A Década Depois Da Primavera

By yukine_xx

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"Quando você se apaixona pela pessoa errada, pelas razões certas, tudo pode acontecer." Oscar é um homem atra... More

Aviso
Introdução
Capítulo [01] Depois Da Primavera
Capítulo [02] Apresentável
Capítulo 03- Três meses
Capítulo [04]_Você_tem_coragem?
Capítulo[05] Clímax
Capítulo [06] Sombras_parte_01
Capítulo 06 - parte_02
Capítulo 07 - [parte 1]
Capítulo 07 - parte 02
Capítulo 07 - parte 03
Capítulo 08 - parte 1
Capítulo 08 - parte 02
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo - 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15

capítulo 14

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By yukine_xx

→Alerta de gatilho, caso seja sensível, não leia.


≈≈‡≈≈

A primeira impressão, sensação, primeiro olhar, o primeiro toque, dizem que eles sempre ficam. Se é verdade não sei, sei apenas que podem ser substituídas no decorrer do tempo.

Ainda lembro a primeira vez que assisti a um filme de terror, a primeira impressão foi inesquecível. Ia completar oito anos, minha mãe não estava, fiquei sozinho. Meus olhos tremiam, nervoso. Fixava a tela no ambiente escuro. Não tinha mais ninguém além de mim, mas estava aterrorizado e sentia que algo se aproximava. Sentia que algo grande e sombrio se escondia ali.

Em um ato rebelde, quis provar para mim mesmo que era forte, que tinha coragem. Aquela primeira impressão agora foi substituída.

Fui pego por aquele homem. Seu agarrão deixou em mim fragmentos da sua pele copiosamente, silenciosamente grudados em mim. Jamais esqueceria isso.

A sensação era indescritível. Aproximou-se, então joguei minhas sacolas nele. Distraído por um instante, chutei-o com força em seu estômago e ele caiu no chão. Não dei a chance dele levantar-se. Com força, impeli outro chute no mesmo lugar, o homem caiu ao lado do poste perto dele.

Se fosse apenas um, minhas chances talvez fossem maiores e não teria sido pego por seu parceiro. Ele me forçou a deitar, fiquei incapaz de me mover.

— Vá embora...! ! — gritei enquanto lutava com todas as minhas forças, tentei afastar a pessoa que me segurou.

Meus pulsos queimavam de dor. Eles tinham máscaras, eram mais velhos que eu, com idade para serem meus tios. Estava claro que eram pessoas intolerantes.

— Garoto estúpido! Fica parado! — O homem me prendeu contra o chão, porra, que dor! Me pressionou no soalho, minhas mãos presas ao meu lado para que não pudesse fugir. — Esse pirralho impertinente! — disse à pessoa parda ao lado dele.

A chuva pesada caía, estava completamente encharcado. Sentia que cada parte do meu corpo fedia por ficar deitado na água suja e barrenta. Na sequência, o homem levantou-se e aproveitou da situação para me dar um tapa.

Demorou muito para que pudesse voltar a si depois do tapa. Virei a cabeça para o lado, respirando pesadamente com a boca. Meu abdômen, cintura e pernas estavam em extrema dor. Era tão doloroso que tremia o tempo todo e não conseguia ouvir quase nada.

— Merda! Não era só pegar ele? Por que é tão difícil?! — O homem em quem dei um chute cuspiu no chão, ele segurava seu abdômen. Sentia-se insatisfeito.

— Está chovendo muito, por isso a dificuldade! — um outro justificou. — Ele achou que podia andar livremente como uma mulherzinha grávida. — Sua risada continha o mais puro escárnio, zombava de mim. Me diminuía como pessoa e como homem. — Com uma coisa dessas, por que não veste logo um vestido? Você já deixou de ser homem. — Olhou meu abdômen.

Pouco a pouco comecei a recuperar minha audição, lutava para me afastar. Usei minha força para morder o homem que estava em cima de mim. Eram pessoas preconceituosas, insatisfeitas com o governo atual que defendia a igualdade de gênero. Não aceitavam conviver na mesma sociedade onde existiam pessoas como eu.

Desconheciam ou negavam a igualdade de direitos e a liberdade humana.

— Me LARG-!

O homem que estava em cima de mim deu outro tapa após a dolorosa mordida, antes de agarrar meu pulso e apertá-lo ainda mais. Uma onda de dor veio. Sabia claramente que meus braços ficariam doloridos por pelo menos alguns dias.

Meus dentes batiam de dor enquanto minha testa estava coberta de suor frio, embora o suor tenha sido lavado pela chuva forte. A única sensação que tinha era que estava extremamente frio. Era como se cada parte minha tivesse sido submersa no gelo.

— Se apresse! Está chovendo muito forte aqui! Temos que levá-lo para outro lugar, alguém pode nos ver!

