Yes, Teacher

By keth_always

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Shin Ryu-jin chama atenção de todos por seu comportamento desqualificado e sua postura rebelde, aluna de um i... More

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26 - Parte 2
26 - Final
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By keth_always

Diagnostico errado. 

Foi o que aquele médico amigo de Taehyung disse ao me examinar. 

Que meu diagnostico, de câncer terminal estava errado. 

Existe uma chance de sobreviver. Existe uma pequena chance, de que eu consiga e possa sobreviver. Mas porque sinto como se isso não fosse possível? Nem em um milhão de anos? Me acostumei tanto a ideia de que já nasci para morrer que outra possibilidade não consegue mudar minha cabecinha. 

Eu nasci assim. Um monstro. E me tornei um monstro. Para evitar sentir, amar, evitar a dor e o sofrimento. Desde meus cinco anos, desde aquele afogamento, me tornei outra pessoa, alguém fria e que só pensa em si mesma. Quando descobri que morreria, não fiquei surpresa. No fundo, eu sempre senti que eu não era desse mundo, não me encaixava nesse lugar. Mesmo não entendendo como deveria, sei que algo em mim, que existe algo em mim que não é humano. Algo que me dá força suficiente para acabar com um homem adulto com o dobro do meu tamanho. Que faz possível com que eu esquarteje o corpo dele em diversos pedaços. 

Nunca descobri de onde vinha essa sede por sangue, por fazer o mal e causá-lo. Só sei que não é normal, que eu não deveria sentir isso. Tudo mudou quando assumi meus sentimentos por Taehyung. Me senti mais fraca, mais vulnerável, como se algo estivesse mudando em mim. Depois, acordei em uma casa velha a quilometros de distância de Seul, com ele, com ele cuidando de mim e agradecendo por eu ter acordado. E agora isso? Não, não posso acreditar. 

Meu cabelo está caindo cada vez mais rápido, eu expulso quase todo o alimento que entra em mim, vomito sangue e estou demorando a me curar. Estou doente, isso é um fato. Ele não consegue ver em meu rosto? O câncer já me matou por dentro, todos os meus órgãos devem estar contaminados e doentes. É uma questão pequena de tempo até que eu de fato, morra. E estou esperando por isso, estou mesmo. 

Esperança não existe pra mim. Não agora. Não mais. A esperança deveria ter vindo anos atrás, não agora. Não quando eu já aceitei essa ideia e é a mais plausível pra mim. Se eu puder sobreviver, o que será de mim? Todas as coisas que fiz, todas as pessoas que matei, que fiz mal, e que torturei, todas as drogas vendidas, as vidas destruídas. Isso tudo será culpa minha, tudo consequência de meus atos. Preciso morrer. A sede não vai parar, essa sede pelo caos e por destruição. Ela pode diminuir, ficar adormecida por um tempo. Mas no final de tudo, ela irá retornar. Talvez até mais forte. EU preciso morrer. 

-Por favor, coma só mais um pouco. -A voz de meu professor ecoava ao longe em minha mente. Ele já estava aqui a um bom tempo, me alimentando com essa canja esquisita mas deliciosa. Não sinto vontade de comer nada, sei que vou colocar tudo no vaso depois. De que serve então? Me forçar a comer? Porém, ele insiste como um bom pai. Se senta na poltrona, segura o prato nas mãos, enche uma boa quantidade do conteúdo na colher e o coloca em minha direção com uma expressão esperançosa. Ele quer cuidar de mim. Então eu me forço a engolir uma ou duas colheres, pois sinto que devo isso a ele. -Muito bom, boa garota. 

-Não fale comigo como se eu fosse um cachorro. -Me sentei na cama de forma correta. Mais alguns dias haviam se passado. Meu corpo estava se recuperando de forma lenta, mas já conseguia me levantar apoiando nas coisas e tomar um banho sentada. Meu cabelo estava desastroso. O azul já havia desbotado. 

-Se for comparar o comportamento dos dois...

-Calado! Se começar com essas piadinhas, pode vazar! -Ele está fazendo muito disso ultimamente. Sorrindo, se comunicando, fazendo as coisas feliz. Como se estivesse bem sendo um foragido da justiça, procurado por assassinato e cúmplice de assassinato. Descobriram todos os meus crimes anteriores, até os mais simples como furto a alguma loja. Patético. 

-Sempre modesta Ryujin. -Taehyung riu com aquele riso maravilhoso e me deu mais uma colher de canja na boca. Me sinto estranha quando penso muito na situação. Ele está fazendo algo que não é sua obrigação, que não precisava, mas o faz mesmo assim. 

Sei que seus sentimentos estão confusos em relação a mim. Ele não sabe se me odeia, se gosta de mim ou se só sente pena pela garotinha que ele insiste ver dentro de mim. E eu, não sei se o odeio ou o amo. Não sei se o mando embora, ou se agradeço por ficar. Por cuidar, por não desistir. 

Ele não desistiu. Ele trouxe um médico maluco até aqui. Tem me mostrado rações para viver todos os dias. Tem me tratado com muita atenção e cuidado. Apesar de sua ignorância natural e seu comportamento narcisista, ele tem dado o seu melhor para que eu me recupere logo. 

-Quando aquele esquisito virá novamente? -Me refiro a Hoseok. Estou ansiosa em relação aos resultados de meus exames. Quero ou não quero ver os resultados? É uma pergunta que ainda não sei responder. Quem sabe se eu tivesse feito o uso das medicações corretas...

