⋆.˚ ᡣ𐭩 𝑱𝑶𝑺𝑯 𝑩𝑬𝑨𝑼𝑪𝑯𝑨𝑴𝑷 」
╰┈➤ 28.07.2023 - segunda-feira
Quando Úrsula entrou no quarto para cuidar da pequenina eu saí para ver se a gabrielly demora muito mas ainda temos algum tempo antes de precisarmos sair.
— Gabrielly?
— hum? - ela falou no closet. -
— vai demorar muito?
— não, já estou terminando.
— posso entrar? - perguntei percebendo a voz dela meio barga. -
— eu já estou indo Josh.
Entrei do mesmo muito e tive visão para a morena sentada na penteadeira que eu comprei faz um tempinho para ela colocar as maquiagens, acessórios e coisas dela.
Tem os cotovelos apoiados na mesa e a cabeça deitada nas mãos enquanto as lágrimas caem no seu colo.
— Any. - segurei nos seus ombros e ela se encolheu. -
— eu quero ficar sozinha por favor.
— vai estragar a maquiagem e você está demasiado bonita para isso.
— Josh, me deixa por favor.
— vou ficar no quarto, te esperando sim? - não quero insistir e acabar invadindo o espaço dela. -
Gabrielly assentiu com a cabeça e então eu saí, fechei a porta e me limitei a esperar mas a ideia dela estar chorando num cómodo sozinha não me agrada.
— Any? Você está bem para sair agora? - perguntei enquanto ela arrumava as coisas na bolsa. -
— se não sairmos agora você vai brigar comigo porque nos atrasámos e eu não quero isso.
Passei as mãos pelo meu rosto e fui atrás dela enquanto descia as escadas.
— tchau mamãe, tchau papai! - Kiara gritou na sala e eu gritei de volta. - Mamãe?!
A pequena surgiu correndo e abraçou as pernas da gabrielly que deixou um beijinho na sua cabeça.
Saímos de casa e fomos em direção ao carro, me sentei no meu lugar e olhei para a gabrielly.
— porque você mentiu sobre ter mexido nas bandanas? - perguntei dando partida com o carro e olhei mais uma vez para os seus olhos vermelhos. -
— porque você estava puto da vida e mesmo que ficasse mais calmo por ser a Kiara, eu não queria que você brigasse com ela porque foi sem querer.
— do mesmo jeito, você deveria ter dito a verdade e não, eu não ia brigar com ela por ter mexido porque eu sei que se o tivesse feito teria sido sem querer.
— e achou que eu iria mexer de propósito? Porque falou comigo daquele jeito ao invés de ser mais calmo?
— sei lá gabrielly, porque eu estava estressado e acabei falando assim.
— você não pode descontar esse estresse em cima de mim Josh e você sabe que se tivesse me falado que tinha algo errado eu iria ajudar até porque eu não tenho culpa disso, ou talvez tenha.
A voz dela começou a falhar e então eu olhei para o seu rosto por breves segundos e vi as lágrimas escorrendo pelas suas bochechas.
— Any, não chora por favor. - pedi me arrependendo de cada segundo em que eu a machuquei. - é só que... não sei, Any. Só não chora...
Passámos o resto do caminho em silêncio e assim que chegámos no restaurante, Sabina abraçou a morena e provavelmente sabe de algo já que a gabrielly deve ter lhe falado.
Eu e a morena ficámos na frente um do outro e isso explica o facto dela não tirar os olhos da mesa, das unhas, do colo, do celular e de tudo o que está para trás dos meus ombros.
— porque não vamos um pouquinho lá fora? - Sabina segurou no ombro da morena. -
— está tudo bem com o bebé? - perguntei preocupado. -
— porra Joshua, com ela não está. - sina me encarou e então eu desviei o olhar. -
— está tudo bem, Sabina. - gabrielly falou baixinho. -
— era suposto a gente se divertir e comemorar, ao invés disso o clima está pior que velório. - Bailey resmungou. -
— realmente, vamos animar povo, que merda hein. - krystian cruzou os braços. -
Me distraí um pouquinho com o celular e então gabrielly já estava parada na minha frente pedindo as chaves do carro.
