E se... - O Segredo na ilha R...

Por TheKatsu

8K 599 446

E se alguns eventos do último episódio não tivessem acontecido? Decidi contar a história pelas diferentes per... Más

Amelie
Bárbara
AVISO
Milo
Olivier
Amelie
Bárbara
aviso 2
Milo
Olivier
aviso 3
Miguel
Amelie
Bárbara
Miguel
Milo
Olivier
aviso
Otávio
Amelie
Milo
Olivier
Olivier
Milo
Conversando com vocês
grupo de whatsapp
Amelie
Arthur Cervero
Bárbara
Aviso
Miguel e Milo
Bartô
Milo
Olivier
Amelie
Bárbara

Bárbara

119 11 0
Por TheKatsu

Depois de uma missão consideravelmente cansativa, me sento em frente ao balcão. Ivete sorri para mim, estendendo um guardanapo para limpar os vestígios da luta de meia hora atrás. Acho que é até relaxante poder descontar todos esses sentimentos em monstros - ainda é difícil me acostumar com a ideia de que tudo isso é real e não um pesadelo doentio. De alguma forma, ainda espero acordar no meu quarto, na ilha; Ainda espero fazer o café da manhã e sentir o cheiro dele tomar toda a pequena cozinha, colher algumas flores e correr até a praia e encontrar Miguel sujo de areia me esperando, quero vê-lo sorrir como naqueles dias, aqueles dias de sol antes da tempestade que nos banhou quando saímos da igreja; Quero voltar para casa e encontrar minha mãe, mesmo que seja bêbada e agressiva.

- Obrigada - Levanto o guardanapo, agora sujo - Por favor, algo forte.

- Tem certeza que não quer ir pra casa tomar um banho e descansar? Você claramente precisa - Ela me encarava preocupada, o tipo de olhar que uma mãe dá ao filho, o tipo de olhar que eu não percebia nos olhos da minha mãe, mas que estava lá.

- Acredite, é difícil descansar sem uma boa bebida - Sorrio. Ivete hesita antes de me servir um whisky.

Antes que eu possa levar a bebida aos meus lábios, o copo é arrancado da minha mão. Me viro indignada para a pessoa ousada que acabara de tirar meu calmante não-saudável. Um homem de cabelos cacheados sorri para mim enquanto devolve o álcool a mulher atrás do balcão.

- Não devia beber tanto, pode acabar se tornando um vício - Ele não precisa completar a frase, consigo ler nas entrelinhas as insinuações não ditas sobre minha mãe. Ambos brigavam com uma certa frequência, em maioria em situações em que Miguel me defendia.

- E o que você sabe de vício? - Me sinto um pouco irritada quando digo isso.

- Mais do que você pensa - Seu sorriso some, mas ele consegue se reerguer no segundo seguinte.

- Você tem algo a me dizer, Miguel? - Arqueio as sobrancelhas, levantando do banco em que estava.

- Tenho - suas mãos tocaram minha cintura enquanto ele me encarava - Você está imunda, vamos pra sua casa.

- Como assim a MINHA casa? Você tem um apartamento também

- Não consigo entrar lá agora, viver no mesmo recinto que o Milo tem sido mais difícil que dividir o corpo com ele... Só espero que ele e o Olivier se resolvam logo.

- O outro problema tá no sofá lá de casa, tá? Oli nem toma banho, parece. A depressão dele infelizmente tem trazido problemas para o ar. Sem mentira nenhuma, uma planta MORREU e eu tenho quase certeza que foi o cheiro exótico dele.

- O Milo é um colega de quarto horrível, seja lá o que aconteceu afeta o sono dele e ele deve achar que se não dorme, os outros também não podem - Observo imediatamente a expressão de cansaço em Miguel

- ok, você pode dormir lá em casa - revirei os olhos, rindo quando ele me deu uma série de selinhos

- mas você vai se limpar né? - fez careta fazendo com que eu desse um tapa leve em seu ombro.

[...]

   Giro a maçaneta, entrando no apartamento, seguida de castello 1. Ouço a geladeira fechar, e vejo a cabeça de Olivier aparecer na porta da cozinha, ele parece ainda pior que ontem. Sinto meu peito apertar com o sentimento familiar que me lembra que sei como ele se sente, o amor dói e doeu quando senti que Miguel havia me deixado, quando de repente não era ele que me encarava de volta, ainda que fosse o mesmo rosto.

- Meu deus, você tá péssimo mesmo - o homem atrás de mim caminhou até Florence 2, um lapso de preocupação tomando seus olhos

- Obrigado - Respondeu, forçando um sorriso.

- Se serve de consolo, ele também não tá radiante, ainda que - Torceu o nariz, fazendo careta - Cheire melhor que você agora.

- Ele tá em casa? Preciso de um banho e claramente o banheiro daqui vai estar ocupado - Apontou para mim, arqueei as sobrancelhas sorrindo levemente.

- Não, ele não tá - E me olhou disfarçadamente, arregalando um pouco os olhos como um recado para que eu não o desmentisse.

    Olivier agradeceu e saiu, no segundo em que a porta se fechou, o encarei indignada. Miguel levantou as mãos, em rendição, e lutou contra um sorriso enquanto fazia sua melhor expressão cínica de inocência.

- O que foi? Eles não podem se evitar pra sempre - Deu de ombros.

