Sonhos de Mariel

By Yume_murakami

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Tudo o que Mariel queria era ser invisível, mas ser filha de um médico famoso e uma modelo conhecida internac... More

Sinopse
Capitulo 1 - Primeiro dia de aula? Não, de hospital!
Capitulo 2 - Primeiro dia de aula Oficial!
Capitulo 3 - Clube forçado escolar.
Capitulo 4 - Transtorno dissociativo de identidade
Capitulo 5 - Transtorno dissociativo de identidade parte 2
Capitulo 6 - Dose Dupla
Capitulo 7 - Tão iguais e tão diferentes
Capitulo 8 - Namorado de aluguel
Capitulo 9 - Ciúmes
Capitulo 10 - Estudos sobre tudo
Capitulo 11 - Fogos de artificio
Capitulo 12 - Farinha com ovo
Capitulo 13 - Hospital, novo lar?
Capitulo 14 - Abelhas te convidam
Capitulo 15 - Tudo junto e misturado
Aviso! Feliz!
Capitulo 16 - Baixos e Altos
Capitulo 17 - Festa sem os convidados
Capitulo 18 - Salvação
Capitulo 19 - Intimação?
Capitulo 20 - Jantar estranho
Capitulo 21 - A procura & biscoitos doces
Capitulo 23 - A Brilhante Yasmin
Capitulo 24 - a boa e a má noticia
Capitulo 25 - Olhos fechados, coração aberto
Capitulo 26 - Quando tudo da errado
Capitulo 27 - Pode me escutar dai de cima?
Capitulo 28 - Mariel, a espiã
Capítulo 29 - Número 15
Capitulo 30 - Mais que um "não"
Capitulo 31 - Olá correspondente
Capitulo 32 - Dias dificeis
FIM Capitulo 33 - Aos olhos do Leo

Capitulo 22 - Aquecimento

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By Yume_murakami

Capitulo 22 - Aquecimento

-- Ela é perfeita! Tem dentes bonitos, é timida, os cabelos dela são escuros, compridos, ela tem um rosto bonito. - Ando mostrando para Fernanda no meu celular, enquanto arrastamos nossas pesadas malas.

Eu não estou levando muitas coisas, só roupas, protetor solar, repelentes. Tudo que eu preciso como barracas, talheres, pratos, mini fogões pedi para levarem, como meus pais tem casa por lá, só pedi para arrumarem para mim e feito. Então nossa barraca estaria pronta quando chegassemos. Fernanda esta com uma mochila enorme nas costas, ela está trazendo todas as roupas dos meninos e as suas, até falei pra ela para dividirmos mas ela não quis. Ela tem uma mochila de rodinha, pequena, que está a maquina de costura dela.

-- Ela é de que clube? - Fernanda olha para meu celular, vendo a garota com um sorriso timido.

-- De artes, acredita? Do mesmo clube que a Erika e eu nem tinha visto ela.

-- Ué, não lembro de ter visto ela lá quando fui pedir os cartazes. - Fernanda faz uma cara engraçada.

-- Também não, por isso ela é perfeita, não é espalhafatosa, eu fui ver uns desenhos dela nossa, ela desenha muito, vai ajudar o Leo. - Chegamos no aeroporto, fomos andando para a enorme fila do check-in.

-- E ela veio para a excursão? - Balanço a cabeça, fazendo que sim e um sorrindo aumentando enquanto eu balanço.

-- Legal, vão stalkiar a coitada?

-- Só um pouco. - Dou risada.

Estamos na fila a quase uma hora, meu celular e da Fernanda estão sem sinal, continuamos conversando, quando finalmente é nossa vez, despachamos nossas malas com a ajuda de Nichollas, ele está ajudando os alunos, para poder ir mais rápido, porque ainda temos que pesar. Ele está lindo como sempre, de camiseta social branca e uma calça jeans escura. Vejo que ele esta com uma lista na mão, quando passamos ele me mostra um sorriso e risca duas vezes, me sinto incomodada, não posso falar com ele como sempre conversamos, estamos perto das pessoas da escola, o que eles diriam? Não entenderiam nosso amor.

