Olá a todos. Peço imensa desculpa a demora, mas como já disse antes eu estive muito ocupada com a escola e não tive tempo para escrever, mas a boa noticia é que isso já não vai ser um problema (pelo menos pelos próximos 3 meses).
Como devem ter reparado tenho uma capa nova, espero que gostem. Foi feita pela @alinecdi. Obrigada mais uma vez pela linda capa.
Aqui têm o tão esperado capitulo espero que gostem. :)
Quando Viviana se acalmou e acabou de beber a bebida quente que a Camila tinha trazido, Kyle continuou ao lado dela, confortando-a enquanto lhe acariciava as costas e a abraçava.
- Queres falar?- perguntou Kyle pousando a caneca, agora vazia, na cómoda que estava ao lado da cama.
Viviana respirou fundo, ainda sentia as espadas que tinham atravessado a sua pele, ou mais precisamente a da Kida, ainda sentia o horror da Kida como se fosse seu quando viu o homem que amava cair aos seus pés tudo para a proteger, mas em vez de Marcus o corpo que tinha abraçado foi o de Kyle. Isso só a vez sofrer ainda mais.
Quando viu o corpo dele estendido à sua frente com a mancha vermelha a espalhar-se ainda mais pela sua roupa Viviana não tinha conseguido respirar. Sentiu-se sufocada como se todo o ar tivesse sido sugado, por momentos não sentiu nada estava demasiado chocada, mas quando o choque passou a tristeza e a raiva foram tão avassaladoras que ela perdeu as forças caindo por momentos ao lado do seu Guardião, ao lado do seu amado.
- Viviana.- sussurrou ele chamando-a a de volta ao presente. Ela ergueu o olhar para encontrar o dele que a olhava com tanto carinho que só lhe deu vontade de chorar de novo.- Fala comigo.- pediu ele antes de lhe dar um beijo casto nos lábios, um beijo que fez com que Viviana parasse de sentir o medo agonizante que sentia momentos atrás.
- Eu vi o que aconteceu naquela guerra.- sussurrou ela abraçando-o. Não o iria deixar escapar como aconteceu com a Kida e com o Marcus.
Kyle não falou, ele sabia perfeitamente que guerra é que ela estava a falar não havia necessidade de a interromper. Limitou-se a abraçá-la.
- Eu devo ter adormecido. No início estava tudo calmo, não via nada mas ouvia a voz da Ignis a falar comigo. Parecia que estava a contar uma história de embalar. Primeiro apareceram as luzes, eram tantas e pareciam vir de todo o lado, depois veio a música e os sons das pessoas à minha volta e por vim consegui ver o que se passava. Estava no meio de um festival.
« Havia tendas por todo o lado e de todos os géneros, desde comida a jogos infantis e havia bolas de papel com fogo lá dentro, do género de lanternas. Havia pessoas que passeavam à minha volta e algumas até me sorriam e faziam um breve aceno com a cabeça, crianças giravam à minha volta a cantar alguma musica que eu desconheço. Só percebi que não era eu quando um grupo veio falar comigo. Quando começaram a falar comigo eu comecei a responder-lhes, mas eu não sabia o que estava a dizer e mexia-me sem vontade própria. No início entrei em pânico, mesmo que quisesse fugir não conseguia.- Viviana calou-se por momentos enquanto pensava no que tinha acontecido, de um momento para o outro ela sabia que estava a ver as memórias da Kida.
- O que aconteceu depois?- perguntou ele continuando a abraçá-la.
- Eu deixei-me levar. Tornei-me uma só com a Kida. Não sei como mas sabia que era ela. O que ela via eu via, o que ela sentia eu sentia. Eles estavam chateados com ela, ao que parecia a Kida tinha sido mais uma vez imprudente e colocou-se em perigo. O que eles não sabiam era que ela não tinha sido imprudente, na verdade ela criou um grande plano.
Enquanto ela lhe contava o plano que a Kida tinha criado para salvar aquelas crianças, Kyle sentiu-a relaxar. Assim que ela acordara abraçara-o e parecia não o querer largar, na verdade Kyle não se importava com isso, ele também não fazia questão de a largar.
- Ela nunca lhes contou?- perguntou ele quando ela acabou de falar.
- Nunca.- respondeu Viviana com melancolia na voz.
- O que aconteceu depois?- perguntou ele apertando-a mais.
- O Marcus apareceu e meteu-se entre ela e o grupo. Os outros já estavam habituados a que o Marcus se metesse no meio deles quando a Kida estava envolvida, tal como sabiam que se não deixassem esse assunto em paz ele faria com que o assunto acabasse. A Kida também já estava habituada e embora ela não o admitisse sentia-se feliz por ter o Marcus ao seu lado. Ela mantinha sempre uma espécie de máscara à frente das pessoas e o Marcus parecia ser o único a ver para além dessa máscara.
- Ela também estava apaixonada por ele.- comentou Kyle sem ser necessário a confirmação da Viviana.
- Foi nesse mesmo dia que, depois do festival, o Marcus declarou-se a ela. Contou-lhe que a tinha observado desde sempre, compreendia-a e estava perdidamente apaixonado por ela. A Kida sabia que ele era o único que a compreendia, ele já tinha dado mais que provas suficientes sobre isso, tal como ela sabia que também o amava.