— Joshua, por favor.
— o que você vai fazer gabrielly?
— só... me dá a chave por favor.
Respirei fundo e coloquei a chave na mão dela, gabrielly saiu e claro que de seguida me fizeram um monte de perguntas.
— que caralho Joshua, assim é que não vai ajudar mesmo! - Noah me olhou. -
— tá eu sei, fiz merda, já entendi. - falei frustrado e me levantei, peguei na bolsa da gabrielly e no celular que ela deixou em cima da mesa e saí do restaurante. -
Suspirei aliviado ao ver que o carro ainda está no mesmo lugar.
Abri a porta e entrei tendo visão para a morena sentada com as pernas encolhidas e a cabeça deitada nos braços.
— Any, eu não deveria ter agido assim com você até porque você não tem culpa de nada.
— está tudo bem. - ela soluçou aflita e eu fechei os olhos ao sentir uma lágrima escorrer pela minha bochecha. - São apenas hormónios...
Segurei nos seus ombros gelados na tentativa que o seu corpo pare de tremer e tentei levantar a sua cabeça.
— Não, any. Não são apenas hormónios. - observei o seu rosto inchado de tanto chorar e passei o polegar pela sua bochecha. - eu não deveria ter falado da forma que falei, deveria ter tomado mais atenção e cuidado com as minhas atitudes e na hora eu não me apercebi de que estava te afetando.
— está tudo bem. - ela parece repetir isso mais para ela mesma do que para mim. - o bebé está bem, isso é a única coisa que importa.
— não é a única coisa que importa, Any. Você é a mãe do bebé e muito acima disso é a mulher que eu amo.
— é melhor você voltar para lá. - ela apoiou a mão no joelho e a cravou as unhas na pele mas não por muito tempo porque eu não permiti que continuasse. -
— o único lugar que eu preciso estar é ao seu lado. - puxei o seu corpo para um abraço e ela tentou se soltar. - Any, tem calma por favor.
— me solta. - ela pediu ofegante. - Josh, me solta por favor!
— Any, olha para mim. - segurei no seu queixo e observei os seus lábios tremidos. - não vou fazer nada ruim sim? Só vou te dar um abraço.
Passei os braços em volta do seu corpo com cuidado e quando ela relaxou mais os ombros, deitei a sua cabeça no meu peito e me encostei de lado na porta.
Ficámos cerca de vinte minutos abraçados em silêncio até que ela começou a ficar mais calma.
— volta para lá por favor, você deveria estar se divertindo.
— vamos para casa sim? - passei a mão pelos seus cabelos. - vamos deitar os dois e ficar abraçados do jeitinho que você gosta.
— Josh, não precisa disso. - ela se ajeitou. - volta para o restaurante por favor, quando eles forem embora, você vem também.
— any... e você?
— eu vou ficar aqui, tenho sono. - ela deitou mais o corpo e se cobriu com a jaqueta. -
— any, eu não vou conseguir me divertir sabendo que você não está bem. - falei sincero. - me deixa fazer a única coisa que eu posso. Não estou te pedindo para me perdoar em dois tempos mas... me deixa fazer algo.
Gabrielly não disse nada mas saímos da parte de trás do carro para irmos para os nossos lugares, enviei uma mensagem para o Noah apenas para avisar que vou para casa com ela e então guardei o celular.
— Ai...
Olhei para a morena que levou a mão à barriga e fez uma expressão de dor.
— Any? Está tudo bem? Você precisa de ajuda? - perguntei preocupado e ela deixou o corpo cair um pouco para ficar meio deitada. - Any?
Ela fechou os olhos com força e começou a chorar desesperada.
— eu não me sinto bem, Josh...
— calma, fica calma. - segurei na mão dela e dei partida para o hospital. -
— vai mais rápido. - ela pediu aflita. - Josh eu vou, eu...
— any! - chamei em meio de desespero. - aguenta só mais um pouquinho por favor.
Assim que chegámos no hospital, tirei a gabrielly do carro e ela me pediu para não a segurar no colo porque iria machucar mais então começou a mancar agarrada no meu braço.
— eu não vou aguentar, Josh...
