𝑱𝑱
Eu e a Lizzie entramos na caminhonete do pai do Pope em silêncio, ainda estava digerindo tudo que tinha acontecido. Sento no banco de trás e apoio minha cabeça na janela, precisava pensar e entender o que estava sentindo, agora eu era uma mistura de coisas, estava magoado por pensar que ela esteve com outro cara, estava com raiva pela forma que ela falou comigo, como ela falou do John B, mesmo ele não tendo morrido toda essa história ferrou com a vida dele, mas também estava com medo, não queria que ela fosse pra Nova York, queria me afastar dela mas não nessas proporções, o medo de perder ela, estava mexendo muito comigo.
Olhava pra ela as vezes, a feição séria e pensativa, indecifrável, não conseguia saber o que ela sentia ou qual versão dela era verdadeira, não saber dessas coisas me deixava louco, ela me deixava louco e mesmo assim, mesmo sendo inconstante e tóxico eu ainda era atraído pra ela.
Sou tirado dos meus pensamentos por um barulho alto, quando olhei pra frente vi uma fumaça cinza subindo do capo do carro, Pope vai freando o carro
-Cara meus pulmões são sensíveis -falo fechando o vidro
-Merda, merda -Pope fala parando o carro
Saimos todos da caminhonete, parecia que ela iria explodir a qualquer momento, ando um pouco no acostamento e vejo a calota da roda jogada no chão
-Cara você conseguiu perder a calota, parabéns -falo ironico
-Ser rastreada pelo meu avô parece melhor que isso -Lizzie fala
-Cala a boca Petrova -Kie respnde nervosa
-Vamos precisar de um mecânico -Pope fala pegando o celular
Depois de quase meia hora conseguimos um mecânico pelas redondezas, ele guinchou a caminhonete e levou até a oficina, mas o céu já estava quase escurecendo, com certeza não chegaríamos a Charleston a tempo de falar com a família Limbrey que nos mandou a carta.
Agora o Pope estava falando com o mecânico, Lizzie estava sentada em um dos bancos impaciente e a Kie estava sentada na traseira da caminhonete, ela também estava bem quieta durante a vigem toda.
-Ei, ta tudo bem? -dou um cutucaozinho nela
-Sim -ela sorri falsa
-Qual é Kie, você mente mal, fala o que ta rolando -me apoio na caminhonete
-Briguei feio com a minha mãe antes de vir pra cá, estava chateada e o Pope estava lá me consolando, sendo tão legal, acabei beijando ele -ela da um suspiro longo- Agora to me sentindo mal, o Pope gosta de mim e eu...eu não sei o que eu sinto ou o que quero, mas sei que vou magoar ele no final
-Sendo sincero, se você ainda está confusa, entao sim, você vai magoar ele...mas também acho que você gosta dele Kie, só não consegue se deixar sentir...nao sou idiota, vejo como você fica perto dele e como olha pra ele, além do Pope ser um partidão e tanto -dou um risinho- Só seja sincera com você mesma e seus sentimentos, o resto vai dar certo
-JJ guro do amor, essa é nova -ela fala dando um sorrisinho- Mas sabe, mesmo sendo contra o que eu vou falar agora, acho que deveria seguir seu proprio conselho -olho meio confuso pra ela- Notei o clima estranho no carro e qualquer um com meio cérebro percebe que vc é apaixonado por ela, eu não gosto nenhum pouco dela mas não acho que ela nunca tenha sentido nada por você, talvez você precise falar com ela, jogar limpo e ver qual a verdade que ela tem pra te falar
-Não vai adiantar muito agora, ela vai embora pra Nova York -falo meio cabisbaixo
-E isso ta te incomodando, mas um motivo pra falar logo com ela e colocar um ponto final nessa história -Ela fala me olhando
-É talvez -falo e olho pra Lizzie se levantando e saindo andando com o celular, volto a olhar pra Kie- E vc fala com o Pope, ele vai entender que você ta confusa, vai ser um alívio pra ele saber o que realmente você sente...vou dar um tempo pra vocês sozinhos -dou um sorrisinho de lado e vou atrás da Lizzie
Ela tinha se afastado da caminhonete, vou indo na direção que ela foi e consigo ouvir a voz dela, ela parecia irritada, sei que é errado ouvir a conversa dos outros, mas estava curioso.
