Pov Luísa:
Tem um monte de gente me julgando por que eu perdoei a traição do Luan, essa atitude é bastante compreensível. Eu mesma já julguei amigas minhas que perdoaram seus namorados canalhas, mas ver a situação de fora é muito fácil; quando se está dentro é completamente diferente.
Se eu tivesse ouvido a minha razão, talvez não tivesse dado a ele o meu perdão; mas eu resolvi escutar o que meu coração tinha a me dizer, por que eu sou assim, mais emoção, menos razão.
E também, o que eu ganharia não perdoando o Luan? Infelicidade, com certeza. Claro que eu e ele encontraríamos outras pessoas, seguiríamos nossas vidas; mas ele estaria sempre lá, como uma história de amor mal resolvida. O fantasma do "e se?" ficaria me assombrando pelo resto da vida.
E foi por isso que eu resolvi perdoá-lo; por que eu quero viver tudo que eu tiver vontade, eu quero amar quem eu quiser.
[...]
Nas Redes sociais, continuam me julgando. São vários os comentários maldosos:
"Essa daí é burra mesmo, vai continuar sendo chifrada".
"Coitada dela, deve tá apaixonadinha mesmo, pra esquecer a galha que levou".
"Ela não é boba, não quis largar o osso. O que é um par de chifres, perto do saldo da conta bancária do Luan Santana? Tá certa mesmo!"
Caramba! Como é que pode existir tanta gente malvada? As pessoas nem conhecem a gente, mas se acham no direito de julgar; como se fossem donas da verdade. Apesar de estar chateada, eu resolvo não responder aos comentários; pois isso significa que eu vi as mensagens e me magoei; que eu me importo com o que dizem; e essas pessoas conseguiriam justamente o que querem: atenção. Realmente eu estou incomodada com essa situação. Mas ninguém precisa saber. Eu e Luan estamos felizes e isso basta para mim.
( ...)
- Mandaram entregar pra você Helena - O Seu Francisco, o porteiro do estúdio de dança da Eva, aparece na sala de ensaios com um buquê gigante de rosas vermelhas.
- Para mim? Quem mandou?
- Não sei, mas tem um cartão.
- Obrigada Seu Francisco - Sorrio e ele se retira da sala
- Foi o seu namorado quem mandou pró? - Camila, uma das minhas alunas pergunta.
- Não sei, vou ler o cartão:
"Helena,
O que eu sinto por você é grande.
Tanto que eu não consigo entender ou explicar. Eu só consigo sentir.
Sentir um arrepio bom quando você me toca,
Sentir o delicioso gosto do seu beijo,
Sentir o desejo tomar conta do meu corpo toda vez que fazemos amor,
Sentir amor.
Eu sei que lhe magoei, e que você tem medo de se machucar outra vez ; mas eu não seria babaca o bastante para fazê-la sofrer de novo; eu não seria babaca o bastante para permitir que a minha felicidade fosse embora.
A partir de hoje, eu quero surpreendê-la a cada minuto, e não só em ocasiões especiais; com você, qualquer ocasião é especial.
Esse buquê é a primeira das muitas surpresas que virão. Por que se depender de mim, ficaremos juntos pelos restos de nossas vidas. Eu te amo, sempre;
Luan."
Quando eu termino de ler, percebo que estou chorando:
- Você tá triste?- Camila pergunta
- Não meu amor, eu tô feliz, muito feliz!
- E a gente chora quando estamos felizes?! - Ela pergunta surpresa e eu dou risada.
- Algumas pessoas sim; quando estão emocionadas.
- Ah, entendi!
- Mas agora vamos voltar pra aula né mocinha?
(...)
Ao final da aula, eu resolvo tirar um foto do buquê lindo que eu ganhei. É uma forma sutil de responder às críticas. Ponho somente um emoticon de coração na legenda.
Você gostou mesmo das flores amor? - Luan pergunta do outro lado da linha.
- Gostei. São lindas!
- Eu sei que é clichê mandar flores, mas...
- Eu não acho clichê; eu gosto de receber flores.
- Quem bom então - ele ri - eu tô morrendo de saudade pequena!
- Eu também amor! Quando a gente vai poder se ver de novo?
- Não sei. Esse mês eu tenho show em todas as regiões do Brasil.