- Mas...- incentivou Kyle. Tudo aquilo parecia ter um "mas" por trás.
- Mas ela assustou-se, nunca pensou que o seu amor fosse correspondido. Ficou sem fala e o Marcus compreendeu que ela ainda não estava pronta para aceitar o amor dele. Decidiu recuar.
- Rapaz estúpido. Era nessa altura que devia ficar ainda mais próximo dela.- comentou Kyle.
Viviana soltou uma gargalha fraca e abraçou-o com mais força. Kyle percebeu nesse momento o muito que esperava por ouvir aquele som que ele tanto amava outra vez.
- Eu pensei o mesmo e a Kida também. A batalha começou no dia seguinte. Quando começaram a ser invadidos o Marcus correu logo para o lado da Kida que já tinha vestido uma espécie de armadura tal como ele. Sem dizer uma única palavra Kida correu até aos braços dele e beijou-o apanhando-o completamente de surpresa mas ele não demorou a abraçá-la. Quando se separam ambos sorriam um para o outro mas o barulho do lado de fora da mansão chamou-os a atenção e, depois de pegarem nas suas armas, correram para o campo de batalha. Já sabes o que acontece a seguir.- murmurou ela sentindo as lágrimas a voltarem.
Kyle beijou o topo da cabeça dela e vê-la olhar para ela pousando a mão no rosto dela, fitou aqueles olhos que sempre o fascinavam que agora estavam brilhantes devido às lágrimas não derramadas.
- O que me estás a esconder ruiva?- perguntou ele em voz baixa.
Viviana continuou calada a fitar os olhos dele, os mesmos olhos que ela tinha visto perder o brilho quando ele morreu aos seus pés sem ela poder fazer nada. Quando pensou nisso as lágrimas recomeçaram a cair pelo rosto dela. Com ternura Kyle limpou as lágrimas que iam caindo pelo seu rosto.
- Eu vi e senti tudo. Senti os ferimentos da Kida, senti o seu desespero por ver antigos companheiros a morrerem sem ela poder fazer nada, vi esses companheiros caírem, vi as horrorosas máscaras que o inimigo utilizava e... E vi o Marcus morrer ao meu lado.- soluçou ela escondendo o rosto no curva do pescoço dele.- Mas tu eras ele. Tu morreste mesmo ao meu lado e eu não te consegui salvar.
Kyle ficou sem saber o que fazer, queria consola-la mas não sabia como. Limitou-se a abraçá-la e a murmurar frases que ele esperava serem reconfortantes.
O que é que ele deveria fazer numa situação daquelas? Tinha a Viviana nos seus braços a chorar inconsolavelmente, cada soluço que ela deixava escapar era como se um bocado dele se destroçasse e a cada tremor que o seu corpo fazia contra o dele era como se ele estivesse a ser torturado.
Lembrou-se das palavras da mãe pouco tempo antes de morrer. "Nós, mulheres, somos frágeis e fortes ao mesmo tempo, mas nas duas situações precisamos de apoio e compreensão. Se conseguires dar isso à aquela que escolheres podes ter a certeza que estás a fazer o correto".
Com cuidado Kyle colocou as mãos nos dois lados do rosto molhado da Viviana e fê-la olhar para ela.
Com cuidado baixou o rosto lentamente até ao dela e beijou a sua testa, os dois olhos, depois as faces húmidas e por fim os lábios trémulos. Abraçou-a até os seus tremores passarem, até as lágrimas pararem.
- Eu senti o mesmo quando tive aquele sonho em que tu é que estavas naquele sítio em vez de mim. Eu compreendo-te, mas não precisas de te preocupar, porque eu pretendo ficar ao teu lado, quero proteger-te e não o posso fazer se não estiver junto a ti.
Viviana sorriu para ele e beijou-o. Sentia-se muito melhor agora, já estava mais calma e mais segura, especialmente porque tinha o Kyle junto a si.
Foram interrompidos pelo barulho que alguém estar a bater à porta.
- Entre.- disse Kyle sentando-se mais direito e deixando que Viviana também se recompusesse.
- Está na hora de irmos andando.- disse Camila com um sorriso no rosto olhando atentamente para a Viviana e depois para o neto.- Estão prontos?
- Claro.- respondeu Viviana começando a pôr-se de pé, só então se deu conta que estavam num quarto desconhecido.- De quem é este quarto?- perguntou ela a Kyle.
- Deve ser do Dylan.- respondeu Kyle com um encolher de ombros.
- E quem é o Dylan?- perguntou Viviana.
- Sou eu.- respondeu uma voz baixa e grave que vez com que Viviana se endireitasse ainda mais e, devagar, voltou a cabeça em direção à voz para encontrar um homem que parecia ser todo de branco e preto, e pela expressão que ele tinha, Viviana não duvidava que a personalidade dele também o fosse, mas antes que Viviana pudesse ver melhor quem era, Dylan virou a cabeça escondendo o rosto.- Já estamos atrasados.- resmungou ele sem dirigir um único olhar a Viviana e encaminhando-se para fora de casa.
Todos seguiram-no para fora de casa e voltaram a entrar no carro para continuar a viagem até ao sítio escolhido, onde ficariam para começar a sua busca pela Lydia.