"Sempre imagino seu sorriso
Toda vez que estou com você
Me sinto bem."
I.L.Y. (The Rose)
🍃
Passei o domingo todo olhando pra tela do celular e chorando. Meu travesseiro ficou todo encharcado de tantas lágrimas e por um momento achei que poderia morrer afogado nelas.
Talvez eu soe um pouco extremo e pareça que aumento as coisas, mas juro, naquele final de semana, eu chorei o dia inteiro e a noite toda. Quando achei que não podia mais chorar, eu chorava. Parecia que havia um vazio dentro de mim, um do tamanho do Jimin. Fluffy não saiu do meu lado, e de tempos em tempos ele lambia as minhas lágrimas. Eu só queria o meu Jimin de volta.
Não entendia como as pessoas conseguiam fazer suas atividades normalmente quando tomavam porres e ficavam de ressaca. Me levantei no dia seguinte com dificuldade, e o que eu sentia fisicamente parecia com isso. Estava em um estado tão deplorável que não sabia como tinha chegado no colégio.
Olhei pra sala do Jimin e ele já estava com o professor na sala dele. Eu, pra variar, cheguei pouco depois do sinal tocar, inventei uma doença qualquer e entrei. Não foi muito difícil achar que eu possivelmente estava dizendo a verdade.
Ao me aproximar do meu lugar, vi que em cima da minha mesa havia uma caixa e um cartão. Meu coração acelerou imediatamente e corri para verificar, mas não era do meu amor.
"Para o garoto mais lindo da escola. Do seu admirador secreto"
Abri a caixa e havia chocolates e algumas rosas. Nada mais que isso.
— Huummm... olha quem tem um admirador. Arrasando corações, hein? Deixa o Jimin saber disso — Taehyung falou no meu ouvido e me roubou um chocolate.
— Tae, eu não tenho culpa de ter gente interessada em mim. Aish, flores e chocolates são meu ponto fraco, mas eu ainda tenho namorado. E que fique claro, não estou traindo ele, só acho que eu seria muito idiota de não ficar com os chocolates.
— E as flores?
Olhei para elas. Estavam tão cheirosas... mas aquelas rosas não eram nada pra mim, elas não eram as rosas que meu amor me dava. Todas eram iguais na aparência, mas as dele eram especiais pra mim.
Cutuquei a Sohyun, minha colega, e dei as rosas pra ela.
— Jungkook... — ela me olhou toda surpresa e sorriu toda boba — são lindas. Por que está me dando?
— Ah, eu ganhei de alguém, mas... eu já tenho namorado — sussurrei.
— Você é tão gentil. Obrigada!
— Jungkook, sem atrapalhar a aula, por favor. Se eu ouvir mais uma palavra de vocês, menos um ponto no ranking. — O professor anunciou.
"Como se fôssemos muito ligados na pontuação", pensei, malcriado.
Durante a aula, mesmo comendo chocolate, não consegui prestar atenção em nada da matéria. Minha cabeça doía, a visão ficava turva e só de pensar que Jimin estava na sala ao lado e sequer havia me enviado uma mensagem, nem que fosse um "Não quero mais ver você", estava me matando aos poucos.
Não que receber uma mensagem dessas fosse me fazer ficar bem, mas a indiferença era muito pior. Ser ignorado por quem todo dia me chamava de "meu bebê" e "meu coelhinho lindo" dava um vazio enorme, vazio esse que doía mais que um soco.
Ao tocar o sinal para o intervalo, permaneci deitado por cima da minha mesa. Tae fez um afago no meu cabelo.
— Ei, não conseguiu dormir?
Neguei. Estava tudo uma merda. E Jimin sequer havia tentado falar comigo e fazer as pazes.
Ele se abaixou e ficou limpando as lágrimas silenciosas que estavam escorrendo pelo meu rosto.
— Hoseok vai ensaiar agora. Como sei que você não vai querer sair da sala, é melhor ir à enfermaria. Vou levar o almoço pra lá, assim o inspetor não vai te obrigar a comer com todos, tá?
Assenti e ele me levou até a enfermaria. A enfermeira me fez algumas perguntas, se eu sentia alguma dor, e quase falei que meu coração estava doendo de tristeza, mas apenas mencionei que estava um pouco indisposto desde sábado. Ela pôs a mão na minha testa e logo identificou que eu estava com febre, me mandando ir deitar após me dar um remédio.