Fico com uma mochila de costas, e a Fernanda com a maleta de costura dela, já que ela morre de medo de que quebrem. Vamos para a sala de embarque, Leo está ali, andando de um lado para o outro, perto de algumas mochilas.

-- Vai afundar o chão. - Fernanda comenta, olhando para ele, ele para para nos olhar, dou risada, ele finalmente senta, respirando fundo, como se tudo estivesse bem, vejo os outros meninos deitados nos bancos, Jake estava com a cabeça no colo de Isadora, Cris estava segurando um travesseiro de fronha branca, Gabriel estava no chão, com o travesseiro dele também, bem debaixo das cadeiras. Luisa está do outro lado, sentada de frente para a gente. A gente acena para todos.

-- Até parece que a gente deixaria vocês na mão. - Sento do lado de Leo, empurrado o ombro dele. -- Relaxa menino.

-- Vocês querem me ver morto, só pode. - Ele esconde o rosto com as duas mãos, inclinando a cabeça para trás.

Olho para Fernanda rindo, vejo Lex vindo em nossa direção, ele vem trazendo Nina, a gente comprimenta ela acenando, porque Lex passa reto, indo na mochila dele, vejo ele pegando um comprimido, destacando, ele olha para Nina.

-- Aqui, eu tenho água. Quer um gole? - Olho para Fernanda, achei que Nina não estava falando com ele, Fernanda me olha também e dá de ombros, viro de novo, vendo Lex colocar a garrafa de água na boca, bebendo ela. Nina olha para ele e coloca o comprimido na boca, ai tomar algo sem água é horrivel e…

-- Eita. - Ouço Fernanda do meu lado, olho para frente com vergonha, Lex beijou Nina, bem ali, na nossa frente, espero que Yuri não esteja por perto, eles estão passando muito tempo juntos, a Nina já deve ter se declarado para ele.

-- Para com isso! - Ouço um barulho ardido e olho para os dois, Nina tem a posição de alguém que acabou de dar um tapa, e o rosto de Lex indica tudo, aquele vermelhão e a marca da mão dela no rosto dele é evidente.

O Lex não tem jeito, ele insiste nisso, se talvez ele não ficasse em cima da Nina, ela poderia gostar dele. Será que isso daria certo com o Nichollas? Digo, não ficar tão em cima dele? Já que muitas vezes eu não saio da enfermaria. Ouço Lex dando uma risada alta e Nina sai de perto bufando, se desse acho que ela soltava fogo.

-- Lex, você é doente. - Gabriel comenta, o garoto tá deitado no chão, com um travesseiro, em baixo das cadeiras as 13:00 horas, eu não sei quem é mais doido aqui.

-- Pedal… três guitarras… um… dois… três… quatro… ou sete fios? - Olho de relance para o Leo, que está enumerando com os dedos e falando sozinho, ele não para de balançar a perna, fazendo o conjunto de cadeiras tremer junto. -- Pratos, tambores, amplificador Fender, será que eu peguei o amplificador do Cris?

-- Leo! - Coloco a mão na perna dele, ele para de mexer, acho que ele se assustou, me olhando. -- Para, deixa de ser paranóico.

-- Desculpe. - Vejo ele se inclinar para frente, colocando a mão em cima do boné preto, os cotovelos nos joelhos, olho para Luisa e seguro a risada.

É engraçado ver ele tão nervoso assim. Acho que em mim não caiu a ficha que pode ter muita gente vai estar nos assistindo, melhor eu nem pensar nisso.

Esperamos até que o auto falante nos informe que podemos entrar, como a primeira classe entra primeiro, dou um beijinho na Fernanda e na Luisa, pego minha mochila e me levanto. Vejo Leo se levantar também, pegando sua mochila, os meninos tiveram que deixar seus instrumentos já no compartimento do avião, eles enrolaram tanto os instrumentos com plástico bolha, que duvido quebrar algo. Vamos seguindo para a entrada, mostrando as passagens. Somos encaminhados até a primeira classe.

