PERSEU: FILHO DO FOGO

Por Bibianesantos

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Perseu quer vingança desde o dia que viu sua mãe ser violada e assassinada. Mesmo sendo um banido - filho do... Más

AVISO!
Prólogo!
Capítulo 01
Capítulo Bônus
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Bônus
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capitulo 18
Capitulo 19
Capítulo 20
Capitulo 21
Capítulo 22
Capitulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capitulo 26
Epílogo

Capítulo 08

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Por Bibianesantos

PERSEU

O segurança olha para mim com a caixa na mão, pede para verificar o conteúdo, abro com naturalidade, mostrando o que tem dentro, ele mexe nos produtos e o seu interfone toca neste momento. O homem é metido a poderoso por ali, segundo algumas conversas que ouvi, ele tinha mania de deixar as moças da equipe desconfortáveis, estilo o tio chato das piadas sem graça de almoço de domingo. Não sei o que isso quer dizer, mesmo porque nunca tive tios e nem almoços de família nos domingos, mas essa é a descrição usada por elas para falar dele.

— Você é forte, aguenta empilhar todas essas caixas. — Ri da própria piada sem graça e faz sinal para que eu pudesse passar com as caixas, não dou risada, sigo em frente e sou chamado de volta. — Você que limpa os banheiros, né?

— Sim, senhor — admito, contido.

— Então deve ver muita funcionária gostosa no banheiro feminino. — Solta um riso, e não faço o mesmo, não conseguiria fingir graça numa coisa desta. — É brincadeira, mas, se descobrir como ver a menina no banho, conta para a gente.

Realmente ele é um doente, um escroto, acho que posso utilizá-lo no meu plano, dois idiotas a menos no mundo, decretei naquele momento que o tiozão ia morrer.

— Não sei como pode acontecer isso, mas, se souber, conto sim — respondo com cara de idiota, e ele bate em meu ombro, feliz com minha resposta.

— Vá logo levar as caixas.

Assinto com calma e sigo para os fundos, vontade de destravar minha doze na testa daquele imbecil. Mas sou calmo, tudo em seu tempo, estou com raiva, pois há muitos anos que não faço um serviço deste, odeio essa coisa de ficar pisando em ovos.

Além de odiar estupradores, ninguém merecia passar por isso e as consequências que vinham de situações como essa – tipo um filho indesejado – e nenhuma criança merece esse carma, de ser filho de um estupro.

É passado, convivo bem com ele, mas alguns gatilhos não ajudam esse esquecimento, são estopins para lembrar a forma que vim ao mundo e como é meio bosta a minha existência.

Ponho as caixas na pilha e batuco na tampa de uma delas, pensativo.

— Júlio Cesar?

Me viro e dou de cara com uma das meninas da outra noite e fico em silêncio, não voltei a encontrá-la depois do que aconteceu, mesmo porque não tinha explicação para dar ao meu comportamento. Se fosse em outro local, sairia andando e ligaria o foda-se, mas estou interpretando um papel ali e não posso fazer isso. Então volto a fazer cara de bobo e sorrio para ela, puxando a aba do boné para baixo em um jeito retraído, como se fosse tímido.

— Quero dizer que seu segredo está guardado com a gente. — Torce as mãos nervosa, e fico sem saber que tipo de segredo ela pretende guardar. — Não vou contar a ninguém, e Laila não pretende falar também.

Humm, isso era bom.

— Obrigado, foi...

— Fica tranquilo, essa coisa de brocha é normal...

Estreito o olhar e tento fingir demência, agora sou brocha, merda. Melhor que elas descobrirem minha verdadeira identidade, porém, meu ego se encontra ferido.

— Obrigado por não falar nada. — As palavras queimam meus lábios, melhor assim, não corria risco de elas ou outras virem atrás de mim, tento me convencer, onde meus traumas me levaram? Parecer um brocha!

Ela pisca e vai embora rebolando, e eu suspiro alto, meu celular faz barulho de notificação, pego e olho a tela, e era a rede social da Zoe, criei um perfil falso para segui-la, só por proteção, minto para mim mesmo, ela postou uma foto de uniforme de enfermagem, cabelos presos, uma prancheta nas mãos e um sorriso radiante. Não entendo para que ela criou a droga de um perfil nas redes sociais, apesar de ser restrito e com poucos seguidores, a maioria era colegas de curso dela, e as postagens eram mais sobre flores e paisagem, localizações ou legendas sugestivas; para conseguir ser aceito em sua conta, tive que hackear seu celular. Volto a dizer que foi por precaução. Ela mora na minha casa. Agora tudo que ela posta, recebo as notificações, alguém rapidamente já tecia comentário na foto dela. Um tal de Maurício, quem é esse cara?