— não fala isso, gabrielly por favor! - segurei na sua cintura e gritei por ajuda médica enquanto ela se contorce toda nos meus braços. - amor, aguenta por favor.
— fala para a Kiara que...
— amor? Any? - chamei desesperado enquanto o médico a tirava de perto de mim e um enfermeiro me pedia para aguardar. -
Liguei para a minha mãe e pedi que ela viesse até aqui, odeio que a Kiara esteja em ambientes assim mas não consigo ficar aqui sozinho.
— papai! - Kiara correu até os meus braços e então eu a abracei com força, sentei-a no meu colo e desviei os seus cabelos. - a mamãe?
— a mamãe ama muito você, filha. - falei sentido que era isso que a gabrielly ia pedir para eu falar. -
— a mamãe? - ela perguntou com os olhinhos cheios de lágrimas. - a mamãe? MAMÃE?
— shiu meu amor... - segurei no seu rostinho. - a mamãe vai ficar bem sim? O doutor está cuidando dela.
— MAMÃE! - Kiara começou a espernear me deixando ainda mais nervoso e então me levantei com ela no colo. -
— quando a mamãe puder te abraçar o que você vai falar para ela pipoca?
— KIARA QUER A MAMÃE! - ela começou a soluçar com o corpinho tremendo por todos os lados. - a mamãe foi ter com a senhora da Kiara na barriga?
— não meu amor! Não... - dei-lhe um abraço apertado. - a mamãe está bem, sim? Daqui a pouquinho você vai abraçá-la sim?
— Kiara quer ver a mamãe, por favor papai. - ela esfregou os olhinhos. -
A minha salvação foi o doutor que se aproximou e me chamou.
Contra vontade dela, Kiara foi para perto da vovó e eu olhei para o senhor parado na minha frente.
— o bebé...
— a any? Como ela está? - perguntei em meio de desespero. -
— estável mas não muito bem. Ela passou por muito estresse e o corpo dela entrou em choque e a primeira reação foram as dores na barriga semelhantes a contrações que não são normais nos primeiros meses da gestação mas ainda assim, o bebé está ótimo. Ela vai passar a noite em observação e amanhã se estiver melhor terá alta.
A culpa foi minha.
Se tivesse acontecido algo com ela ou com o bebé eu nunca iria me perdoar.
— bom, ela não deveria receber visitas sem ser o senhor mas dadas as circunstâncias. - ele olhou para a Kiara. - vou deixar que entrem os três mas só você e a pequena podem passar a noite com a mamãe caso queiram. Ela está abalada e com o ritmo cardíaco bastante alterado, está extremamente cansada e por isso peço que não façam muito barulho ou exijam algum tipo de esforço pela parte dela.
Após explicar brevemente a situação para a Kiara fomos levados até o quarto, Úrsula disse que iria ligar para a Priscila apenas para informar sobre a Any e vai em casa pegar coisas que eu, Kiara e Any podemos precisar para hoje e amanhã.
— Mamãe. - Kiara falou um tanto aliviada e por isso começou a expulsar um monte de lágrimas. -
Com cuidado, o doutor colocou a pequenina na cama com a morena e então Kiara abraçou a mãe.
Me mantive um pouquinho afastado sem saber ao certo o que fazer, provavelmente ela não quer nem olhar na minha cara.
— O Josh? - gabrielly perguntou extremamente fraca. - eu preciso dele...
— estou aqui amor. - me aproximei e ela me olhou com os olhinhos cheios de lágrimas. - me desculpa...
— está tudo bem. - ela sussurrou e aceitou o meu abraço. - desculpa por te assustar, eu sei que...
— não me peça desculpas por isso, Any. - me sentei na cama e olhei para a Kiara que ainda segura no braço da mãe. - descansa, sim?
Ela fechou os olhos e apoiou a mão em cima da barriga.
Fiquei longos minutos apenas a observar a Kiara deitada ao lado da morena.
— Bom, eu aproveitei para analisar as informações sobre o braço dela e sugiro um novo raio-x. - o doutor entrou no quarto novamente. - ela ainda é pequenina, os ossos curam mais depressa e o braço dela precisa respirar também.