-- Eu podia ter pego outro avião. - Ouço uma voz conhecida, olho para trás, Renata está com um óculos escuro enorme no rosto, seus cabelos castanhos compridos amarrados em um rabo de cavalo chicoteiam, parece que estou vendo a medusa.

-- Deveria. - Leo mostra seu passaporte, fala sem olhar para Renata, entrando no avião, olho para Renata que pasma um pouco, não entendendo nada, é… Leo normalmente não era de reclamar assim, acho que ele esta mesmo muito nervoso, ele para, respira fundo e olha para trás, para Renata, olho para ela também, ela fica estática olhando para ele e olha para baixo. -- Desculpe.

Ele respira fundo e depois bufa, continuando a andar. O avião era enorme e bonito, as poltronas cinzas, a minha era na janela, tinha uma espécia de mesinha embutida com a cadeira, e na frente como se fosse uma mesa de computador, que tinha uma tela grandinha, coloquei minha mochila no compartimento de mochila, que era do meu lado, nessa mesinha embutida, em cima tinha uma portinha, onde ia as bebidas que eu quisesse deixar gelando.

Leo estava colocando sua mochila no compartimento dele e sentando na sua poltrona, Lex fazia a mesma coisa, Renata passou por nós reclamando, levando sua mala de mão rosa. Sentei na poltrona olhando para a janela, conseguia ver a parte de alimentação pela janela, eu lembro que tinha muita gente do colégio no aeroporto, todos compraram passagens com antecedência, alguns já estavam por lá e se dependesse do Leo nós também estaríamos.

Tivemos que esperar por muito tempo até que todos estivessem no avião, Yuri também estava na primeira classe, ele estava do outro lado, perto de Lex, só que duas poltronas mais a frente.

A decolagem foi tranquila, peguei meus fones de ouvido colocando na orelha e coloquei um filme para assistir. Quando ele acabou eu ia colocar outro, apertei a tela procurando, olhei para um movimento mais a frente e Yuri estava se levantando, ouvi Lex reclamar.

-- Aff, não perde tempo.

Dou uma risada, Nina deveria estar lá atrás, Fernanda deve estar sentada sozinha, já que Julu foi junto com o pessoal do clube de futebol, me faz ter vontade também de sair e trocar de lugar com alguém, encosto minhas costas na poltrona, escolho um filme e começo a assistir. Preguiça não permite que eu me levante. Vejo Ulysses sentando no lugar de Yuri, ele ocupa o lugar inteiro e tem que pedir um cinto extra, acho que o Yuri trocou com ele porque não cabia na poltrona.

 

***

-- Ahhh não vai ser em Paris? - Fernanda tem o bico enorme e a cara de sono estampada, os braços cruzados.

-- Eu avisei que seria em outra cidade. Vocês prestam atenção nas reuniões? - Leo revira os olhos, olhando para Fernanda.

-- De vez em quando não. - Ela balança os ombros rindo, estamos fora do aeroporto de Paris, tem um monte de ônibus grandes, de dois andares, com faixas escrito o nome do nosso colégio “Colégio XVIII”, também tem de outros colégios de outros países, algumas americanas olham para a gente com desdém, mas ficam caidinhas pelos meninos da banda. Já vi que essa excursão vai ser tensa. Temos professores com a gente, acho que quase todos estão aqui, até Nichollas veio, mas ainda não o vi.

A viagem de ônibus demora duas horas, fazemos uma parada para o lanche e Luisa compra muita coisa para comer, eu sei que vai ter na nossa barraca, por isso não me preocupo, e qualquer coisa lá o ICB tem as tendas para comprar comida, como marmitas, batatas fritas, essas coisas nada saudáveis. A viagem só demora porque tem muitos ônibus, carros e vans indo para o mesmo lugar.

