máquina e conectei nossos lábios, Lauren prontamente retribuiu o beijo. Um calor percorreu meu corpo, as mãos dela presas em minha cintura, suas unhas em minha carne, e as minhas perdidas em seus cabelos. Suguei seu lábio inferior a provocando, mostrando um pouco do desejo que acendia em meu corpo, o beijo era voraz, faminto, nossas línguas em uma batalha constante, Lauren subia e descia a ponta dos dedos pelas laterais do meu corpo. Pressionei meu corpo ainda mais contra o dela querendo aumentar nosso contato, sem desgrudar dos lábios ergui Lauren e coloquei sentada, na máquina de lavar. Ela sorriu satisfeita, dirigi minha boca para seu pescoço enquanto minhas mãos arranhavam suas coxas expostas. Sentia meu corpo quente e minha pele pinicando por causa das inúmeras peças de roupas que ainda usávamos. Meu centro pulsando desejo. Um desejo que Lauren era capaz de despertar rapidamente. Afastei minha boca do corpo de Lauren apenas para retirar sua blusa e o sutiã. Lauren estava nua da cintura para cima, com a boca entreaberta, o cabelo desgrenhado e ofegante. Uma visão dos infernos. Mordi meu lábio e admirei aquele par de seios rosados e enrijecidos, que me chamava para saboreá-los. As palavras se tornaram desnecessárias e logo abocanhei um deles, sorvendo o gosto dela enquanto com a outra mão acariciava e maltratava o outro. Lambi, mordisquei e chupei prazerosamente os bicos dos seios de Lauren, que abriu mais as pernas para que pudesse me encaixar. Depois de satisfeita com um agracie-me do outro. Meus dedos correram por sua pele até seu short, que foi o mais trabalhoso para retirar, pois nem ela e nem eu queríamos nos afastar. Retirei seu short e sua calcinha. Direcionei minha boca para a sua e gemi quando senti nossos seios roçarem um no outro. Chupei sua língua fortemente, depois trilhei beijos e chupões por seu corpo a fim de me embebedar com seu gosto, pus a perna esquerda dela sobre seu obro para facilitar meu acesso e passei suavemente à língua sentindo sua excitação.

- Camila! – gemeu com a falta de contato da minha língua, ri contra sua intimidade. Deslizei a língua em seu centro. Nossos olhos conectados. Então mergulhei com a língua faminta de prazer, chupando, mordendo e lambendo, brincando com o clitóris enrijecido. Suas mãos pressionavam minha cabeça contra sua intimidade implorando mais velocidade enquanto gemia audivelmente. Minha língua penetrou em sua entrada intensificando cada vez mais o ritmo enquanto Lauren rebolava, gemia e implorava por mais. Sua voz soava intensamente em meus ouvidos. O corpo de Lauren contorceu-se e ela gozou. Continuei a sugando, matando minha sede para depois escalar o corpo dela até chegar aos seus lábios, suguei sua língua e a penetrei com dedos. Lauren gemeu rouca. Nossas bocas conectadas, sincronizadas. Meus dedos entrando e saindo em um ritmo rápido de estocadas.

Algo me dizia que a tarde seria longa.

[...]

Estava deitada na cama com as costas encostada à cabeceira. Lauren havia saído para passar a manhã com sua família e levou David consigo. A todo custo ela tentou me convencer a ir com ela, mas neguei em todas, pois ainda não estava disposta a respirar o mesmo ar que a mãe dela. David chegou a perguntar se estava com raiva de sua avó, mas neguei explicando que estava com um pouco de dor de cabeça e preferia ficar em casa, mas aceitei o convite de jantar na casa de Clara. Lauren disse que eu não poderia ficar eternamente com aquele sentimento no peito, mas ignorei seu comentário. Eu não estava com raiva, um pouco ressentida talvez, mas sabia que Clara teve seus motivos para seu ataque de fúria mesmo assim estava assustada como tudo foi revelado e ainda temia seu olhar reprovador. No final das contas eu havia escondido a verdade sobre David ser seu neto.

Perdia-me em um livro que eu havia ganhado de presente de Natal de Normani. Batidas na porta me tiraram do mundo em que estava mergulhava.

