Quando acordei, estava deitada no sofá com um cobertor a cobrir-me. Suspirei. Harry estava deitado no chão, ao lado do sofá, estendido no chão. Olho para o relógio na parede, que acusa seis e meia e oiço vozes. Levanto-me do sofá e ajoelho-me ao lado de Harry. Os seus caracóis estavam espalhados pelo chão, os seus lábios entreabertos e pequenos suspiros saiam dos mesmos.
Resolvi deixá-lo descansar mais um pouco.
Subindo as escadas, entrei no quarto, encontrando Louis a vestir uma camisola grossa da marca "Adidas". Fecho a porta.
- Precisamos de falar. - Digo. Louis junta as sobrancelhas.
- Bom-dia.
- Ok, Louis. - Suspirei, cruzando os braços. - É agora que vais falar ou vais continuar a fugir ao assunto?
- Já te disse, Shay. Não quero falar sobre isso.
- E porque não? Tens medo da minha reação? Ou do que eu vá pensar de ti?
- Eu lido bem com isso.
- Eu falei com o Harry ontem.
- Presumi isso. - Murmurou, suspirando. - Queres que te diga o quê, Shay? Que estou arrependido? Então desculpa desiludir-te, porque não estou. Ela não era quem parecia ser. - Diz, referindo-se à ex namorada de Harry.
- Era mesmo necessário tudo aquilo? E como é que andas fugido das autoridades? - Perguntei. Louis suspira e senta-se na cama, de costas para mim. Esfregando as mãos, uma na outra, Louis baixa a cabeça e, com mais um suspiro, levanta-se e olha para mim.
- A minha mãe ajudou-me a eliminar todas as provas que havia contra mim. Desculpa se te desiludi, Shay, mas a vida não é fácil.
- És um merdas. - Acusei. Louis deu uma risada seca.
- Um merdas? Shay, não fui um merdas quando te salvei deles, pois não? Eu fiz o que tinha que ser feito. Eu protegi o Harry. Eu protegi o meu irmão.
- Então porque é que não me contas o plano todo da viagem que vou fazer com o Harry até ao Dubai? Louis, eu existo, eu estou dentro deste plano, é dos meus pais que vocês estão à procura para matar. Eu abandonei o Charlie, a Megan e os meus outros irmãos para vir contigo e para te ajudar. Porque é que estás a esconder coisas de mim?
- Shay-
- Louis. - Cortei-o. - Mostra-me o teu verdadeiro plano. - Louis suspirou, fechando os olhos. Quando os voltou a abrir, olhou para a mesinha de cabeceira, abrindo a primeira gaveta e retirando de lá um dossier cheio. Atirando-o para cima da cama, o rapaz moreno de olhos azuis, olhou-o.
- Está aí tudo o que precisas de saber.
- E não podes abreviar?
- Vais ter tempo para ler tudo, no avião, quando fores para o Dubai. Por agora, tudo o que precisas de saber é que tu e o Harry vão ter que ser mais do que uma dupla. Apenas... Não façam coisas estúpidas.
- O que é que isso quer dizer?
- No Dubai. - Louis respira. - Vocês vão ter que ir a uma festa, descobrindo a nossa primeira peça para este puzzle que estamos prestes a montar. Nessa festa, baile, o que lhe queiras chamar, vocês vão ser um casal.
- Isto não é um filme de espiões. - Avisei.
- Não é. - Concordou. - Mas se queres mesmo tirar o que tens do sangue, vais ter que fazer esforços. E vais ter que ir com o Harry, seguir regras, atingir extremos. Só um aviso... Se vocês, por acaso, caírem em tentação de provarem um pouco um do outro, usem qualquer coisa que vos proteja.
- Explica-te, Louis! - Quase berrei.
- Se vocês entram em contacto, através de relações sexuais, podes morrer, Shay. - Diz-me, apanhando-me completamente fora de guarda. Os meus olhos caem para o dossier na cama. - Está aí a tua composição de ADN e está tudo explícito de como vocês se devem comportar e o que têm de fazer.
- Porquê?
- Vocês têm que entrar em contacto de alguma forma. Quero que vocês se entendam, mas não quero que abusem. O Harry queria matar-te e agora tem um desejo por ti incontrolável.
- Louis-
- Apenas... Apenas lê, faz o que tens que fazer e não entres por becos onde não há saídas. - Avisa, saindo do quarto. Os meus olhos colam-se no dossier em cima da cama que contém tudo o que eu tenho que saber.
*
Quando desço as escadas, já de malas feitas, a sala está cheia de gente que não conheço, mas que me devem de conhecer. Ao canto, a fala ao telemóvel, estava um rapaz de estrutura média, olhos e cabelo castanhos, feições bonitas. Mais à frente, juntos, estavam dois gémeos. Morenos, de olhos castanhos-claros e musculados. Ao lado do gémeo mais baixo, estava uma rapariga mais ou menos da minha altura, olhos azuis, loira, maquilhada e com cara de poucos amigos. A falar com Liam estava uma rapariga alta, magra com cabelo ruivo, lábios cheios e branquinha de pele.
