Galantis - Runaway (You&I)

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[Harry Styles]

Quando a comunicação entre o meu auricular e o da Shay vai abaixo, sei exatamente o que se passou.

Não conheço a Shay há muito tempo, mas conheço-a há tempo suficiente para saber que toda esta história lhe deu a volta à cabeça e que a miúda é capaz estar mais revoltada com a vida, neste momento, do que tive, quando os meus pais desapareceram.

Por isso e com o coração nas mãos, tanto eu, como Niall corremos pelas escadas abaixo e discretamente entramos no corredor, abrindo todas as portas da direita e esquerda, até chegar à terceira esquerda, de onde vieram gritos.

Quando abro a porta, arregalo os olhos com a situação perante os meus olhos.

- SHAY! – Berro. Shay tem a sua mão esquerda à volta do pescoço de uma rapariga, aguentando-a no ar. Como é que ela consegue fazer aquilo? Ela é uma miúda!

- Shayenne, mete a miúda no chão! – Niall manda e olho para ele, erguendo uma sobrancelha. Mas surpreendo-me, quando Shay larga a miúda e a faz cair no chão de cu. O seu olhar dirige-se para nós e quase tenho medo que seja o próximo.

- O que pensas que estás a fazer? – Pergunto, fechando a porta e aproximando-me dela. Duas raparigas estão no chão, agarradas uma à outra, a tremer de medo. A que ela pegou pelo pescoço está no chão a respirar com as suas mãos à volta do seu pescoço. – Estás doida?

- Ela provocou-me! – Shay aponta para a rapariga no chão.

- Não é razão para a tentares matar. – Aponto, ajoelhando-me ao lado da miúda.

- Se chegasses dois minutos mais tarde, encontrava-la de pescoço partido. – Ameaça e anda até a outra divisão, que presumo ser a casa de banho. Este quarto é uma autêntica sala de matança: Safar está morto, juntamente com os seus guardas, que sangram do nariz.

- O que é que lhes fizeste? – Niall pergunta, olhando à sua volta.

- Bem... - Shay aparece da casa de banho, a limpar as mãos a uma toalha preta. – Aos guardas, afoguei-os, ao garanhão, fi-lo confessar onde estavam os cientistas e depois enchi-lhe os pulmões com água. – Explica e atira a toalha para a cabeça da mulher que há pouco agarrava pelo pescoço. Rapidamente tiro a toalha da sua cabeça e agarro-a pelos pulsos, ajudando-a a meter-se em pé, enquanto Niall ajuda as outras duas.

- E eu pensava que eras o mauzão na história, Styles. – O loiro ri-se, fazendo-me chispar raiva pelos olhos, quando olho para ele, mas mesmo isso, não lhe faz sessar o riso.

- O teu auricular? – Perguntei a Shay, que apontou para o tanque com peixes. Suspirei, agarrando a miúda contra mim. – Está tudo bem. – Sussurrei. – Ao menos conseguiste alguma informação.

- Consegui! – Ela diz, toda contente. Esta miúda com existe. – A nossa próxima paragem é Los Angeles.

- Uh! – Niall diz. – Da última vez que estivemos em Los Angeles, demos conta de um bar inteiro de gajos que treinavam boxe e ainda tirámos proveito das miúdas deles. Isso sim, era vida.

- Niall... - Suspirei. – Se é para dizeres merda, não abras a boca.

- Pfff! – Ele revira os olhos. – Como se não tivesses gostado. – Provoca. Volto a olhar para a miúda que tenho nos olhos.

- Podemos tratar delas? Elas sabem quem somos e o que fazemos... - Shay relembra.

- O Niall consegue eliminar memórias. – Digo, olhando a miúda nos olhos.

- Por favor... - Ela sussurra. – Eu não conto nada a ninguém, por favor... Deixem-me ir. Eu tenho uma filha e um marido à minha espera em casa.

- Mentirosa. – Shay murmura.

- Eu só faço isto, porque não tenho como sobreviver! – A mulher que tenho nos braços, atira. Shay olha para ela e junta as sobrancelhas.

- Amiga, se fosse eu a ti, ladrava menos e mais baixo. Não penses que é por estares nos braços dele, que não te consigo matar.

- Deixem-nos ir. – Outra miúda, que estava ao pé do Niall disse. – Nós não vamos contar nada a ninguém e nenhuma de nós tencionou magoar os sentimos daquela rapariga. – Aponta para Shay. – Por favor...

