Surpresas do Destino

Oleh Chaiane-Souza

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Enquanto a Melissa arrumava a mala para viajar com seu namorado, ela jamais imaginou o que poderia acontecer... Lebih Banyak

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Epílogo

Capítulo 8

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Oleh Chaiane-Souza

Notei que a Clarisse se aproximava de mim com um sorriso no rosto.

-Vamos querida? - a Clarisse me perguntou.

-Vamos.

Ela notou o terço em minhas mãos.

-Onde achou isso?

-Estava aqui na frente. Alguém deve ter perdido.

-É. Fique para você, vai te ajudar.

Sorri em resposta.

Entremos no carro e seguimos. Mas eu não podia deixar de passar em um lugar.

-Clarisse, será que você poderia passar em um lugar antes?

-Claro. Onde deseja ir?

-No hospital.

-Está com dor no braço? - a Clarisse perguntou assustada.

-Não. Só quero visitar o Gui - assegurei.

-Ah, claro. Também tenho que ver ele.

Então, a Clarisse mudou de direção e seguimos pro hospital.

Sai do carro e o vento soprou em meu rosto, deixando todo bagunçado o meu cabelo.

Entremos no hospital e seguimos para o quarto do Gui.

-Eu espero aqui, pode entrar primeiro - a Clarisse disse.

-Tem certeza?

-Sim. Pode ir.

-Okay.

Melhor eu entrar sozinha mesmo. Abri a porta e meu coração se apertou só de ver o Gui ali.

Do mesmo jeito de antes. Entrei e fechei a porta atrás de mim.

Me aproximei do Gui e puxei uma cadeira para eu sentar.

Me sentei e peguei a mão do Gui.

-Gui, eu te amo tanto. Não me deixe sozinha, por favor, fica bem logo!

As lágrimas rolaram e me permiti chorar.

Apoiei minha cabeça na barriga do Gui e fiquei olhando sua face.

Por que? Por que isso tinha que ter acontecido com o meu Gui?

Essas perguntas só batucavam na minha cabeça, perguntas essas que não tinham respostas.

Meu coração dói só de lembrar que o Gui não pode se mexer, não pode viver.

Fiquei uns bons minutos ali, chorando.

A porta se abriu. Olhei para ver que era e era a Clarisse entrando, acompanhada do médico que está acompanhando o caso do Gui,o mesmo que cuidou de mim.

-Boa tarde, Melissa! - o médico me cumprimentou.

-Boa tarde!

-Vejo que está bem.

-Não muito, mas levando.

-Entendo - ele balançou a cabeça afirmamente.

A Clarisse se aproximou de mim e eu me afastei. Ela merecia um momento a sós com o filho.

Apertei mais uma vez a mão do Gui e mais uma lágrima caiu. Limpei com minha mão a lágrima teimosa e sai do quarto.

-Melissa?

Alguém me chamou e virei para trás. Era o médico.

-Pois não?!

-Eu acho que já está na hora de tirar esse gesso do seu braço.

-É, não aguento mais isso me incomodando.

-Então, vamos?

-Vamos.

Seguimos pelo corredor e entremos em uma sala. Me sentei na cadeira e o médico começou a tirar aquilo do meu braço.

-E como anda seu coração? - o médico me perguntou.

-Meu coração? Anda bem, tirando o fato de que ele está meio dolorido.

-Ver quem a gente mal, deve ser bem dolorido mesmo.

-E é. Ele tem alguma chance de sair dessa?

-Não vou lhe mentir: as chances diminuem a cada dia.

Respirei fundo, tentando segurar as lágrimas.

-Mas a esperança é a última que morre. Não desanime - o médico disse ao ver minha cara.

Dei um sorriso amarelo para ele.

-Pronto. Pode mexer o braço.

Mexi meu braço, e foi até estranho. Fiquei tanto tempo com ele parado.

-Dói?

-Não. Só é estranho eu mexer ele, depois de tanto tempo parado, quase acostumei.

O médico riu.

-Pode voltar a sua vida normal. Só tenha um pouco de cuidado, seu braço ainda está cicatrizando, mas não poderia ficar mais com o gesso.

-Sim. Obrigado, doutor... Como é mesmo seu nome mesmo ?

-Augusto. Dr. Augusto - ele sorriu.

-Ah. Então... Obrigada Dr. Augusto - agradeci.

-De nada.

Sai da sala mexendo o braço, tentando me acostumar que agora estou livre daquele gesso chato.

