Jade
Uma das rainhas deixou a metade do livro dos sopros.
O que me faz crer que pelo menos ela não é tão vadia como as irmãs.
Eu peguei os legumes na cozinha, e os pus em tábuas de carne, entregando facas aos dois illyrianos, visto que Feyre estava treinando lá fora com Rhysand, naquela neve fria.
Eles me encararam.
— Tão achando que sou empregada de vocês é? Vão me ajudar a fazer o almoço sim, direitos iguais nessa merda. -falei.
— Nós não dissemos nada. -disse Cassian.
— Acho bom não dizerem mesmo. -falei.
Eles lavaram as mãos quando madei e foram cortando os tomates.
— Vai se cortar... -Azriel me emcarou de relance.
Visto que eu estava com uma faca muito afiada.
Eu arqueei uma sobrancelha, e sem ao menos olhar para a tábua e as cenouras eu as piquei em cubos, sem quebrar o olhar com o encantador de sombras.
— O que dizia? -questionei docemente.
— Deixe pra lá. -sacudiu a cabeça, um olhar incrédulo.
Eu o encarei convencida, girando a faca em minha mão, e então, cortando as cebolas.
Cassian observou o meu movimento rápido com a faca enquanto ele cortava com cuidado os tomates.
— Como você sendo a mais nova, conhece o manejo de uma lâmina? E sabe forjar armas como aquela? E lutar? -ele questionou.
Eu pisquei.
— Aprendi. -dei de ombros.
— Com quem?
— Ninguém. -respondi.
Eu peguei a tábua, a levando até a panela, então com a faca empurrei os legumes cortados para dentro.
— Eu aprendi algumas coisas da caça...
— Com Feyre. -disseram.
— Não. —neguei— eu via os caçadores fazendo, então aprendi e ensinei a Feyre como se fazia, e então ela aprendeu a caçar.
— Então você ensinou ela? -ele ergueu as sobrancelhas em surpresa.
Eu assenti.
— Ela não contou a vocês? Estranho, ela é fofoqueira. -falei.
Eu cortei os queijos, os jogando na panela em seguida.
Cassian e Azriel jogaram os tomates.
— Está fazendo alguma magia aí dentro? -ele encarou a panela que eu mexia.
— Estou cozinhando carne e olhos de feéricos e humanos. -falei.
Eles arregalaram os olhos e eu gargalhei.
— É carne de boi, acharam mesmo que era de humanos e feéricos? -gargalhei outra vez.
Eles suspiraram aliviados.
— Vai saber? Você é doida. -disse Cassian.
— Faz parte. -falei.
Cassian se ergueu e caminhou para fora, alegando ir fazer a vistoria.
Mas eu sabia que a vistoria significava importunar Nestha.
Eu cantarolou baixinho, pegando os temperos.
Eu analisei o mestre espião e caminhei com as mãos nas costas, um olhar brilhante e avaliador.
— Tentando jogar seus charmes em mim? Lady Jade. -ele questionou baixo.
Eu sorri.
— Não preciso recorrer a eles, encantador. -ronronei.
Ele estremeceu levemente e me encarou.
Me fiz de inocente e pus a quantidade de temperos necessários na panela.
Sentindo o bom cheiro deles vir, aguçando o meu olfato.
Eu suspirei satisfeita e comecei a mexer na panela.
— Esse lugar que vocês falam... Velaris, como ela é? -questionei.
Ele me encarou.
— É a cidade mais linda de todas, a cidade de luz estelar, lá, as pessoas às vezes trocam o dia pela noite, apenas para apreciar as estrelas, porque lá, a noite é a mais bela de todas, é a cidade dos sonhos. -ele disse.
— Deve ser linda. -comentei, pondo um pouco de sal na comida.
— Talvez algum dia eu a leve, ou sua irmã a arraste para lá, é o sonho de Feyre fazer isso desde que te viu. -ele disse.
Eu o encarei de relance.
— Talvez. -falei.
Minha mão delizou de forma errada e o fogo a tocou.
Eu soltei um pequeno grito, me afastando de imediato do fogão, xingando baixo.
Azriel se ergueu como um raio, disparando em minha direção.
— Merda, merda. -murmurei baixinho, sentindo a pele doer.
