2009 - Em algum lugar da Rússia
— Senhora?
Madame B direciona seu olhar à porta da sala de balé quando ela é aberta por um dos guardas.
— Eu fui bem clara ao pedir que não me interrompesse durante as aulas — ela praticamente rosnou pra ele
— Me desculpe senhora, mas temos um problema
— Eu resolvo quando terminar aqui — ela diz e faz um gesto com a mão para que ele se retire
— Receio que não seja possível — ele insistiu e engoliu a seco quando ela semi cerrou os olhos em sua direção — A base principal em Budapeste já era, Dreykov está morto
A mulher alta, já com seus cabelos grisalhos, suspirou.
— Ela voltou, não é? — Madame perguntou mesmo já sabendo da resposta, ela sabia que apenas uma única pessoa seria capaz de tal ato
O homem balançou a cabeça positivamente antes de dizer:
— A Viúva Negra reapareceu e ela mudou de lado, está com a SHIELD agora
(...)
— Alguém precisa conversar com elas — Tony falou olhando Natasha e Maria de longe — Elas não comem, não dormem...
— Elas não param um minuto sequer, vão acabar passando mal ao invés de encontrarem o Peter — Clint comentou — Já tentei falar com a Nat mas ela se recusa a fazer uma pausa, a Maria então...
— Parecem dois robôs
— Deixem de ser insensíveis — Steve os repreendeu se aproximando — O filho delas foi sequestrado e nós não temos uma pista sequer
— Nós sabemos, mas elas vão acabar se prejudicando agindo dessa forma — Tony voltou a dizer
— Eu sei, também estou preocupado, mas não podemos força-las a comer ou dormir, elas conhecem o próprio corpo, sabem até onde aguentam — Steve falou calmamente — Vocês conhecem a Nat, ela vai se afundar em trabalho pra não ter que lidar com a dor, e a Hill provavelmente vai fazer mesmo, aliás, já está fazendo — ele se corrigiu enquanto via a morena gritar com outro agente
(...)
Natasha já estava a um bom tempo à frente do notebook, monitorava todas as contas bancárias de Caleb e Emily, qualquer mínima movimentação ela saberia. A ruiva também tentava hackear qualquer outro tipo de conta que estivesse ligada aos irmãos, email, telefone...
O cansaço já estava batendo e as esperanças de encontrar algo ali se diminuindo a cada minuto. Seus olhos lutavam para se manterem abertos.
— Trouxe pra você — Maria falou deixando um copo grande de café expresso, ao lado da ruiva, sobre a mesa
— Obrigada — Natasha falou baixinho
— Nada ainda, não é?
A morena perguntou enquanto se sentava ao lado da esposa, Natasha suspirou e balançou a cabeça negativamente enquanto ainda mantinha seus olhos na tela.
— Você acha que ele ainda está... — Maria engoliu a seco sem conseguir terminar de formular sua pergunta
— Não diz isso, ele está vivo, eu sei que está — Natasha falou firme, mas por dentro ela se fazia a mesma pergunta e se despedaçava por não saber a resposta
Já eram quase onze da noite quando um email direcionado a uma das contas falsas de Emily apareceu na tela de Natasha. Lutando contra sua ansiedade, ela esperou para que Emily o abrisse primeiro assim ela não desconfiaria que estava sendo hackeada.
— Droga! — ela bateu com a mão fechada sobre a mesa ao abrir o email — Está criptografado
— Que eu saiba isso nunca foi problema pra você, Romanoff — Tony falou fitando a ruiva do outro lado da sala
— Você consegue descriptografar, Nat? — Steve perguntou
— Consigo, mas o problema não é esse
— E qual é? — o capitão voltou a perguntar
— O email está programado para se auto excluir em três minutos começando a partir do momento em que foi aberto — Maria respondeu olhando para a mesma tela que Natasha
Os cinco se olharam preocupados e a partir dali começou uma corrida contra o tempo, Maria e Natasha quebravam a cabeça para conseguir visualizar a mensagem. Elas depositaram todas as suas fichas alí naquele momento, sua esperança é que aquilo fosse uma pista que as levasse até o filho.
— Falta um minuto e meio — Clint falou olhando para o relógio em seu pulso
— Cala a boca, Barton — Maria disse já sem paciência
— Não dá pra rastrear quem enviou o e-mail? — Tony perguntou
— O endereço do remetente está protegido por um sistema VPN muito complexo, eu poderia levar horas, talvez dias para descobrir algo — a voz de Natasha saiu carregada de frustração
— Trinta segundos — Clint avisou outra vez
Natasha levantou o olhar furioso para fitar o amigo enquanto maltratava o teclado do notebook ao digitar rapidamente e sem nenhuma delicadeza.