— vai doer doutor? - Kiara perguntou assustada. -
— não princesinha. Vou tirar esse gesso do seu braço e vamos ver como está, pode ser? - Kiara assentiu ainda incerta. - se eu tocar dói?
Ela negou com a cabeça.
— Okay, vamos ver isso então.
Úrsula chegou e ficou com a Any no quarto então eu fui com a Kiara para o raio-x que quando acabou de ser feito, pediram para aguardar e depois fomos com o médico para o gabinete dele.
— assim dói não é pequenina? - o senhor perguntou levando uma mão ao cotovelo dela e com a outra dobrou o seu braço. -
— ai! Ai! - Kiara choramingou. -
— é impressão princesa, você ficou um tempinho sem mexer. Vai ver que daqui a pouquinho não dói.
Ele repetiu o movimento várias vezes até que ela começou a fazer sozinha.
— dói?
— não doutor. - ela falou meio confusa e o senhor sorriu para ela. -
— agora você vai tomar cuidado nos primeiros dias porque ainda está um pouquinho dolorido sim? Mas não precisa ter medo porque não vai doer muito e o seu papai vai colocar um creme de manhã e de noite para ficar ainda melhor, o que você acha?
— é uma boa ideia doutor!
Depois de conversar com o médico sobre o braço dela, o senhor veio com a gente até o quarto onde está a gabrielly.
— eu vou para casa, cuidem bem dela, sim? - Úrsula pediu e a neném assentiu. - você... eu sei o que está passando pela sua cabeça e eu sugiro que você dê um abraço à sua namorada, ela precisa e você também.
Úrsula saiu e então Kiara foi toda animada contar à mãe que o bracinho está ficando bom de novo.
Ela não exigiu muitas respostas, está apenas falando com a gabrielly.
— filha, vamos vestir o pijama, sim?
— soninho. - ela esfregou os olhos e veio até mim, me sentei no pequeno sofá e a coloquei ao meu lado, peguei as roupas e comecei a vesti-la tomando cuidado com o braço já que quando mexe de forma mais brusca ela solta gemidos de dor mas tal como o doutor disse é impressão e está dolorido, já me ocorreu. -
Não foi difícil adormecer a pequenina, um beijinho da gabrielly, uma luz de presença e o peixinho da Ariel foram o suficiente para ela pegar no sono.
Troquei as minhas roupas por uma calça moletom e uma regata e então ajudei a morena a levantar.
— cuidado amor. - pedi e segurei na sua cintura. -
— não consigo...
— senta. - pedi e ela se sentou na cama, dei um beijinho na sua testa e peguei os shorts e blusa que a minha mãe colocou na mochila. - levanta os braços.
Tirei a sua blusa verde e troquei pela que é mais confortável.
Desapertei a calça dela e segurei na sua cintura para a levantar, com a minha mão livre baixei a peça de roupa e a sentei de novo.
Puxei o resto da calça e vesti o shorts moletom nela, não apertei na barriga dela para não machucar e ajudei-a a deitar.
— obrigada. - ela me olhou com os olhinhos cheios de lágrimas. - por fazer isso por mim...
Não é que trocar a roupa dela seja uma tarefa muito difícil mas eu percebo que signifique algo para ela depois das nossas brigas e talvez porque antes não tinha ninguém que fizesse isso por ela.
— não precisa me agradecer amor. - me sentei ao seu lado. - você está confortável?
Ela assentiu com a cabeça e a encostou no meu braço.
— Josh, me desculpa de verdade por ter te assustado, eu só...
— você está bem agora, o bebé está bem, a nossa pequena também e so isso importa. - beijei a sua cabeça e expulsei as minhas lágrimas. -
— deita aqui...
— não amor, quem precisa de carinho hoje é você. - deitei a sua cabeça no meu peito e encostei mais as costas no travesseiro. - amo muito você.
— eu também amo você. - ela sussurrou com a voz fraca e se aconchegou melhor. - você não tem calor..? Se quiser eu po...
— não amor, está tudo bem assim. - puxei a coberta para cima dos nossos corpos após perceber que ela está toda arrepiada certamente com frio. -
Gabrielly fechou os olhos e em poucos minutos acabou por adormecer.