- Entre. – disse sem retirar os olhos do livro.

- Posso entrar? – a voz tímida de Sofia preencheu no ambiente. Olhei para a porta e ela estava apenas com a cabeça para dentro.

- Pode. – respondi. - Achei que estava no shopping com a Gina. – voltei à atenção ao livro.

- Não, ela saiu. – senti um peso afundar a cama e mesmo sem olhar sabia que minha irmã estava sentada na ponta. – É bom? – olhei para ela sem entender e a vi apontando para o livro.

- Estou no comecinho, mas já me sinto presa à história. – expliquei. Continuei a ler, mas uma sensação de ser observada preencheu meu corpo, ergui os olhos e Sofia estava me encarando. – Onde está Gina? – perguntei curiosa, pois desde que chegamos a Miami elas não se desgrudavam.

- Ela saiu para passear com a Dinah. – deu de ombros.

- Por que não foi?

- Não sei... Na verdade eu queria conversar com você. – disse casualmente. Estreitei os olhos em sua direção tentando decifrar o assunto que ela queria abordar.

- Muito bem quantos anos ele tem? - marquei a página do livro e o fechei colocando no colo.

- Ãhn??! Ele quem?

- Você querendo conversar comigo, só pode estar em alguma encrenca amorosa e está querendo que eu te ajude com a Mama e o Papa. – Sofia negou com a cabeça. – Ou então descobriu que também gosta de garotas. – chutei. – Bem que notei alguns olhares diferentes para Gina...

- NÃO. – cortou-me em um grito. – ECA! – suas bochechas coraram rapidamente. – Desculpe Kaki, mas eu gosto de garotos... Nesse momento eles não são o tema da conversa. – explicou rapidamente.

- Kaki. – eu repeti aquela palavra como se buscasse em minha memória todas as boas lembranças que ela trazia. – Há um bom tempo que não ouço você me chamar assim. – disse. Uma nostalgia se apossou do meu coração.

- Faz mesmo... – completou encabulada, seu olhar estava fixo em seu colo. Um silêncio estranho preencheu meu quarto. – Você e Lauren vão se casar, quem diria que no fim vocês ficariam juntas novamente... – disse, após um longo tempo, tão baixo que quase não entendi suas palavras.

- O amor é um misterioso mundo. – suspirei.

- Você sempre a amou?

- Quer saber? – ela assentiu. - Sim... Mesmo com tudo que nos aconteceu, hoje percebo que esse sentimento permaneceu preso a minha alma, escondido silenciosamente em meus medos e raiva por ela ter fugido. Mas o meu amor estava lá batendo sorrateiramente, apenas esperando o momento certo para se rebelar e tomar meu corpo. Eu a amo de uma forma que eu não consigo explicar, as palavras se misturam em meu peito, em minha cabeça e elas ficam presas, toda vez que tento expor o porquê a amo, engasgo em meus sentimentos e as palavras se perdem em meu coração... No fim tudo que posso dizer é que meu coração sempre pertenceu a ela!

- Eu gostaria de encontrar alguém assim... – confessou. – De ter um amor como o de vocês. A história de vocês não é perfeita, mas cada cicatriz é uma batalhada ganhada pelo amor, é uma superação e o registro de que quando se está com a pessoa certa no fim não importa quanto esteja ferido, o amor sempre ganhará a guerra. – concordei com um leve aceno.

- Você está tão madura... E não se preocupe minha pequena, você encontrará sua metade, que fará tudo valer à pena. Você encontrará alguém que te aceite, que te ature, alguém que reclamará dos seus gostos e manias exóticas, mas continuará ao seu lado... Alguém para compartilhar assuntos sérios e as maiores besteiras... - Sofia desviou o olhar do seu colo e me encarou, seus olhos estavam marejados.

- Eu sinto muito... – fungou.

- Do que fala? – perguntei confusa.

- Eu gritei com você... – finalmente entendi do que ela falava. – Eu te chamei de incompetente... Eu fui grossa, rude e uma péssima irmã. Eu parei de falar com você quando ela foi embora. – uma lágrima desceu por sua face. – Eu sinto tanto. – sufocou o choro.