Instantes depois, o Taehyung trouxe meu almoço. Mesmo que eu não quisesse comer, precisava.
— Falei para os outros que você está na enfermaria. Ficaram preocupados, virão te ver no final da aula.
— E ele? Onde o Jimin está?
— Não o vi mais depois do ensaio. Se te conforta saber, o estado dele não é melhor que o seu.
Ao ouvir aquilo, enfiei minha cara no travesseiro e voltei a chorar. Tudo o que eu menos queria era que Jimin estivesse triste por minha causa. Tudo bem que aquele pateta estava lá me provocando, mas se eu não tivesse agido daquela forma, nada disso estaria acontecendo.
— Tae, me deixa sozinho, por favor. Quero chorar até o remédio fazer efeito e eu dormir.
— Tudo bem, descansa, que mais tarde estaremos aqui pra ver como você está.
Permaneci calado, fechando os olhos e deixando o restante das minhas lágrimas cair antes que eu adormecesse.
• • •
Ouvi vozes um pouco distantes e, ao abrir os olhos, vi meus amigos conversando com a enfermeira. Um pouco mais afastado do grupo, com as mãos no bolso, vi o Jimin. Meu coração acelerou e meus olhos encheram de lágrimas. Ele estava ali para me ver. "Ele se preocupa comigo!", pensei, sentindo uma súbita alegria.
Lentamente, me sentei na cama. Ainda estava um pouco tonto pelo remédio. Ao perceberem que eu havia acordado, eles caminharam em minha direção, exceto o Jimin. Ele permaneceu no mesmo lugar.
— Jun! Como você está? Está melhor? Você dormiu o dia todo, garoto! — Yeri falou, abaixando-se para me olhar nos olhos.
— Jungkook, tuas bochechas estão coradas. Você está com febre de novo? — Hoseok falou, sério, e fiquei tocando meu rosto. Ele estava quente sim, mas era porque eu estava olhando para o meu amor.
Neguei com a cabeça e sorri.
— Estou melhor. Obrigado por virem.
— Copiei toda a matéria pra você, sabia? Ah, e comprei umas barrinhas de cereais, sei que você gosta.
— Taehyung, você é adorável! — O puxei pela camisa e o abracei pela cintura, encostando minha cabeça em seu peito.
Ele bagunçou meu cabelo e me afastou um pouco do abraço.
— Viemos apenas checar como você está, tem uma pessoa esperando para conversar a sós com você.
Os três olharam para Jimin, e percebi ele lutando fortemente para não chorar.
— Amor... — falei baixinho.
— Meu bebê... — Jimin se aproximou e me deu um abraço apertado. — Você está bem. Que bom que você está bem.
— Aaaaawn, que fofo. Todo preocupado com o bebê dele... — Yeri falou de fundo.
— Cala a boca, Yeri! — Foi a voz do Tae que se sobressaiu depois.
— Chato! Opressor! Não me calo! O Jimin ama o Jungkook e está querendo fazer as pazes!
Hoseok, o amigo sensato, os empurrou para a saída antes que os dois furassem os olhos um do outro.
Eu e Jimin não saímos do nosso abraço por um tempo. Não falei nada, mas o nó em minha garganta estava se desfazendo e dando lugar ao choro de alívio. O abracei tão forte quanto pude, meus braços buscaram seu corpo. Suas mãos acariciavam minhas costas e subiam lentamente até minha nuca.
Após alguns minutos, Jimin saiu do abraço, sentou-se na cama e ficou me olhando. Seus lábios tremiam ao conter o choro.
— Eu nunca havia me sentido assim — ele finalmente disse, encarando minha mão. — Sabe, quando você saiu pela porta da minha casa, eu te vi entrando na sua e aquilo me doeu muito.
— Por que não foi atrás de mim?
— Eu ainda estava tentando entender. Você é sempre gentil e tão doce, quando te vi se comportando daquele jeito minha mente não o reconheceu e eu estava tão cansado... Tinha passado a noite inteira estudando e tudo o que eu menos queria era o meu namorado desconfiando de mim.
— Eu estava com ciúmes, me senti inseguro. Não queria magoar você, nem ter agido daquela forma, Jimin, eu juro. Me desculpa.
Lágrimas quentes e doloridas escaparam e encharcaram meu rosto em questão de instantes.
