Secrets

By sweetcabello21

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"Como podemos nós pretender que os outros guardem os nossos segredos se nós próprios os não conseguirmos... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capítulo XLIII
Capítulo XLIV
Capítulo XLV
Capítulo XLVI
Capítulo XLVII
Capítulo XLVIII
EPÍLOGO

Capítulo XIII

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By sweetcabello21


Camila POV

O silêncio misturava-se com nossas respirações. Aqueles olhos azuis me olhavam com paixão, carinho, cumplicidade e eles eram tão cristalinos que eu sentia que eles conseguiam ver sua alma, que naquele momento me encontrava serena. Seth era meu porto seguro, ele era minha base e meu amigo, com o tempo havíamos criado um laço. Definitivamente ele era meu anjo da guarda.

Estávamos de joelhos na cama um de frente ao outro. Eu sentia seus dedos tocando lentamente minha face como se estivesse gravando meus traços, seus dedos contornando minha boca, um sorriso terno em seus lábios. Direcionei minhas mãos para seu peitoral onde sem pressa comecei a desabotoar sua camisa social, deliciando-me em ver, a cada botão desabotoado, um pouco mais do seu corpo definido.

Seth colou nossos lábios em um beijo doce, suas mãos presas em minha cintura, puxando-me cada vez mais próximo a ele, minha mão direita embrenhou-se por suas madeixas encaracoladas. Não tínhamos pressa, nunca tivemos. O mundo era nosso e o tempo um detalhe. Seus beijos seguindo uma trilha por meu pescoço até o ombro em uma sequência desordenada de beijos, mordidas e chupadas. Minha mão esquerda fixa em seu peitoral. Ele parou de me beijar apenas para retirar sua camisa e puxar meu vestido deixando-me apenas no meu conjunto de renda azul. Sua mão direita desceu até minha bunda onde apertou com vontade me fazendo gemer.

- Eu amo seu corpo, mas sua bunda puta que pariu... - informou de forma sacana em meu ouvido, mordiscando o lóbulo de minha orelha. Sua mão esquerda subindo em descendo por minhas costas. Eu sentia meu corpo livre e entregue naquelas doces caricias, no ato de fazer amor e me sentir protegida do mundo nos braços dele.

Desci minha mão direita por seu peitoral até chegar ao que almejava no momento, encontrando um volume agradável em sua calça, Seth gemeu em meu ombro ao sentir minha mão deslizando por seu membro ainda escondido pelas roupas. O carinho que ele tinha por mim acalentava todos meus medos, dando-me a certeza que não existia outra pessoa com quem gostaria de estar. Lentamente ele me deitou na cama, seus olhos brilhavam.

- Eu te amo. - as palavras saíram de forma cristalina como um mantra que expurgava meus medos, sorri e como resposta eu capturei seus lábios que já estavam rosados. Seth retirou sua calça ficando apenas com sua boxer branca, me permitindo uma visão tentadora, seu corpo subindo e descendo, deixando-me enlouquecida com o roçar entre nossas intimidades, arranhei suas costas para dizer que queria mais contato, mais pele, mais beijos e todo o prazer que ele me proporcionava quando estava dentro de mim.

- A noite é nossa... - comentou antes de beijar-me sofregamente, sua língua quente enlaçando-se com a minha fazendo com que formigamentos preenchessem meu corpo.

[...]

Encontrava-me numa preguiça tão grande, que a sonolência me levava aos poucos. Abria e fechava os olhos concentrando-me em não dormir, Seth mantinha seus braços em minha cintura e ninava meu corpo em seus braços.

Ouvi meu telefone tocar e despertei do cochilo agradável.

- Alô - respondi entre um bocejo.

- Ah... O-oi Camila, desculpa te acordar. - reconheci a voz de Lauren. Olhei as horas e só então percebi que não tinha cochilado, e sim dormido, por mais de uma hora.