- Olá. Deves ser a Shayenne. Sou o Christian. - Um rapaz alto, magro, bonito, muito bonito, de cabelos loiros e olhos castanhos, apresenta-se.
- Sim. Sou eu. - Confirmei. Ele sorriu-me.
- Aquele é o Ryan. - Apontou para o rapaz a falar ou telemóvel. - Os gémeos, Bruno e Berry. - Apontou para os gémeos. - Ao lado, Ruby. Não lhe ligues, ela é um bocado maldisposta. - Disse, falando da loira ao lado dos gémeos. - E a que está a falar com o Liam é a Rose Marie.
- Boa. Suponho que todos me conheçam e que me odeiem. - Digo.
- Oh não. - Ri-se. Ele é bem-disposto. Gosto dele. - Só a Ruby é que... Pronto, tem um feitio um bocado especial. Nós não te culpamos pelo que os teus pais fizeram. Todos temos a mesma vontade, menos o Ryan, que também não quer ter a droga no sangue.
- O Louis contou-te. - Conclui. Christian acenou. - Espero que este plano não vá por água abaixo.
- Vai tudo correr bem.
- E qual é a tua especialidade?
- Tenho super velocidade. Mas não sou o Flash. - Diz, fazendo-me rir. - O Ryan consegue controlar as trovoadas. Estranho, eu sei, mas ele adora fazer pequenos raios que queimam. O Bruno e o Berry têm super força, a Rose consegue prever quando alguém vai morrer e se tens alguma ferida, ela consegue curar-te num instante, só com um pequeno toque. A Ruby se te toca, as coisas complicam-se, pois ela consegue imobilizar-te com o toque. É uma espécie de veneno.
- Pessoal, ouçam todos! - Louis entra na sala, enquanto Harry desce as escadas e se junta a mim e a Chris. - Toda a gente já sabe do plano. - Os seus olhos encontram os meus e cruzo os braços. - Bruno, Berry, Ryan e Ruby, vão levar o jipe e vão com o Liam. Eu, a Rose e o Christian vamos no Porshe.
- Então e eu e a Shay? - Harry pergunta, juntado as sobrancelhas.
- O Liam foi buscar um R8 para vocês esta manhã. Vão juntos no carro.
- Só nós os dois? - Questionei. Louis suspirou.
- Não te esqueças do dossier. - Louis respondeu e entro para a cozinha, seguido das pessoas que o iam acompanhar no carro. Liam veio ter connosco, entregando-nos uma caixa.
- Está aqui tudo o que precisam para a viagem. Os bilhetes, a chave do carro, juntamente com os documentos. Boa viagem e não se matem. - Diz, entregando a caixa a Harry.
- Que dossier é que o Louis estava a falar? - Harry questiona. Olho para ele.
- Depois da nossa conversa de ontem, encarei o Louis hoje de manhã e ele deu-me um dossier com tudo o que há para saber sobre mim, sobre nós.
- O que é que isso quer dizer?
- Conto-te tudo na viagem para o Dubai. - Respondo. - Precisas de ajuda a levar as malas?
- Não e tu?
- Não.
- Então vamos. - Digo e agarro nas minhas malas. Descemos as escadas, abrindo a porta da garagem e, ao lado do jipe preto, estava um Audi R8 branco, desportivo. Abrimos o porta-bagagens e metemos as nossas malas, fechando-o de seguida. O resto do pessoal desce as escadas e começa a instalar-se nos carros. Caminho até Louis. - É um adeus? - Pergunto.
- É um "até já". - Diz-me.
- Não quero que isto acabe mal.
- Não vai. - Afirma, fechando o porta-bagagens do seu carro. - Ouve, eu sei que tenho andado a esconder coisas e que não tenho sido o amigo, companheiro, o que quiseres, que eu devia de ser. Mas eu fiz isto por uma boa causa e quando leres o que aquele dossier contém, vais perceber. - Os seus lábios fazem contacto com a minha testa. - Vemo-nos por aí. - Pisca-me o olho e abre a garagem, entrando para o carro branco e ligando-o. Volto para a beira de Harry, que se encontrava encostado ao carro onde iriamos viajar. - Não te vais despedir do Liam? - Pergunto-lhe.
- Ele gosta de ti. - Harry diz, sem olhar para mim.
- O quê? Quem? O Liam?
- O Louis.
- Ele é um bom amigo.
- Que está apaixonado por ti. - Abre a porta e entra para o lugar do condutor. - Vamos. - Apenas diz e eu abro a porta, entrando e metendo o cinto.
- Vamos conseguir? - Pergunto-lhe e o nosso verde encontra-se.
- Não há questões nesta história. Só uma direção: matar os cientistas.