𝑹𝒆𝒏𝒂𝒔𝒄𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒅𝒂𝒔 �...

By idrnkwine

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Após a revolução que pôs fim ao governo de Snow, uma nova Panem se instaurou. Não há mais jogos vorazes, e o... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Carta

Capítulo 3

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By idrnkwine

"Porque, às vezes, acontecem coisas com as pessoas com as quais elas não estão preparadas para lidar."
Em Chamas, página 40


Completamente ofegante, olho para Peeta. É impossível não ver a irritação em sua feição.

— Mas que merda! — digo. — Quem será que é?

— Vamos descobrir — ele me dá um último selinho e libera meu corpo do peso do seu.

Poderíamos simplesmente ignorar quem quer que seja batendo à porta, mas é bem provável que a campainha tenha acordado as crianças, impedindo-nos de continuar, de qualquer maneira.

Recoloco meu sutiã e vestido enquanto Peeta me olha com desejo. Que droga! Se tiverem tocado apenas para nos oferecer algo para vender ou qualquer outra idiotice, farei questão de ser mal educada!

Descemos a escada e vamos até a porta, encontrando Haymitch do lado de fora.

— O que foi agora? — disparo, ainda irritada com a interrupção.
— Calma, meu amor — Peeta diz, tranquilizador. — Quer entrar, Haymitch?
— Sim, por favor. Preciso da ajuda de vocês.

Peeta e Haymitch se sentam à mesa da cozinha, enquanto eu vou até a sala checar as crianças. Rye ainda dorme e Willow assiste atentamente a televisão. Vou até a cozinha e Peeta está servindo chá a Haymitch. Há também biscoitinhos decorados na mesa.

— Quer um pouco de chá, Katniss? — Ele pergunta.
— Sim, obrigada.

Haymitch espera Peeta terminar de encher minha xícara com o chá, que agora aprecio sem açúcar graças à ele, e começa a falar.

— Eu sei que fiz merda. Sei que Effie não merecia ter passado por tudo aquilo, mas ainda assim, ela me perdoou. Vou começar a me tratar porque não quero perdê-la ou machucá-la.
— Antes tarde do que nunca — digo, zangada. Levo minha xícara de chá à boca, não porque quero bebê-lo, mas sim para demonstrar minha indiferença, mas no momento em que o líquido extremamente quente toca meus lábios, recoloco a xícara na mesa, como se nada tivesse acontecido.

— Katniss, dê uma chance a ele — Peeta pede, apaziguador.
— Sei que o que fiz foi muito errado, e por mais que ela tenha dito que me perdoou, palavras não são o bastante. Quero fazer algo para surpreendê-la, quero ser romântico.
— E qual é a sua ideia, Haymitch? — pergunto, curiosa. Talvez eu tenha sido dura demais com ele.
— E é aí que entra a ajuda de vocês. Eu não entendo nada sobre ser romântico — instantaneamente, dirigimos nosso olhar a Peeta. Sim, sou mais romântica do que Haymitch, mas se entre nós há um vencedor nesse quesito, com toda a certeza é Peeta. — O que você sugere?
— Preciso pensar... Katniss, você a conhece melhor do que eu. Do que Effie gosta?

Começo a vasculhar minha mente entre as muitas conversas que tivemos sobre o assunto. Coisas grandiosas não surpreendem Effie, levando em consideração que ela viveu grande parte de sua vida na Capital e exageros faziam parte de seu dia a dia. Mas lembro-me vagamente de um agradável fim de tarde de um dia de verão, Willow ainda era um bebê e Effie a tinha nos braços. Estávamos nos confins da Costura e os tons de laranja do pôr do sol emolduravam a paisagem. Ao nosso redor, flores coloridas decoravam o campo. Sua voz ecoa em meu ouvido: "E eu pensava que festas luxuosas e estar sempre usando a última moda fossem sinônimo de viver intensamente. Mas isso aqui, isso aqui é outra coisa. Nunca vi nada tão lindo."

— Podemos preparar um piquenique — digo, animada. Sim, Effie adoraria um piquenique.
— Um piquenique? — Haymitch pergunta, um pouco incrédulo.
— Confie em mim. Ela vai adorar.
— Sim, ótima ideia — Peeta diz, sorrindo. — E onde poderia ser esse piquenique?
— Tem um lugar... fica perto da floresta. É uma saliência de rocha que dá vista para um vale.

Consigo até imaginar o local em minha mente. As doces tardes de verão que pareciam até um feriado...