- Tudo bem... Não me acordou. - cocei meus olhos. Olhei para o lado e vi que Seth estava lendo um livro, mas pausou quando atendi ao telefone. - Cadê o David? - perguntei.

- Foi por isso que eu liguei... - respondeu com a voz meio apreensiva.

- Aconteceu alguma coisa? - sentei-me rapidamente na cama segurando o lençol para não revelar meu corpo nu.

- Não, não é nada... É porque eu fui comprar a ração do Banana, e não tinha a que ele é acostumado a comer, eu comprei outra e ele passou mal. E a gente está no veterinário... Eu liguei pra avisar porque o David está pedindo pra dormir lá em casa... - explicou. - E eu gostaria de saber se ele poderia.

- Ah... Não, tudo bem, ele pode. - respondi um pouco mais aliviada. - O que foi que aconteceu? Ele ta bem? O banana? Ele já ta melhor? - perguntei preocupada.

- Ele está sim, só foi um probleminha intestinal, acho que o estômago dele não aceitou muito bem a ração. Mas não se preocupe, pois amanhã cedinho eu o levo.

- Lauren, amanhã é sábado, então se você quiser passar a manhã toda com ele. Eu vou buscá-lo apenas para almoçar, pois vamos sair com o Seth. - Lauren bufou, mas ignorei. Tocar no nome do meu noivo a deixava irritada.

- Certo. - foi seca. - Tchau Camila.

- Tchau. - respondi. Seth deixou o livro no criado-mudo e me encarou preocupado.

- Aconteceu alguma coisa com o David?

- Não. Lauren apenas ligou porque David queria dormir lá e cuidar do cachorro dela que passou mal. - expliquei.

- Essa irmã da Taylor, Lauren? - assenti com a cabeça. - Ela é apaixonada pelo campeão. - assenti novamente, mas estava com medo do rumo que aquela conversa levaria. - Se bem que - coçou a barba rara. - estranharia se ela não se apaixonasse por esse garoto, todos se apaixonam. - ri do seu comentário.

- Lauren ama o David! - comentei.

- O engraçado que ela morava em Londres e decidiu voltar e se apegou muito a ele, mas vocês quase não interagem... - arregalei os olhos com aquela constatação óbvia. Acabei por engolir em seco.

- Seth... - murmurei seu nome mesmo sabendo que ele me ouvia. - Existe algo que você precisa saber... - deixei a frase morrer. Ele permaneceu em silêncio esperando eu prosseguir com a fala. - Lembra quando nos conhecemos? - ele assentiu com a cabeça. - Eu estava levando David ao dentista infantil e você havia acabado de se tornar sócio da clínica. - comecei nostálgica. - Lembro que quando nossos olhos se cruzaram você atrapalhadamente deixou todos seus papeis caírem. - Seth corou com a lembrança. - Lembro-me da primeira vez que me convidou para sair e eu disse não... E eu disse não nas cinco vezes seguidas até que na sexta você me deixou sem respostas...

- Eu sei que alguém a machucou muito, eu vejo isso nitidamente em seus olhos sem vida, mas eu vou esperar até o dia que você me dê a chance de ser seu amigo e esperarei pacientemente até conquistá-la. - Seth repetiu a frase dita há anos. Sorri sem mostrar os dentes e no fim ele realmente tinha me esperado, me cativado e me conquistado.