— Eu sei que é difícil, mas você precisa confiar em mim, em nós. O Jongin, apesar dele ser desse jeito, é o único amigo que ficou depois que todos os outros foram embora. Eu não abriria mão de uma amizade só por puro capricho do meu namorado.
— Não é um capricho, eu... eu tenho motivos pra isso, causados por ele mesmo.
Falei olhando para o chão e Jimin segurou no meu queixo, me fazendo olhar pra ele.
— Não precisa se sentir inseguro. Na verdade, te devo desculpas por isso. Eu te falei tanta coisa que não deveria ter falado, Jungkook, eu errei com você também.
— Você me chamou de egoísta...
— Eu estava ofendido pelo que você disse. Jungkook, olha pra mim, olha no meu olho e diz se eu tenho cara de quem transaria com outro garoto que não fosse você. Você é meu namorado, eu jamais te trairia.
Ele me forçou a olhá-lo no olho e me senti fortemente atacado. O olhar dele foi direto na minha alma. Funguei.
— Me desculpa por ter sido inseguro. E pelo modo como agi, eu sei que foi errado — falei. — Eu fiquei com medo de te perder. Você me magoou tanto, sabe como sou sensível. Eu chorei dias seguidos!
Ele se aproximou e me deu um beijo demorado na testa.
— Eu já te pedi desculpas. Mas quer que eu peça de novo? Me desculpa. Eu que fui egoísta com você, só vi o meu lado. Não me coloquei no seu lugar e acabei te machucando por você ter me magoado. Eu nunca havia me deparado com uma situação como essa.
Sorri, ainda com lágrimas nos olhos, e o abracei. Um abraço apertado, forte e demorado. Aquele típico abraço em que a gente só quer morar ali pra sempre. Jimin me deu um beijo no pescoço e deitou a cabeça no meu ombro. Fiz o mesmo com ele.
— Eu gosto tanto de você. Senti tanta falta do seu cheiro, do sorriso, das suas piadas e cantadas. Falta do seu abraço, do seu beijo...
— Se você sentiu falta de mim, imagina como fiquei sem você. Olha onde vim parar! — brinquei.
Saímos do abraço e ele ficou me olhando.
— Vamos pra casa? Quero poder te beijar e cuidar de você.
Assenti, mas quando olhei no relógio, vi que já estava muito tarde. Ele nos fez pegar um táxi. Na minha casa, minha mãe sinalizou que meu pai chegaria logo e liberou que ficássemos juntos no meu quarto apenas por dez minutos.
— E com a porta aberta, hein? — ela gritou.
— Ela acha que vamos transar em dez minutos? — murmurei.
— A duração média de uma relação sexual é de entre 5 e 10 minutos, bebê — ele respondeu.
— Jura?
— Uhum.
— Achei que durasse mais.
— A média é essa, então ela sabe o que diz.
— Para, não quero imaginar minha mãe fazendo sexo!
— Melhor não.
Entramos no quarto com ele na minha frente. Antes mesmo que eu terminasse de passar pela porta, ele segurou meu rosto e me beijou. A sensação foi exatamente como o Taehyung havia dito. Foi como estar beijando-o pela primeira vez, o mesmo arrepio, a mesma vontade de chorar, o mesmo calor tomando conta do corpo.
— Meu coelhinho... — Jimin sussurrou enquanto encostava a sua testa na minha e roçava seu nariz no meu.
— Minha raposinha linda.
— Bebê, a propósito, você gostou dos chocolates e das flores que te mandei?
— O QUÊ? O ADMIRADOR ERA VOCÊ?
Jimin começou a rir e mexer na minha franja.
— Achei que iria saber pelas rosas vermelhas. Bom, era a forma de quebrar meu orgulho... você comeu todos os chocolates? Jungkook, você colocou as flores na mochila?
Fiquei olhando para todos os lados, menos pra ele.
— Bom... na verdade, eu dei as flores pra uma garota na sala e comi os chocolates, óbvio! Obrigado, estavam ótimos!
— As flores... eram tão lindas!
— O que você queria que eu fizesse? Na caixa dizia "de um admirador", não sabia que era você. Eu posso ter admiradores também, sabia?
— É claro que tem, você pode ter muitos admiradores, mas apenas eu posso te admirar assim de pertinho. Beijar essa boca linda, linda, linda, linda.
— Só você. E eu não quero outro.
O puxei para mais perto e ficamos ali nos beijando e trocando carinhos. Nos curando com nosso beijo.
[Continua...]
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