"Linda".

Ele escreve na foto dela e recebe um coração em resposta. Que porra estava acontecendo? Inferno! Entro no perfil do cara e é aberto, tem diversas fotos de ele sorridente, com outras pessoas, e achei que a boca do infeliz tem dentes demais. Poderia ficar sem alguns. Na descrição, diz que ele é estudante, amigo da natureza e surfista, uma onda poderia ser de grande ajuda para levar o corpo dele. Faço a ligação restrita, e logo Emma atende.

— Quem é Maurício?

— Quem? — O que ela fica fazendo que não sabe quem ronda a Zoe?

— Um conhecido da Zoe — respondo, tirando o boné da cabeça e olhando para os lados. — Como você não sabe quem é?

— Por que eu iria monitorar os namorados da garota? Sou babá dela agora?

grita do outro lado, e tiro o telefone do ouvido com o som dos gritos.

— Por que está gritando comigo?

— Porque você está me atrapalhando — geme, e eu entendo o que ela quer dizer com atrapalhar.

— Eca, não quero nem imaginar você nua. — Faço cara de nojo — Pare de trepar e descubra tudo sobre esse tal de Maurício, até o número dos sapatos dele, tudo, ouviu?

— Vai se foder! — Desliga na minha cara, que desgraçada, e nem são dez horas do dia para ela está transando, rumino com raiva dela por isso, já que agora sou brocha, pela Zoe ter um amigo.

Que porra está acontecendo com essas mulheres? Vejo a coach chata de longe e me escondo atrás das caixas, cansado de ela me cercar com suas insinuações. Será que meio milhão valia a pena, passando por tanta humilhação?

Podia ligar para Zoe e indagar quem é esse cara, mas terei que explicar duas coisas: por que estou ligando se nunca fiz isso e o como sei das suas amizades? Droga! Vejo por cima das caixas que a barra está limpa e abro a caixa debaixo, onde está o material que a Emma enviou para mim.

Preciso agir rápido, não aguento mais esse lugar bancando o lerdo imbecil, e agora preciso descobrir se a Zoe corre perigo com esse Maurício. Analiso os ângulos do local com meus óculos que detecta calor humano, assim, consigo ver, mesmo distante, que tem pessoas por perto. Pelo menos dessa vez a Emma fez seu trabalho correto, analiso o resto do material e sigo para meu alojamento.

*******

Avisto o segurança e o secretário particular se aproximarem com a pequena pessoa enrolada em uma manta, digitando a senha do local; os dois entram com o que com certeza é uma criança para a sala secreta. O meu alvo está no andar de cima, em seu quarto particular; pela minha investigação, deve estar tomando banho, era um ritual dele tomar esse banho de banheira à base de sulfato de magnésio, coisa de gente fútil e dissimulada, que acha que dinheiro limpa a sujeira da alma.

O mordomo particular deixa o quarto, e eu me escondo antes que ele me veja, sei que logo ele vai voltar, e conto os segundos cronometrados no relógio, e o ritual de sempre se cumpre, ele volta com uma bandeja no carrinho que contém, além de comidas, frutas, vinho.

Para no corredor, verifica tudo e abre a porta do quarto, empurrando para dentro o carro e, assim como imaginei, ele sai do quarto com o celular, que toca alto, indo para o outro lado atender.

Sem dúvida que ele faria isso quando o telefone tocasse, seu chefe não pode ser incomodado com barulhos no momento de seu ritual de purificação. Emma, às vezes, serve para fazer o que se pede. Esgueiro-me pela parede até o quarto, sem medo das câmeras, já que dei um jeito nelas mais cedo, já sabendo que não tem mais ninguém por perto, em noites como essas, a casa fica em silêncio, eles não desejam que mais pessoas saibam o que rola daquele lado da moradia. Os empregados são reduzidos e proibidos de ir até a ala particular do chefe.

O quarto é amplo, o carrinho se encontra perto da porta do banheiro, troco a garrafa de vinho pela que tenho comigo e volto rápido para o corredor a tempo, pois, em seguida, o mordomo volta e entra no quarto – de maneira certa, ele vai servir uma taça de vinho e depois frutas ao seu senhor. Olho o relógio e aguardo sua saída e, dentro do tempo, ele volta com o carrinho, empurrando para copa, e mais uma vez o seu telefone toca. O mesmo olha o visor e revira o olho, mas atende.