Quando chegamos sou anestesiada por emoção, o lugar é enorme, a entrada parece até um parque de diversão, quando descemos do ônibus a professora que estava com a gente entregou um mapa, avisando que qualquer coisa os monitores usam coletes amarelos Neon e falam frances e inglês, seguro o mapa com força e vou pegar minha mala. É uma tremenda bagunça, os meninos do ônibus tiveram que ajudar e começar a colocar todas as mochilas para fora, já que quase metade de um lado do compartimento foi dos instrumentos do pessoal do Clube de música e de música clássica.

Depois que pegamos tudo, Leo solicita um carrinho para levar os instrumentos do nosso clube, vamos andando para a área de camping, nosso colégio reservou uma area enorme e bem longe, cada pessoa tinha seu lugar, eu já sabia onde seria o meu porque já estaria tudo pronto, escolhi em uma parte mais afastada e no canto, para depois ninguém reclamar. Atravessamos quase todo o lugar, foi tão cansativo, todo mundo reclamava de tudo, de estar cansada, de estar com fome, sede, eu via algumas garotas do colégio de salto alto, quem vem de salto alto? Aqui é como se fossemos acampar, só que com música ao vivo, e uma competição. Vejo Nichollas, desta vez sentado em um banco, com duas garotas chorando por causa dos pés cansados, um garoto com o dedo da mão sangrando e Nichollas com uma maleta de primeiros socorros, ajudando todos, não me atrevo a atrapalhá-lo, mas é tão bonitinho que ele cuida assim das pessoas.

Depois de passar por um caminho de madeira com árvores em volta, vi minha tenda lá no final, parecia pequena da onde eu estava vendo, o lugar era enorme, eu não sei quantos alunos vieram aqui, mas sei que foram muitos, mais da metade do colégio. Cada lugar era marcado por letras e números. Andamos até a nossa barraca, era feita de mdf, tinha 4 quartos que cabia aquelas barracas de 3 pessoas, no meio tinha um hall, tinha uma mesinha quadrada com 4 cadeiras, frigobar, tinha tomada e um sistema solar, assim funcionaria nossos celulares, carregadores, notebook, maquina de costura...

-- Oba, teremos chapinha! - ...Ou chapinhas, ouço Luisa gritar, animada vendo as tomadas.

-- Eu tenho uma casa aqui, então achei que nos facilitaria se tivesse tudo pronto. - Explico, queria fazer surpresa para elas, falei que a parte da barraca deixasse comigo. Entro na barraca, tenho que me curvar um pouco para entrar, mas quando estamos dentro podemos ficar normal, aponto para um lugar. -- Temos um mini-fogão, alguns suprimentos aqui nessa prateleira. - Aponto para a prateleira de plástico branca. -- Kit de primeiro socorros, talheres, copos, um frigobar aqui. - Aponto para um frigobar que parecia uma caixa de som, eu comprei por internet e pedi para enviarem no endereço daqui, adorei ela, por isso comprei.

-- Uau! Cada uma vai ter seu próprio quarto? - Luisa afasta o pano branco esticado entre duas estrutura, olhando o espaço de dentro. -- Meu saco de dormir vai ficar até pequeno aqui!

-- Mandei trazer colchões infláveis, só ligar no motor de encher. - Olho para Luisa sorrindo.

-- Ai você é demais! - Luisa vem na minha direção, me abraçando pelo pescoço.

-- Eu deixo você escolher seu quarto. - Dou uma risada, todos os quartos eram iguais, então não fazia sentido.

-- Sério? Que legal! - Luisa me solta e dá pulinhos de alegria, ela pareceu mesmo feliz com isso, dou risada, tirando minha mochila. -- Eu vou ficar com… - Ela gira e aponta um. - Esse!

-- Então é seu!