-Eu já disse vovô, eu não fugi -ela faz uma pausa- Eu vou embora daqui algumas semanas mesmo, ir na aula não vai mudar nada...eu só estou aproveitando meus últimos dias em Outer Banks
Ela andava de um lado pro outro parecendo impaciente, consigo ver ela apertando a mão machucada e mordendo os lábios enquanto ouve o avô no telefone
-Agora você se preocupa? Você deixou de lutar por mim e me entregou de bandeja pra minha mãe, você sempre soube o quanto eu amo Outer Banks e mesmo assim, sem nem falar comigo ou tentar me entender você desistiu de lutar -ela morde o lábio de novo e olha pra cima- Eu já deveria estar acostumada com o abandono não é mesmo? Você era a única pessoa que eu tinha e agora me virou as costas, então não banque o preocupado agora -outra pausa- Eu não quero mais falar disso, estou bem é o que importa, tchau
Vejo ela desligando o celular, ela coloca no bolso e abaixa a cabeça, com certeza estava chorando, não sabia o que fazer, eu deveria ir até ela, mesmo sabendo que ela ficaria irritada por eu ouvir a conversa. Fico meio exitante, consigo ver ela apertar a mão machucada de novo, ela morde o lábio como cara de dor mas continua apertando, agora sou eu que mordo meu lábio, ela continuava se machucando, continuva se alto punindo.
Algo em mim nessa hora gritou, ver ela tão frágil se machucando, se sentindo sozinha, quebrou meu coração. Lizzie sempre foi boa em fingir, e agora eu percebi que não era só pra me manipular, ela escondia as dores dela de todo mundo, ela bancava sempre a garota forte, mas no fundo ela não era tão forte assim, ela precisava de alguém que escolhesse ela, que não virasse as costas Essa face dela, esses sentimentos, os sentimentos que ela mantém bem escondidos e achou na dor, se machucar é uma válvula de escape pra tudo, mas eu não podia deixar, so imaginar que algo pode dar errado e ela se machucar pra valer, me revira o estômago
-Merda -olho pra frente e vejo ela encarando a mão
-Precisa de ajuda?
Falo indo ate ela, a garota me olha assustada e esconde a mão
-Você estava me espionando, é serio? -ela me olha revirando os olhos
-Que bom que eu fiz isso, você continua se machucando, você não pode continuar fazendo isso Lizzie
-O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta JJ, vc deveria cuidar mais da sua vida e parar de se preocupar com alguém que não ta nem ai pra você, chega a dar pena você continuar correndo atras de mim como um cachorrinho -ela me olha irritada
-E vou continuar atras de você enquanto precisar, não vou deixar você ficar se machucando, isso não resolve e ainda pode dar muito errado..entao se acostume comigo pegando no seu pé
-Você é patético -ela da um riso debochado e sai andando
Seguro o braço dela, puxando ela pra perto de mim, desço minha mão pra mão dela e levanto na altura do meu rosto, o curativo estava sangrando muito, o machucado parecia ser grande. Sinto ela socando meu peito e tentando se soltar.
-O QUE VC ACHA QUE ESTA FAZENDO? Fica longe de mim, isso não é da sua conta, nao preciso da sua pena
-Não é pena Lizzie, me importo de verdade com vc, então me deixa te ajudar
-Por que? Por que se importa? Eu só machuquei você, te magoei, você deveria seguir em frente -ela me empurra e consegue se soltar- E PARAR DE ENXER MEU SACO
-QUE DROGA LIZZIE! EU NÃO VOU CONSEGUIR SEGUIR EM FRENTE ENQUANTO A MULHER QUE EU AMO ESTÁ SE MUTILANDO -percebo o que disse e fico parado no lugar olhando pros olhos dela
Ela pisca algumas vezes e me encara de volta
-O que vocês disse?