— Você está ferida. -ele disse, mais para si mesmo do que para mim.
— É só uma queimadura, foi o fogo. -falei.
Ele estremeceu, encarando as chamas do fogão por segundos longos, como se o fogo lhe trouxesse más lembranças.
— Vamos cuidar disso. -falou.
— Não é necessá...
— Vamos cuidar disso. -ele repetiu, me puxando até a pia.
Eu bufei ao ser contrariada, ele ligou a torneira e lavou minha mão embaixo da água fria. Esfregando com cuidado no ferimento.
Então arregalei os olhos, vendo a maquiagem ir junto na água, o espião encarou então uma tatuagem em minha mão, arabescos negros que a enfeitavam, e desciam nela.
— O que é isso? -questionou.
— Nada. -puxei minha mão para mim.
Ele me encarou, então, desligou a torneira.
Ele pegou uma pasta de ervas, menta e hortelã, pondo onde eu havia me queimado.
Ele encarou novamente a tatuagem.
— Com quem fez um acordo? Lady Jade. -ele me encarou nos olhos.
— Ninguém. -falei.
Ele me encarou sério e eu não me mostrei abalar por aquele olhar, nada me atingiria, nada.
— Isso não é da sua conta, espião, então, sugiro que não se meta e não abra o bico sobre isso pra ninguém. -falei.
— Ou o que? Vai me matar? -ele questionou.
— Não sei, nunca matei um espião antes, como será que seria? -questionei.
— Acordos são perigosos. -ele disse.
— Por que se importa? -questionei.
Eu caminhei com um pano de prato em minha mão, então, sinto ser puxada pela cintura em um movimento firme.
Eu arregalei os olhos, me chocando contra o corpo firme do espião, coberto por sua armadura negra.
— Pelo o mesmo motivo que matei aquele infeliz. —ele encarou— você.
— Gosta de charadas? Azriel. -controlei minha respiração.
— Gosto de desafios. —ele me encarou nos olhos— e você é sem qualquer dúvida, o desafio mais interessante em quinhentos anos.
Sua respiração quente, com hálito de hortelã beijou meu rosto.
Eu o encarei nos olhos.
— Quem cederá primeiro neste jogo? Bela rosa. -ele questionou.
— Você com toda a certeza. -respondi convicta.
— E por que acha isso?
— Porque como eu disse, não preciso recorrer a charmes, e em poucos segundos sem eu fazer nada, você me trouxe para si. -o encarei.
Ele me soltou, xingando baixo.
— Feiticeira. -ele disse.
Eu assenti.
— Sim, espião, e você está enfeitiçado, só não quer admitir. -falei.
Ele me encarou e eu sorri felina.
— Caiu na minha rede, peixinho. —ronronei, enquanto saía— decidiu fazer sombra no canteiro de rosas, e agora, está encantado pela rosa vermelha.
E eu sumi.
Eu caminhei até meu quarto, maquiando minha mão, escondendo aquela tatuagem.
Nunca devem saber.
Eu caminhei até o Jardim, vendo que estava perfeito, Elain cuida bem dele, apesar de agora estar em uma ridícula fase de luto por aquele miserável do Graysen.
Eu encarei uma roseira, a qual as rosas estavam fechadas e murchas, tristes.
— Oh meu bem, o que aconteceu? -me aproximei.
O vestido azul cobalto farfalhando.
Eu rocei meu dedo na mesma.
Está morrendo.
Eu estalei a língua, então dei uma pequena corridinha até um balde de alumínio, pondo água no mesmo.
Eu caminhei até a roseira.
— Se abram e fiquem belas. —despejei água em seu jarro— tristeza não combina com este Jardim.
Falei.
Eu acariciei a rosa, e então suspirei, me erguendo, ajeitando a saia do vestido.
Eu fitei o céu, o Sol que brilhava.
— Façam minhas meninas ficarem alegres de novo. -cantarolei.
Um fetiche de luz do sol disparou até o jarro, eu baixei o olhar e pisquei.
As rosas estavam abertas, em um belo tom de vermelho intenso, bonitas e alegres de novo.
Eu sorri de lado para aquele pequeno milagre.
— Isso, nunca murchem, jamais.
*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.
Referência tatuagem da Jade ^