— Estou trabalhando, já disse...

Não ouço mais sua conversa, pois já sei do que se trata, ponho a mão para fora do meu esconderijo atrás da grande pilastra e troco a garrafa de vinho.

— Mulher maluca! — resmunga, desligando a ligação e indo embora, empurrando o carrinho.

Minhas luvas não deixariam digitais nas garrafas, espero o tempo que o veneno fará efeito, ninguém entrará para salvá-lo, mas eu gostaria de ver seus olhos perdendo a vida. E entro no quarto, indo direto para o banheiro, que é duas vezes maior que o alojamento dos empregados. Ainda está vivo, mas seus olhos estão enormes, esbugalhados, e sua boca despencada e seu coração bate forte, que dá para ver pela sua respiração, o veneno está fazendo seu coração entrar em colapso até parar de vez. Ele tenta agarrar minha mão, mas já não tem forças, enquanto espero sua morte, pego a taça do vinho, lavo, limpo os vestígios e volto a colocar sua mão nela e seus lábios na borda. No bolso, tenho um pouco do vinho sem veneno e ponho o líquido na taça, já sem rastro do antigo líquido, será só uma parada cardíaca, para um homem de sua idade, era bem comum, essas coisas acontecem.

Homens como ele nem deveriam vir ao mundo, poderiam morrer antes de nascer, cruzo as pernas e observo sua alma ir direto para o inferno.

— Tomara que o diabo coma seu rabo todos os dias pelo resto da sua morte.

Olho todos os vestígios e está tudo como planejado, pergunto a Emma por mensagem se o corredor se encontra limpo, já que mandei o direcionamento das câmeras para ela, ninguém iria encontrar nada suspeito nas filmagens se procurasse, só a entrada e saída do mordomo no quarto.

A vigarista da Emma era boa em invadir o sistema, ensinei bem quando a treinei. Penso um pouco orgulhoso da malandragem dela, ainda não engoli que a mesma me mandou me foder mais cedo e que não me deu nenhuma notícia da Zoe.

Nem quero pensar nesta parte, preciso focar aqui, e não em minha vontade de estraçalhar um tal de surfista estudante. Além disso, não tenho nenhum direito sobre ela, mas não deixaria nenhum marmanjo se aproveitar da Zoe.

Foco, Perseu! 

Olho todo local, pena que não posso tacar fogo em nada. Sempre gostei do fogo, era estimulante ver as chamas subirem, acho que isso me conectou a Zoe. Na hora que ela colocou fogo na sua cabana, senti meu peito explodir com um sentimento profundo que parecia pertencimento, pode parecer loucura, mas foi assim que senti naquele momento, a vendo sair da casa pegando fogo.

— Uma deusa! — digo em voz alta.

Emma sinaliza que tudo limpo, deixo o quarto calmamente, indo para ala dos empregados, mas antes olho a porta da sala secreta, hoje uma criança não seria teria sua alma roubada por um velho imundo.

******

O corpo é achado duas horas depois, o mordomo encontra o cadáver, ele havia pensado que seu senhor se encontrava já na sala secreta e voltou para organizar o quarto. O médico foi chamado e, como combinado, veio o médico da agência, o mesmo que atestaria o infarto.

Observei de longe com meu binóculo, já que, para todos, precisei viajar mais cedo, meu pobre pai passou mal e precisei urgentemente ir até ele.

— Missão cumprida, filho do fogo — Emma diz no telefone.

— Odeio quando me chama assim — reclamo, esse apelido idiota foi dado pelos colegas da agência depois de descobrirem meu fascínio pelo fogo. — Preciso fazer uma viagem.

— Daquelas? — indaga com voz fria.

— Cuide de tudo, assim que puder, mando notícias.

Desligo a ligação, olho a foto da Zoe na minha galeria e olho para o céu estrelado, será que teria paz desta vez? Ou mais rancor quando voltar?

Jogo a mochila no fundo do jipe e entro do lado do motorista, dando partida. 


OI AMORES, O CAPITULO DE SEGUNDA, POIS PROVAVELMENTE NÃO ESTAREI DISPONIVAL, MAS VOLTAREMOS DEPOIS DO CARNAVAL. 

AGORA O BICHO VAI PEGAR... 

AGUARDEM!

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