Capítulo XIII

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Ao ouvir a voz de Arlen novamente juto as mãos no rosto e começo a chorar, sinceramente não sei o que há de errado comigo... esse meu podre coração humano me impede de matá-lo por mais que eu queira. Todos da guilda protestam com ele, até mesmo a bruxa, dizendo que se eu continuasse morando naquela casa iriam sair, mas Arlen impôs sua autoridade como Nortis e como líder deixando todos em seus devidos lugares. 

Após o alvoroço sessar Aurean me escoltou até o meu quarto e me trancou, horas depois Kotta me deu as novas instruções em um pedaço de papel velho.

     1. Ficará trancada durante a noite e enquanto Arlen estiver em casa.

     2.  Está proibida de falar com qualquer pessoa da guilda a menos que seja requisitada. 

    3.  Irá ajudar nas missões de caça e assassinato quando Arlen quiser.

    4.  Só irá comer as sobras de comida. 



Meus olhos se encheram de água, aquelas eram as consequências das minhas ações e terei que aguentar.  A maçaneta do meu quarto gira lentamente e a porta range ao se abrir revelando a sombra da morte.

- Confortável? - ele escora na porta.

- Por favor vai embora. - me sento na cama e abraço meus joelhos.

- Essa é minha casa, caso tenha se esquecido. - ele sorri - Tenho que admitir que te subestimei princesa, você tem muita coragem. 

- Só queria ir para casa. - digo baixinho sem olhar para ele.

- Não venha com esse papinho de "casa". Se fosse mesmo isso já teria ido, você queria provar que é forte - coloco a cabeça entre os joelhos e suspiro - e conseguiu.

- Eu quase te matei. 

- Até parece que eu iria te deixar sozinha em uma casa cheio de assassinos que te odeiam, prometi que iria cuidar de você. 

Levanto a cabeça e quase dou um sorriso.

- Mas se você está pensando que essa sua tentativa de me matar vai passar em pune, está muito enganada princesa. Abra o olho pois eu vou dar o troco, quero ver se vai sobreviver as minhas tentativas de te matar. 

Engulo seco no mesmo instante, ele nem mesmo esperou minha resposta pois saiu e trancou a porta.  A marca entre meus seios começou a queimar novamente, arranquei minha blusa e comecei a bater na porta implorando para que abrissem, só queria jogar um pouco de água, foi quando me lembrei de que podia criar água... a dor da queimadura estava se intensificando de modo assustador e no lugar da água criei gelo e joguei em meus seios, mas parece que apenas piorou pois queimava ainda mais. Meus gritos enchiam o quarto enquanto sentia minha pele queimada, me arrastei no chão até a minha cama e me deitei respirando fundo tentando acalmar a dor e minha alma, tremores se espalhavam por meu corpo enquanto minhas pálpebras se fechavam lentamente. 





Acordei com um pulo coberta de suor, ao lado da minha cama havia uma tigela de mingau e um copo de água. Estava faminta, não me preocupei se estava ou não envenenada, levei uma enorme colherada a boca e comi... minha porta não foi aberta, nem no dia seguinte, nem no outro, nem no outro depois daquele, estava sedenta por um banho e por uma comida decente. Em quatro dias comi apenas uma vez por dia, comecei a me sentir fraca e senti que estava a beira de enlouquecer. 

Quando a porta se abriu quase pulei para fora do quarto, se não fosse por Caliandra com uma espada gigante  me impedindo. 

- Arlen não está em casa, hoje você fará todos os afazeres e a comida da próxima semana. Não tente nenhuma gracinha, ou tente, estou doida para bater em alguma coisinha burra hoje. 

- Posso tomar um ban... - Ela soca meu rosto me derrubando no chão. 

- Você só fala quando eu deixar sua merdinha. Se esqueceu? 

Abaixo a cabeça e não digo nada. 

- Ótimo... nada de banho, faça seus deveres e talvez eu deixe. 

Naquele momento soube que nunca mais teria a amizade de Caliandra de volta. 

Enquanto fazia as minhas tarefas notei que estava tudo estranhamente quieto, minha curiosidade se aguçou e então comecei a perambular pela casa em busca de respostas. Quanto mais eu andava, mais uma voz me dizia que deveria voltar antes que me descobrissem.  A porta do quarto de Arlen permanecia sempre fechada, mas estava aberta... me segurei na parede e tentei olhar dentro mas fui interrompida por Caliandra batendo o cabo da espada em minhas costas. 

- Eu não te disse para ficar longe dele? - ela diz com raiva.

Abri a boca para falar mas fechei imediatamente. Ela sorriu ao ver minha obediência. 

- Termine logo seus deveres escória humana. - ela cospe em meus pés. 

Havia algo de errado com eles, diferente de Ronan que sempre fazia questão de me fazer acreditar que sou um deles, eles nunca me chamaram de nada além de humana. Me senti grata por um tempo até entender que na verdade eles só não queriam que eu fosse associada a sua espécie, os elfos são criaturas de coração forte e costumam ser territoriais, minha existência é uma afronta a sua espécie, uma humana, elfo, fada, sou todos eles e nenhum deles ao mesmo tempo. É tão confuso, incerto e cruel... seria pedir muito um lugar para chamar de meu? Ou simplesmente saber quem sou e a que lugar nesse mundo pertenço? 

Estava esfregando o chão quando Kotta me pega pelo braço me arrastando até o meu quarto.

- Não terminei de limpar. - gritei. Ele para e me levanta pela blusa me deixando a poucos centímetros de seu rosto. 

- A próxima vez que falar sem permissão irei espancá-la até perder a consciência. 

Os passos inconfundíveis de Arlen pelo corredor fazem Kotta me por no chão.

- Minha princesa - ele ronrona - não olhe para mim como se eu fosse ajuda-la, foi sua escolha me matar e agora eles estão protegendo seu líder... e eu não posso protege-la. 

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⏰ Last updated: Apr 02 ⏰

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A BATALHA FINALWhere stories live. Discover now