Nataly / Lucy
Eu não sabia o que estava fazendo, mas Diego tinha razão. Só havia uma maneira de saber se era só a seca ou realmente estava gostando de alguém, o que é bem estranho vindo da única agente que nunca teve uma vida.
— Está atrasada! — Joana disse sentada no sofá com uma roupa minúscula.
— Lucy! — Alex disse se levantando do chão, onde se encontrava sentado com um notebook na mão.
— Oi! — Por que eu estava insegura com isso? Era para o próprio bem da missão. — A Jullieta abriu a porta para mim.
— Bom, caso queira levar nota senta e ajuda garota! — Se eu não tivesse problemas piores eu juro que ia fazê-la saber qual o lugar dela, assim como fiz com Daisy.
— Está tudo bem, Lu? — Alex me perguntou enquanto arrumava um espaço ao seu lado para eu me sentar. — Sabe que se precisar de ajuda...
— Eu sei, posso contar com você. — Sorri respirando fundo e me sentando ao seu lado.
O resto do trabalho foi tranquilo. Joana era meio burrinha então eu sempre tinha que corrigir o que ela pesquisava ou falava. Numa boa, eu era mais nova que ela e nem se quer havia ido à escola, e mesmo assim sabia mais que ela. Sinceramente Direito nem era tão difícil assim. Joana sempre jogava indiretas para Alex e ele sempre fugia, era até engraçado ver o esforço dela. Quando o trabalho ficou pronto eu estava suando frio. Sabia que deveria conversar com ele e ver em que pé estávamos.
— Sabe, hoje eu e uns amigos vamos fechar um pub para uma festinha você devia ir, a turma toda vai. — Disse Joana se insinuando mais uma vez para Alex. Eu revirei os olhos.
— Claro! — Ele concordou? Ele estava sorrindo para ela? Mas que merda é essa? — Com certeza nós estaremos lá. — Nós?
— Nós? — Ela parecia tão surpresa quanto eu estava.
— Sim eu e a Lucy. — Me senti bem em saber que estava sendo incluída e que ele não estava dando liberdade a ela. Mas que merda está acontecendo comigo?
— É pode ser. — Ela disse com total desprezo, mas o que eu poderia fazer? Eu tinha que estar nesta festa para proteger Alex de qualquer jeito. — A festa começa às dez da noite. Vejo você lá. — Disse pegando suas coisas e saindo. Observe que ela continuou tratando como se só ele fosse.
— Vai me contar o que aconteceu com você hoje? — Alex disse, e só então percebi que só havia nós dois na sala.
Hora de deixar as coisas rolarem. Eu sabia como fazer isto, já havia feito, mas nunca foi verdadeiro e agora seria, ou não seria? Pelo menos eu me aproveitaria da situação para colocar a minha cabeça no lugar.
— Não foi nada demais. Já está tudo resolvido.
— Se você diz. — Ele se deu por satisfeito e seguiu para a cozinha. Acho que desistiu da tal conversa.
— Olha... — Respirei fundo — O que você queria conversar comigo mais cedo? — Agora já era, não havia mais volta. Iria resolver logo isso e me aproximar dele de outra forma. Não que fosse necessário, mas se perguntassem eu diria isso.
— Ah, nossa. Achei que não quisesse falar mais disso. — Ele parecia nervoso.
— Bom, você quer falar sobre isso tem uns dois dias então vamos lá. Fala!
— É que eu andei pensando, até demais pro meu gosto, nesses dias e a verdade é que eu não consigo parar de pensar em você e nos seus beijos. — Ele foi bem direto — E eu quero mais deles! — ele disse se aproximando e eu me recuei assustada.
— Calma aí menino, não é tão fácil assim. — Ele nunca foi tão direto assim.
— Desculpa! — Ele recuou meio envergonhado. — Eu achei que você...
— Achou que eu quisesse te beijar? Assim? — Eu parecia incrédula, mas eu queria ser beijada por ele novamente — Não é tão fácil assim para mim. Eu estou confusa sobre isso. — Disse apontando para ele e logo depois para mim.
— Eu também. — Admitiu com a cabeça baixa. — Sabe é muito difícil para mim confiar em alguém e eu confio tanto em você que eu nem sei explicar o porquê. — Eu sei, fui eu que introduzi isso na sua mente. — E eu gosto de estar com você, de te fazer sorrir, de discutir com você, gosto dos seus olhos, da sua boca. — Isso aqui tá ficando quente ou é impressão minha? — Gosto da sua voz, do seu jeito meigo e ao mesmo tempo agressivo — Eu sou a garota perfeita, já que me moldei para que ele gostasse de mim. — Gosto até da sua mania de roer unha quando está entediada ou nervosa ou do modo como anda para tentar fugir de mim — Ele riu fraco. — E sinceramente eu poderia ficar aqui falando o resto do dia e da noite as coisas que eu adoro em você.
Ele realmente andava prestando atenção em mim. Ele descreveu coisas que não eram propositais, coisas que eram da Nataly e não da Lucy. Eu gostava muito disso. Sabia que era errado gostar, mas eu gostava assim mesmo. E quer saber? Que se se dane eu vou me aproveitar enquanto posso dessa situação.
— Eu quero.
— O que? — Ele parecia perdido.
— Quero tentar algo, mas vai ter que ser com calma. Um passo de cada vez.
— Quer mesmo tentar?
— Você quer que eu não tente?
— Não, não é isso. É só que eu não esperava que seria tão fácil te convencer.