- O que você não sabe é que não foi um responsável por isso... - Seth arqueou a sobrancelha. - Foi uma responsável. - Seth arregalou os olhos. - Sim você ouviu bem, quem me deixou naquele estado foi uma garota. - confessei. - Eu soube que era lésbica quando tinha doze anos, mas aos quinzes beijei um garoto por curiosidade... Em uma festa na casa da Normani a conheci, ele havia errado o andar, pois uma colega da sala dela também estava dando uma festa no mesmo prédio e mesmo estando alterada pela bebida quando nossos olhares se encontraram eu sabia que ela era especial... Eu não vou perder meu tempo detalhando toda minha história de amor... Isso é passado. E talvez amor não seja a palavra certa, o que eu tive com essa garota está mais categorizado como novela porque se é amor nunca acaba, ou vira amizade ou vira ódio... Minha história virou uma tragédia. - tomei fôlego apara começar tentando controlar o fluxo de palavras que queria sair. - Quando a conheci ela era hetero e talvez ainda seja, e acho que esse foi o meu erro. Lutar por alguém que nunca quis estar comigo... Lutar sozinha. - dei de ombros. - Eu a conquistei. Tirei seus medos. Depois de dois anos namorando, a gente decidiu morar juntas... Tínhamos inúmeros planos para realizar... Aumentar a família, criar animais, construir uma casa enorme... Começamos comprando um cachorro. - Seth me ouvia atentamente. Lágrimas caiam dos meus olhos. Eu não queria chorar, mostrar fraqueza, mas eu estava expondo meu maior segredo pra ele. Talvez expor aquilo fosse minha última barreira pra me entregar completamente a uma nova fase na minha vida. Esquecer. Largar o passado.

- Adoção, inseminação artificial ou in vitro. - voltei a falar. - Eu queria fazer uma surpresa, mas não deu muito certo... Os motivos do nosso fracasso foram tão bestas... Tolos, que o que me corrói mais foi ela ter me deixado sem ter me dado à chance de me explicar, sem ter me ouvido. Fique por anos com a sensação de que ela nunca confiou em mim. E naquele momento, eu tinha o direito de falar, eu tinha o direito de gritar, mas não. - funguei. - Ela covardemente foi embora e eu estava grávida. Eu carregava na barriga um filho dela.

Seth abriu a boca duas ou três vezes pra falar. Ele ainda estava tentando organizar a enxurrada de verdades que eu estava dizendo para ele.

- Foi tão difícil. Eu descobri que estava grávida em um dia e ela partiu em outro dia... Eu não sabia o que fazer. Tinha perdido o amor da minha vida, tinha perdido as esperanças, tinha perdido a vontade de viver. Fazia tudo mecanicamente. O coração batia porque é um movimento involuntário, meu corpo respirava mesmo eu sentindo-me sufocada todo o tempo... Foram os piores meses... Eu queria morrer sufocada na minha própria dor. Sabe, eu fui forte. Por dias, por semanas, por anos. Na frente de todos, eu era a mulher forte que seria mãe solteira. Tinha uma ideia fixa na cabeça, eu criaria meu filho e ninguém mais entraria no meu coração. Ninguém arrancaria nenhum pedaço dele. Porque não tinha mais o que arrancar. Ele já estava esfarelado. Cacos, a gente cola, mas o que se faz com farelo? Jogamos fora! E foi o que eu fiz. Eu foquei minha vida em meu filho. David Cabello. Ele virou minha razão de viver e por ele resolvi continuar lutando. Eu comia, não porque queria comer, mas porque eu tinha uma vida dentro de mim, e essa vida precisava mais de mim do que eu mesma. E eu me pergunto todos os dias, o que teria sido de mim se não tivesse grávida, acredito que eu teria enlouquecido ou definhado, dia após dia. Mas eu lutei bravamente. Lutei mesmo sem forças eu lutei por ele.

