POV. Ashley Brown
Um final de semana incrível, pude passar mais tempo com meus pais e mostrar pra eles o quão inteligente eu sou, pude explicar como o meu grêmio estudantil funciona, meus pais estavam orgulhosos de mim... não que fosse difícil deixá-los orgulhosos de mim.
Hoje, domingo, final de tarde, estou literalmente super entediada, já estudei para a prova que irei ter amanhã e não tenho mais o que fazer, estou deitada na cama, quero muito sair mas não tenho com quem ir ou pra onde ir.
Me levanto da cama e faço o esperado, me sento em uma cadeira de frente para um espelho e começo a me maquiar.
*
Depois de pronta, me olho no espelho e sorrio ao ver o meu reflexo, eu gosto do que vejo. Passo o batom nos meus lábios, sorrio para o espelho, me viro pego minha bolsa e desço as escadas, mas antes de sair de casa falo:
- Estou saindo, não tenho hora pra voltar.
Eu sei que ele não vai gostar disso, nós temos um trato e eu estou quebrando este trato, mas se ele não me atende, eu não posso fazer nada.
Entro no aplicativo, passo o endereço para o motorista e em minutos eu estava parada na porta da casa dele.
Caminho lentamente até a porta e dou duas batidas na porta, sem demorar ele aparece e vejo o seu sorriso sair do seu rosto, imediatamente sinto a sua mão indo na direção do meu braço e apertando mesmo, sem reação eu me deixo ser arrastada para dentro de sua casa.
- Isso tudo é saudades meu amor? Eu também senti. - me aproximo para beijá-lo mas rapidamente ele recua.
- O que você está fazendo aqui? Alguém te viu? - pergunta ele exasperado.
- Eu sempre tomo cuidado, seja na escola ou então agora.
- Nós tínhamos um trato, só nos envolvemos na escola e não na minha casa ou então em qualquer outro lugar em que pudéssemos ser vistos.
- Rich, você está se estressando à toa, ninguém me viu entrar aqui e muito menos na escola, as vezes acho que você me vê como criança. - falo revirando os olhos e encarando as minhas unhas recém pintadas.
- Por causa dessas atitudes que eu te vejo como uma criança mimada, uma adolescente chata que se não tem o que quer surta. - fala com desdém.
Olho para os seus olhos e não vejo mais o brilho que sempre tinha quando falava comigo, volto a me aproximar dele rapidamente.
- Me desculpa, olha vamos fazer alguma coisa, eu faço o que você quiser. - falo desesperada.
- Ashley, preciso que vá embora.
- Não, isso não, Rich... por favor.
- Você não deveria nem estar aqui.
Fala Richard se afastando de mim e indo em direção a cozinha, o sigo e percebo que ele estava começando a cozinhar.
- Eu posso te ajudar, só me diga o que fazer. - falo tentando ser útil.
- Já falei o que é pra você fazer, apenas vá embora. - fala pegando sua taça de vinho e bebendo.
- Isso eu não vou fazer.
- Ashley, entenda minha querida, você só não saiu ainda porque eu não quis.
- Você acabou de se contradizer, você quer que eu fique. - falo com um sorriso vitorioso no rosto.
- Na verdade eu só vim ver o meu assado, você vai sair daqui agora.
Ao terminar de falar, ele se aproxima de mim, sinto suas mãos em meus braços e rapidamente ele me tira de sua cozinha, percebo que ele está me levando até o fundo de sua casa.
- Richard, por favor, eu quero ficar.
- Mas você não vai. - fala ele apertando meus braços com mais força.
Sinto os meus olhos começarem a lacrimejar, respiro fundo para evitar o choro.
- Eu não vou. - falo me jogando no chão.
O vejo quase cair por cima de mim, mas rapidamente ele se recompõe e coloca as mãos na cintura e fica me encarando.
- Ashley, vai embora da minha casa agora. - grita comigo.
- Por favor, eu não sou uma criança ou então os outros adolescentes do colégio, você sabe disso, me deixa ficar, Rich. - falo chorando. - Eu me arrumei pra você, só pra você me ver, olha do jeito que estou sendo tratada.
- Vá embora.
Me levanto e balanço a cabeça negativamente.
- Eu mereço mais do que isso Richard.
Ando até o fundo de sua casa e saio pela lateral da casa, olho para os lados e vejo que ninguém havia me visto, rapidamente começo a andar, pego o meu celular e de forma impulsiva mando mensagem pra uma pessoa que eu sabia que iria me ajudar a esquecer esse episódio da minha vida.
***
- Por que estamos aqui, Ash? - pergunta Tom olhando para os lados.
- Eu queria companhia. - fala simples.
- Faz muito tempo desde a última vez. - comenta Tom.