Não! Nada disso! Nada de esperança! 

A esperança é a primeira que morre. 

Vamos seguir esse raciocínio e tudo ficará bem. 

-Talvez semana que vem, eu não sei. É difícil nos comunicamos. -Mais uma colher foi enfiada na minha boca. Taehyung estava vestido com roupas normais. Sem aqueles ternos ou camisas sociais que ele vivia usando. Estava com uma calça de moletom cinza escuro, sapatos fechados, blusa de mangas compridas marrom e os cabelos desarrumados. Nunca tinha o visto assim, tão lindo. Estiquei minha mão para tocar seus fios rebeldes e ele se esquivou, com pressa. -O que está fazendo? 

-S-sente...medo de mim? -Minhas bochechas queimaram por gaguejar. Por falar tão pausadamente. Por demonstrar vulnerabilidade diante dele. Por sentir vergonha e culpa. Ele não quer que eu o toque...

-Não! Não, é claro que não! Eu só...só assustei. -Mentira. Ele olhou para o prato em suas mãos, mas nunca para meu rosto. Para meus olhos. Estava mentindo. Eu o causo medo. Taehyung não quer que eu me aproxime mais dele. 

-Acha que nasci ontem? -Ri de escárnio. De desgosto, de tristeza. -Enfia essa porra de canja no cu. 

Meu comportamento não deveria ser esse. Infantil. Como de uma adolescente boba apaixonada que foi magoada. Eu deveria agir como a mulher forte que sou. Como a vadia fodona da Ryujin. Só que não consigo...cada pedacinho meu parece ter sido moldado novamente. Toda a minha essência parece ter sido roubada e substituída por outra. Me sinto cada dia mais frágil. 

Olhar pra ele é um castigo. Coloquei minhas duas pernas para fora da cama ouvindo a voz dele pronunciando coisas das quais não fazia questão de entender. Me apoiei em seus joelhos para conseguir levantar e busquei pelas muletas improvisadas que ele mesmo fez. Usando dois pedaços de cabo de vassoura velhos e travesseiros. 

Até mesmo nisso, ele é bom. 

Sua mão apoiou minha cintura cuidadosamente abaixo do ferimento de facada. Eu queria que ele ficasse ali, que me deixasse pensar. O problema é que estou fraca demais. E qualquer que seja a desculpa que eu possa usar para que ele me dê, de fato, toda sua atenção, eu uso. Patético eu sei. Mas mesmo magoada, eu ainda o quero. 

-Ande devagar, você ainda não está cem por cento curada meu amor. 

Meu amor. Como ele ousa me chamar de amor depois de ter recusado meu carinho? Carinho? Que nojo Ryujin! Você já foi melhor! Bem melhor! 

-Posso me virar sozinha, não preciso de um cão de guarda. -Me movi em direção a varanda. Sei que devemos ficar dentro da casa,  e não nos expor tanto. A questão é que fica difícil respirar lá dentro. Me sinto sufocada. Não temos vizinho, é tudo coberto por morro e morro. Ninguém irá ver meu rosto na varanda velha. O que custa uns minutinhos tomando sol? 

-Só quero seu bem. 

A dor em sua voz foi notada por mim. Sei que o trato mal. E eu preciso fazer isso.  Preciso e proteger do seu amor. 

-Também não preciso de um enfermeiro. 

Ele suspirou cansado e seu aperto em minha cintura se transformou em um carinho. Um delicioso carinho. Seus dedos longos e ágeis dançavam em minha pele descoberta. A quentura em seus dedos me deram arrepios. Engoli em seco e quase perdi o equilíbrio. 

-Pensei que você sentisse repulsa em me tocar. 

Comentário totalmente desnecessário. Me sinto tão idiota. Uma imbecil. Vaca burra. 

Prendi a respiração não querendo ouvir o que quer que ele fale. Suas palavras iriam me machucar ainda mais lá. No meu coração. Desde quando me tornei tão sentimental? Desde quando me tornei tão fraca e inútil? Pode ser efeito dos antibíoticos e analgésicos que sou obrigada a tomar diariamente para evitar dores, infecções e acelerar o processo de cura. É a única resposta que faz sentido. 

-Quem foi que disse isso? Ficou maluca? 

Taehyung pareceu mesmo ofendido. 

-Você não me deixou tocá-lo, se afastou rapidamente e mentiu em seguida. Acha que sou burra? -Falar aquilo mostrava o quanto me tornei uma cadelinha dele. Me arrependi no momento seguinte. 

-Acha que é por isso que me esquivei? 

-Por que mais seria? -Ódio, ódio e nada além de ódio. 

Meu professor de música riu atrás de mim. Aproveitei seu afrouxo em minha cintura e me virei o encarando furiosa. ELe estava rindo? Depois de tudo que eu disse, a reação dele foi rir da minha cara? Um belo de um bosta. Não sei como ainda perco meu tempo fazendo isso, me submetendo ao trabalho de ser gentil. -Tenho que levar muito na cara ainda.

A expressão dele mudou completamente. Sua mandíbula travou ao me olhar. Ele estava sério, como se pensasse demais. E seus olhos me observavam atentamente. Bipolar. Ele era bipolar. 

-Sinto vontade de te tocar a cada segundo. Lembro de todas as vezes em que transamos e quase morro de vontade de repetir a dose. A única coisa que me mantem no lugar,  é saber que caso eu te pegue, vou te machucar ainda mais. -As palavras saíram de seus lábios com selvageria. 

Tudo bem, isso sim foi interessante. 

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