— Ir aonde?! Você não vê que tem movimentação logo alí? Vamos nos meter em problemas.

— Então devemos resolver isso aqui mesmo. Vamos discipliná-lo, apenas uma lembrancinha. Uma coisa como ele não deveria estar entre nós. Ele me enoja!

— Ei... — Um deles chamou sua atenção e avaliou meu olhar, sua visão se expandiu por todo meu rosto. — Eu acho que esse garoto tem boa aparência. Que tal nos divertirmos primeiro? — sugeriu enquanto se agachava e acariciava meu rosto.

— Faça como quiser — seu parceiro autorizou.

— É tão emocionante fazer isso ao ar livre em um dia chuvoso! Eu não me importo com mais nada, vamos conversar depois que eu me divertir. — Com isso, o homem já havia empurrado e substituído seu comparsa que originalmente me segurava. — Nunca tentei com um homem. Ainda mais um como ele — disse sua última frase com prazer insaciável. Avaliou meu abdômen, seu olhar parecia com o de uma Besta sedenta por carne.

Quando aquele homem tocou em mim, fiquei enojado. Poderia vomitar, principalmente quando usou sua mão para estrangular meu pescoço. Seus dedos longos restringiram toda minha pele, o oxigênio pareceu recuar. Meus únicos companheiros eram os maus pensamentos, os mais negros e maléficos pensamentos. O mau humor do meu temperamento habitual aumentou, levando-me a odiar todas as coisas e toda a humanidade.

Largou a extensão do meu pescoço. Ele então tirou o cinto da calça e o usou para amarrar minhas mãos. O homem se inclinou, querendo me beijar. Dei-lhe uma cabeçada, obrigando-o a recuar. Cuspir em seu rosto. Balancei a cabeça desesperadamente, enquanto gritava incontrolavelmente.

Seu parceiro apenas observava esperando o show acabar, com mais outros dois junto dele.

— Vá embora! Seu homem louco! Vá-AH! — O homem segurou minha cabeça e a bateu no chão com força. Minha consciência ficou um pouco vaga após o forte e violento impacto.

Tudo o que sentia era que minha cabeça parecia ter uma rachadura enquanto um líquido escorria. Não podia mais sentir dor, como se minha alma não pertencesse mais a mim. Tive que assistir insensivelmente enquanto o homem sentado em mim começava a fazer coisas comigo, não podia fazer nada. Meu corpo não me ouvia mais.

— Garoto insolente, vou ficar com um galo na testa! — O homem desabotoava minha calça, enquanto os outros riam. — Se seus não souberam te disciplinar, eu vou. Fica brincando por aí de ser mulher! — O que disse fez seus parceiros rirem.

A noite estava escura e gelada, fazendo-me ofegar pesadamente, deitado no chão lamacento enquanto um par de mãos revoltadas percorria meu corpo sem quaisquer reservas. Tive minha boca beijada e cada parte de meu pescoço mordida por ele. Estava imobilizado. Sentia como se não houvesse mais chance de resistir. Me perguntei porquê estava sofrendo tudo isso. Era difícil até respirar.

Apenas deixe passar assim, apenas deixe ir. Repetia como uma oração, um mantra para livrar-me das garras do demônio.

Um terror supersticioso subiu gradativamente a minha alma, estava envolta num espanto silente. Poderia morrer depois que passasse. Não sentiria nenhuma dor depois que morresse. No meio disso tudo, ouvi uma voz sonhadora, imponente mas infantil. Uma voz lúcida como a que ouvia nos meus sonhos. Tão familiar que me fazia tremer. Me vi em um lugar vazio, escuro e quase não existia vida. Se não fosse por aquele resquício de luz que a voz trazia. Aos poucos, uma figura se formou. Parecia sugar todos os átomos apenas para si, na tentativa de criar uma forma humana. Enfim ganhou vida. Nunca tinha o visto, mas tinha a premonição de que não era a primeira vez.

As pupilas que me perseguiam tinham uma tonalidade pálida, mesmo que fossem azuis. Seus olhos pousaram casualmente em mim, era um olhar distante e frio, mas caloroso.

“Orion”, foi o que aquela pessoa disse antes de ir. Estava em transe, perdido em ilusões fantasiosas. Minha consciência começou a se desintegrar. Sentia como se todos os meus sentidos tivessem desaparecido. Parecia que minha alma havia deixado meu corpo e estava flutuando no ar.

Deveria recuperar meus sentidos o quanto antes, ou realmente me perderia nas correntes de ar que formou-se no meu subconsciente e transcorreu para o consciente.






Betagem por: Arabella_McGrath(WD)

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Explicando o porquê vocês não encontram mais minhas traduções nesse perfil. Espero que entendam.