Eu chorava fortemente, as lágrimas caindo sem vergonha lavando minha alma e todo aquele segredo que era sufocado por meu peito. - Eu poderia relembrar todos meus momentos difíceis e sofrimento. Como foi difícil ser mãe solteira, mas graças a Deus, eu tenho os melhores amigos que alguém pode ter... Eles sabiam como eu estava e eles sempre estiveram ao meu lado, cuidando de mim, cuidando do meu filho, fazendo de tudo pra eu me ajeitar. Minha família sabe da história, menos minha irmã mais nova, a Sofia... e o mais inacreditável é que, por incrível que pareça, a família dela tem contato com o David, mas os pais dela não sabem. E eu prefiro assim, já tem gente demais sabendo disso... - parei de falar, as palavras enganavam-me, apertava-me e me retorciam para saírem, mas eu precisava respirar ou me afogaria em minhas lágrimas. - Depois de seis anos ela voltou... Ela voltou para passar uma semana, mas por ironia do destino, mesmo vivendo numa cidade enorme e a probabilidade ser quase nula de nos encontrarmos, nos encontramos. E ela viu David. E ela começou a criar dúvidas em sua cabeça, mais dúvidas do que ela já tinha sobre mim. O triste é que qualquer cego conseguiria perceber que David era filho dela, mas ela não percebeu... Ele tem o mesmo olhar, os mesmos traços dela e às vezes o mesmo jeito de falar, a seriedade... Só que somos cegos até queremos e ela descobriu tudo. - fechei meu punho ao relembrar da nossa discussão. - Nós brigamos pelo segredo, nós brigamos porque ela queria me tomar o David... Depois de brigas e brigas e brigas, parece que finalmente a gente acertou o ponto. Eu não quero mais ficar remoendo o passado, já sofri demais com ele... Não tocamos mais no assunto. E hoje o foco dela é conquistar o David.

Seth olhou pra mim e seus olhos se esbugalharam. Ele havia ligado os pontos e descoberto.

- Lauren é a mãe do David!? - disse assustado quase gritando. Confirmei com a cabeça enquanto secava minhas lágrimas.

- Eu não acredito! - repetiu chocado. - Isso é sério!? - perguntou mais uma vez.

- Sim, eu não mentiria sobre isso. Já guardei muitos segredos e ocultei muitas histórias... Mas sim... A garota que partiu e estilhaçou meu coração, é Lauren Jauregui. E ela está agora com meu filho, e cada dia ela conquista um pouco mais de espaço no coração dele. Às vezes eu fico feliz e às vezes eu fico com medo... Medo de perder meu filho pra ela. Mas eu não posso fazer nada... - suspirei derrotada. - Ela também é mãe. Ela errou por me deixar, mas eu não deveria, eu não tinha o direito de esconder esse segredo. Uma criança, um filho... E no fim, todas nós temos uma parcela de culpa. E agora, ela está aqui e parece que não quer ir embora.

Seth levantou rapidamente da cama andando em círculos pelo quarto, como se tentasse absorver tudo, como se tentasse engolir tudo o que eu havia dito.

- Deixa ver se eu entendi tudo... - comentou. - Você é lésbica? - assenti. Não tinha receio e nem iria omitir mais nada naquele momento, porque sempre soube que Seth não era homofóbico, mas eu estranhei aquela pergunta.

- Você era, quer dizer é... Eu não sei nem mais qual é o tempo verbal a se empregar. Mas... Lésbica e estava namorando há quatro anos com uma garota, ela te abandonou... Sozinha e agora ela está com seu filho? - eu pensei em responder, mas Seth pronunciou-se rapidamente. - Eu sou o que pra você Camila?

- Você é meu noivo. - fui honesta.

- Não... Eu quero a verdade. - retrucou. - Porque você me escolheu?

- Você me escolheu... Porque você me conquistou, pedacinho por pedacinho, dia por dia você me cativou Seth... - expliquei já nervosa com o jeito magoado que ele me olhava.

- Algo que não se encaixa... Você disse que nunca esteve com homens e sinto-me lisonjeado por saber que fui o primeiro, mas de repente você decidiu ficar comigo.

- Depois de muita insistência...

- Você não tava procurando alguém pra ser o pai do seu filho? - me cortou.

- Não. - neguei com a cabeça sentindo-me ofendida com aquele comentário. - Eu não queria ninguém, estava feliz com meu filho e seguindo minha vida sem relacionamentos, mas você se apaixonou por mim, pelo David e bravamente lutou por um espaço em nossas vidas... - justifiquei. - Eu não decidi te dar uma chance para que David tivesse uma figura masculina... Meu pai, meus amigos, o namorado da Taylor, o pai da Lauren, o Chris... Homens é o que não falta na vida do meu filho para servir como referência de figura masculina...