- Eu sei querido, eu estive tão ocupada, muito ocupada com o grêmio estudantil, provas, você sabe como é. - fala Ashley. - Você tem o lacrosse também, então com total certeza você sabe como é.
- Nem me fale disso. - fala irritado.
Ashley o olha, ela realmente gostaria de saber o que está o afligindo? Mas se ela o ouvir ele provavelmente irá ceder e fazer o que ela quer.
Ashley se senta no banco e o olha, fazendo com que imediatamente ele se sentasse ao seu lado.
- Me conta o que está acontecendo. - diz ela sorrindo.
- Tem certeza que quer ouvir? - pergunta Tom receoso.
- Claro, meu amor, estou preocupada com você agora.
- Tyler e Alec voltaram a ser amigos.
- Isso é um problema?
- Claro, olha era pra eu ser o melhor amigo do Tyler, droga na minha outra escola eu era capitão, namorava a líder de torcida e aqui eu sou o que? Nada.
- Você é do time. - fala Ashley olhando para as próprias unhas.
- Eu não quero ser um jogador comum, eu quero ser a referência, mas agora que Tylec voltou, fica difícil. - fala irritado.
- Tylec?
- Juntando o nome dos dois fica isso.
Começo a dar risada.
- Para de rir, Ashley. - pede Tom ficando mais irritado.
- Iremos os dois parar de falar, parar de rir,. - fala Ash se levantando e se sentando no colo do Tom que a olha sem entender.
- Por que está fazendo isso? - pergunta o garoto sem entender.
- Porque me deu vontade. - fala Ash se aproximando de Tom e lhe dando um selinho, mas antes de conseguir aprofundar o beijo ele se afasta. - O que foi agora, Tom?
- Eu não quero.
- Como assim não quer me beijar?
- Simplesmente não quero, eu pensei que você se importasse comigo, que quisesse realmente me ouvir, mas isso tudo foi pra sanar as suas vontades apenas. - fala ele tirando Ashley de seu colo e se levantando.
- Não é isso que você está pensando.
- Ash, desde que eu cheguei na escola sempre foi assim, você dando em cima de mim e tudo o que você queria eu simplesmente fazia... é isso que eu sou pra você? Um burro de carga? - fala ele chateado. - Eu não quero mais, não quero mais esse tipo de proximidade com você.
- Você não sabe o que está fazendo, o que está falando.
- Sei sim, eu não sei quem é o novo garoto que você está ficando, mas tenho certeza que ele falou não pra você, e aí você volta porque sabe que eu vou falar sim pra você, mas eu sinto muito, isso não vai acontecer, não hoje, não agora.
Tom termina de falar, vira as costas e se afasta de Ashley o mais rápido possível.
POV. Ashley Brown
Vejo o Tom se afastar e sinto os meus olhos lacrimejarem.
Estou sozinha de novo.
Coloco as mãos no rosto e solto um grito agudo e abafado. Me sento novamente no banco e olho para as minhas unhas.
O que estou fazendo da minha vida?
Me levanto do banco, decido chamar um motorista de aplicativo, ao chegar na minha casa me sento no sofá, conseguia escutar a voz dos meus pais conversando animados na cozinha, isso só faz com que eu me sinta mais angustiada. Me levanto do sofá e falo alto:
- Cheguei.
- Tá bom, amor. - responde meu pai da cozinha.
Subo as escadas e vou até o meu quarto, onde me deito na cama e fico encarando o teto.
Eu não entendo o que deu errado hoje, Richard praticamente me tratou como se eu fosse uma criança e o Tom disse que eu só o estou usando, eu não consigo entender, eu não sou uma criança e não estou usando Tom.
Suspiro irritada.
Pego o meu celular, entro nas redes sociais e vejo uma foto que o Tyler postou com o Alec, em seguida clico no story do Alec e começo a assistir:
- Bem pessoal, eu to bem, to conseguindo andar. - fala Alec andando.
Um pouco mais próximo do celular ouço a voz do Tyler o que indica que ele estava segurando o celular do Alec.
- Para de ser mentiroso. - responde Tyler. Tyler vira o celular pra ele e começa a falar. - Eu to mega doente por causa da chuva e o Alec não tá conseguindo nem andar direito galera, mas provavelmente no próximo treino estaremos bem.
Pulo os story do Alec, mas sorrio ao ver duas xícaras de café.
Tom tem razão, a dupla está de volta.
Suspiro.
Será que eu deveria ter escutado o Tom, mas eu realmente só queria beijar ele...
Me levanto da cama, vou até o meu espelho, onde me sento e começo a retocar minha maquiagem, vou até a minha janela, abro a mesma e vejo que a iluminação não estava boa, mas também não estava horrível, me sento e tiro uma foto, faço algumas edições e logo posto a minha foto.
Angustiada sim, feia nunca.