- Tudo bem Sofia... – tentei acalmá-la. - Eu não quero relembrar esse período, então está tudo bem...

- Por que nunca me disse que David era filho dela? Por que todo esse segredo? Por que sempre me deixou acreditar que você não a amava? Por que você não contou a verdade a ela? Por que você me excluiu da sua vida? Por que Camila? –bombardeou-me com perguntas.

- Eu nunca te excluí da minha vida. – defendi-me. – Você simplesmente não tinha tempo para sua irmã mais velha. Eu era velha – fiz aspas com as mãos. – demais para você e seus amigos... Você sempre dizia que eu não entenderia seus problemas como se eu não tivesse tido sua idade... Você conversava mais com a Lauren do que comigo. Eu sou sua irmã e era a ela que você procurava para conversar quando estava em encrencas... Você parou de falar comigo quando Lauren foi embora. – acusei. – Eu não planejei isso. Eu nem queria que ela fugisse, mas ela foi embora e você me culpou por tudo quando eu apenas queria colo. Tudo que eu queria no momento era o braço da minha irmã, você me enxotou e disse que eu não merecia Lauren. No fim eu que pergunto por quê? – lágrimas quentes rasgavam minha pele.

- Você foi embora Camila. – acusou-me. Encarei-a sem entender. – Você me deixou mesmo tendo prometido que seria nós duas contra o mundo. Você quebrou sua promessa e me deixou sozinha.

- Quando eu fiz isso? – perguntei assustada.

- Você foi estudar em Nova York e me deixou sozinha aqui e levou contigo todas as pessoas legais...

- Eu precisava estudar. – retruquei. - Você acha que eu queria me separar da minha família e me mudar para longe de tudo e de todos? Você acha que eu queria ficar sozinha onde não conhecia ninguém?

- Você tinha a Dinah, a Ally e a Normani que foram com você! Você não estava só. Já eu...

- Elas foram estudar também... – rebati nervosa. - E acredite que mesmo com elas lá ainda foi solitário... Quase nunca nos encontrávamos... Depois que entramos para a universidade tudo virou uma completa loucura. Trabalho, provas e mais trabalhos... Morávamos em lugares distantes... Os pais de Dinah se mudaram para lá para que ela tivesse menos gastos e mesmo assim eu quase não a via porque ela estava sempre fazendo bicos para um dinheiro extra. Os pais de Ally voltaram para San Antonio para cuidar da avó dela e por isso sempre que podia Ally estava viajando para o Texas. Normani passava a maior parte do seu tempo pendurada no telefone conversado com o idiota do Philip e agradeço que esse relacionamento não deu certo porque ele era um atraso na vida dela... – respirei fundo. - Então repito... Esses anos não foram menos solitários, elas estando na mesma cidade que eu... Eu nunca quis te abandonar, mas eu precisava ir... Eu achei que tinha entendido isso?

- Eu era uma criança... – retrucou. – Eu tinha oito anos e minha irmã foi embora, você acha que foi fácil crescer sem você? Você acha que eu tinha ideia do porquê você estava indo para longe? Eu cresci sem minha irmã... Eu passei noites esperando você voltar. Eu chorava pedindo pra Mama que você voltasse prometendo que seria uma irmã melhor. Você me ligava todas as noites, mas até as ligações foram diminuindo aos poucos e eu me perguntava por que você não me amava... – Sofia secou algumas lágrimas e fungou. – E tudo que eu tinha de você era alguns dias em datas importantes ou quando Mama e Papa me levava para Nova York. Aos poucos fui aprendendo a me virar sozinha e de repente você começa aparecer em Miami com Austin e Ariana e não me dava tanta atenção porque seus amigos estavam aqui, depois suas visitas tornaram-se mais escassas porque você ia passar os feriados com seus novos amigos ou programava viagens com as meninas e eu? Você nunca se perguntou como eu me sentia a ter que compartilhar minha irmã com o mundo e não ter nem um por cento dela para mim... – a cada palavra dita eu sentia como se fosse um soco no peito, uma nova ferida aberta.

- Eu nunca deixei de te amar...

- Eu sei disso agora, mas você acha que eu tinha noção disso na época?

