Todas as Formas

By SelenaRuss

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Eu não sou um produto de minhas circunstâncias. Eu sou um produto de minhas decisões, algo que Elizabeth Brag... More

Apresentação
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
PERSONAGENS
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47.
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
Aviso
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55

CAPÍTULO 51

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By SelenaRuss


Elizabeth

Alguns dias depois 


— Acha que ele vai sentir alguma coisa? — Ela perguntou olhando com olhos lacrimejados para o pequeno Ted, um beagle de quatro messes.

— Não.  — Garanti. — Ele é um bom garoto, não é? — Acariciei sua cabeça sentido a maciez dos seus pelos e recebi um latido de concordância.

— Ele gostou de você. — Ela apontou.

— E eu gosto dele.

Ele latiu novamente como se entendesse a nossa conversa.

— Bom. — Peguei a pequena notinha que Karina havia me dado. — Daqui vinte e um dias ele tem voltar para tomar a segunda dose e quando ele tiver com seis messes de idade já estará pronto para receber a sua primeira dose da vacina antirrábica.

Houve um terceiro latido.

Entreguei a notinha para Chloe, a dona do meu mais novo paciente. Ela já era uma cliente de longa, ela possuía mais cinco cachorros sem contar com Ted.

— Obrigada, Liz. Vamos amigão, se despede da doutora.

Ele latiu para mim antes de por a língua para fora novamente e Chloe pegá-lo em seus braços.

Sorri, um sorriso que nem sequer chega aos olhos e observei enquanto eles deixavam a sala.

 O trabalho estava me ajudando, era bom poder voltar para a rotina de sempre, não tinha tempo para lindar com pensamentos bobos ou qualquer tipo de sentimentos que eu queria enterrar o mais fundo que pudesse no meu coração, era inútil se arrepender agora, eu tinha feito a escolha certa, só tinha que me convencer disso.

 Joguei a seringa que tinha usado para vacinar Ted no lixo, fiz a mesma coisa com o frasco agora vazio da substância que usei para vaciná-lo.

 Hoje era 1 de dezembro, o ano já estava perto de acabar, me impressionava o quão rápido tinha se passado o ano. Dezembro também era conhecido como o mês mais corrido por aqui na clínica, tanto que contratei um novo estagiário. Praticamente todo país estava em clima de festa, a que fazia ninguém se arriscar em viajar para qualquer lugar com algum bichinho sem estar vacinado ou com os devidos cuidados.

— Finalmente acabamos. — Não me surpreendi quando Karina abriu a porta sem ao menos bater.

— Mas e o buldogue das seis? — Perguntei sem me virar para ela.

— A dona remarcou para quarta. — Me informou.

— Okay.

 Dezembro também não fazíamos plantões noturnos. As meninas trabalharam o ano inteiro sem qualquer complicação, esse era o único presente que podia dar a elas, um mês inteiro podendo passar mais tempo com suas famílias, elas amavam essa profissão tanto quanto eu, mas eu vi o quanto difícil era para Karina passar algumas noites fora longe de seus filhos, ou de como o marido Vivian vinha vê-la no meio da madrugada por estar com saudades.

— Combinamos de sair para beber, vamos levar o Thomas, quer vir também? — Perguntou.

Thomas era o novo estagiário de 21 anos que contratei assim que voltei para cá.

— Não precisa, tenho planos essa noite.

Não havia plano algum, mas eu não estava com animo para ir a qualquer lugar, só queria chegar em casa, tomar um banho e dormir.

— Tipo o que? — Me assustei, não percebi o quanto ela tinha chegado tão perto.

Agora ela estava no meu campo de visão e eu no dela.

— Vai pra casa, ficar lá sozinha e chorar se possível?

Sim, mas não diria isso a ela.

— Eu estou bem. — Tentei dar a ela um sorriso tranquilizador.

— Tem quantos anos que trabalhamos juntas.

Me surpreendi com sua pergunta inesperada.