— Então acha que me convenceu de algo? — Fiz uma careta engraçada. — Por que acha que eu ainda estaria aqui?
— Então por que me deixou falar tudo isso? Poderia ter simplesmente me dito que queria e facilitado as coisas.
— Não sou do tipo que facilita as coisas. — Disse me endireitando no sofá e ao mesmo tempo me aproximando dele.
— E será que eu já posso beijar a menina difícil, ou ela vai me obrigar a fazer mais alguma coisa para provar o que eu quero?
— Na verdade eu tenho uma condição. — Era agora que o jogo da manipulação começava.
— Como assim condições?
— Nós vamos com calma e por enquanto ninguém pode saber.
— Como assim? — É, não iria ser tão fácil assim. — Quer esconder de todos, fingir que não temos nada na frente dos outros? — Parecia tão pior quando ele falava.
— Olha eu não quero que ninguém se envolva nem deposite esperanças, nem seria um namoro de qualquer forma.
— E espera que seja o que? — Disse meio bravo.
— Eu não estou dizendo que não pode se desenvolver em um namoro. — Embora não vá — Apenas quero que tenhamos a garantia de que isso realmente vai acontecer e que de que é isso que realmente queremos, antes de deixar que depositem esperança e expectativas num relacionamento.
— Você tem razão! — Eu sei. Eu estou fazendo você acreditar nisso também — Tudo bem, vamos com calma. Um passo de cada vez e sem contar a ninguém, por enquanto.
— Obrigada! — Sorriu suavemente.
— Agora posso beijar você?
— Meu deus, parece uma criança ansiosa pelo doce favorito que a mãe prometeu.
— Você é meu doce favorito. Viciante... — Ele foi se aproximando com um sorriso hipnótico no rosto.
— Sou é? — Estou adorando esse jogo.
— É, e eu vou provar o que eu quero provar há dois dias. — Foi a única coisa dita antes de uma sequência de beijos quentes, suaves, e de todos os tipos. Eu poderia perder meu posto se Katia quisesse, mas valeria a pena.
— Alex não precisa vir me buscar, eu tenho um carro para isso, sabia? — Alex e eu discutíamos por telefone sobre ele pegar em casa para ir à festa.
Já havia voltado para casa e marcado de ir com Alex na tal festa. Bom em relação a nós dois estava tudo muito bom, havia ficado com ele até umas oito da noite, quando voltei para o apartamento para poder me arrumar. Mas agora ele queria que eu fosse com ele, e tínhamos um acordo de não deixar ninguém saber.
— Lu por favor. É só uma carona e eu quero ficar mais com você. Fora que se eu beber demais você pode me trazer.
— Alex, você não bebe!
— Mas eu posso querer beber essa noite. Ou você pode beber.
— Alex, eu não bebo!
— Ah, eu desisto! — Disse já meio irritado. — Apenas desça e pronto.
— O que? Você está aqui em baixo? — Eu disse meio brava.
— Não está pronta ainda? — Perguntou meio horrorizado e tentando mudar de assunto.
— Alex, há quanto tempo você está aí? — Insisti.
— Isso não importa, o importante é que eu dei uma volta enorme para te buscar por que ninguém te deu o endereço e nem o nome do pub. — Verdade, "ninguém me deu", embora eu tenha conseguido com o auxílio a minha bela equipe, que já se encontrava infiltrada dentro da festa.
— Tudo bem Alex, você me venceu, estou descendo em dez minutos.
— Tudo isso? Achei que estivesse pronta. — Resmunga.
— Se quiser, pode ir sem mim.
— Tudo bem, estou te esperando. — Disse se dando por vencido.
Depois de um tempo de conversas no carro chegamos na tal festa que estava muito animada por sinal. Na entrada estava a enjoada da Joana recebendo e barrando convidados. Quando chegamos perto ela nos olhou de cima abaixo e parou nas nossas mãos que estavam juntas. Eu soltei imediatamente minha mão da dele e seguimos para dentro do local passando direto por ela com apenas um aceno de cabeça de Alex. O local estava animado tinha muita gente dançando e quase ninguém da nossa turma estava lá. Sentamos no bar e Alex pediu dois drinques para nós sem álcool.
— Sabe o que eu queria agora? — Ele disse terminando a bebida e colocando a taça em cima do balcão.
— Outra bebida dessa? — Eu perguntei me fugindo de inocente.
— Não, eu quero outra coisa — Sorriu sugestivo.
Mas que merda ele estava querendo insinuar?
— Alex! — Disse batendo no braço dele.
— O que? — Fez uma cara de anjo — Eu não estava falado disso sua maluca. Eu estava falando de beijos.
— Ata! — Respondi com o rosto meio ruborizado. — Mesmo assim, não vamos fazer isso aqui. Já disse que não vamos nos expor assim.
— Ah qual é? Não sente nem uma vontadezinha de me beijar agora? — Ele disse se aproximando.
— Alex, para agora! — Disse quando ele já estava próximo demais. — Não é possível você ter ficado bêbado sem ao menos beber.
— Tá bom! — Respondeu desistindo — Vem comigo! — Disse me puxando para um canto escuro onde não podíamos ser vistos. — Agora eu posso?
— Alex, você é maluco! — Disse deixando-o me enlaçar pela cintura.
— É crime querer provar meu vício?
— Não Alex, não é — Disse e agarrei o beijando.
Adorava essa situação maluca em que eu estava me metendo, mas eu sabia que não duraria muito. Pelo menos achei que duraria mais que um minuto.
— Mas o que é que vocês dois estão fazendo? — Não falei?