Fui em direção ao quarto que o Gui está e a Clarisse estava lá. Olhando pro Gui, com as lágrimas escorrendo meu seu rosto.

Me aproximei e a abracei pelas costas. A Clarisse estava tão distraída que levou um susto.

-Aí! - ela gritou.

Se virou e me viu.

-Quer me matar do coração, menina?

-Desculpa, a senhora estava tão distraída aí, nem reparou que cheguei.

-Pois é. Você demorou.

A Clarisse finalmente reparou em meu braço.

-Ah, você tirou o gesso - ela disse animada.

-Finalmente. Já não aguentava mais aquilo.

Ela riu. Fiquei ao seu lado enquanto ela olhava pro Gui.

-Ele...

A Clarisse tentou falar, mas as palavras não saíram de sua boca.

-Ele é tão lindo, né?! - eu disse.

-Muito.

Percebi a voz de choro e abracei ela.

-Ele vai ficar bem. A esperança é a última que morre - repeti a frase que o Dr. Augusto me disse à minutos atrás.

Minha voz vacilou e quando me dei conta, já estava chorando abraçada a minha sogra.

-Se Deus quiser - a Clarisse completou.

-E Ele quer.

Me afastei do abraço e sequei minhas lágrimas.

Fiquei ao lado da Clarisse.

-A vida é cheia de surpresas - eu disse.

-Cada uma por um motivo - minha sogra completou.

-Até agora não entendi o porquê de tudo isso estar acontecendo - desabafei.

-Para aprenderemos a ser fortes.

Minha sogra é tão sabia.

-Espero que logo isso passe - eu disse.

-E vai.

A Clarisse se levantou e pegou sua bolsa.

-Vamos? - me convidou.

-Vamos.

Olhei pro Gui uma última vez naquele dia e saímos.

A Clarisse parou em frente à minha casa.

-Vamos subir? - convidei.

-Não, já vou para casa.

-Obrigada por hoje, Clarisse.

-De nada.

Minha sogra sorriu e eu a abracei e sai do carro.

Entrei em casa e meu irmão estava no sofá da sala esparramado e com um jornal nas mãos.

-Oi! - cumprimentei.

-Oi - ele me respondeu sem tira os olhos do jornal.

-O que está fazendo? - me sentei ao lado dele.

-Procurando emprego.

-Achou um que te agrade?

-Mais ou menos.

-Qual?

-Trabalhar como porteiro em um hotel aqui perto.

-Hum. O salário é bom?

-Até que sim.

-Então pegue, melhor que ficar sem.

Meu irmão assentiu e fui pro meu quarto.

Guardei minha bolsa e liguei meu computador.

Abri minha pasta de fotos. Achei várias minhas e do Gui.

Umas divertidas, outras românticas.

Ai que saudade...

Fiquei viajando em pensamentos, até que a porta do meu quarto se abriu e o Lucas entrou.

-Meli?

Me virei.

-Oi?

-Você ainda está brava com a Sabrina?

-Brava, não. Mas a gente não se falou mais, por quê?

-Nada. Só porque vocês vão voltar a se falar.

-Como? Eu que não vou ir puxar o saco.

Virei de volta para a tela do computador. Mas o Lucas é teimoso e girou minha cadeira para eu ficar de frente pra ele novamente.

-Você vai falar com ela!

Quem vê o Lucas me manda.

-Não vou.

Antes que eu virasse de novo para a tela do computador, o Lucas tirou o celular do bolso, discou um número e arrumou no viva-voz.

-Alô?

Alguém atendeu do outro lado da linha e pude reconhecer a voz.

-Oi, Sabrina - o Lucas disse.

-Quem fala?

-O Lucas. Irmão da Meli.

-Ah, oi Lucas. Não reconheci sua voz.

-Percebi. Tudo bem?

-Tudo e ai?

-Também. Fiquei sabendo que anda de rolo com o Tomás.

-É... - a Sabrina riu do outro lado.

-Você e a Meli estão brigadas, né?!

Não acredito que meu irmão está fazendo isso. Ah, eu mato um hoje.

-Brigadas, não. Só não se falamos mais depois de uma discussão boba.

Discussão boba? Foi uma das mais sérias brigas que tivemos em todo nossos anos de amizade.

-Ah. Por qual motivo?

-Besteira.

Legal, agora minha dor é besteira!

-Ah. A Melissa quer voltar a falar com você.