- Eu me sinto traído. - reclamou. - Como se eu não te conhecesse, como se eu vivesse com você há um bom tempo e mesmo assim, não conhecesse você verdadeiramente. Eu sei que quando a conheci sabia que você tinha uma vida e um passado amoroso dolorido, pois me lembro do quanto suei para conseguir que saísse comigo pela primeira vez. Não tenho o direito de exigir nada sobre seu passado, sobre suas dores, mas ela voltou... E ela está presente em nossas vidas e você nunca me contou nada, por isso sinto-me traído... Eu tinha o direito de saber que quem te causou tanto mal foi a Jauregui mais velha - resmungou o sobrenome dela. - Nós estamos juntos há anos e temos cumplicidade para isso. É como se eu estivesse conhecendo você agora...

- EU SOU A MESMA! A diferença é que você descobriu que o pai do meu filho não é um pai, é uma mãe. Lauren é a mãe do David. - repeti. - Eu estou exposta te contando porque não quero segredos entre nós. Sou eu Camila na sua frente abrindo o lado ferido do meu peito.

Seth aproximou-se de mim e olhou profundamente em meus olhos, percebi que ele se segurava para não chorar.

- Eu vou te fazer essa pergunta só uma vez... - explicou, sua voz era carregada de mágoa. - Estou meio confuso... - continuou me olhando nos olhos. - Nunca te perguntei nada do seu passado porque eu queria que você tivesse seu tempo. E você disse que está pronta para me dizer tudo, então aqui, olhando um para o outro... Camila você tem mais alguma coisa... E esse é o momento de dizer... Então tem mais alguma coisa que você queira me contar?

Eu poderia mentir, eu poderia carregar mais um segredo ou deixar que a verdade aparecesse de uma forma que não tivesse mais volta. Eu poderia esperar que a bomba explodisse, mas eu não queria carregar mais um peso no peito, havia me livrado de um e estava na hora de esvazia à mochila, limpar o coração e começar outro ciclo. Mais leve e sem medo do passado, então respirei fundo e sentindo-me a pior pessoa do mundo, mergulhei em seus olhos cristalinos e disse:

- Eu transei com a Lauren.

Eu queria ouvir gritos, eu queria ouvir o som de coisas quebrando, eu queria vê-lo me xingar, mas o silêncio é o pior castigo. Seth me contemplou com algo pior que um soco no estômago ou uma bofetada na cara, eu senti-me um lixo ao ver uma lágrima escorrer por seu rosto, uma maldita lágrima silenciosa, que exibia tudo o que ele sentia naquele momento.

- Eu...

- Não diz nada Camila. - comentou. Ele permanecia parado, seu olhar vago. Meu peito doía por saber que eu era a única responsável por aquilo. - Quando? - gritou. Encolhi-me com sua voz. - Desculpe. - pediu pelo grito. - Quando?

- Há duas semanas. Aconteceu quando você viajou. - choraminguei. - Eu... Eu sinto tanto. - Seth saiu do seu transe e começou a vesti-se rapidamente, quando estava próximo da porta levantei-me da cama me pus na sua frente, segurando o lençol que cobria meu corpo nu.

- Para onde você vai? - perguntei assustada.

- Eu preciso sair daqui, estou me sentindo sufocado... - explicou.

- Não... Você tem que me ouvir. - pedi.

- Você já disse o que eu precisava ouvir. Não há mais nada o que se dizer...

- PARA. - gritei. - Eu sinto tanto... Eu fui estúpida, mas não há um só dia que não me culpe por machucar a pessoa que mais me fez bem nos últimos anos... Eu não vou deixar você sair daqui. - informei. Seth baixou a cabeça. - Olha pra mim. Eu sou sua e apenas sua. Não posso voltar ao passado e nem sei explicar o porquê aconteceu, mas é você que eu quero... Lauren é meu passado...