- Eu sei que não - Me dei por vencida, era um fato que a situação atual estava afetando todos nós. Não era exatamente fácil ter que nos dividir porque eles evitavam estar no mesmo ambiente e não posso dizer que o clima dos jantares em família era exatamente agradável.

   Apesar do tempo que levei para ver Milo em vez de Miguel, foi mais rápido ver quem Milo era. Não passou despercebido o fato de que ele não costumava olhar para as garotas, não como os garotos geralmente olham, não como seu irmão me olhava. Antes de Oli, eu apenas presumi que Castello 2 não tinha achado a garota certa, mas foi só vê-los juntos na ilha que soube que havia algo diferente.

   Diferente não é ruim, ao contrário do que Padre Francisco constantemente insinuava e Maíra fazia questão de repetir. Milo não era ruim ou errado, como os sermões diziam. Era apenas diferente. Uma pena que ele não parece concordar.

[...]
   Me joguei na cama depois de secar os cabelos recém lavados, meu corpo inteiro parecia ceder finalmente ao cansaço. Miguel me abraçou, beijando o topo da minha cabeça. Rolei na cama, ficando em cima de seu braço e ainda sentindo seus dedos se enrolarem nos meus fios loiros, em um cafuné. Observei atentamente os detalhes de seu rosto, percebendo agora o quanto ele havia mudado, crescido. E por um segundo, doeu. Doeu porque a consciência repentina de que somos adultos agora e não crianças correndo pela praia, me fez ter a noção de quanto tempo perdemos.

- Ta pensando em que? - ele me olhou, um sorriso ladino brilhando em seu rosto.

- Por que me deixou? - O pouco de mágoa que escapara em minha voz foi o suficiente para que seu sorriso desaparecesse e, diferente de mais cedo, ele não retornou no segundo seguinte.

- Eu não deixei você - Nem mesmo ele acreditava no que acabara de dizer.

Miguel me encarava, os dedos, agora inquietos, se afastaram lentamente da minha cabeça. A dor que eu sentia, era também refletida nos olhos do homem à minha frente.

- No começo, quando Milo pareceu confuso quando chamei ele pelo seu nome, imaginei que era só uma brincadeira sem graça sua, mas então dias se passaram, e semanas, meses e ANOS... - Sentei, me livrando do abraço que ainda me aquecia - E o Bartô até me pediu pra mentir, acredita? E eu tive que entrar em toda aquela encenação. Eu odiei ele por te tirar de mim, odiei seu pai e enfim te odiei, te odiei por me abandonar sozinha ali, quando você prometeu que não o faria, se lembra disso?

- Lembro - Sua voz era um fio.

- Então, Miguel, por quê? - Eu não estava com raiva. Parte de mim apenas precisava da resposta que atormentou minha mente por anos, parte de mim precisava confiar nele de novo, confiar que ele ainda estará aqui amanhã.

- Bárbara, era meu irmão. Eu não podia perder ele... - Sentou de frente para mim, os olhos atentos esperando conseguir ler minha mente.

- Mas ele podia perder você? E eu? E seu pai? - Senti meus ombros pesarem menos, como se todos esses anos eu apenas precisasse dizer - Quando era você aquele dia, na ilha, eu fiquei tão feliz e aliviada, mas levou menos de três minutos para ficar com raiva... E eu sei que você teve motivos, Miguel, mas eu não consigo evitar pensar em te perder de novo e em como eu não quero ter que sentir tudo aquilo de novo.

- Você não vai me perder - Suas mãos tocaram meu rosto, acariciando as bochechas e tocando com uma suavidade maior as minhas cicatrizes.

- Você já disse isso uma vez - Sussurrei.

- Bárbara, eu estou aqui hoje. Eu te amei ontem, eu te amo hoje e, mesmo não sabendo se vou estar aqui amanhã porque, porra, ninguém sabe... Eu sei que ainda vou te amar amanhã.

- Eu acho que vou te amar amanhã também - Fiz bico e ele riu, enxugando minhas lágrimas.

- Eu sinto muito por ter ido - Me beijou, em seguida me abraçando com força. Quando percebi, estávamos deitados novamente, emaranhados naquela cama confortavelmente pequena.

   Relaxei meu corpo sentindo o cansaço se transformar em sono e, aos poucos, dormir em meio aquele carinho que tanto senti falta, dormir sem precisar do álcool, ainda que uma pequena, bem pequena, parte de mim sentisse falta de como eu me sentia quando a bebida estava no meu organismo, mas posso sobreviver sem que essa parte vença.

Seguir leyendo

También te gustarán

369K 33.7K 56
Taylor perdeu os pais e morreu alguns segundos depois de um terrível acidente de carro, depois disso ela nunca mais esteve sozinha.
153K 11.3K 23
sn e uma meio humana e meio oni que acabou chamando a atenção de um certo oni
21.6K 1.2K 13
s/n Singer, é uma mulher que ao completar 19 anos queria se tornar uma caçadora igual ao pai, porém Bobby como um pai super protetor não autorizou el...
129K 7K 53
VOLUME 1/ LIVRO 1 +16⚠️ CAPÍTULOS REVISADOS APENAS APÓS O FIM DO LIVRO!!!!! Chase Hudson. Um homem misterioso, cauteloso e imprevisível. Não se pode...