- Eu sinto muito... Você foi e ainda é minha irmãzinha e sempre será minha pequena... Eu sempre senti sua falta, mas eu não imaginava que guardava tudo isso no peito. Por que nunca me disse?

- Eu tinha medo de você me achar infantil. De estar fazendo drama. De me achar uma chorona... – aproximei-me dela e sequei suas lágrimas delicadamente.

- Olhe para mim. – ergui sua cabeça. – Expor seus medos não te torna fraca e nem infantil, eu devia ter dito mais vezes que te amava, mas eu tentei, tentei muito conciliar minha nova vida com você, mas de repente você não queria fazer parte dela. Sempre trancada em seu quarto ou na casa de amigas. Eu não entendi seus motivos, mas sentia falta da minha irmãzinha, do meu bebezinho... – acariciei sua face.

- Um dia você ligou e nos informou que estava namorando e que queria apresentar sua namorada, lembro-me que pensei que seria mais outra pessoa para te roubar de mim... – fungou. – Mas você trouxe Lauren e a família dela também era de Miami... E ela me cativou sorrateiramente, quando percebi, eu estava encantada e feliz de ver vocês juntas.

- Lauren tem esse poder. – ri entre as lágrimas.

- Contava os dias para vocês estarem de volta. E sempre tínhamos churrascos, íamos ao cinema, saíamos com os irmãos dela, festa de pijama das garotas, maratona de filmes. Lauren me comprava presentes e às vezes quando vinha, em datas que você não podia vim, ela fazia questão de me levar para sair... Sempre que ela estava com você e você ligava aqui pra casa ela pedia para falar comigo, eu encontrei nela uma amiga, encontrei outra irmã e ela trouxe um pouco da minha kaki de volta... Mas ela foi embora...

- E você achou que eu era a culpada!

- Você parou de ligar... Você parou de atender minhas ligações e de repente me sentia longe de você novamente, eu não entendia por que havia perdido minha irmã novamente, mas um dia eu ouvi Mama conversando com o Papa e descobri que vocês tinham terminado.

- E me ligou furiosa para me chamar de incompetente... – interrompi. Não queria acusá-la, mas aquele assunto me feria. – Quando tudo que eu queria era alguém para me segurar porque eu estava desmoronando. – mesmo sem querer sentia toda aquela ferida exposta para os vermes comerem. - Você decidiu parar de falar comigo.

- Eu estava assustada, eu estava com medo... Eu não entendia por que vocês tinham terminado e por que ela tinha ido embora. Ela não atendeu minhas ligações e assim descobri que perdi minhas duas irmãs ao mesmo tempo.

- E sabe o que é o pior? – a interrompi. - Que realmente acreditei em suas palavras... Eu me perguntava se era incompetente? Porque simplesmente ela me deixou... Eu perdi o encanto pela vida e por mim, deixando de viver apenas para existir. Esquecer Lauren exigiu demais do meu psicológico e eu apenas consegui porque foquei minha atenção em meu filho, passei a viver por ele...

- Eu sinto muito... – disse novamente. – Eu queria ter feito algo diferente, mas eu estava assustada e perdida...

- Esqueça isso... Já passei meses tentando mudar decisões em minha vida e o passado já passou...

- Eu fui uma péssima irmã.

- Também não fui das melhores... Nós falhamos, na verdade eu falhei em cuidar de você.

- Mesmo assim eu não devia ter te bombardeado com aquelas palavras. – choramingou. – Eu tinha que ser o seu pilar. Você é minha irmã e não Lauren, mesmo assim eu escolhi ficar do lado da pessoa errada. Eu sou uma idiota, uma estúpida, eu...

- Eu precisava naquele momento que você escolhesse ficar do meu lado... – sequei minhas lágrimas que rolavam fortemente. – Eu me contorcia com seu silêncio. Morrendo um pouco a cada dia com seu gelo. Eu perdi Lauren e você não olhava em minha cara. Eu era tão incompetente assim para manter um relacionamento com as pessoas que eu amava?