— Eu costumava passar muitas tardes ali com — Paro de falar assim que percebo que falei demais. Não precisava de tantos detalhes assim.
— Com Gale? — Peeta pergunta, levantando as sobrancelhas. Ele sabe que não sinto mais nada por ele e que não nos vemos há muitos anos, mas Peeta é ciumento e não é nada bom em esconder isso.
— Sim, com Gale — digo baixinho, mirando o chão. 'Gale' não é um assunto que agrada Peeta.
— E esse lugar fica muito longe? — Haymitch interrompe. O olhar que lanço a ele é de gratidão.
— Uns vinte minutos de caminhada, no máximo.
— Perfeito. Quando colocamos o plano em prática?
— Amanhã à tarde. Assim eu e Katniss temos tempo para preparar tudo.
— Combinado. Então nos vemos amanhã à tarde. Devo essa a vocês —  ele se despede e vai embora.

Na verdade, sou eu quem deve a Haymitch. Sei que só estou viva hoje porque ele deu seu melhor  enquanto eu estava na arena, comunicando-se comigo através das dádivas que enviava - ou não enviava. Mas não me dou ao luxo de dizer isso a ele.

Ajudo Peeta a limpar a cozinha, levamos as crianças para o quarto e vamos dormir.

Acordamos cedo e começamos a trabalhar no piquenique de Effie e Haymitch. Peeta prepara alguns pãezinhos e logo os assa até virarem torrada, eu colho alguns mirtilos no jardim em frente à nossa casa e faço uma geleia. Ajudo-o a decorar os biscoitos desenhando flores com glacê, e a diferença entre os decorados por mim e os decorados por ele é gritante. Os seus parecem flores reais, tridimensionais, enquantos os meus... bem, pelo menos eu me esforcei.

Levamos as crianças para a escola, Peeta segue para a padaria e eu vou para a Campina. Apesar de não ser mais uma área proibida, a floresta ainda é cercada, mas somente para proteger o Distrito contra animais selvagens. Rapidamente chego ao local escolhido para o piquenique. Estendo uma toalha ao lado da rocha, colho algumas flores e as coloco espalhadas ao redor.  Organiza os pratos, talheres e a comida. É, acho que já está bom.

Olho atentamente para o local e prolongo meus olhos na saliência de rocha. É impossível não lembrar do dia da Colheita, quando eu e Gale tiramos sarro do sotaque afetado da Capital e tivemos a nossa agradável refeição com pão e queijo de cabra, antes que tudo mudasse. Consigo lembrar até hoje do sabor do queijo feito com todo carinho pela minha irmã... e Gale, onde será que ele está agora? O que tem feito? Desde que a revolução acabou e eu fiz as contas e percebi que foram as nossas bombas, que foi a ideia dele a responsável pela morte de Prim, foram pouquíssimas as vezes em que nos vimos. Inicialmente, por direcionar a ele todo o sofrimento pela falta de minha irmã, e depois por sentir que já não tínhamos mais nada em comum. Quando nos encontramos é sempre na Capital, e trocamos somente uma ou duas palavras, em alguma celebração ou no dia da Vitória, um feriado nacional criado para celebrar a vitória dos distritos. Por termos contribuído diretamente com a revolução, somos sempre convidados a participar dos desfiles de celebração, e por mais que isso seja uma tortura para mim, me parece sempre uma desfeita não ir.

Desvio o olhar e começo a descer a Campina, pois todas essas memórias estão começando a fazer com que o ar em meus pulmões não pareça suficiente para manter meu corpo oxigenado, e não posso entrar em crise agora. Não sem Peeta.

Caminho sem ter um destino, apenas para tentar distrair-me de todos os pesadelos que estão ameaçando invadir minha mente. É assim que começam os meus surtos, uma simples lembrança começa a desencadear um turbilhão de outras memórias que ameaçam tomar conta de todo o meu ser e tirar totalmente o meu controle. É importante que eu me distraia. Chego em um laguinho que me parece familiar, apesar de não conseguir me lembrar da última vez em que o vi. Tomada pelo suor, tiro minhas roupas e me jogo no lago. Nadar vai me ajudar a retomar o autocontrole. Ao atingir a água, meus pés tocam o fundo do lago e sinto uma espécie de raiz enredada à lama. Curiosa, mergulho para ver o que é. Raízes de katniss. É então que a voz de meu pai ecoa em minha mente: "Enquanto você conseguir se achar, nunca vai passar fome." Saio desesperadamente da água e me visto, ofegante. Que droga, por que é que eu não trouxe o meu arco? Caçar sempre me ajuda a recuperar a sanidade. Meu nome é Katniss Mellark Everdeen. Peeta é meu marido, e eu o amo mais do que tudo. Willow e Rye são nossos filhos. Estou na floresta, ajudando Haymitch e Effie. Haymitch e Effie! Quase me esqueci de que devo ajudá-los. Corro em disparada até a cerca, sem permitir que nenhum pensamento além da ajuda que devo dar aos meus amigos invada minha mente. Isso ajuda. Continuo correndo até chegar em casa. Encontro Haymitch esperando-me na entrada.