- Desculpa, love. – Niall diz, agarrando nas mãos dela. – Mas não podemos correr riscos. – Confessa e olha-a nos olhos. – Vais sair deste quarto e vais embora. Nada disto aconteceu, não conheces o Safar e foste expulsa porque entraste sem mostrar convite. – A miúda piscou várias vezes os olhos e, sem dizer nada, saiu do quarto. – Ok, agora tu. – Pegou nas mãos da outra rapariga e repetiu as mesma palavras, fazendo com que a segunda miúda tivesse a mesma reação que a primeira e depois fez o mesmo à miúda que eu tinha ajudado, que também teve a mesma reação que as outras.

- E agora? – Shay pergunta. Niall olha para o seu relógio.

- Temos mais meia hora para tirar estes corpos daqui e escondê-los, mas temos que passar pela segurança. – O irlandês avisa.

- Boa Shay! – Levanto as mãos, olhando para a rapariga de cabelo vermelho-escuro. – Ótimo, excelente trabalho!

- Eu disse-te que era melhor seres tu a miúda. A culpa é tua. – Ela ri e Niall junta-se a ela. Respiro fundo e tiro o comando do carro do bolso.

- Tu. – Aponto para Shay. – Vai buscar o carro. Eu vou queimar os corpos e quando tiver despachado, vou ter contigo.

- Queimar? – O loiro intervém. – Styles, estas pessoas acabaram de morrer por nada!

- Nada?! – Shay aproxima-se dele. – Estas pessoas lucraram com a morte de outras. Porque não dar-lhes o mesmo destino?

- E o que é que lucras tu, com isso? – Niall desafia-a. Shay cerra o maxilar, semicerra os olhos e alarga as narinas.

- Vingança. – Murmura. Niall revira os olhos e olha para mim, na esperança de me fazer mudar de ideias. – Queima-os. – Shay confirma e atravessa o quarto, saindo e deixando-me a sós com Niall. O loiro olha-me.

- Tu não vais mesmo queimá-los, pois não, Harry? Eles merecem um funeral como pessoas normais merecem. Podem ter feito coisas terríveis, mas não merecem isto.

- Nós sempre fomos monstros, Niall. – Murmuro, nunca levantando os olhos do chão. – Somos aberrações da natureza, filhos de experiências bem-sucedidas... O nosso ADN é outro, é raro, vale milhões. – Finalmente olhei-o nos olhos. – Eu não vou ser capturado e levado para mais um laboratório, sendo castigado, magoado, cortado, só porque me fizeram o favor de me tornarem mais forte. Eles sabem que estamos atrás deles e provavelmente já não estão em LA, mas temos que tentar. A Shay está magoada, eu estou magoado, a nossa equipa é frontal, implacável e não fazemos favores. Por isso, se queres mesmo isto, certifica-te que estás pronto para cenários destes e muito piores. – Finalizo. Niall pisca os olhos e olha à sua volta, suspira e olha-me novamente.

- Ok. – Acaba por dizer. Afastando-nos dos 8 corpos espalhados pelo quarto, pego-lhes fogo e deixo-os arder. Niall usa um escudo de forma a que o fumo não acerte no alarme de incêndio e, quando estão praticamente desfeitos, levito-os e torno-os em cinzas, deitando-as na sanita e despejo o autoclismo. – Nunca fiz nada tão desumano.

- Isto é só o início, companheiro. – Murmuro e saímos do quarto, fechando a porta à chave e mandando a chaves para dentro do quarto, através da greta que havia entre o ferro da porta e o chão.

Consertamos os nossos fatos, ajustamos as nossas gravatas, os nossos punhos e os nossos cabelos. Atravessamos o grande salão, andando naturalmente e entramos no elevador, sempre, sem dizer nada. O elevador desce lentamente e, quando as portas se abrem, o Ferrari vermelho pode ser avistado, através dos vidros. Quando olho para Shay, espanto-me por a ver com umas calças de ganga e um top branco, com saltos pretos. Estava encostada ao carro, com o seu cabelo vermelho-escuro apanhado num rabo-de-cavalo e óculos apoiados na cana do nariz.

Quando chego ao pé dela, o comando do carro é posto na minha mão e ela entra para o lugar da frente, obrigando Niall a ir atrás e entro para o lugar do condutor, arrancado a alta velocidade. 


The Twins // h.s.Where stories live. Discover now