Os dias eram longos e torturante, cada dia que se passava eu perdia mais a fé e a esperança me tornando uma pessoa fria, não sentia nada, absolutamente nada.
Minha rotina era simples: acordava às cinco da manhã, fazia o café da manhã para todos, depois que todos comiam Arlen me autorizava a preparar algo para comer, depois que todos saiam para "trabalhar" eu limpava toda a casa, cuidava do jardim, tirava a poeira e guardava o que estava fora do lugar, logo após preparo o almoço e quando eles chegam me entregam as coisas sujas para que eu lave e deixe para Aurean afiar e polir, quando todos terminam de comer Arlen trás um prato para mim e geralmente fica me observando comer em silêncio e sem fazer nenhuma pergunta.
- Não vou fugir seu imbecil. - digo enquanto como um pedaço da coxa de frango.
Ele permaneceu em silêncio me observando.
- Se vai ficar aqui pelo menos fale algo, vou ficar maluca se continuar sem falar com ninguém.
- Você pode falar com quem você quiser e quando você quiser. É você que se priva disso. - ele diz com uma voz felina e mortal.
- O que pretende fazer exatamente comigo? - digo colocando o prato de lado em uma pedra, o barulho do rio era o único som que ouvi por um longo tempo.
- Eu tenho um lugar para você na guilda...
- Não. - o interrompo, ele mão fica nada feliz.
- A sua vaga nunca será preenchida, saiba disso princesa. - ele brinca com a água.
- Quero que me leve de volta para Milo. - digo em alto e bom tom, ela não esboça nenhuma expressa apenad diz com um tom de voz casual.
- Eu lhe fiz um favor ao tira-la daquele inferno e você ainda quer voltar para lá?
- Sim, eu quero. Eu quero voltar para o meu noivo, para meus amigos, para minha casa. - digo com a voz embargada.
- Celestia e Athanasi tudo bem, mas Ronan? - ele arregala os belos olhos cor de carmim - Ele é um monstro, um lobo em pele de cordeiro.
- Não... você não o conhece como eu conheço.
- Você que não o conhece. Onde ele estava na tempestade do navio? Como aquele colar foi parar no seu quarto? Como ele ganhou aquela cicatriz? Pense Talia, pense. Você não é estúpida, pense. - eu não queria aceitar o meu raciocínio, seu tom de voz se suaviza - Eu sei que é difícil, eu sei que dói, mas quero que saiba que se você quiser eu o mato por você.
- Não. - digo baixinho - Ele pode até ter me traído, mas eu ainda o amo.
Ele abre a boca para falar mas Aurean surge as margens do rio chamando a nós dois. Eu preferia ter ficado no rio pois não estava preparada para o que eu veria.
Um elfo ajoelhado, todo ensangüentado, espancado e mutilado, mas fiquei feliz por não ter vomitado. Arlen já chegou socando o rosto do elfo enquanto ele gritava de dor e os outros assassinos apenas assistiam sem fazer absolutamente nada além de sentar e assistir. Olhei para Caliandra que sustentava um olhar apático e frio e um sorriso perverso nos lábios, Arlen continuava a bater no elfo enquanto Aurean curava os ferimentos para abri-los novamente mais tarde.
- Piedade. Piedade. Piedade. Piedade. - o elfo pedia sem parar, mas piedade não era algo que eles possuíam.
- Quantos antes não imploraram isso também a você? - Arlen diz com a voz tão dura quanto pedra.
Os olhos cor de âmbar do elfo tremeram de temor ao ouvir as palavras dele, e eu me estremeci também, como alguém consegue ser tão frio e insensível.
- Tranquem esse filho da mãe no quarto e o deixem por três dias sem comida nem água e nem mesmo limpem seus ferimentos. - Arlen diz se levantando e limpando as mãos em sua blusa, Aurean levanta o elfo bruscamente e ficou parado olhando para mim.
- Pegue a chave porra. - Arregalo os olhos e corro para pegar o molho de chaves com as mãos trêmulas e calejadas.