Eu estava prestes a pular no pescoço do Lucas se ele não parasse. Mas ele reparou na minha cara de raiva e aí sim que ele me provoca mais, e com cara de safado ainda.

-Sério? E por que ela mesma não me ligou?

-Orgulho.

-Ah, sei.

-Posso passar o celular pra ela?

-Ah, pode vai.

-Só um instante.

Meu irmão estendeu o celular para mim. Mas eu não estava nem um pouco afim de falar com a Sabrina.

-Eu não vou falar com ninguém - eu disse.

O Lucas me olhou com cara de cachorro sem dono.

-Por favor, Meli.

-Não.

-Li...

Estendi minha mão em sinal para o Lucas ficar quieto.

-Não me chama assim. Só o Gui pode.

Sei que pode ser coisa boba, mas pra mim não é.

-Tá bom. Agora fala com ela.

-Não!

-Para de ser orgulhosa.

-Não é orgulho, só não quero falar com gente que não me entende e que só pensa em si mesma.

Nem percebi que o celular ainda estava no viva- voz, o que fez com que a Sabrina ouvisse o que eu falei.

-Meli? Vamos se entender, amiga - a Sabrina disse.

O Lucas arqueou a sobrancelha e ficou esperando uma reação da minha parte.

Peguei o celular da mão dele e fiz sinal pra que ele saísse.

Meu irmão saiu. Tirei do viva - voz e me virei para a tela do computador novamente.

-Fala - eu disse.

A Sabrina que não me torre a paciência, não estou muito legal hoje. É Tpm.

-Calma, primeiro oi, né?!

-Oi. Agora fale o que você quer?

-Quero voltar a ser sua amiga!

-A gente não deixou de ser amiga - eu disse.

-Pois parece, porque você parou de falar comigo - ela me retrucou.

-Fiquei chateada com você, só isso.

-Por causa daquilo?

-É.

Ai, ainda se faz de desentendida.

-Então, vamos por tudo em pratos limpos. Não quero ficar de mal com você - a Sabrina disse com uma voz de dar pena.

Mas só a voz dela de menina abandonada, não me convenceu.

-Beleza.

Eu estou com uma paciência para ficar ouvindo essas ladainhas, só que não!

Ainda estou chateada com a Sabrina, só por isso estou agindo assim com ela.

Decerto aprende a não ser egoísta!

-Me desculpa, eu fui bem idiota de ter te falado aquilo. Depois percebi o que fiz, falei com o Tomás e ele me ajudou a perceber que eu estava errada. Me perdoa?

Pensei se ela merecia minhas desculpas e se realmente rolava a gente voltar a se falar. Eu sinto falta da minha melhor amiga.

-Tá bom. Eu te desculpo, mas se isso acontecer de novo, eu fico um ano sem falar com você - ameacei.

-Tá bom, amiga - ela riu.

-Vamos esquecer essa discussão?

-Com certeza.

-Me atualize sobre as novidades.

-Pelo celular não dá. Vamos sair?

-Sair? - indaguei.

Iria começar tudo de novo?

-Vamos comer uma pizza, algo Light - a Sabrina assegurou.

Pensei bem e resolvi aceitar.

-Tá bom - aceitei o convite.

Não era nada com que eu possa me divertir. Mas também não posso ficar só em casa.

-Se encontremos na pizzaria do centro? - Sabrina convidou.

-A de sempre?

-Bem essa.

-Okay. Daqui a pouco chego lá.

-Okay. Até.

-Até.

Desliguei o celular e me deu até um alívio no coração. Ficar brigada com sua melhor amiga, é péssimo.

Fui para a sala e devolvi o celular ao meu irmão:

-Aqui - eu disse ao chegar na sala.

-De nada.

Entreguei o celular pro Lucas e já iria voltar pro quarto quando ele me chamou.

-Se acertaram?

-Sim. Vamos até sair.

-Aí sim - meu irmão sorriu.

-Vou ir me arrumar. Cadê nossos pais?

-Também não sei.

Nesse momento a porta se abriu e nossos pais chegaram.

-Onde estavam? - perguntei.

-Fomos pagar umas contas - minha mãe respondeu.

-Ah. Pai, empresta o carro? - perguntei.

Meu pai sentou no sofá e minha mãe ao seu lado.

-Vai aonde? - ele perguntou.

-Na pizzaria com a Sabrina.