Ela fica animada, já colocando suas coisas lá dentro, deixo Fê e a Nina escolherem seus quartos, vou no que sobrou, do lado da Nina, Fê escolheu do lado da Luisa, entrei, colocando minha mochila e tirando todas as coisas dela e guardando no armarinho de plástico que tem em cada quartinho, estava fresco por aqui.

Quando terminei, me troquei, sai da barraca me espreguiçando, o sol estava forte e resolvi por o protetor, era de spray, espirrei na minha mão, pernas e rosto. Peguei meu mapa e comecei a andar por ai, atravessei a área de camping.

Resolvi ir o palco mais perto, que era longe do mesmo jeito, é nesse que vamos cantar? Cada palco tem seu nome, os palcos maiores tinham telas maiores, esse o palco era menor, tinha duas telas uma de cada lado,estavam desligados, tinha algumas pessoas aqui, apontando para o palco, outras segurando seus instrumentos. Olhando no mapa temos uma area de recreação perto, mas não era todas as barracas que funcionavam toda hora, temos banheiros e vestiários também.

Me viro caminhando de volta para o caminho de camping da nossa escola, enquanto ando ouço, um monte de "arigato", "sayonara", pra mim, como se isso quisesse dizer olá, comecei a andar mais rápido, cheguei na nossa área e já tinha muitas barracas montadas.

Preferi ir visitar a área onde Nichollas iria ficar, a enfermaria, com um toldo branco e grande, tinha uma casinha de madeira branca atrás também, onde provavelmente estaria os suprimentos e algumas macas. Ele estava ocupado demais, arrumando as coisas. Quando me viu sorriu e disse que tinha tempo de tomar um café antes de voltar, e foi o que fizemos, sentamos em uma mesa de madeira, Nichollas pediu café para nós e algo para comer.

-- Aqui está. - Vejo ele em pé na frente da mesa, colocando os dois copos com uma mão e a outra dois saquinhos que tinha pães de queijo dentro.

-- Parece bom. - Dou um sorriso para ele e o vejo sentar.

-- Está muito nervosa?

-- Morrendo, você tem algum remédio para infarte? - Digo brincando. -- Parada respiratória?

-- Não exagere, você canta muito bem, já te ouvi nas apresentações do colégio. - Ele me diz sorrindo, como assim? Eu nem o vi por perto.

-- Sério? Você já me ouviu?

-- Claro, não poderia perder a oportunidade. - Vejo Nichollas pegando seu copo de café e colocando perto da boca, tomando seu gole, acho que nada passa pela minha garganta, estou morrendo de vergonha.

-- Ei, Doutor, precisamos da sua ajuda! - Vejo um rapaz acenando para nós, ele esta com um colete branco e com uma cruz vermelha no peito. Nichollas estava olhando também, vejo ele virar o corpo na minha direção e me dar um sorriso como quem não quer sorrir.

-- O dever me chama. - Vejo Nichollas se levantar, pegando seu café e seu saquinho branco com os pães de queijo. -- Obrigado pelo café da manhã, Mariel, boa sorte nas apresentações.

Ele se inclina na minha direção e sou obrigada a prender a respiração, sinto seus lábios finos na minha bochecha e seu perfume masculino quando tenho coragem de respirar, vejo ele se virar, indo até o rapaz do colete. Acho que morri e fui para o céu.

Me levantei, sem vontade de comer e beber, acho que o amor curou a pouca fome que eu tinha, será?

-- Onde você pensa que vai? - Ouço a voz de Leo, logo sinto segurar meu braço, me viro olhando para ele. -- Vamos ensaiar, já inscrevi a banda quase agora.

-- Já? Você deve ter acabado de montar sua barraca e os meninos? Já montaram?

-- Não quero perder tempo, já está tudo montado, vamos. - Ele me solta, se vira andando, indo para a área de camping do colégio, até a marcação com D, parando de frente a uma barraca pra lá de esquisita, meio redonda, com um teto solar de três camadas, tinha uma parte na frente que parecia um pequeno hall, nossa ele, ia frita nessa barraca de tactel, tinha dois colchões no fundo, era grande e espaçoso.

