18 - Vagas Memórias

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Já fazia um tempo que eles estavam ali, em silêncio, sentados no mesmo lugar, na mesma posição. O sol já se punha do lado de fora e nenhuma decisão havia sido tomada.

Enquanto Maria e Nick a olhavam esperando sua sugestão, a ruiva permitiu que seus pensamentos fugissem para longe. Romanoff se lembrava de quando foi levada para a sala vermelha pela primeira vez, só tinha cinco anos. As memórias eram vagas, pequenos flashes desconexos em sua cabeça, mas havia um que ela nunca esqueceria.

Stalingrado, União Soviética - 1989

— Vamos Natalia, tá na hora - Ivan entrou gritando no quarto onde a pequena garota de cabelos ruivos estava deitada, o dia mal havia amanhecido e ele já a arrancara da cama

Antes mesmo de estar nos braços de seu pai, sentiu o cheiro forte de álcool invadir suas narinas. A menininha, tão nova, já sabia que aquele não era um bom sinal.

— É toda sua - o homem disse largando a menina nos braços da mulher alta e elegante que esperava no portão de sua casa

Antes de se tornar Natasha, a pequena Natalia morava com seus pais, Ivan e Poliana, em uma casinha simples em Stalingrado, uma cidadezinha da Rússia. Desde que Ivan perdeu o emprego, Poliana saía de casa antes mesmo do dia amanhecer para garantir o sustento da família e pagar as contas que se acumulavam a cada dia.

— Eu não quero - Natalia chorava agarrada na gola da camisa do pai, enquanto Madame B tentava pegá-la - Papai, não - a menina se esgoelava - Eu quero a mamãe

— Sua mãe não está aqui! - o homem praticamente gritou o que fez com que a menina soltasse a gola de sua blusa assustada

— Calma criança, vamos dar um passeio, tomar um refrigerante - a mulher falou docemente atraindo a atenção da menina para si - Você gosta de refrigerante?

Natalia, a princípio não respondeu, ainda estava arredia.

— E bala, gosta de bala? - Madame B ainda tentava ganhar a confiança da menina

Natalia fungou limpando os olhinhos e acenou positivamente com a cabeça.

— 10 mil, como combinado - Madame B disse quando seu motorista saiu do carro e entregou a maleta com dinheiro para Ivan - Agora vamos lá comprar a bala, da tchau pro papai

Ainda emburrada, Natalia deu tchau ao pai. Ela não queria ir com aquela mulher estranha, mas sabia que seria melhor do que ficar com Ivan e acabar apanhando quando ele tivesse mais um surto de raiva porque sua bebida acabou ou algo do tipo. A garotinha apenas desistiu de lutar e foi sem brigar, acreditando que voltaria pra casa, pros braços de sua mãe de novo.

A mulher entrou com a menina dentro do carro e então fez sinal para que seu motorista começasse a dirigir. Em pé no banco de trás, olhando o pai pelo vidro traseiro do carro, Natalia jamais poderia imaginar que aquela seria a última vez que o veria.

Mesmo com tudo que sofreu daquele dia em diante, Natasha não sentia raiva do pai por tê-la vendido a sala vermelha. Afinal, como Melina a ensinou, a dor só a deixou mais forte.

— Natasha? - a ruiva foi tirada de seus pensamentos por Maria - Tudo bem?

— Sim, só tava pensando... - suspirou - Eu não sei o que podemos fazer

— Eu havia dado a Agente Hill um prazo de três dias para me darem uma solução viável - Fury falou - Pensem e depois me falem - disse vendo as agentes assentir positivamente com a cabeça - Eu realmente não quero ter que entregá-lo ao governo...

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