— Acho que uns oito anos? — Não tinha certeza exatamente.

— Isso, acho que te conheço o suficiente para saber que você não está bem.

— Eu estou bem. — Afirmei.

— Para de falar isso. — Cruzou os braços. — Você não esta bem e sabe disso.

Eu sabia, mas não podia admitir, se não me entregaria por completo aos me sentimentos e não sei se no final ficaria completamente bem.

— Não se preocupe, pode sair com o pessoal, eu fecho tudo.

Ela balançou a cabeça, Karina podia ser bem teimosa quando queria.

— Não há nenhuma chance de vocês conversarem? — Perguntou esperançosa.

Eu sabia a quem ela se referia, toda vez que me lembrava do seu nome, do seu cheiro ou até do seu sorriso, tudo que sentia vontade era de chorar. Uma parte de mim queria voltar no tempo, voltar até a última vez que o vi e fazer tudo diferente, mas eu sabia que era impossível. Por mais que fosse uma dor insuportável que talvez consumisse a minha dor, era o que eu merecia, não podia dar a Jack o mesmo destino que me amaldiçoou quando criança.

— Não. — Era verdade, eu nunca iria procurá-lo novamente assim como sabia que ele nunca iria me procurar também.

Karina estendeu o braços antes de passá-los ao me redor, ela era mais baixa do que eu, então o meu queixo batia em sua testa.

— Queria dizer que você não precisa ficar assim, mas seria algo idiota para se dizer. Mas sabia que estou aqui para o que você precisar, até um posso te emprestar um ombro para chorar.

Aquilo me arrancou um sorriso sincero, o primeiro em duas semanas e pela primeira vez nesse tempo eu não tive vontade de chorar.


.


O silêncio era quase assustador, mas não deixava de ser deprimente.

Era diferente da vida de anos atrás que eu tinha imaginado, uma casa grande comigo brincando com os meus filhos na chuva, as risadas, o carinho e o amor preencheria o vago silêncio que podia dá cor ao meu mundo, algo diferente da realidade de estar nesse apartamento sozinha.

Era um sonho distante para mim, tinha consciência disso, mas não podia de deixar de imaginar como seria. 

Seria com ele, era o único homem que eu me permitia imaginar esse futuro fantasioso. Ele seria um bom pai, tenho certeza que nossos filhos antes mesmo de aprenderem a andar já saberiam como enterrar uma bola em uma cesta.

Quase me permiti sorri com o pensamento antes que a minha realidade me atingisse com força.

Lágrimas desciam pelos meus olhos, eu o amava, o amava como nunca poderia amar outra pessoa, mas infelizmente ele não podia ser meu como desejava, o nosso filho era uma prova disso, o filho que uma vez esteve em meu ventre.

Se eu tivesse contando para ele a verdade desde o início, quanto tempo levaria para ele me odiar? Quanto tempo demoraria para eu eu me afundasse no vazio sem fim e não tivesse mais a mim mesma para me puxar para fora? Quanto tempo levaria?

No fundo eu desejava uma resposta, eu queria que qualquer um pudesse me dá-la ao menos para que esse arrependimento pudesse passar.

Por que? Por que eu era tão quebrada assim, por que não ignorei a minha realidade quando criança? Por que não posso mascarar a verdade para tentar ser feliz, mesmo que seja por pouco tempo, por quê?

 Eu desejava uma resposta que nunca veio.

Continua...


Feliz ano novo meu povo, nem dá para acreditar que já é 2024. Bom, esse é o meu presente de ano novo, ele só não veio acompanhado do outro capítulo porque eu ainda não terminei, eu senti que faltava alguma coisa no próximo capítulo, sabe? Estava pouco depressivo, ele virá durante a madrugada, não posso dizer a hora exata, mas garanto que assim que vocês acordarem (ou se decidirem esperar), ele já estará postado e assim seguiremos o nosso cronograma, esse capítulo foi pequeno, mas foi proposital, os outros serão maiores. Até daqui a pouco.


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