-Ah, voltaram q se falar?! - minha mãe disse.

-Sim. Empresta?

-Pode pegar, mas cuidado.

-Tá bom. Só vou me trocar.

-Vá agasalhada. Parece que o inverno chegou uns dias antes do previsto - minha mãe preveniu.

Assenti e fui trocar de roupa. Vesti uma calça jeans, uma blusa qualquer que achei e um casaco.

Fiz uma leve maquiagem, e mandei uma mensagem para a Sabrina, avisando que eu já estava saindo.

Sai do meu quarto. Minha mãe estava fazendo o jantar, meu pai assistindo ao jornal e meu irmão parecia falar com alguém importante no celular.

-O Lucas está falando com quem? - perguntei.

-Está acertando o novo emprego - meu pai respondeu.

-Ah, que bom que deu certo. Vou indo, as chaves?

-Aqui.

Meu pai tirou as chaves do bolso e me entregou.

-Obrigada.

-Se cuide.

-Pode deixar!

Mandei um beijo para minha mãe e dei um no meu pai, na bochecha e sai.

Fui para a garagem, abri o carro, entrei e já arrumei o cinto de segurança.

Mas assim que virei a chave para o carro ligar veio tudo na minha cabeça. O acidente, o sangue por todo os lados, o Gui mal.

Fiquei mal e desliguei o carro.

Que coisa louca. Eu sempre dirigi, na viagem, não fui eu quem levei o carro e quando eu andava com outras pessoas dirigindo, não me dava nada.

Resolveu me bater um trauma logo agora?

Um mal-estar me invadiu, tive que entrar para me acalmar, antes que eu desmaiasse no piso frio da garagem.

Entrei meio tonta em casa, me apoiando nas paredes. Eu parecia um bêbada, que ficou o dia todo bebendo e finalmente depois de horas resolveu voltar para casa.

Assim que botei meus pés dentro de casa, os olhos de todos caíram sobre mim.

Minha mãe foi a primeira a dizer alguma coisa:

-Filha, você está bem? Você está pálida? - ela perguntou se aproximando.

Meu pai que estava perto da porta veio até mim, me segurou pelos braços e me arrumou sentanda no sofá.

-O que aconteceu, Melissa? - ele perguntou.

Mas eu não respondi. As palavras não saiam da minha boca. Eu só conseguia pensar no acidente, no Gui. A vontade de chorar foi mais forte que eu.

Quando me dei conta eu estava aos prantos, abraçada pelo meu pai e minha mãe e o Lucas com cara de tacho, sem saber o que fazer.

Depois de uns cinco minutos, meu irmão tomou a iniciativa de ir pegar um copo d'água com açúcar para eu tentar me acalmar.

Eu não sei o que me deu, só sei que foi horrível.

O Lucas se abaixou e me entregou o copo com a água. Bebi tudo.

-Agora que você está mais calma, o que aconteceu para você ficar assim? - meu pai perguntou.

Respirei fundo:

-Não sei. Eu fui ligar o carro e me deu uma coisa ruim. Não consegui pensar direito, só pensei no acidente e que tudo iria se repetir. Acho que fiquei traumatizada - desabafei.

-Traumatizada logo agora? Faz quase quatro meses. E sempre quando você anda comigo, não acontece nada - o Lucas disse.

-Acho melhor você procurar um psicólogo - meu pai aconselhou.

Assenti.

Eu devia mesmo. Seria bom ouvir a opinião sobre tudo isso, de alguém que não fosse da minha família ou sendo meus amigos.

Meu pai me abraçava e passava a mão no meu cabelo. O Lucas estava do meu lado, com a mão sobre o meu joelho e minha mãe fazia o jantar e um chá para mim me acalmar.

Só agora que me lembrei da Sabrina.

-Eu tenho que avisar a Sabrina que não vou mais - eu disse.

-Cadê seu celular? Eu pego - o Lucas disse.

-Na minha bolsa - eu disse apontando para minha bolsa jogada no canto da sala.

Meu irmão se levantou, pegou minha bolsa e me entregou o meu celular.

Tinha duas chamadas perdidas da Sabrina. Liguei para ela assim que vi.

-Amiga, cadê você? - ela falou ao atender o celular.

-Eu não vou mais. Passei mal.

-Aí meu Deus. Você está bem? Quer que eu vá aí ?

-Não precisa. Já estou um pouco melhor. Só me deu uma coisa ruim. Acho que fiquei traumatizada pelo acidente.