— Faz muito tempo que você está aqui? — perguntando, ofegante.
— Não, acabei de chegar — percebo seus olhos analisando minhas roupas e cabelos molhados e demorando-se em meu rosto, que provavelmente transparece o meu estado atual. — O que aconteceu com você? Vamos, vou te levar para o Peeta.

Haymitch passa um de seus braços pelas minhas costas e caminhamos assim. Ele tenta me distrair contando-me sobre os preparativos para o casamento, mas estou focada demais tentando manter a sanidade que não presto atenção ao que ele diz. Meu nome é Katniss Mellark Everdeen. Peeta é meu marido, e eu o amo mais do que tudo. Willow e Rye são nossos filhos, eles precisam de mim. Haymitch e Effie vão se casar...

— Katniss, querida? 

Peeta. Corro para seus braços, escondendo o rosto cheio de lágrimas em seu peito. Concentro-me nas batidas do seu coração, nos movimentos de sua respiração e em seu terno toque em meus cabelos, até acalmar-me.

— Obrigada — digo, encarando seus olhos azuis. É só então que percebo que estamos na padaria. Nem ao menos lembro-me de ter chegado até aqui. — E me desculpe. Por ter interrompido seu trabalho.
— Shhh... Sempre, lembra? — ele diz, apertando-me entre seus braços. — Obrigado por tê-la trazido até aqui, Haymitch.

Tinha até me esquecido da presença de Haymitch. Olho para ele, envergonhada.

— Não fiz mais do que a minha obrigação. Todos nós aqui ainda temos cinzas do passado que nos atormentam diariamente, e isso não vai passar. Aprendemos a conviver com elas. Ponto.
— Obrigada — mais uma vez, estou em dívida com Haymitch. — Já deixei tudo preparado para o piquenique, é bem fácil de chegar lá. Logo após a cerca, você tem que seguir reto até ver uma árvore grande. Então é só virar à direita e já vai dar para ver a rocha.
— Muito obrigado, docinho — o abraço. Não apenas como um desejo de boa sorte, mas também como um agradecimento por sempre ter me protegido, e por ser um amigo muito querido. Ele se despede e vai embora.

Ajudo Peeta a fechar a padaria, passamos na alfaiataria para pegar os nossos trajes para o casamento que estavam sendo ajustados e seguimos para casa.

— Você está bem? — ele pergunta, assim que entramos em casa.

— Sim, agora sim. Não sei o que aconteceu lá, acho que as lembranças foram demais para mim. Fazia tempo que eu não passava por uma crise assim tão intensa, mas agora está tudo bem.
— Que bom. Mas talvez você devesse voltar a tomar aqueles remédios.

Quando minha mãe nos visitou pela primeira vez, ela presenciou uma das minhas crises e me receitou alguns remédios que me ajudariam a passar por aquela fase. Os tomei por muito tempo, mas eles me deixavam com uma sensação estranha, com picos de felicidade extrema e excesso de energia, além de me deixar um pouquinho viciada, então parei de comprá-los.
— Não, Peeta. Está tudo bem, já passou. Eu tenho você.
— É só que... tenho medo de não estar por perto caso aconteça novamente.
— Não vai acontecer.
— Tudo bem. Vou levar essas coisas lá pra cima então — ele pega as sacolas com nossas roupas e leva para o quarto. Eu o sigo.
— Quero ver seu terno — ele tira da sacola e me dá. Eu rio.
— O que foi? — Peeta pergunta, inocente.
— Eu quero ver o terno em você!
— Ahhhh, entendi. Desculpa — rimos.

Peeta tira suas roupas e veste o terno de cor cinza escuro. Sexy. Não há outra palavra que o descreva melhor. Por um instante, vendo ele com essa roupa, a imagem de nosso casamento me vem à cabeça, mas logo é substituída pela lembrança da nossa lua de mel no Distrito 4. Sozinhos, no quarto... Meu corpo se aquece como carvão em combustão ao lembrar do momento, da sensação que senti naquele dia e da certeza de que o queria, assim como o quero agora. Não sei quero apenas tê-lo comigo mas o quero dentro de mim, quero sentir cada parte de seu corpo.

— Peeta... Você ainda precisa voltar para a padaria hoje? — pergunto, manhosa.

— Hoje? Eu acho que não. Você precisa de mim aqui, não precisa? Precisamos terminar o que começamos ontem — ele responde com uma voz seduzente, sorri maliciosamente e começa a tirar o terno e a camisa. Faço o mesmo, ficando apenas com minhas roupas íntimas.

Nos deitamos na cama e terminamos de nos despir, um ao outro. Peeta roça seus lábios por todo o meu corpo e beija meu pescoço. Passo minhas mãos por seu pescoço e nuca, até chegar em seus cabelos. Sinto a urgência de tê-lo comigo e, agarrando seus cabelos, beijo-o arduamente. Eu o quero dentro de mim.

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