- Como não vou saber que acontecerá de novo? - indagou.

- Porque não vai. Eu escolhi você... Eu tive uma história com ela, mas é com você que eu quero construir meu futuro. Eu queria poder voltar no passado e não ter cometido essa loucura porque foi em você que eu pensei no dia seguinte... Porque eu percebi que não existe mais nada entre ela e eu além de nosso filho...

- Eu não posso ser o trouxa dessa história.

- E VOCÊ NÃO É! - esclareci. - Por favor, Seth... - ele começou a andar pelo quarto atordoado, eu chorava novamente, despedaçada ao vê-lo machucado.

- Eu não sei Camila... Dói. - sussurrou, senti meu mundo afundar. Encurtei nossa distancia e o abracei e ele prontamente retribuiu. Minhas lágrimas molhando seu pescoço.

- Não me deixa... Nada mudou... Eu te amo. - minha voz saia abafada.

- Não quero que a veja. - repreendeu. - Apenas quando seja necessário. - confirmei com a cabeça. - Eu estando presente ou não quero você longe dela.

- Sim... - segurei seu rosto com a mão. - Sim para tudo o que quiser, meu amor. - selei nossos lábios rapidamente na busca por provar a ele que eu não queria ninguém além dele. Um beijo apressado e salgado. Nossas lágrimas misturando-se. Não tínhamos mais segredos. E eu estava pronta para o próximo passo com ele.

[...]

02 meses depois.

Eu assistia tudo em câmera lenta. Sentia-me presa em um filme, mas um daqueles filmes antigos que de tanto assistir você conhece as falas e o próximo ato, mas o problema era que as cenas eram as mesmas, mas os personagens eram novos. Eu queria me mexer, gritar, mas estava ridiculamente sem reação.

- Você disse que não ia me deixar. - eu gritei ofendida. As lágrimas rasgando minha pele.

- Eu não estou descumprindo nenhuma promessa... Sempre seremos amigos. - respondeu enquanto fechava sua mala.

- Quantas vezes eu vou ter que repetir que eu escolhi você? - trovejei, a raiva invadindo meu corpo.

- Minha avó sempre dizia que o amor é como um pássaro de asas quebradas. Nós o encontramos, cuidamos dele até que ele fique forte e quando isso acontece, nós abrimos à gaiola e damos a ele o direito de escolha. Se ele ficar é porque nos pertence, mas se voar nunca foi nosso. Eu te amo... E por isso estou abrindo à gaiola porque eu sei que você quer voar.

- Você não me ama, seu babaca. - aproximei-me dele e soquei seu corpo inúmeras vezes até que senti seus braços me acolherem. O abracei com força tentando forçar a tremedeira a parar. - Não me deixa...

- É para o nosso bem, meu amor. Eu não posso competir com o fantasma do seu primeiro amor. - eu não podia acreditar que estava sendo abandonada novamente. Eu não conseguiria me manter em pé pela segunda vez, eu não tinha forças para lutar se ele me deixasse.

- Eu te amo.

- Eu também te amo... Amo-te tanto que estou saindo do caminho para que você seja feliz. - o empurrei com força.

- Você está cego de ciúmes... Você é minha felicidade e não ela... Não seja estúpido. Eu quase não a vejo, eu só falo o suficiente com ela e não permito que ela fique mais que o necessário aqui... Diga-me o que eu faço para você acreditar que não a amo?

- Camila, você pode negar para o mundo e até para si mesmo, mas eu aprendi a te ler de uma forma estranha, e, eu sei que você tem sentimentos fortes por mim, mas você nunca terá a felicidade plena que teve com ela com outro... - Seth secou uma lágrima que caiu. - Eu conversei com a Ally, com a Normani, com a Dinah e todas me falaram de vocês juntas e eu percebi que aquela Camila apaixonada é a mesma que aparece quando você admira o David com a Lauren... - apontou para seu coração. - Aqui dói, mas eu tenho que deixar que você seja feliz como nunca será comigo... Destino, Deus, eu não sei o que move esse mundo, mas se existe algo em que acreditar isso me levou a crer que meu tempo com você foi apenas para curar suas feridas...