-Deve ter sido. Vou voltar para casa, então.

-Convide o Tomás.

-Boa idéia. Tchau amiga. Qualquer coisa me ligue.

-Tá bom. Beijos.

-Beijos.

Desliguei o celular e fiquei ali no colo do meu pai, recebendo carinho.

Assim que o Lucas saiu para ajudar minha mãe na cozinha, meu pai tocou em um assunto um tanto quanto estranho.

-Filha?!

-Oi?!

-Não quer dormir?

-Vou jantar primeiro.

-É melhor mesmo. Meli, o que você faria se tivesse um irmão?

-Eu já tenho um irmão, pai. Tá maluco? - eu disse rindo.

-Estou falando de outro irmão.

-Acho que não tem como. O senhor fez cirurgia, não pode mais ter filhos. A não ser que a mãe te botasse um par de chifres - eu ri.

Meu pai soltou uma risada, mas logo voltou a ficar sério:

-Se eu tivesse tido um filho a uns anos atrás, mas só agora que fiquei sabendo de sua existência, e o trouxesse para morar aqui conosco, o que você iria achar?

Tem caroço nesse angu!

Virei e olhei seria para o meu pai:

-O senhor quer me contar alguma coisa, pai? - perguntei olhando com um olhar ameaçador para ele.

Meu pai ficou corado, sem jeito e tentou disfarçar.

-Não. Só perguntei isso porque... porque...

-Por que...?

Meu pai ficou sem saber o que responder. Estranho isso, muito estranho.

-Um amigo meu está passando por isso, e pediu minha opinião, e eu resolvi te perguntar.

Fingi que engoli essa história mal contada.

-Humm. Não sei, pai. Mas se viesse morar mesmo com a gente , eu teria que aceitar. Afinal, não tem como eu dizer não, é meu irmão e o senhor é o dono da casa.

Meu pai ficou pensativo.

-É. Mas e se você já tivesse conhecido o seu irmão, sem saber que ele era seu irmão e vocês não se deram bem?

Isso está muito estranho. Meu pai está escondendo alguma coisa, e eu vou descobrir o que é.

-Aí a coisa é diferente. Mas mesmo assim eu tentaria me dar bem com ele, por mais que fosse difícil - eu disse rindo.

-Menos mal - meu pai cochichou, mas pude ouvir.

-Isso também é do seu amigo?

-Sim.

-Que rolo, hein?!

-Pois é.

O Lucas veio e me trouxe uma xícara de chá. Me sentei melhor e tomei tudo.

Depois fomos jantar. Até fiquei melhor.

-Está melhor, filha? - minha mãe perguntou de repente.

-Melhorei - afirmei.

Minha mãe sorriu e ficamos ouvindo meu pai e meu irmão conversando sobre futebol.

Homem só sabe falar sobre isso?!

Depois de a gente jantar fui para a cozinha para ajudar minha mãe com a louça.

-Não precisa, filha. Pode ir descansar - minha mãe disse.

-Claro que não. Eu ajudo, já melhorei - retruquei.

-Não senhora, pode ir deitar - minha mãe mandou, e tive que obedecer.

-Aí, tá bom.

Fui me deitar e antes que eu pegasse no sono meu pai, minha mãe e meu irmão invadiram meu quarto.

-Ainda não dormiu? - minha mãe disse.

-Ainda não.

Minha mãe sentou do meu lado, meu pai do outro e o Lucas sentou na beirada da cama.

Ficamos conversando sobre coisas boas e descontraídas, até que o sono bateu e foi cada um para sua cama.

-Filha? - minha mãe disse antes de sair.

-Oi? - me virei novamente para eles.

-Você não está sozinha nessa - ela disse.

Meu pai completou:

-Estamos com você.

O Lucas também não ficou de fora.

-Sempre!

Juro que quase chorei com essas palavras.

-Obrigada. Amo vocês.

-Também amamos vocês - responderam todos ao mesmo tempo.

Cada um me deu um beijo estrelado no rosto e saíram, me deixando sozinha.

Parece que me mimaram mais agora do que nos dias que realmente aconteceu o acidente.

Pelo menos tenho minha família comigo!

Mesmo eles falando o que falaram, eu não me sentia assim. Me sentia sozinha, aliás, essa missão é minha.

Nessa missão de seguir em frente, ficar bem e acreditar que tudo vai ficar bem... Eu estou sozinha!







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