— Dez... nove... oito... — o arqueiro continuava a fazer a contagem regressiva o que estava deixando todos ainda mais nervosos
— Conseguimos! — Natasha praticamente gritou eufórica e todos pareceram respirar aliviados
— O que diz aí? — Steve perguntou
— São coordenadas — Romanoff respondeu
— Vamos pra lá agora — Maria disse se levantando — Vou avisar minha equipe
— Hill, espera — Steve pediu — Não sabemos o que vamos encontrar lá, e nem como o local é, levar seus agentes pode chamar atenção. Imagina cinco ou seis carros da Shield chegando em fila por lá, precisamos ser discretos
Rogers tinha razão, o território era desconhecido, já estavam se arriscando em ir sem um plano, eles não podiam chamar a atenção.
— Odeio dizer isso, mas o picolé tem razão — Tony falou a contra gosto — Aqueles utilitários pretos, ridículos diga-se de passagem, chamariam muita atenção
— Ok, pegamos o quinjet e vamos só nós cinco — Maria falou
— Isso é uma péssima ideia — a voz de Fury se fez presente na sala fazendo com que eles levassem um pequeno susto — Não se vai a uma missão no escuro, vocês precisam de um plano
— Com todo respeito Nick, não temos tempo pra seguir protocolos como em missões comuns — Natasha cruzou os braços
— Vocês não estão pensando com clareza — o diretor falou
— É claro que não, é o nosso filho — Maria disse pegando o notebook e saindo da sala
— E se for uma armadilha? — Fury questionou antes que os outros acompanhassem Maria
— Somos os Vingadores, podemos correr esse risco — Steve deu um tapinha no ombro do diretor e saiu por último
(...)
Clint pousou o quinjet alguns metros antes do ponto indicado nas coordenadas. Natasha, Maria, Steve, Tony e ele caminharam por quase trinta minutos até se depararem com um enorme casarão feito de pedras em cima da montanha.
— Só tem um caminho para chegar até lá em cima — Maria disse olhando pelo binóculo
— Vamos nos separar quando chegarmos lá em cima — Steve comunicou — Romanoff e Hill vão juntas pela frente, Barton e eu entramos por trás, e você Stark — ele se virou para fitar Tony em sua armadura — Seja nossos olhos pelo alto
Apesar de estar em um ponto alto e ter à sua volta o mar agitado logo a baixo, a propriedade ainda era protegida por um extenso e alto muro de cimento. Parecia aquelas prisões de segurança máxima retratadas em filmes.
— Você tá bem? — Maria perguntou notando a mudança de expressão no rosto de Natasha ao adentrarem a base abandonada
— Sim, é só que eu conheço esse lugar... eu já estive aqui — a ruiva suspirou enquanto andava por aqueles corredores mal iluminados
A cada passo, as lembranças de já ter estado ali e já ter passado por aqueles corredores invadiam a cabeça de Natasha. Apenas pequenos borrões, talvez de sua infância, mas ela não tinha certeza. A russa se perguntava por que nunca se lembrou daquele lugar antes e porque ele ainda estava de pé, já que ela mesma ajudou a Shield a destruir todas as bases que a sala vermelha tinha pelo mundo.
O silêncio que se fazia presente no local, deixava as coisas mais sombrias do que a falta de iluminação. Algo estava errado.
— Encontramos o Peter — Clint falou pelo comunicador
As duas pararam de caminhar assim que ouviram a voz do amigo. Estavam atônitas pela notícia repentina.
— Ele está bem? — Natasha perguntou num fio de voz
— Está sedado, mas parece bem — Steve falou e elas sorriram aliviadas
— A onde vocês estão? — Maria perguntou
— Em uma espécie de porão — Clint respondeu — Ele estava preso em uma caixa enorme de vidro, e era bem resistente, o Rogers só conseguiu quebrar no terceiro soco
— Estamos indo até vocês
Hill falou, mas por alguns segundos se manteve estática no mesmo lugar. Algo estava errado. Onde estavam Emily e Caleb? Porque Peter estava sozinho no porão? E os guardas? Estava fácil demais, ela pensou.
— O que foi? — Natasha perguntou
— Nada, é só que... — suspirou e então sorriu espantando os pensamentos negativos — Não é nada, vamos
Mas elas não foram.
— Como já dizia o ditado, o bom filho a casa torna...
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Vão ficar na curiosidade até amanhã, hehe