- Você está abrindo um buraco no meu peito. - urrei. Todo o medo da solidão, de não pertencer a alguém invadindo meu peito, rasgando todos os pontos que existia no lugar.

- Eu sei que está me odiando agora e isso talvez dure algum tempo, mas eu ainda sou o pai do David e quero que lembre que sou seu amigo e que nunca deixarei vocês...

- Cínico. - gritei. Eu queria arrancar meus cabelos, eu queria rasgar minha pele e proporcionar uma dor mais forte que aquela que perfurava meu peito. - Eu o quero longe do David. Eu não acredito que mais uma vez estão me deixando...

- Eu estou deixando você ser feliz mesmo que para isso tenha que abrir mão da minha felicidade.

- Você nunca me amou. - acusei apontando o dedo na sua cara.

- Sempre te amei. Desde o dia que te vi, mas se eu não sair de cena você não a escolherá e eu posso até te fazer feliz, mas você sempre carregará no peito a falta do seu grande amor... E eu tentei dia após dia não perceber o quanto ela luta para te reconquistar, o quanto ela ainda te ama. Eu não posso ser mais seu porto seguro porque você está pronta para alçar voo... Eu curei suas feridas e agora eu quero que você volte para seu ninho... Eu sei que ela partiu seu coração assim como sei que ela é a única que pode arrumá-lo... - tapei meus ouvidos, eu não queria ouvir aquelas desculpas esfarrapada que ele usava para me deixar.

- Você é um covarde.

- Eu sei que sou covarde. - admitiu. - Mas também sei que não se pode lutar contra o grande amor... Você fecha seus olhos porque tem medo de assumir que ela ainda mexe com você, que ela ainda te desestrutura... Ela é a única.

- Eu não amo a Lauren. - esbravejei, minha cabeça latejava. Eu estava a ponto de enlouquecer, cansada de ouvir todos dizer que ainda a amava. Ela era passado. - Eu te amo.

- Eu sei que sim... - Seth aproximou-se de mim e selou nossos lábios. Senti a solidão invadir meu corpo, tentei aprofundar o beijo, mas ele afastou-se. - Mas você é apaixonada por ela. - pegou sua mala. - Diga ao David que estarei viajando para África... Já havia avisado dessa viagem para ele, apenas resolvi antecipar meu projeto de fornecer tratamento odontológico a uma comunidade africana. Eu volto daqui dois meses...

- Eu não quero te ver nunca mais.

- E eu espero que nesse tempo você tenha entendido meus motivos. - completou sem ao menos ouvir o que eu disse. Seth caminhou até a porta, mas antes de sair me encarou. - Prometa-me que vai deixar de ser cabeça dura e vai permitir que ela ocupe o lugar que sempre lhe pertenceu. - pediu. Eu não falei nada, não havia o que falar, sentia-me incompetente, pois consegui que mais uma pessoa conquistasse meu coração para depois acabar com ele. - Camila, eu sei que não devia desistir de nós... Assim como sei que em seu peito cresce ódio, mas você é forte. É a mulher mais forte que eu conheço e eu sei que toda a luz que você irradia não vai deixar você se afogar nessa escuridão... Eu sei também que quando as coisas se encaixarem nos seus devidos lugares você vai perceber que eu fiz o certo. Antes de termos algo eu virei seu amigo e sempre serei... O amor é algo tão contraditório que nos assusta quando o encontramos, mas não podemos ser egoísta de prender quem amamos se o amor deve ser livre. Então é hora de alçar voo minha borboleta.

Ele saiu. Ele foi embora e o que me restou foi chorar. Chorar por medo do amanhã, chorar por estar só e quebrar, chorar pelas peças que o destino nos prega. E largada no chão do meu quarto eu sentia-me como vivesse o déjà vu de ser abandonada.


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