-- Aqui. Sou ramal 1. - Ele me joga o que parece ser um walk talk, amarelo e pequeno.

-- Você sabe que os celulares funcionam aqui, né? - Olho para ele, Leo esta com a sua mala aberta, tem uns 10 walk talk ali, alguns fios, no fundo tinha cerca de 6 guitarras apoiadas na barraca e mais umas 3 em cima do colchão dele. Leo pega uma caixa marrom, parece aquelas caixas de música, mas quando ele abre tem milhares de palhetas, de diversos tamanhos, cores, espessura.

-- Levo 10? - Leo começa a contar, pegando umas palhetas, seguro  walk talk, aperto o numero 1 e depois aperto um botão do lado.

-- Leo você esqueceu sua guitarra. - A minha voz soa no bolso dele, com ruídos e um pouco de interferencia, vejo ele levantar a cabeça, olhando para as guitarras, sua cabeça vai se mexendo bem rápido como se estivesse contando. Dou risada  empurro ele. -- Paranóico.

-- Você tem problema, Mariel. - Ele se levanta irritado, tenho que esconder meu sorriso, se não vou começar a dar risada. Vejo Leo guardar a caixa e pegar uma sacola colocando os walk talk. -- Vê se para de me atormentar e leve isso, tente levar duas guitarras.

Pego a sacola, e vou até uma das guitarras mais proxima, pego uma, mas elas são pesadas, não vou aguentar duas, mas pego mesmo assim.

-- Onde vamos ensaiar? - Vou andando pra fora da barraca.

-- Deixa que eu carrego, Mariel. - Cris se aproxima.

-- Acho que ele vai querer levar todas. - Entrego duas pra ele, Gabriel e Jake vem logo atrás.

-- Já levamos 6 pra lá. Pra que tanta, Leo? - Jake entra na barraca, pegando duas em cada mão.

Leo nem responde, ajudo levando duas guitarras, segui os meninos, indo para as árvores, tinha um lugar já com as nossas coisas, Luisa e Lex estavam afinando as guitarras, Isadora estava ajudando a coloca-las apoiadas, Fernanda estava mais no fundo com uma mesa e cadeira de madeira, que é própria do lugar, com sua máquina de costura, ela colocou na bateria, as roupas estavam atrás da máquina. Depois de todas as coisas estavam aqui, Leo deu para cada um walk talk, eu era a número 7.

Leo fez todo mundo ajudar a afinar as guitarras, como eu não sabia fui ajudar Gabriel a montar a bateria. Depois ajudei Fernanda com as roupas, vestindo a minha e provando, estavam lindas.

Quando afinaram algumas, Leo quis passar algumas músicas, ele reclamava do Lex, reclamava do Gabriel, reclamou de todos.

-- Mariel acerte a sinfonia. - Ele olha pra mim enviesado, aceno que sim com a cabeça, na hora que vamos começar a tocar ele quebra a palheta, jogando irritado ela no chão. Vejo o resto de outras palhetas também na grama, essa já é a qual? Oitava? Ele pega outra no bolso, seguimos assim até ele quebrar a última, vejo ele andar até Lex e estende a mão. -- Mê dá uma palheta.

Lex tira a palheta da boca:

-- Afff, você quebrou todas as suas? -  Vejo Lex pegar uma no bolso, ele parece estar escolhendo qual dar para ele. -- Mas são mais duras que as suas.

Leo pega as duas, uma ele coloca na boca e a outra está nas mãos. Voltamos a tocar, quase na metade da música Leo se vira para Lex, tirando a palheta da boca.

-- Que afinação é essa, Lex? Arruma de novo! - Já deve ter sido a quarta afinação que Lex faz na mesma guitarra. -- Esse pedal tá uma bosta, arruma isso.

-- Vai a merda, Leo! Quem toca sou eu, cuida das tuas coisas! - Lex retruca.