POV. Tom Keen
Eu sinto o meu corpo quente, estou muito irritado com tudo que aconteceu, Tylec estão bem, como se nada tivesse acontecido...
Mas que droga, o que o Alec tem que eu não tenho? Sou mais bonito, jogo bem melhor do que ele, eu não entendo, não consigo entender.
Olho para as minhas mãos e vejo que eu estava tremendo, olho pra cima e respiro fundo, ao virar a esquina, vejo minha casa, me aproximo da porta e respiro fundo novamente para tentar me acalmar.
E mais essa, a Ashley só veio atrás de mim pra me usar, ela me vê como um objeto, isso não é certo.
Dou um soco no batente da porta e abro a porta, ao abrir a mesma vejo o meu pai sentado no sofá, percebo que ele estava lendo um livro e estava segurando uma taça de vinho.
- Oi. - falo irritado.
Ele rapidamente me olha e tira seus óculos.
- Oi? Que falta de respeito é essa? - questiona ele fechando o seu livro.
Reviro os meus olhos.
- Sim, pai, é oi, o que mais quer que eu diga? Quer que eu te trate como diretor até dentro da minha casa? - falo ríspido.
- Dentro da sua casa? Essa casa é minha! E você só está nela porque teve um bom destaque no lacrosse na outra escola e você foi transferido, mas se não fosse por isso... - fala meu pai.
O olho com raiva, sentia meu corpo tremer, meu coração estava acelerado.
Então até pra ele eu sou visto como um objeto, só porque me destaquei eu vim pra cá, ele foi um pai ausente, por qual outro motivo ele gostaria da minha companhia aqui? Ele não me quer aqui, só quer me usar, só quer o troféu e o dinheiro que a escola vai ganhar.
Começo a respirar rápido e dou um tapa na mesa onde havia uma estátua, ao derrubar no chão, encaro a mesma no chão só que agora em pedaços, olho para Rich que me encara com raiva.
- Você está ficando maluco, garoto? - diz ele irritado.
- Não, eu não estou ficando, você está me deixando maluco, todos vocês estão. -grito.
Observo meu pai sorrir e tomar um pouco de seu vinho que estava na taça, ao ver essa cena fico mais estressado do que já estava.
- Você não se importa comigo, Richard. Como eu pude ser tão burro? - pergunto para mim mesmo.
- Claro que não, como eu poderia? Olha esse descontrole, Tom. - vejo meu pai balançar a cabeça negativamente. - Você deveria ser mais como os seus colegas de classe, você está na mesma sala que eles, aprenda com o Tyler, com Alec, olha as suas atitudes, como você quer que eu te ame se você só me decepciona? - questiona Rich.
Dou um soco na mesa onde estava a estátua.
- Eu sempre fiz de tudo por você, pai, desde quando eu cheguei aqui, você me fez vários pedidos: Seja meus olhos e ouvidos, consiga o troféu, se souber de qualquer coisa que vá prejudicar a escola me diga. - falo listando e gritando. - E eu fiz! Eu fiz tudo isso, só não te dei o troféu porque ainda não terminou, mas eu fiz tudo, pra que? Pra ver você tratar o Tyler como se ele fosse o seu filho? Eu sou seu filho. - grito. - Tom Keen, eu carrego o seu nome pai, não o Tyler, mas mesmo assim você não me vê como o seu filho. - respiro fundo. - Me comparar com o Alec? Eu jogo muito melhor que ele, na minha antiga escola eu era o capitão do time, sempre namorei as líderes de torcida e aqui até namorei com a Ashley.
- Como se fosse grande coisa namorar a Ashley, qualquer um fica com essa menina. - fala meu pai ríspido.
- De tudo o que eu te falei, a única coisa que você ouviu foi sobre o que eu falei sobre a Ashley? - balanço a cabeça negativamente. - Você é um idiota.
- Olha o respeito. - grita ele.
- Respeito? Não dá pra te respeitar, pai - falo com nojo.
- Alec e Tyler conseguem, se aproxima deles, talvez você consiga também. - comenta Richard colocando sua taça em cima da mesa.
- Eu te odeio. - grito.
- Como você quer que eu te ame, que eu te elogio, se você só me trás decepções? Era mesmo necessário termos essa briga? Mas sabe por que estamos brigando? Porque você só sabe ser um sem educação, eu sou seu pai, você deve me chamar de senhor, você deveria ter falado: Boa noite senhor, ou então oi senhor. Não apenas um oi seco, Tom, eu realmente esperava mais de você.
O vejo sair da sala e ir em direção às escadas e subir a mesma.
Eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio, e principalmente eu me odeio por me permitir te amar.
Me aproximo de sua taça de vinho, pego a mesma e jogo a mesma no carpete branco da sala, sabendo que iria manchar, vou em direção as escadas e subo a mesma indo em direção ao meu quarto.