Ele me leva até o quarto de maçaneta marrom e eu demoro um pouco para destrancar e conseguir empurrar a porta, é nada mais nada menos que um cômodo vazio, empoeirado e manchado de sangue sem nenhuma ventilação.
- Entra aí. - ele empurra o elfo para dentro com força.
O elfo permanece em silêncio e claramente assustado.
- Pode trancar. - Aurean me diz, mesmo trêmula eu tranco a porta e me afasto lentamente e em silêncio da porta mantendo a cabeça baixa e não olhando diretamente para ele - Você está bem?
Apenas concordo com a cabeça discretamente.
- Olhe para mim. - obedeci em silêncio, é fácil desafiar Arlen mas eu nunca sonharia em desafiar Aurean.
Ao olhar para ele senti uma dor forte no coração, ele se parece tanto com Ronan, Celestia e Athanasi, ele chegou mais perto do meu rosto e seu hálito gélido beijou meu rosto.
- Você está trêmula. - ele diz com uma voz acolhedora - Está com medo?
Concordo unicamente com a cabeça.
- Não precisa ficar assustada - Sua voz é estranhamente acolhedora o que acabou me fazendo chorar - Não chore.
Ele fez algo para o qual eu não estava preparada, ele me abraçou... ele me abraçou, um abraço longo e demorado.
- Está melhor agora? - concordo novamente com a cabeça em seu peito - Ótimo. Agora não abra a porta e vai ficar tudo bem.
- Vocês vão matá-lo?- luto contra as lágrimas.
- Sim, mas ele merece. - ele sussura em seus cabelos.
- Ninguém merece morrer, por mais cruel que essa pessoa seja.
- Admiro isso em você Talia, você tem compaixão isso é algo com o que eu apenas sonho. - olho fundo em seus olhos, seus olhos azuis claro brilharam quando ele se inclinou e me beijou.
Fechei os olhos e deixei aquela sensação percorrer em meu corpo, cada movimento de sua língua fazia com que meu corpo recebesse choques elétricos que me deixaram a mercer dele. Sua língua percorreu minha boca com desejo puro e carnal enquanto sua mão percorria minhas costas e a outra segurava meus cabelos em um rabo de cavalo que ele fazia questão de dar longos puxões.
Ele para de repente, eu estava ofegante e por incrível que pareça eu não sentia mais medo, nem dele nem de Arlen, ele se afastou e eu me escorei na porta e observei ele sair.
E naquele momento senti que teria que fazer algo pelo bem desse lugar escuro e nojento segurei a chave e abri a porta, o elfo me olhou assustado e com medo. Me ajoelhei ao seu lado e falei com uma voz suave.
- Eu vou te tirar daqui.
- Não posso sair, eles vão me matar muito pior se eu fugir. - ele diz tremendo.
- Não vão, siga pela floresta por um caminho chamado ilha das bruxas brancas lá você vai chegar a um rio, siga o rio até Cadaman.
- Se sabe tanto sobre isso, por que não fugiu?
- Porque eu não posso. - eu só não posso... - Quer fugir?
- Sim, por favor. - ele me pediu.
《♤》
- Onde ele está? - Arlen berrou.
- Ele fugiu Arlen. - Caliandra diz.
- Como? - Arlen esbravejou novamente.
- Alguém abriu a porta. - Kota disse.
Arlen massageou as têmporas com os dedos indicadores.
- Eu dei instruções claras não dei? - ele gritou.
- Não podia deixa-lo morrer. - Gritei de volta.
- Você sabe quem ele é? - fiquei em silêncio - Aquele canalha é um sanguinário, ele mata por prazer. E mata crianças, arranca seus corações e os coloca em um pote como um troféu.
- Arlen se acalme. - Aurean pede.
- Vá pro inferno Aurean. - ele grita e depois se volta para mim - Você vai ajudar a capturar ele outra vez.
Eu estava com tanto ódio daquele elfo, como ele ousava matar pobres crianças?
- Ajudarei e melhor ainda, eu mesma irei matá-lo. - digo e um sorriso malicioso se abre no rosto de Arlen.