-Que...que não consigo seguir em frente sabendo que vocês se machuca -dou um passo e fico bem próximo dela- Sei que você me fez de idiota, me usou e me magoou, mas não importa quantas vezes você pise em mim ou quantas vezes quebre meu coração, eu sempre vou lutar por você, sempre vou ficar do seu lado e meu coração sempre vai ser seu, pra você fazer o que quiser com ele -afasto uma mecha do cabelo dela e faço carinho na bochecha dela- Não se desiste de quem ama e eu não vou desistir de você Princesa -falo olhando nos olhos dela
Lizzie me olha com lágrimas nos olhos, ela abre e fecha a boca atrás de alguma resposta, fica analisando meu rosto e depois do que parecem horas ela tira a minha mão do seu rosto e se afasta um pouco mais, mordendo os labios e olha pra baixo, depois ela volta a olhar pra mim.
-Você não pode sentir isso JJ...olha eu ate gostei de ficar com você, nem tudo era chato, mas não passa disso, um simples gostar, eu não tenho nenhum outro sentimento por você Quando eu falo pra você me esquecer, estou falando isso pro seu bem, porque amar alguém que não retribui é doloroso e você é um cara legal, não merece sofrer e vai por mim, pessoas que se aproximam demais de mim tendem a se machucar, você precisa se afastar agora, me esquecer
-Então é isso...você não sente nada por mim? -pergunto gastando os ultimos resquícios de esperança que eu tinha
-Não JJ, não sinto nada por você...me desculpa te iludir, mas agora estou sendo sincera e acho melhor você entender isso e virar a pagina
-Não consigo virar a pagina sabendo que você esta se machucando
-Prometo tentar me controlar se isso te acalma
-Tentar? Isso é perigoso Lizzie
-Eu sei ok? Acha que gosto disso? Mas é mais difícil do que parece, tentar é o máximo que posso te garantir
Suspiro pesado e concordo com a cabeça.
-Tudo bem, posso aceitar isso
-Eu me cuido e você se afasta -ela fala me olhando
Não queria aceitar essa ideia, mas a Lizzie já tinha falado que não sentia nada por mim, continuar insistindo é burrice, precisava aceitar que ela não estava apaixonada, não importa o que eu penso e ache que sei, afinal de contas Lizzie sempre foi um enigma e infelizmente nunca vou conseguir desvendar. Suspiro pesado de novo e olho pra baixo
-Tudo bem, me afasto de você
Olhando pra baixo vejo os sapatos dela se aproximarem de mim, levanto o rosto e vejo ela próxima de mim. Lizzie coloca a mão no meu rosto fazendo meu corpo todo se arrepiar com seu toque, olho pros olhos dela.
-Você é um cara incrível JJ, vai achar uma garota que mereça e te ame na mesma intensidade...infelizmente eu não sou essa garota, mas foi bom ser ela por alguns dias -ela fala me olhando nos olhos
Abro a boca pra falar algo, mas sou impedido pelos lábios da Lizzie, ela me da um selinho demorado, coloco minha mão na cintura dela a puxando mais pra perto, no momento não queria soltar ela porque sabia que quando fissece isso, nunca mais a teria daquele jeito de novo. Começamos um beijo calmo.
Lizzie vai terminando o beijo e me da dois selinhos, ela de afasta e me olha dando um leve sorriso
-Seu presente de despedida
Não consigo dizer nada, não queria me despedir, mas isso era a vida real, casais não são almas gêmeas e não ficam juntos pra todo o sempre.
-É...é melhor eu voltar pra caminhonete, preciso trocar o curativo
Ela não espera eu falar algo e já se vira indo embora. Sinto uma única lágrima caindo pelo rosto, fico encarando ela se afastando, era como se ela estivesse indo embora da minha vida e isso sim seria pra sempre.
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Oii pessoal
Estou feliz com o rumo que a história esta tomando e o quanto ela está crescendo aos poucos.
Beijinhos 😘