Vira uma briga. Lex xingando Leo, Leo xingando Lex, Gabriel xingando todo mundo, todo mundo se xingando.

-- Aff, pra mim chega! - Lex mostra o dedo do meio pro Leo e se vira saindo.

-- Vamos dar uma pausa gente. - Falo, olhando para eles.

Leo vai até microfone dele, desligando, faço o mesmo com o meu, os garotos bufam, colocam as guitarras de canto, vou até Fernanda e pego uma bala de gengibre que sempre deixamos por perto, ela faz bem para a garganta, e não quero pegar nenhum resfriado. Olho para os meninos, cansados e estressados, olho para Leo, ele esta com a sua guitarra que ele sempre usa e a preferida dele, uma vermelho e vinho com branco, dedilhando e tocando, mas não sai nenhum som, ele quebra a palheta do Lex tentando tocar, joga no chão, pega a que está na boca dele, está toda mordida e dobrada, vou até ele.

-- Leo, acho que até você tem que fazer uma pausa, estamos aqui a quase 5 horas. Estamos cansados, com fome, sede e estressados. - Olho para o resto do pessoal, Leo faz a mesma coisa.

-- Tudo tem que estar perfeito, Mariel. - Ele suspira.

-- Nada é perfeito, Leo. - Escondo minha boca e levanto as sobrancelhas, ele fecha os olhos, respirando fundo e solta o ar.

-- Tá legal. - Vejo ele se virar para o pessoal. -- Chega por hoje.

Os garotos quase vibram, ajudando a arrumar as coisas, ajudo levando as guitarras, junto com Luisa, Cris, Jake e Isadora. Gabriel está desmontando sua bateria, quando tudo está guardado volto chamando por Fernanda, que tinha dormido em cima da mesa.

A gente volta, com tudo arrumado,  e vamos tomar banho, Nina vai na frente, não encontramos ela no vestiário, a água do chuveiro é bem gelada, tomamos rápido, quando estamos saindo, Gabriel e Jake estão vindo com Leo, avisando que Lex estava super estranho no chuveiro, fomos lá ver o que estava acontecendo e nos deparamos com uma Nina chorando e um Lex com cara de culpado.

Não entendi nada do que aconteceu, só Luisa que conversa com ela, prefiro não importuná-la, quando ela se sentir bem, ai eu tento conversar.

Estamos todos cansados, meu corpo não aguenta mais e preciso descansar, mas estou feliz, porque apesar de Leo ficar em cima do pessoal, estamos dando nosso melhor.

Já está noite, me preparo para dormir, depois de escovar os dentes, estou de camiseta grande, com desenho de uma gatinha bocejando, é de algodão e bem folgadinha, com um shorts curto, esta bem calor, entro no quarto, dando boa noite para as meninas e deito.

Minha noite fica ainda melhor quando recebo uma mensagem:

“Boa noite, Cigarrinha.

Nichollas”

 

***

 

-- Amor desculpa… mas não te traí, elas queriam, mas eu não…

Não sei dizer se é um sonho, mas escuto uma voz perto de mim, falando enrolado.

-- Eu te amo tanto… - Alguém cai em cima de mim, acordo na hora, olhando ao redor, mas está tudo escuro, meu coração palpita, estou com tanto medo.

-- O quê? Ahhhh! - Berro, me debatendo, mas a pessoa continua em cima de mim.

-- O cometa disse… sei que vamos ficar juntos!

--  Sai de cima de mim! Socorro! - Tento chutar o rapaz, mas ele é mais pesado que minha força, ele está me abraçando, enquanto eu tento me levantar, meus olhos enchem de lágrimas, socorro, alguém me ajude.

Continua no próximo capitulo!

Leia também “Vagalumes e outros Efeitos Colaterais”, um crossover com a escritora Mariana Sgambato!

 

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Oiê gente sou nova aqui, espero que gostem das minhas histórias. imagines da minha autoria.🦋~