- Em que cidade você tá agora?
- Tô em Gramado; RS.
- Hum... tá longe mesmo. Mas não tem problema, quando você fizer um show aqui por perto eu vou.
- Amor, tenho de ir malhar pra ficar gostoso pra você - e rio - tchau, amo você!
- Vai lá amor! Beijo.
(...)
Algum tempo depois...
Faz um mês que eu e Luan não nos vemos pessoalmente. E a saudade tá gigante. Eu vi a agenda de shows dele e hoje ele vai se apresentar em Belo Horizonte, e depois fará show por outras cidades mineiras. Eu estou pensando em ir vê-lo; hoje é Quinta, então eu vou hoje depois de dar aula no estúdio da Eva - eu dou aula lá de Segunda a Quinta - e volto no sábado a tempo de ensaiar para o Domingão.
Yes! Estou liberada pra ir ver o meu amor! Conversei com a Suzana e com a Produção do programa e eles me liberaram. Vou ligar para o Rober pra avisar que tô indo encontrar o Luan; mas vou pedir pra ele ficar de bico fechado!
Pov Luan:
Caramba, hoje a saudade da Luísa apertou viu?
- Saudade da patroa Luan?- Rober pergunta
-Muita cara!
- Eita, ter chefe apaixonado é dose viu? - Ele ri.
(...)
O show de hoje tá incrível, meus fãs mineiros são demais. Cantam tudo! Em um determinado momento do show; ouço a introdução de uma música que não está no repertório. Eu não tô entendendo nada, olho confuso para a banda; mas eles apenas sorriem dando de ombros. Estão aprontando pra mim, eu só não sei o que é. Antes que eu possa pensar em algo; uma voz familiar ecoa pelo palco. É ela. Helena.
Ela está cantando Velha Infância; do extinto grupo, Os Tribalistas; enquanto canta ela caminha até mim com aquele sorriso lindo que colore todos os meus dias.
-Gostou da surpresa?- Ela pergunta parando em minha frente.
Eu não digo nada, somente a beijo sem me importar com o fato de estarmos sendo observados por uma multidão. Ela se assusta com meu gesto, mas corresponde-o. Esse beijo tem sabor de saudade. A plateia explode em uma gritaria sem tamanho e eu quase fico surdo. Ao fim do beijo, começam a gritar: Lulena is back, Lulena is back...! Eu e Helena rimos. Pense num povo criativo!
Depois dessa surpresa maravilhosa, a Helena fica assistindo o show do palco mesmo; um pouco mais afastada.
- Bom meus amores, por hoje é só! Eu vou descansar e curtir minha namorada linda que veio me ver - eu rio- muito obrigada por todo esse carinho! Fiquem com Deus! Tchau! - Eu encerro o show.
(...)
- Graças a Deus que você veio Helena! - Rober diz quando já estamos na van voltando para o hotel- ninguém mais tava aguentando o mau humor do Luan. Pense numa pessoa insuportável! - Luísa ri, e eu olho para Rober com cara feia; ele também ri dando de ombros.
-Ô gente, tadinho do meu namorado!- Helena me dá um beijo na bochecha.
- Aproveita pra tirar o atraso e não ter de se virar sozinho depois patrão - Testa diz e Helena gargalha.
- Cala a boca Roberval! - Eu brado.
- Quer dizer que você ande se virando sozinho é? - Luísa pergunta ainda rindo.
- Não ri amor, eu tenho necessidades! - Digo e ela ri mais ainda.
(...)
Mal chegamos ao quarto e já começamos a nos despir. Temos uma urgência em pertencermos um ao outro (...)
(...)
- É tão bom acordar abraçadinho com você... - Sorrio puxando-a mais pra perto de mim.
- Amor, você me deixou marcada - ela aponta para seu pescoço; uma mancha avermelhada é lembrança da noite incrível que tivemos - vou ter de cobrir com maquiagem - Ela ri.
- Cobrir pra quê?
- E se ficarem me perguntando de onde veio essa mancha?
- Fala a verdade; que ele é resultado da noite maravilhosa que você teve com seu namorado gato - Digo e ela gargalha.
- Ah Luan, cê não existe!
- Existo sim. E sou todo seu. - Digo antes de puxá-la para um beijo.
E aí, gostaram?
Beijinhos!