Miguel
Luiza: Não consigo! — falou por fim e me olhou nos olhos — Não tenho maturidade para lidar com isso, para ficar entre vocês três. Não posso competir com a mãe da sua filha, não agora, não nesse momento.
Miguel: Luiza por favor! — falei calmo e com medo, meu Deus quando foi a última vez que senti medo? — Preciso preciso de você.
Luiza: Você não precisa Miguel, vai por mim. — ela limpou as lágrimas mas foi em vão porque elas desciam sem parar.
Miguel: Quem falou que não? Eu te amo! Eu te amo pra caralho Luiza e você precisa acreditar em mim. Eu sei que você também me ama, não podemos ficar longe.
Luiza: Justamente por isso Miguel. — ela deu um sorriso triste — Nunca te colocaria entre eu e sua filha. Ela vai precisar de você la em Chicago, ela é Daniela. E mesmo você não querendo ou dizendo que não é o seu dever, o seu papel.
Miguel: Você prometeu que ficaríamos juntos. — senti meu olho fervendo e uma raiva se transformando dentro de mim.
Luiza: Sim, prometi antes de perder o nosso filho. Não sei lidar, me desculpa. — ela falou entre soluços — Mas a ideia de ver você com outra mulher e com um bebê que não será o nosso agora eu não consigo, agora não posso.
Agachei na sua frente e puxei ela para mim, a mesma não recuou pelo ao contrário. Ela me abraçou tão forte como se fosse a última vez, e percebi que eu não queria sair dali eu não precisava de mais nada a não ser de Luiza. E percebi também o quão egoista estava sendo, ela havia acabado de perder o nosso filho, o nosso bebê. Nosso! E lidar com a gravidez de Daniela seria difícil de qualquer jeito, mas agora? Agora iria doer na alma e eu não poderia fazer nada para mudar isso.
Essa noite dormimos juntos pela última vez, fizemos amor durante várias horas até o sol nascer. Estava deitada em meus braços observando o sol pela sacada e foi ali que pegamos no sono. Ela ainda estava dormindo quando eu acordei, olhei no relógio e marcava 11h da manhã. Continuei deitado acariciando seu braço até ela se mexer e virar pra mim, apenas me olhou e o silêncio continuou tomando conta do nosso quarto até eu quebra-lo.
Miguel: Tem certeza do que conversamos sobre ontem?
Luiza: Sim, se eu não tenho maturidade para lidar com isso agora eu preciso de um tempo pra mim. — ela fez uma pausa como se tivesse pensando. — Na verdade um tempo pra nós.
Miguel: Não sei como será sem você.
Luiza: Também não.
Miguel: Fique aqui em São Paulo, minha avó falou sobre o emprego no São Luiz.
Luiza: Pedirei transferência para BH, irei ficar um tempo com a minha mãe até alugar o meu próprio apartamento.
Miguel: O que posso fazer pra você ficar?
Luiza: Nada. — ela falou e fechou os olhos como se quisesse afastar qualquer tipo de pensamento ruim e abracei-a novamente.
.
.
Luiza
Comprei a minha passagem para BH e Bernardo veio pra São Paulo para ir embora junto comigo. As malas de Miguel também estavam arrumadas, ele viajaria um dia depois já que as dores de Daniela começou mais cedo. Estava firme com a minha decisão, era hora de colocar a minha cabeça no lugar e se isso fosse preciso para voltamos "firmes" e "maduros" eu iria passar de cabeça erguida. Marquei um último jantar na casa de Mirela, teríamos um tempo nós eu, ela e Enzo. O motorista me deixou lá e subi, ela estava com um semblante triste e me abraçou bem forte.
Luiza: Amiga, eu volto. — falei baixinho — Não consigo ficar longe de vocês e muito menos do Miguel. Isso será uma luta e.. — travei quando ele saiu de trás da Mirela com Enzo no colo e abriu um sorriso ao me ouvir, corei na hora e Mirela riu pegando Enzo no colo.
Mirela: Vamos filhos, estamos de vela. — virou saindo nos deixando sozinhos.
Miguel: Isso é sério?
Luiza: Mais do que sério. — ele se aproximou e continuei intacta no meu lugar.
Miguel: Queria te pedir desculpas novamente.
Luiza: Pelo o que?
Miguel: Por tudo isso.
Luiza: Um tempo é necessário Miguel. — falei e coloquei a mão em seu rosto — Você precisa estar 100% para a sua filha, e preciso me reconectar comigo mesma.
Miguel: Sempre irei aceitar a sua decisão, mas queria que você fosse junto comigo.
Pedi pra ele não me levar ao aeroporto, seria difícil despedir depois de uma noite de amor. Mal dormimos de tanto que fizemos amor e foi incrível, ficaria naquele quarto pra sempre somente nós dois. Ahh, se fosse tão fácil assim..
Miguel: Linda, só preciso de uma coisa. — ele me olhou sério enquanto fechava a minha mala.
Luiza: O que?
Miguel: Preciso que você fique com o carro blindado e tome muito cuidado. Nunca sabemos o que pode acontecer por lá, não estarei por perto mas meus homens sim.
Luiza: Uau, seus homens. — ele revirou os olhos e riu — Você é muito poderoso meu Deus.
Miguel: Engraçadinha. — ele se aproximou e deu um beijo na minha testa — Comprei isso pra você. — ele me entregou uma sacola da vivara com duas colares dourado, um era um cadeado em forma de coração e o outro era uma chave de talagada.
Luiza: Meu Deus Miguel. — era lindo, brilhoso e a nossa cara.
Miguel: Quero que você não se sinta sozinha nunca. — ele pegou a de coração e colocou em mim — Estarei sempre por perto independente de qualquer coisa. — me virei pra ele.
Luiza: Sabe porque dói tanto? Porque tem tanto amor envolvido. — minha voz começou a ficar embargada e engoli o choro.
Miguel: Eu te amo linda.
Luiza: Eu amo você Miguel.