- NÃO. – gritou. – Você não era e nem é... As coisas fugiram de nosso controle e seguiram uma trilha escura e não planejada, mas nunca pense que você é incompetente, pois não é! Kaki você é a pessoa mais forte que eu conheço e eu tenho orgulho de ser sua irmã, de te ter como irmã... Eu... Desculpe-me... Eu deveria ter estado ao seu lado durante esses anos... Eu deveria ter conversado com você, esclarecido todas minhas dúvidas, mas do nada você apareceu grávida de um garoto que você trouxe apenas uma vez aqui e eu... – fungou. – Não sabia o que pensar além de imaginar que você nunca havia a amado. Não tinha muito tempo do rompimento de vocês e você estava grávida... Eu sou sua irmã e precisava saber a verdade, precisava confiar em você e você precisava confiar em mim.

- Você não falava comigo e defendia Lauren com unhas e dentes. Eu tive medo de você surtar e ir atrás dela ou dos pais dela para contar a verdade. – admiti.

- Eu fui um monstro. – tampou a boca assustada com suas palavras. Neguei com a cabeça. – Você estava precisando de mim e eu te maltratei. Olhando para trás eu vejo todos meus erros... Mil desculpas, eu... eu... eu... – soluçou algumas vezes.

- Está tudo bem. Eu sobrevivi... – tentei acalmá-la. – Pareceu que eu afundaria na primeira queda, mas depois de estar muitas vezes no chão, o gosto de terra já não é tão ruim... Olhe para mim. – Sofia tampava os olhos assustada.

- O que aconteceu conosco? – perguntou pra si mesmo. - Onde nós paramos? E pela primeira vez na vida consigo finalmente perceber que nos perdemos como irmãs... – levantou a cara.

- Não há como voltar atrás e mudar o que aconteceu...

- Eu sei... – cortou-me. - Mas me pergunto agora se não há tempo o suficiente para reverter às coisas. Porque parece que estamos em uma rua sem saída e a cada dia que passa barreiras são construídas entre nós.

- Ainda somos irmãs.

- Mas eu também quero ser sua amiga. – confessou. – Mesmo não merecendo, eu quero conhecer minha irmã antes que seja tarde demais para concertar os erros. – secou suas lágrimas. - Você mesmo disse que não há como refazer ou reconstruir o passado, mas eu preciso encarar minhas escolhas para tentar amenizar os erros e por isso preciso lidar com eles.

- Sofi... – a chamei delicadamente. - Eu já disse que ficou no passado, somos irmãs, somos amigas... – murmurei, minha garganta ardia por causa do choro.

- Você não pode me perdoar assim tão fácil. – ralhou. – Eu preciso que grite, que xingue e que me odeie, eu preciso batalhar por você... – puxei Sofia para um abraço forte, no primeiro momento ela se assustou e ficou rígida, mas logo suas mãos me apertavam fortemente, as lágrimas molhando meu ombro.

- Vai ficar tudo bem. – afaguei seus cabelos.

- Não vai. – disse entre lágrimas. – Eu sei que me odeia.

- Eu não te odeio. Você é minha irmã e não importa o quanto aja como uma idiota ou vire uma rebelde sem causa, eu sempre te amarei.

- Ainda que eu vire gótica?

- Ainda sim te amarei e te presentearei com alguns batons pretos. – ri da sua pergunta.

- E se eu deixar de amar pizza?

- Talvez tenha que te internar, mas ainda assim te amarei!

- Eu sou uma idiota...

- Está no nosso sangue. – cochichei. Sofia gargalhou em meus braços. Beijei o topo de sua cabeça. – Temos tanto para conversar e há tantas histórias suas que quero ouvir. – Sofia apertou mais uma vez o abraço antes de se afastar.

- São anos a serem resumidos. – coçou a nuca. Amarrou o cabelo em um coque frouxo, aquela ação parecia tanto comigo que por um segundo achei está vendo meu reflexo.

- Temos o dia todo e se não for suficiente temos o amanhã e o depois e toda uma vida, não tenho pressa se você estiver ao meu lado.

- Eu te amo kaki!

- Eu também te amo Boo!

Nossas escolhas ditam o caminho a seguir. O fim da estrada pode ser incerto, mas o percurso pode ser moldado. Se achar que está no caminho errado, pegue outra rota, dê meia volta ou faça um desvio, mas não espere o fim da linha para perceber que não há mais como retornar.

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Como estamos?

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